Donatello Puzzo chamou em seu escritório Enzo Fuzzari, algo incomodava o sr. Puzzo há uns dias e após pensar ele teve uma idéia do que fazer, mas gostaria de ouvir a opinião de seu conselheiro.
— George LeBlanc pagou hoje o que me devia. — comentou calmamente, o conselheiro nada respondeu, esperando que seu chefe completasse o que dizia. — Não gosto disso, Enzo, se eu empresto um dinheiro, espero receber na data combinada. LeBlanc está rindo da minha cara há meses.— Podemos mandar um cobrador pressioná-lo no próximo pagamento, senhor. — Enzo respondeu, cruzando as pernas. — Mas soube que ele está perto de falir.— Não, LeBlanc não é confiável, quero acabar de vez os meus negócios com ele, mas um dos sócios é amigo dele e não iria gostar, isso sem mencionar Santini. Preciso de um motivo, Enzo, por isso quero que o procure e diga que se a filha dele for virgem, eu me caso com ela e em troca a dívida será quitada. Quero que garanta que ela terá uma vida de princesa, isso fará com que ela não recuse.— Não entendo, se o senhor quer encerrar seus negócios com ele, por que se casará com a filha dele? — Donatello o encarou e se reclinou na cadeira, não gostava quando seu conselheiro agia como se faltasse neurônios.— Ora Enzo, preciso explicar tudo? — repreendeu e o homem engoliu em seco. — A garota não é virgem, esse será o motivo para acabar com os negócios. E quanto ao casamento, já estou com 34, preciso de um herdeiro. A moça é bonita e sabe se comportar diante das outras família, apesar de ser um pouco… indecente, mas isso eu mesmo posso resolver.— Marcarei uma reunião com ele, Don, mas não acha que ele poderá desconfiar? Uma proposta assim parece muito generosa. — Fuzzari era um homem cauteloso, por isso Puzzo gostava dele.— Essa é a ideia. Obrigado Enzo. — apertaram as mãos e Enzo se levantou para sair, mas antes que alcançasse a porta, Donatello o chamou. — Diga que quero uma noite com ela antes do casamento, para me certificar de que o acordo será feito, marque para daqui duas semanas.Donatello não pensava em se casar, no mundo em que vivia, uma esposa era uma fraqueza, mas ele não deixaria o futuro do nome de sua família à mercê das decisões de outros. Ele moldaria seu filho para seguir seus passos, mas para o herdeiro ser aceito pelos seus associados, a criança teria de ser fruto de um relacionamento legítimo e não com uma mulher qualquer. A filha de LeBlanc não era a mulher ideal, mas ele não era tão exigente para fazer uma seleção e escolher a melhor. Contanto que lhe desse um herdeiro, qualquer uma serviria.Quando George LeBlanc chamou Flora e Amanda para uma conversa, Flora sabia que levaria culpa por algum erro que Amanda cometeu. Flora, a sobrinha adotada por seus tios, não se lembrava de um único dia em que foi bem tratada pela família, acreditava que era melhor ter sido mandada para um orfanato a ter que viver com os LeBlanc.Ambas as garotas se sentaram de frente para o homem e sua esposa, Amanda sabia que nada tinha com que se preocupar, pois seus pais sempre a protegeriam, mas Flora já pensava em todas as possibilidades de punição que receberia. A jovem aprendeu desde pequena que ficar quieta lhe evitava problemas e por isso, abaixou a cabeça pronta para aceitar a punição que lhe fosse imposta.— Donatello Puzzo quer que se casar com Amanda. — Flora levantou um pouco a cabeça se perguntando o que ela fazia ali. — Mas ele deseja fazer um "teste", antes de oficializar a união, acho que ele deseja saber se ela é virgem e por isso, Flora, você irá no lugar de Amanda.Ela olhou para o homem chocada, sabia que sua vida não tinha valor algum para aquela família, mas não esperava ser usada dessa maneira. Todos sabiam que Amanda não era virgem, com 18 anos ela já havia tido mais parceiros que muitas ao 30, mas a verdade é que eles não sabiam que Flora também não era virgem, de nada ela serviria.— Como tem certeza de que sou virgem? — arriscou perguntar, mas temia que revelar a verdade fosse pior.