Sábado. Seis e quinze da manhã. Minha respiração estava ofegante, mas eu não diminuía o ritmo.
Respirei fundo outra vez, fechando os olhos e continuando o passo. A minha pele estava com uma considerável camada de suor e os lábios estavam secos devido ao desgaste. Estava correndo fazia uns quarenta minutos, mas sentia que as minhas pernas e pulmões aguentavam mais.
Há pouco tempo, minha terapeuta me diagnosticara com ansiedade. Não dormia direito, comia demais, tinha crises nervosas e ficava agitada. Correr parecia colocar a minha cabeça no lugar e controlava essa bagunça toda que existia dentro de mim, sem deixar de mencionar que ficava tão cansada a ponto de dormir à noite toda sem ser bombardeada por pensamentos sabotadores que a minha própria cabeça criava.
Eu tentava ao máximo fugir dos remédios, porque apenas pessoas doentes precisavam tomar medicamentos tarjados, e quanto menos falasse disso, mais parecia que eu não tinha um problema e se alguns quilômetros resolviam, por que não investir mais nisso do que em clonazepan?
A corrida se estendeu até a Lagoa de Jacarepaguá quando as minhas pernas começaram a incomodar.
Já em casa, depois de um banho gelado, vesti um conjunto, short e uma regata e segui para a cozinha. Fernanda surgiu de seu quarto vestido sua roupa de dormir. Um shortinho rosa curto e blusa com estampa de urso, e sentou-se atrás do balcão.
A campainha fora acionada num tilintar, e eu deixei o copo comprido de vidro no balcão, seguindo em direção à porta.
Analisei as duas figuras ali, Lorena, a mais baixa de nós — um metro e cinquenta e pouco —, usando um vestido branco e florido de alças finas do qual exibia o seu colo e combinava muito bem com a pele morena e os cabelos escuros, ondulados, cortados até a altura do pescoço. Meu olhar passou pela Mari e ela esboçou um sorriso largo que irradiou para os olhos redondos, azuis claros. A franja grossa caia pela testa e os fios castanhos compridos estavam preso em um rabo de cavalo que caia pelo ombro, passando a blusa preta.
Abri caminho para as duas e elas passaram.
— Como foi o encontro, Mari? — Perguntei, sem fazer questão de esconder a ansiedade, fechando a porta em seguida.
— Ele é um fofo... — Respondeu, jogando-se no sofá da sala.
— Vocês se pegaram? — Fê veio da cozinha, sentando-se ao lado da Mari.
Mari olhou para nós três, puxando a almofada do sofá e pressionando-a contra o rosto, balançando a cabeça positivamente.
— Sua safada! — Lorena brincou, fazendo uma cara de indignação ao puxar a almofada de seu rosto.
— E qual era a idade dele, afinal? — Foi a minha vez de perguntar.
Ela parou e pensou um pouco antes de pronunciar a resposta, no mínimo seria o que tínhamos imaginado. Jovem demais.
— 19...
— Eu sabia. — Lorena se pronunciou primeiro, apontando o dedo para a Mari. — Ele parece um bebê...
— Ah... Mas pra ficar, não tem problema nenhum. Mari merece um pouco de diversão, né?
O silêncio perdurou por algum tempo e a Fê esticou o braço ligando a TV.
— Ah! Fê... Ele tem um papo tão legal. É uma gracinha. — Mari fez questão de argumentar. — Sem deixar de mencionar que ele beija super bem.
— Ele te chamou para sair outra vez, não foi? — Fê perguntou, segurando o controle e apoiando-o na bochecha, lançando a Mari um olhar condenatório ao arquear as sobrancelhas loiras. — Você sabe que as chances que isso tem de dar errado são bem maiores do que as de dar certo, não sabe?
Mari suspirou e deu de ombros ao puxar o celular do bolso do short jeans.
— Vamos deixar essa história da Mari para lá por um tempo. Olha só esse vestido... — Lorena esticou o braço e exibiu uma tela do smartphone no p*******t com um modelo de vestido de noiva branco, de renda, tomara que caia.
