O dia marcado para noite de Donatello e Amanda chegou. Flora foi levada logo cedo para o salão e recebeu um tratamento digno de realeza, mas ela sabia que tudo aquilo era apenas para que ela ficasse o mais parecida possível com sua prima. Saiu de lá com as unhas feitas, depilação completa, uma maquiagem em tons de preto e o batom vermelho que a deixou irreconhecível, por fim lhe colocaram uma peruca com enormes fios loiros como os de Amanda, modelaram e enfim ela estava pronta.
— Oh! Quase posso dizer que é você, Amanda. — comentou a tia ao vê-la. — Só tem um problema, Amanda é mais baixa sem os sapatos de salto.— E você já viu a Amanda andar sem saltos? — brincou George e as duas riram, apenas Flora não viu graça alguma. Na verdade, tudo que saía da boca de seu tio era nojento para ela. Também não se importou em se olhar no espelho, sabia que aquela não era ela de verdade.— Vamos Flora, está na hora de ir até o hotel. — ela acompanhou a tia até o carro e ambas seguiram para o hotel no centro da cidade. Deram o nome na recepção e pegaram as chaves, Donatello só chegaria meia hora depois, então a mais velha teria tempo de lhe dar instruções do que fazer.Assim que entraram no quarto, Flora ficou surpresa com o luxo do local, uma cama king com edredons de cetim e bordados em dourado ocupava o ponto central do quarto, um lustre de cristais fazia a iluminação, um tapete felpudo cobria quase todo o quarto. Num canto havia um frigobar e duas portas, uma do closet e outra do banheiro. Flora queria explorar o cômodo, mas seria repreendida pela tia e por isso se comportou.— Flora, preciso te dar algumas orientações. Sente-se. — apontou para a cama e só então as duas notaram a sacola branca ali, a tia pegou a sacola e retirou uma camisola de renda vermelha dali, não havia calcinha, a mulher devolveu a peça para a sacola e voltou a atenção para a sobrinha. — Você deve fazer exatamente o que ele te pedir, não negue nada. Minha filha é um pouco escandalosa, então você também precisa ser, mas nunca, nunca diga que está com dor ou chore, sei que é uma chorona, mas nesse momento segure o choro. Evite diálogos, sua voz é diferente da dela e não sabemos se ele conhece ou não a Amanda. Não faça nada estúpido como tentar fugir ou dizer a verdade, pois quando te acharmos, vamos te trancar no quartinho. Se lembra dele?Flora engoliu em seco. Faziam anos que não ia para o quartinho, mas se lembrava perfeitamente do que sofreu lá. Passava fome e frio por dias, além de apanhar todas as manhãs e ser abusada por seu tio, que aproveitava que estavam sozinhos, ele não a tocava na frente, pois já planejava usar sua virgindade em seu benefício no futuro, mas Flora se lembrava perfeitamente dos momentos de angústia e dor que passou no quartinho.— Sim senhora.— Ótimo. Siga minhas ordens e não sofrerá nenhuma consequência. — ela olhou seu relógio de pulso. — A deixarei sozinha a partir de agora, mas a porta ficará trancada. Se troque e espere pelo noivo de sua prima.Depois que a tia saiu, Flora entrou em desespero. O que faria quando o homem descobrisse que ela não é virgem? E quando a família descobrisse? Eles com certeza a deixariam no quartinho por meses. Mas ela não tinha tempo para pensar, em pouco tempo o homem entraria no quarto e ela precisava estar vestida. Se levantou e foi até o banheiro, encontrando ali uma enorme banheira, bancada em mármore branco, piso de porcelanato branco e os detalhes em dourado. Tirou o vestido justo e vermelho que a mandaram colocar, dobrou a peça juntamente com a calcinha e vestiu a camisola. Ficou um pouco largo no busto, já que era mais magra que sua prima, mas ela gostou de como ficou com a peça.Depois que saiu do banheiro, por curiosidade abriu o closet, percebendo que estava cheio de roupas masculinas, principalmente ternos e sapatos sociais. Ansiosa e com medo, saiu dali às pressas e se sentou na cama para aguardar seu acompanhante, foi como se adivinhasse, mal havia se sentado e a porta se abriu.Donatello caminhou à passos lentos para dentro do quarto, observando a mulher que prontamente se pôs de pé. Flora prendeu a respiração ao reconhecer aquele homem, como que por ironia do destino, foi com ele que perdeu a virgindade. Seu coração se apertou, o desejo era de se esconder em qualquer lugar ou até mesmo pular a janela, apenas para evitar passar por aquela noite angustiante.