— Sabemos cada passo da sua vida, conhecemos todas as pessoas com quem fala, você nunca namorou e sequer é bonita o suficiente para isso. Santo Deus! Precisaremos de muita maquiagem para deixá-la o mínimo parecida com Amanda. — respondeu a tia, mas não era de fato verdade.Durante um evento numa mansão de um homem poderoso, Flora se afastou da família e chamou a atenção de um homem, a jovem comemorava 19 anos no mesmo dia e queria aproveitar os minutos de liberdade que teve com a família entretida demais para dar falta dela, Flora se entregou ao homem não sabia seu nome, mas jamais se esqueceria de seu rosto e tinha sonhos com aquela noite frequentemente.— É um preço pequeno a se pagar depois de tudo que fizemos por você, lhe demos comida, roupas, uma cama… por quase vinte anos! — completou o tio, mas ele não precisava se explicar, Flora não tinha escolha. — Estamos à beira da falência, Donatello podia pedir minha cabeça à qualquer momento, mas ele está sendo bem generoso com a proposta, precisamos desse casamento e para o casamento acontecer, precisamos de uma virgem.— Sim senhor. — murmurou, pensando que provavelmente depois da tal noite ele pediria a cabeça de todos, não só de seu tio.— Diga mais alto! — pediu a tia, se inclinando em sua direção.— Sim senhor. — repetiu mais alto.— Ótimo, agora volte aos seus afazeres. — as duas jovens se levantaram. — Você fica, Amanda.Flora saiu da sala e foi direto para o seu pequeno quarto, ali fechou a porta e caiu em prantos, estava cansada de ser fraca e se deixar ser pisada e humilhada, mas ela não sabia ser diferente, desde pequena sabia que desobedecer era pior. Ela não conhecia o amor, ou a bondade, apenas a dor e estava farta de tanto sofrimento. Por isso depois de chorar tudo que pôde, ela lavou o rosto e tomou uma decisão: aquela seria a última coisa que faria pelos LeBlanc, depois que voltasse, ela iria fugir. Não importava se passaria fome ou dormiria na rua, qualquer coisa era melhor que viver naquela casa.Ela então pegou uma sacola e separou tudo que iria levar, seus documentos, as melhores roupas, alguns ítens de higiene e o livro que pegou na biblioteca da cidade enquanto Amanda transava com alguém em algum lugar. Não tinha dinheiro, a única vez que tocou numa nota, foi quando sua amiga Clarice lhe pediu para comprar balas na escola; também não tinha para onde ir, a amizade com Clarice terminou juntamente com a escola. Depois que pegou tudo, escondeu a sacola num canto para que ninguém visse, mesmo que raramente seus tios iam até seu quarto. Ela deixaria a sacola ali até que tivesse um plano concreto.A garota saiu dali e foi até a cozinha ajudar Graça a preparar o jantar. Foi informada que seria um jantar especial, para comemorar o acordo que salvaria a família. Flora sabia que não participaria do jantar e por um breve momento pensou em envenenar toda a família no jantar, mas afastou o pensamento, não podia se igualar a eles, embora merecessem por todo mal que lhe fizeram.E para sua surpresa, George a chamou para se sentar à mesa.— Você é parte essencial para o sucesso desse acordo, Flora, merece um lugar à mesa. — disse ele levantando uma taça com champanhe em sua direção.— Eu é que ficarei com a parte difícil e se esse Donatello for velho? — perguntou Amanda com voz de desprezo, enrugando a testa. Logo foi repreendida pela mãe a não fazer aquela careta.— O importante é que ele é muito rico e influente. — George olhou para a filha. — Tenho certeza que pode aguentar um velho barrigudo por vários sapatos Prada.— Prefiro da Versace. — respondeu a garota com um sorriso ambicioso.— Com esse homem, terá o que quiser minha filha e nós também.Flora apenas observava a interação da família, sentia-se enojada e mal conseguia comer. Queria sair o mais rápido possível, mas teria que esperar até a noite com o tal homem, seria a melhor oportunidade de sair da mansão, planejava deixar suas coisas junto com o restante do lixo e quando estivesse do lado de fora, pegaria a sacola e correria o máximo que conseguisse. Isso, se quando ele percebesse que ela não era virgem, a deixasse ir. Preferia pensar assim, mesmo que no fundo sabia que seu plano tinha tudo para dar errado.Antes de se deitar, Flora leu um pouco de seu livro e adormeceu rapidamente pelo cansaço. Sonhou que corria desesperada de algo que estava próximo de pegá-la, até que caiu num buraco infinito e acordou assustada. Se levantou e foi