Não deu tempo de ninguém dizer nada, pois a pronúncia na TV tomou completamente a nossa atenção. A notícia envolvendo o nome dos Parilla me deixou totalmente alarmada.
— Gente, olha! — Mari disse, empurrando o ombro da Fê para aumentar o volume da TV.
Nós nos calamos. A mulher de cabelos loiros, vestida por um terninho preto riscado encheu a tela parada em frente ao prédio da Revista.
Somente a voz da jornalista na TV se fez presente.
— Estamos fazendo a cobertura ao vivo de uma das Revistas mais famosas do Rio de Janeiro. A situação da empresa não estava nada fácil, principalmente depois da morte da Sra. Parilla no início do ano passado. Agora recebemos a informação de que a Revista acaba de ser vendida pelos quatro Herdeiros Parilla. O contrato acaba de ser assinado e estamos esperando por mais informações.
Ela parou por alguns instantes e o foco da câmera foi direcionado à porta de vidro espelhado da entrada principal, três figuras saíram repentinamente de lá. Dois homens e a filha mais nova dos Parilla, Carolina.
— Senhor Lonato! — A jornalista correu na direção de um homem aparentemente muito mais alto do que ela, vestido por um terno preto formal e caro. — A Parilla foi realmente vendida? Quem vai ser o novo proprietário? — A jornalista bombardeou o homem com perguntas que ele não parecia ter a menor pretensão de responder quando ao menos se deu ao trabalho de olhar para ela. — Vai ser o fim da...
— Eu não tenho autorização para falar sobre isso. — O homem de pele morena limitou-se a responder, estendendo a mão em direção ao rosto, cobrindo-o e passando direto pela multidão que rodeava a porta do prédio.
O outro homem passou rápido e a jornalista não conseguiu acompanhá-lo. Em seguida, os seguranças de Carolina Parilla fizeram a volta sobre ela e a câmera focou no rosto bonito da empresária, mas a parede de homens uniformizados de preto impediu que a mídia se aproximasse dela, que ignorou com êxito as inúmeras perguntas dos jornalistas.
— Gente, isso não pode ser verdade! — declarei catatônica, levando a mão à boca, sentada no braço do sofá, ao lado da Lorena.
— Vendida... — Lorena sibilou no momento seguinte, ainda em choque também.
— Eu já sabia que as coisas não estavam indo bem... —Fê comentou, levantando-se do sofá num pulo. — Depois que a Senhora Parilla morreu e esses quatro filhos idiotas assumiram, as coisas foram de ladeira abaixo. O Afonso, ele desvia dinheiro. — Pontuou, deixando a mão bater no quadril.
— Como assim. O-o filho mais velho? — Mari se expressou confusamente.
— É, gente, eu trabalho no administrativo e é mais do que evidente que ele está desviando dinheiro.
— E porque você não disse nada? — Lorena perguntou, ainda perplexa com a nova informação.
Fernanda andou de um lado para o outro da sala, o sentimento de apreensão era quase palpável no recinto.
— Você endoidou? — Fernanda rebateu seriamente dessa vez. — No mínimo eles me demitiriam e ainda me processariam por injúria.
— Eu não posso perder o meu emprego... — Foi a única coisa que eu consegui dizer no momento.
— Vai dar tudo certo. — Mari disse; Lor puxou minha mão de um lado e a mão da Mari do outro, que puxou e da Fê. — Precisamos ser otimistas.
*
— Ângela está organizando um almoço em família daqui a duas semanas, no domingo — Samuel informou, ao abrir a porta do apartamento dele. — Ela disse que a família toda vai... — acrescentou, soltando a chave sobre o aparador da sala, virando-se de frente para mim — Até sua mãe... — completou, alisando os meus braços antes de me abraçar.
Falar da minha mãe nos últimos meses tem sido um assunto no mínimo complicado e Samuel compreendia a situação. Por isso, suspirei ao pensar que ela conseguia ser uma pessoa muito difícil e isso estava tornando a nossa convivência insuportável, mas esse almoço poderia suavizar as coisas, sem deixar de levar em consideração que não a via faz uns seis meses.