— Por que Amanda não está aqui? — perguntou, a voz soou fria e seca, fazendo Flora estremecer e perder a voz, não se parecia mais com o homem atraente e sexy que a seduziu anos atrás. — Está muda?Donatello não esqueceria aquele rosto, da moça que encontrou andando por sua mansão e o olhou como um gatinho assustado. Ele estava entediado com a festa e fez algo que nunca havia feito antes, a levou para o seu quarto. Isso a fez inesquecível, nunca antes ou depois uma mulher deitou em sua cama, sempre as levava para hotéis de sua confiança. E agora ela estava ali em sua frente novamente e mais uma vez ele não esperava encontrá-la.— Deixe eu adivinhar, eles pensaram que você era virgem e tentaram me enganar. — soltou um riso suspirado, pensando que aquilo era bem melhor para o seu plano, um motivo muito mais plausível..— Eu sou a Amanda, foi o senhor que tirou minha virgindade. — Flora falou num sopro de voz, pensando que talvez pudesse convencê-lo de que ele conheceu Amanda aquele dia.Mas Donatello não era um homem fácil de enganar, em sua posição, aprendeu a estar atento à detalhes, memorizar nomes e rostos. Jamais esqueceria àquela garota.— Eu pedi por Amanda, não pela cachorrinha dela. — respondeu ele ríspido. Flora simplesmente puxou as alças da camisola a deixando cair de seu corpo. Não voltaria para casa sem ter ao menos cumprido sua missão, talvez assim o castigo não fosse tão duro.Donatello analisou a atitude dela, havia sido mandada com um propósito e estava disposta cumprir, talvez uma mulher obediente e sem má fama lhe fosse mais útil e lhe desse menos trabalho. Além dos benefícios, havia algo naquela mulher, algo que o fez quebrar uma regra certa vez, algo que não o fez expulsá-la do quarto logo de início.— Tire essa peruca ridícula.Flora retirou a peruca, seu coração estava acelerado, seu corpo não respondia seus comandos e continuou segurando a peruca até que Donatello se aproximou e a tirou de sua mão.— Qual o seu nome? — perguntou olhando em seus olhos, a garota baixou o rosto para desviar o olhar, mas Donatello não permitiu, segurou seu rosto fazendo com que o encarasse. — Olhe para mim quando falo com você.— Flora… Flora Callegari. — Donatello não demonstrou, mas seus pensamentos se turbilharam mediante a descoberta. Isso se fosse verdade. Estaria George tentando enganá-lo novamente?— Seu nome de verdade. — sua voz soou calma, mas Flora se sentiu muito mais intimidada.— Esse é meu nome de verdade. —Ele a estudou por longos segundos e tocou a pele desnuda da garota a puxando para perto. Donatello não gostava de enrolação, mas estava decidido a fazer de Flora sua esposa e lhe beijou, ela o aceitou sem hesitar, tendo em memória a noite na mansão. Sem delongas tirou seu terno, a camisa, a calça e a cueca. Flora rapidamente se lembrou que havia ficado encantada com o homem, que se parecia com a descrição dos livros que lia, tentou trazer à tona esse mesmo sentimento que teve quase três anos antes, mas estava nervosa com o que seria de sua vida no dia seguinte.— Relaxa, não quero te machucar, mas é isso que vai acontecer se ficar dura como pedra. — Donatello murmurou em seu ouvido, a tirando de suas preocupações. A voz rouca do homem lhe tirou os sentidos, ela faria qualquer coisa sem pensar em recusa.Donatello a deitou na cama e tocou a intimidade de Flora para se certificar de que não a machucaria, vendo que ela estava um pouco molhada, ele a penetrou sem rodeios a fazendo arfar e agarrar o lençol. Ficava num misto de prazer e dor, enquanto ele a penetrava, pois os pensamentos intrusos lhe deixava nervosa. Percebendo isso, Donatello tomou seus lábios com fervor, uma atitude inesperada para ambos, mas que foi mais que suficiente para a garota esquecer tudo que a preocupava e aproveitar o momento sem receios.Quando terminou, ele se dirigiu ao banheiro, tomou um banho e retornou. Ela permanecia deitada, como se quisesse se fundir a ela e evitar sua realidade.