até o banheiro, se olhou no espelho, viu seus olhos verdes a encarando, o cabelo castanho claro caia em seus ombros completamente indefinidos, não se lembrava da última vez que cortou, nem mesmo a última vez que se sentiu bonita, num ímpeto, Flora quebrou o pequeno espelho com o cabo do pente para não se machucar, estava farta daquela imagem, da mulher fraca ali refletida. Apagou a luz e voltou para a cama.O dia marcado para noite de Donatello e Amanda chegou. Flora foi levada logo cedo para o salão e recebeu um tratamento digno de realeza, mas ela sabia que tudo aquilo era apenas para que ela ficasse o mais parecida possível com sua prima. Saiu de lá com as unhas feitas, depilação completa, uma maquiagem em tons de preto e o batom vermelho que a deixou irreconhecível, por fim lhe colocaram uma peruca com enormes fios loiros como os de Amanda, modelaram e enfim ela estava pronta.— Oh! Quase posso dizer que é você, Amanda. — comentou a tia ao vê-la. — Só tem um problema, Amanda é mais baixa sem os sapatos de salto. — E você já viu a Amanda andar sem saltos? — brincou George e as duas riram, apenas Flora não viu graça alguma. Na verdade, tudo que saía da boca de seu tio era nojento para ela. Também não se importou em se olhar no espelho, sabia que aquela não era ela de verdade. — Vamos Flora, está na hora de ir até o hotel. — ela acompanhou a tia até o carro e ambas seguiram para o hot
Quando a manhã chegou, Flora percebeu que era cedo e aproveitou que ainda tinha tempo para tomar um longo banho, lavou seu cabelo com o shampoo e creme disponibilizado pelo hotel, percebendo que até isso era melhor do que o que tinha em casa. Retirou tudo que ficou da maquiagem e finalmente pôde se reconhecer no espelho, apesar de não gostar da imagem refletida. Colocou o vestido vermelho e guardou a camisola de renda na sacola em que veio. Quando ia descer para esperar o táxi que a família iria enviar, a porta se abriu e Donatello entrou sem aviso. Flora se assustou, não esperava pelo homem, pensava que aquela seria a última noite que o veria e deu um passo para trás, com medo de que ele teria voltado para puni-la. — Te levarei para sua casa apenas para que pegue suas coisas, você virá comigo. — informou ele, Flora entendeu que era uma ordem, mas não entendia o que ele queria. — Por que? — questionou. — Você será minha esposa. — respondeu e se virou saindo para o corredor. Flora
Flora não sabia até onde ia sua liberdade, mas estava genuinamente feliz. Seu quarto era grande o suficiente até para dar uma festa, a cama de casal era macia e confortável, os lençóis limpos cheiravam amaciante de roupas. Tinha um banheiro com chuveiro e banheira e um closet vazio. As roupas que trouxe jamais seriam o suficiente para encher o closet, mas no chão estava sua sacola. Ela retirou os documentos e guardou as roupas no closet, aproveitou para tirar o vestido vermelho que em nada combinava com ela e colocar uma de roupas usuais. Vestiu calça jeans e camiseta rosa, ambas peças que eram de Amanda e ficavam largas, colocou tenis All Star e desceu novamente. Se sentia estranha, não sabia o que fazer, nem mesmo se sentia parte daquele lugar. Não conhecia ninguém, não sabia onde ficavam as coisas e nem o que lhe era permitido fazer. Esperava que Branca pudesse lhe dizer. — Que roupas são essas? — ouviu a voz de Donatello atrás de si e parou de caminhar. Se virou lentamente para
A noite, Donatello e Carlo subiam as escadas para entrar na Oásis, a boate que era um dos poucos negócios legítimos que Puzzo administrava. O lugar era um ponto de encontro para homens em busca de prazer e mulheres dispostas a oferecer isso em troca de presentes caros, todos sabiam que qualquer mulher que frequentasse o Oásis podia ser comprada.Ao ver as mesas cheias de homens bêbados, com duas ou três mulheres os acompanhando, Don imediatamente pensou que Flora jamais colocaria os pés naquele lugar. Ninguém notou a presença dos homens e eles subiram até a área VIP. — Me surpreende você continuar mantendo sua identidade em segredo. Eu no seu lugar já teria espalhado por todos os lados que sou dom da maior máfia italiana. — Carlo comentou erguendo os braços ao falar sobre a organização. — E é por isso que você não duraria um mês. Sabe que o negócios mudaram. — ponderou, tentando manter-se tranquilo com o primo, não queria que ele o visse como inimigo. — Falando em negócios, te chame