— Tudo bem. Você quer ir? — Perguntei, afrouxando-o do meu abraço, passando a mão pelo cabelo e avançando para a sala da casa dele, parando de frente para o porta-retratos que continha a foto da família: minha mãe, Ângela, eu, o pai do Samuel e o próprio Samuca.
Ele suspirou quando peguei o objeto nas mãos e passei o dedo sobre o rosto impresso da minha mãe atrás do vidro.
Nos auge dos meus 23 anos e nós já tínhamos passado por tanta coisa, tudo sempre tão difícil para ela e consequentemente para mim.
— Você sabe que a Ângela é quase uma mãe para mim... Então, sim, eu estou com saudades. O papai me manda mensagem todo dia perguntando se nós vamos a esse almoço...
Assenti que sim com a cabeça. Eu iria ao almoço de domingo.
Por mais que me esforçasse muito para não pensar demais, esquecer tudo o que acontecera no passado, às vezes, era um grande desafio, mas mesmo depois de tudo, não conseguia deixar de amar a minha mãe e também estava com saudades, mas isso não era o que mais me preocupava no momento, porque a minha cabeça não parava de girar em torno da notícia de mais cedo. Talvez, na segunda, todos os funcionários da revista fossem demitidos, inclusive eu e isso estava me deixando apavorada.
— Samuca — chamei-o com apreensão — a Revista foi vendida... — informei num suspiro, devolvendo o porta-retratos no lugar em que estava e soltei a bolsa no sofá, me jogando nele também. — Eu não sei o que vai acontecer... Todos já tínhamos percebido que as coisas não iam bem, mas vender a Parilla, isso foi meio inusitado. Eu não consigo entender, é uma empresa de quatro gerações...
— Eu ouvi dizer. — Respondeu, sentando-se ao meu lado. — Na verdade, foi um advogado do escritório que assumiu o caso.
Ergui-me com pressa no sofá e encarei-o com repreensão.
— E por que você não me disse nada? — Questionei, passando a mão pelo rosto.
Samuel suspirou pacientemente e também se inclinou para mais perto de mim.
— Eu não posso comentar sobre os processos da firma, Nina, isso vai contra as normas.
— Você é o filho do dono, Samuel.
— Ah... querida, vamos... Para com isso. — Pediu, passando o braço pelo meu ombro, me puxando mais para ele. — Ser filho do dono não quer dizer que eu possa tirar proveito disso. Fora que você não poderia evitar essa situação...
Encarei-o ainda com ressentimento. As bochechas querendo franzir com o riso que estava segurando.
— Estou com saudade — ele disse, num sussurro, deixando uma fila de beijos no meu pescoço.
— Eu posso perder o meu emprego, você sabia? — Constantei, curvando o pescoço devido aos arrepios que seus lábios estavam provocando em minha pele.
— Não vai, não — disse, entre um beijo e outro — A empresa que comprou vai reerguer a Revista. Este é o negócio deles. Eles compram por uma pechincha, recompõem tudo e vendem.
— Você sabe quem foi? — indaguei, afastando-o de mim ao esticar os braços e empurrá-lo para trás.
Ele me olhou de lado, apelando com um olhar menos paciente dessa vez.
— Não sei, mas não é daqui. — informou, puxando o meu braço para passar pelo ombro dele. — Chega disso, vai... — apelou, passando a mão pelo meu pescoço, me puxando para mais perto quando plantou um beijo molhado em meus lábios.
Deixei uma risada escapar antes de entregar-me ao beijo lento, fechando os olhos e abrindo os lábios. O toque quente da mão dele causava correntes elétricas em meus poros que iam direto para o meu baixo ventre. Ele deslizou os dedos pela minha perna e subiu um pouco a barra do vestido, provocativamente ao deixar um sorriso safado de lado brincar em seus lábios. Em seguida, ele segurou mais firme e me puxou para sentar em seu colo, de frente para ele.