— Deveria se limpar, Flora. — falou a tirando dos pensamentos e colocava suas roupas.Ela concordou se levantando, cobriu os seios com os braços e foi até o banheiro envergonhada, Donatello a observou com graça, pois a garota parecia um gatinho assustado. Quando ela terminou o banho, Don já havia partido, caminhou até a cama macia e puxando os edredons notou uma pequena mancha de sangue era sua segunda vez afinal, por isso deitou-se do outro lado. Aquela era a melhor cama que já esteve, mas não conseguiu pregar os olhos pensando no que a esperava na manhã seguinte.Flora ainda não sabia, mas quando Donatello atingiu o ápice, ela já havia se tornado a senhora Puzzo. Disso ele não abriria mão.Quando a manhã chegou, Flora percebeu que era cedo e aproveitou que ainda tinha tempo para tomar um longo banho, lavou seu cabelo com o shampoo e creme disponibilizado pelo hotel, percebendo que até isso era melhor do que o que tinha em casa. Retirou tudo que ficou da maquiagem e finalmente pôde se reconhecer no espelho, apesar de não gostar da imagem refletida. Colocou o vestido vermelho e guardou a camisola de renda na sacola em que veio. Quando ia descer para esperar o táxi que a família iria enviar, a porta se abriu e Donatello entrou sem aviso. Flora se assustou, não esperava pelo homem, pensava que aquela seria a última noite que o veria e deu um passo para trás, com medo de que ele teria voltado para puni-la. — Te levarei para sua casa apenas para que pegue suas coisas, você virá comigo. — informou ele, Flora entendeu que era uma ordem, mas não entendia o que ele queria. — Por que? — questionou. — Você será minha esposa. — respondeu e se virou saindo para o corredor. Flora
Flora não sabia até onde ia sua liberdade, mas estava genuinamente feliz. Seu quarto era grande o suficiente até para dar uma festa, a cama de casal era macia e confortável, os lençóis limpos cheiravam amaciante de roupas. Tinha um banheiro com chuveiro e banheira e um closet vazio. As roupas que trouxe jamais seriam o suficiente para encher o closet, mas no chão estava sua sacola. Ela retirou os documentos e guardou as roupas no closet, aproveitou para tirar o vestido vermelho que em nada combinava com ela e colocar uma de roupas usuais. Vestiu calça jeans e camiseta rosa, ambas peças que eram de Amanda e ficavam largas, colocou tenis All Star e desceu novamente. Se sentia estranha, não sabia o que fazer, nem mesmo se sentia parte daquele lugar. Não conhecia ninguém, não sabia onde ficavam as coisas e nem o que lhe era permitido fazer. Esperava que Branca pudesse lhe dizer. — Que roupas são essas? — ouviu a voz de Donatello atrás de si e parou de caminhar. Se virou lentamente para
A noite, Donatello e Carlo subiam as escadas para entrar na Oásis, a boate que era um dos poucos negócios legítimos que Puzzo administrava. O lugar era um ponto de encontro para homens em busca de prazer e mulheres dispostas a oferecer isso em troca de presentes caros, todos sabiam que qualquer mulher que frequentasse o Oásis podia ser comprada.Ao ver as mesas cheias de homens bêbados, com duas ou três mulheres os acompanhando, Don imediatamente pensou que Flora jamais colocaria os pés naquele lugar. Ninguém notou a presença dos homens e eles subiram até a área VIP. — Me surpreende você continuar mantendo sua identidade em segredo. Eu no seu lugar já teria espalhado por todos os lados que sou dom da maior máfia italiana. — Carlo comentou erguendo os braços ao falar sobre a organização. — E é por isso que você não duraria um mês. Sabe que o negócios mudaram. — ponderou, tentando manter-se tranquilo com o primo, não queria que ele o visse como inimigo. — Falando em negócios, te chame
Flora jantava sozinha na enorme mesa de jantar farta de opções, ela tentava não demonstrar sua decepção por estar jantando sozinha, esperava poder conhecer melhor o homem com quem ia se casar, ele era um enigma para ela, que ainda não sabia dizer se aceitar aquele casamento foi uma boa ideia. Se sentia aliviada por não ter mais que sofrer nas mãos da família, porém e se seu marido fosse pior do que eles? A garota terminou de jantar e subiu para seu quarto, parecia grande demais para uma pessoa só, foi até a janela e se debruçou no peitoril, deixou que lágrimas silenciosas lavassem seu rosto e sua alma. Seu marido não deixaria que eles a humilhasse e ela mesma não se permitiria ser fraca novamente. Só precisava ser cautelosa em sua nova vida, talvez se escolhesse as palavras certa e seguisse as ordens do marido, ele lhe desse liberdades. Se isso não acontecesse, ela fugiria, daria seu jeito, mas jamais viveria presa. No dia seguinte, Flora seguiu sua rotina matinal, não viu seu futur