Flora jantava sozinha na enorme mesa de jantar farta de opções, ela tentava não demonstrar sua decepção por estar jantando sozinha, esperava poder conhecer melhor o homem com quem ia se casar, ele era um enigma para ela, que ainda não sabia dizer se aceitar aquele casamento foi uma boa ideia. Se sentia aliviada por não ter mais que sofrer nas mãos da família, porém e se seu marido fosse pior do que eles? A garota terminou de jantar e subiu para seu quarto, parecia grande demais para uma pessoa só, foi até a janela e se debruçou no peitoril, deixou que lágrimas silenciosas lavassem seu rosto e sua alma. Seu marido não deixaria que eles a humilhasse e ela mesma não se permitiria ser fraca novamente. Só precisava ser cautelosa em sua nova vida, talvez se escolhesse as palavras certa e seguisse as ordens do marido, ele lhe desse liberdades. Se isso não acontecesse, ela fugiria, daria seu jeito, mas jamais viveria presa. No dia seguinte, Flora seguiu sua rotina matinal, não viu seu futur
Donatello calculou o ângulo, a mão esquerda do soldado lhe daria milésimos de segundos a mais para desviar da bala caso ele atirasse, então não precisava atrair a atenção para Marconi. Num movimento rápido, ele desviou seu alvo atingindo os dois tiros em Carlo, exatamente como deveria, um no coração e um na testa. O ruído das armas sendo engatilhadas foi o único som restante. Don abaixou a arma e cuidadosamente a guardou, ignorando as cinco armas apontadas para sua cabeça. — Pode explicar o que foi isso? — Savoia foi o primeiro a abaixar a arma e perguntar, perplexo com o que tinha acontecido. Dario olhou surpreso para si mesmo, não era aquilo que esperava da morte e demorou a perceber que não foi atingido. — O acordo era que eu devia matar o mandante do assassinato de Rute Osório. Foi isso que eu fiz. — respondeu calmamente. — Rute descobriu que a filha e Piazzi estavam tendo um caso. Se Ângelo descobrisse, mandaria matar os dois, então Carlo precisava se livrar de Rute. — Quem me
— Você me assustou. — disse ela com a voz falha e as mãos tremendo. — O que deseja? Donatello estudou a mulher na cama, usando uma camisola fina e quase transparente, seu rosto confuso por algum motivo lhe parecia mais belo. Talvez fosse algum tipo de feitiço, pois Flora estava deliciosamente desejável para ele. Tinha ido com o propósito de confrontá-la sobre o passado, mas não conseguiria resistir. Ele se levantou e se deitou ao lado de Flora apoiando os cotovelo na cama. Ela pacientemente esperava e se surpreendeu quando Donatello tocou seu rosto e a puxou para um beijo. Ele a beijou lentamente, queria sentir seu gosto, sua textura e Flora retribuía com devoção, aprendendo com ele, seguindo seu ritmo. Don levou a mão até a coxa de sua noiva e deslizou por seu corpo, sentindo e adorando o contato em sua pele e parou nos seios, que ele apertou e esfregou o mamilo fazendo Flora soltar um gemido em sua boca. Ele gostou do som. Tirou sua mão dali às pressas para enfiá-la por debaixo da
Ao abrir as cortinas de seu quarto, Flora se deparou com a bela vista do mar mediterrâneo. Ouvia as ondas se quebrando contra as rochas e sentia o vento salgado tocar seu rosto, o sol iluminava as águas azuis e refletia um brilho prateado. Era um belo dia para um casamento. Tentou manter-se otimista, a noite passada lhe provou que nem tudo estava perdido. Descobriu que era mais forte do que imaginava e percebeu que Donatello tinha uma fraqueza: ela. Se não fosse isso, por que ainda estava viva? Uma equipe chegou para arrumá-la, seu vestido foi posto num manequim à sua vista e todas as vezes que o olhava, pensava em fugir pela incerteza do futuro, tinha a palavra de Donatello, mas isso não a protegeria, isso não era amor. Mas para onde iria? Se jogaria no mar? Não, ela faria aquilo, mas teria que ser forte e não se deixar abalar por nada. Quando terminaram, ficou boquiaberta ao se olhar no espelho, estava verdadeiramente linda, a maquiagem sem exageros apenas realçou sua beleza natura