— Você ficou uma delícia nesse vestido, sabia? — perguntou retoricamente — Mas agora, eu preciso tirá-lo. — O desejo vibrava em sua voz, e eu pude sentir a mão firme dele nas minhas costas, tateando até encontrar o fecho do zíper no tecido fino.
Beijos foram deixados na minha clavícula enquanto a mão dele descia com o fecho devagar. O vento acariciou a minhas costas, arrepiando-me por inteira e eu comecei a fazer o mesmo com os botões da camisa dele.
Fechei os meus olhos e tratei de esquecer qualquer problema que estivesse me incomodando. Samuca tinha esse dom. Ele me fazia bem, cuidava de mim e sobretudo, me amava. Eu tive que abrir mão de muitas coisas do passado para ter um futuro com ele, mas sentia que qualquer esforço que fizesse por ele, valeria a pena.
A segunda chegou arrastada e carregada de apreensão e incertezas. A venda da Parilla poderia mudar tudo. Estava me agarrando a ideia de que quem quer que fosse o comprador, seguiria com os negócios da empresa e não mudaria muito as coisas por aqui.Tentando ser otimista, respirei fundo, segurando com força a bolsa em meu ombro quando Samuca me deixou na porta de entrada da Revista e eu me apressei em ultrapassá-la, espantando qualquer pensamento que pudesse me acovardar. Nada parecia estar fora do lugar, mas a apreensão era nítida no rosto de todos os funcionários.No decorrer do dia, terminei o meu material e encaminhei-o para Verônica.Lorena atravessou a porta da minha sala como um furação e soltou a revista do mês sobre minha mesa. Ergui o olhar devagar da mão dela para o rosto e encarei-a com estranheza, sem entender o motivo do alvoroço.— Olha! &md
Você já parou para pensar sobre as coincidências da vida? Que o universo consegue ser irônico e muito inesperado, disso, todo mundo já sabe. Mas certas coisas, coisas estatisticamente quase improváveis de ocorrerem, simplesmente e inexplicavelmente acontecem. Parece que o destino faz questão de marcar algumas fichas do jogo, e certos eventos vão acontecer mesmo que pareçam impossíveis. Esse deve ser o nó que ata um individuo ao outro. Porque, em meio a 210 milhões de pessoas, eu fui encontrar a única que não esperava ver. Pensar nisso, me fez questionar o quão azarado um ser humano poderia ser? As probabilidades eram baixas, e eu me arriscaria, até, a dizer que, praticamente nulas. Uma pessoa no mundo inteirinho. Quais eram as chances? Eu só conseguia chegar a apenas uma conclusão: a vida queria mesmo rir da minha cara.As minhas pernas bambearam e eu com
— Mas de onde você o conhece? — Rebati, balançando a mão.— Eu não o conheço! — Rebateu de bate-pronto — ele conversou comigo lá no coquetel e depois perguntou se poderia me dar uma carona até em casa e eu aceitei, mas ele é tão gato, Nina... — Acrescentou, parecendo imersa nas lembranças. — Você tinha que ver.Franzi o cenho em resposta e apoiei o meu cotovelo na coxa, cobrindo a boca com a mão, sem desviar o olhar dela, e me perguntando mentalmente o que se passava na cabeça dela. Na teoria, eu sabia muito bem o que estava se passando agora, mas a minha pergunta não se tratava disso em si, mas do juízo propriamente dito que essa garota não tinha.Como ela conseguia ser assim tão desapegada das pessoas?— O que foi? — Questionou assim que constatou o meu olhar por muito tempo sobre ela.