Donatello calculou o ângulo, a mão esquerda do soldado lhe daria milésimos de segundos a mais para desviar da bala caso ele atirasse, então não precisava atrair a atenção para Marconi. Num movimento rápido, ele desviou seu alvo atingindo os dois tiros em Carlo, exatamente como deveria, um no coração e um na testa. O ruído das armas sendo engatilhadas foi o único som restante. Don abaixou a arma e cuidadosamente a guardou, ignorando as cinco armas apontadas para sua cabeça. — Pode explicar o que foi isso? — Savoia foi o primeiro a abaixar a arma e perguntar, perplexo com o que tinha acontecido. Dario olhou surpreso para si mesmo, não era aquilo que esperava da morte e demorou a perceber que não foi atingido. — O acordo era que eu devia matar o mandante do assassinato de Rute Osório. Foi isso que eu fiz. — respondeu calmamente. — Rute descobriu que a filha e Piazzi estavam tendo um caso. Se Ângelo descobrisse, mandaria matar os dois, então Carlo precisava se livrar de Rute. — Quem me
— Você me assustou. — disse ela com a voz falha e as mãos tremendo. — O que deseja? Donatello estudou a mulher na cama, usando uma camisola fina e quase transparente, seu rosto confuso por algum motivo lhe parecia mais belo. Talvez fosse algum tipo de feitiço, pois Flora estava deliciosamente desejável para ele. Tinha ido com o propósito de confrontá-la sobre o passado, mas não conseguiria resistir. Ele se levantou e se deitou ao lado de Flora apoiando os cotovelo na cama. Ela pacientemente esperava e se surpreendeu quando Donatello tocou seu rosto e a puxou para um beijo. Ele a beijou lentamente, queria sentir seu gosto, sua textura e Flora retribuía com devoção, aprendendo com ele, seguindo seu ritmo. Don levou a mão até a coxa de sua noiva e deslizou por seu corpo, sentindo e adorando o contato em sua pele e parou nos seios, que ele apertou e esfregou o mamilo fazendo Flora soltar um gemido em sua boca. Ele gostou do som. Tirou sua mão dali às pressas para enfiá-la por debaixo da
Ao abrir as cortinas de seu quarto, Flora se deparou com a bela vista do mar mediterrâneo. Ouvia as ondas se quebrando contra as rochas e sentia o vento salgado tocar seu rosto, o sol iluminava as águas azuis e refletia um brilho prateado. Era um belo dia para um casamento. Tentou manter-se otimista, a noite passada lhe provou que nem tudo estava perdido. Descobriu que era mais forte do que imaginava e percebeu que Donatello tinha uma fraqueza: ela. Se não fosse isso, por que ainda estava viva? Uma equipe chegou para arrumá-la, seu vestido foi posto num manequim à sua vista e todas as vezes que o olhava, pensava em fugir pela incerteza do futuro, tinha a palavra de Donatello, mas isso não a protegeria, isso não era amor. Mas para onde iria? Se jogaria no mar? Não, ela faria aquilo, mas teria que ser forte e não se deixar abalar por nada. Quando terminaram, ficou boquiaberta ao se olhar no espelho, estava verdadeiramente linda, a maquiagem sem exageros apenas realçou sua beleza natura
Pela manhã tomaram juntos o café da manhã e depois desceram para a praia, Donatello estava despreocupado, mas dois homens faziam a segurança deles a distância. Enquanto Flora se apaixonou pela praia, amou o vento salgado em sua pele, o som das ondas se quebrando, a areia quente e macia em seus pés. Don não gostou muito do biquíni que ela usava, mas não disse nada, não iria estragar o dia por ciúmes. Flora se divertia na água quando ele recebeu uma ligação, era Enzo com a notícia que ele estava esperando, finalizou a ligação e ligou para Ferdinando. Quando terminou, Flora estava ao seu lado. — Pensei que ficaria longe dos negócios hoje. — ela comentou e se sentou na cadeira ao lado dele. — Desculpe, era importante. — ela o encarou, cobrindo os olhos para evitar o sol. — Vai me contar com o que trabalha? — ela sabia que não era dentro da lei, mas queria ver até onde podia confiar nele. — Tenho algumas empresas espalhadas pelo país. — ela riu da resposta. — Acha que sou tão boba as