— Eu não sei mais o que fazer. — Fernanda declarou, batendo aborrecidamente a ponta do dedo na mesa do pub.Era sexta-feira, final do dia, nós estávamos sentadas no Brews desabafando sobre os nossos problemas. A semana tinha sido difícil para todas e a Fernanda foi a primeira a começar a reclamar.— O Augusto não me deixa em paz. — Comentou, apoiando os cotovelos na mesa ao apertar os olhos com as pontas dos dedos. — Todo santo dia ele está na Revista, já não aguento mais olhar para a cara dele. A minha vontade é de avançar em cima dele e esbofeteá-lo, só para ver se ele compreende, de uma vez por todas, que não estou minimamente interessada.— Mas Fê, por que você não quer sair com ele? — A Lor parecia se esforçar muito em tentar entender. — Ele é bonito, advogado, be
— Eu não sei se consigo mais lidar com isso. — Declarei com a voz trêmula, passando a mão pelo rosto, ainda me recuperando do choque.Sentia o coração bater na garganta e Samuca me fitou antes de entrar com o carro em movimento, seus olhos verdes agora estavam enevoados junto às sobrancelhas que se curvavam em nítida confusão.— Toda mudança é difícil, amor. — Ponderou, segurando a minha mão fria antes de engrenar o carro e começar a se movimentar pela rua. — Mas, você vai conseguir. Você sempre consegue.Com os pensamentos ao longe, apenas assenti que sim com um movimentar de cabeça e olhei-o antes de me pronunciar.Ele estava bonito, os cabelos loiros espetados estavam rente ao coro e ele vestia um terno preto sob medida com a gravata de seda azul marinho contratando sobre a blusa de baixo, branca. A barba tinha sido
As grades dos portões da escola eram enormes e feitas de aço fundido, cobertos por uma tinta branca, que começara a tomar uma coloração amarelada devido às ações do tempo. Sentei-me no antepenúltimo degrau da larga escadaria cimentada, que levava para a grande porta dupla, em forma de arco, do corredor principal, e puxei a mochila das costas, passando-a para o meu colo ao dar mais uma conferida, olhando por cima do ombro, a fim de verificar se Thomas já tinha saído da aula.Sacodi a tira da alça ao constatar que estava praticamente deserto. Puxei o celular do bolso pequeno da frente da mochila jeans, personalizada com flores coloridas e estampadas, drapeadas, e um “N” maiúsculo com letra enrolada bordado em paetês cor de rosa, e mexi na tela, abrindo na caixa de mensagem, preparando-me para digitar um texto direcionado à minha mãe.<
Sentada atrás da escrivaninha no escritório, passei o dedo indicador pela longa tecla de espaçamento do notebook, acompanhando o movimento e encarei as últimas palavras escritas ali, com a mente distante e afogada em meus problemas mais importantes.Esperava o momento certo de agir, mas isso não parecia acontecer nunca e, à medida que os dias foram passando, sentia que o tempo que precisava para pensar e, finalmente tomar uma atitude, estava se esgotando. Percebi que Samuca se tornava distante e isso me doía. Porque, por mais que ele soubesse que alguma coisa de muito errado estava acontecendo, ainda assim, ele estava esperando que eu tomasse a atitude de conversar a respeito, mas eu simplesmente não conseguia fazer isso.Ele sempre soube esperar e isso sempre me encantou. Mas, estava com medo de magoá-lo e uma palavra errada poderia pôr tudo a perder. Samuca era importante demais para mim, e a ideia
Me Gusta da Anitta preenchia num volume agradável o ambiente. Nós estávamos sentadas na mesa do pub, na nossa reunião de sexta à noite. Fernanda estava de frente para mim e ao lado da Mari, sentadas do outro lado da mesa. Lor à minha esquerda.— Eu ainda não consigo acreditar que o Thomas está saindo com a Carolina. — Desabafei, dando um gole na minha cerveja. Os pares de olhos ergueram-se em minha direção no mesmo instante. — Quero dizer... — A minha voz se arrastou um pouco mais. O teto do Brews já tinha girado duas vezes para mim essa noite, depois da quinta rodada de chope. Apoiei o cotovelo sobre a mesa e os meus dedos emaranharam-se nos cabelos, ao apoiar a cabeça na mão e avaliei o rosto das minhas amigas uma última vez. Certamente era o álcool falando por mim, mas o sentimento estava latejando como uma ferida funda e aberta