Donatello calculou o ângulo, a mão esquerda do soldado lhe daria milésimos de segundos a mais para desviar da bala caso ele atirasse, então não precisava atrair a atenção para Marconi. Num movimento rápido, ele desviou seu alvo atingindo os dois tiros em Carlo, exatamente como deveria, um no coração e um na testa. O ruído das armas sendo engatilhadas foi o único som restante. Don abaixou a arma e cuidadosamente a guardou, ignorando as cinco armas apontadas para sua cabeça.
— Pode explicar o que foi isso? — Savoia foi o primeiro a abaixar a arma e perguntar, perplexo com o que tinha acontecido.Dario olhou surpreso para si mesmo, não era aquilo que esperava da morte e demorou a perceber que não foi atingido.— O acordo era que eu devia matar o mandante do assassinato de Rute Osório. Foi isso que eu fiz. — respondeu calmamente. — Rute descobriu que a filha e Piazzi estavam tendo um caso. Se Ângelo descobrisse, mandaria matar os dois, então Carlo precisava se livrar de Rute.— Quem me garante que está dizendo a verdade?! — Santini cerrou os dentes e se aproximou de Don. — Conheço seus jogos Donatello!O chefe da família Puzzo apenas retirou o telefone do bolso, em poucos cliques abriu um vídeo, onde Rute Osório foi secretamente gravada, afirmando que Carlo Piazzi a ameaçou e que temia por sua vida.— Se tinha posse da informação quando ela estava viva, por que permitiu que a matassem? — Santini esbravejou, irritado por seu plano de queimar a imagem de Donatello ter ruído.— Não vê a imagem no fundo? É o restaurante que ela estava antes de ser baleada. Não teve tempo sequer desse vídeo chegar em minhas mãos antes que ocorresse o ataque. — explicou olhando para Ângelo.— Don… por que esse vídeo só veio à tona agora? — Ferdinando perguntou cauteloso.— Porque estava em posse de um dos homens de Santini. Ângelo nada tinha a dizer, o ato de Donatello só aumentaria o prestígio dele perante os outros dons. Olhou uma última vez para os dois líderes presentes e se retirou, o canhoto que o acompanhava e salvou Marconi de levar um tiro o acompanhou.— Donatello mais vez mostrando porque os sicilianos são os maiores da Itália. — Ferdinando se aproximou. — Mande uma equipe de limpeza. — ordenou a seus homens.— Don, o que posso fazer para agradecer? — Marconi se aproximou, foi solto pelos outros homens de Donatello.— Apenas mantenha sua fidelidade, Dario. Vá para casa e descanse, quero que esteja presente no meu casamento. — respondeu com um sorriso.— Obrigado. — agradeceu mais uma vez antes de sair acompanhando de Roman.Isaac olhava para seu chefe mais de 10 anos mais novo, lembrava-se que quando Giancarlo, o pai de Donatello, morreu, pensou que o garoto seria morto em menos de uma semana ou que gastaria toda a fortuna da família com mulheres e festas, mas o jovem chefe surpreendeu a todos, era discreto, cauteloso, inteligente e educado. Vendo o primogênito da família Puzzo tomando decisões certeiras e calculadas, ele sabia que derrubá-lo não seria fácil.— Muito bem Don, seu pai estaria orgulhoso. — comentou dando leves t***s nas costas do chefe. Donatello não respondeu, apenas o olhou, estranhou a frase, pois Isaac não era homem de fazer elogios e sequer mencionava seu pai.Deixou o ambiente sem rodeios, baixando o chapéu ao chegar às ruas movimentadas de Roma e adentrou seu carro. Isaac veio logo atrás e ambos partiram para o hotel.Em seu quarto, serviu-se de uma bebida e recebeu uma ligação de Ferdinando, pedindo que atendesse a porta pois havia enviado um presente para ele relaxar. Segundos depois bateram à porta e ele foi atendê-la, não ficando surpreso ao ver duas belas mulheres, sorrindo com a oportunidade de ganhar um bom dinheiro àquela noite.Puzzo não queria pensar em sua noiva, pois sabia que ela estava em casa,talvez aflita por não saber o que esperar dele; mas não faria desfeita à Ferdinando, precisava dele nos negócios. Deixou as mulheres entrarem, uma loira, outra morena, ambas parecendo ter saído direto de uma revista pornográfica.— Faremos o que quiser Sr. Puzzo. — disse a loira com um sorriso provocante. Donatello achou graça, para ele era óbvio que fariam.Em pouco tempo, estava relaxado na cama do hotel, enquanto as duas mulheres o entretia. Tinha a noite inteira para aproveitar, mas seus pensamentos o sabotavam, pois sabia que algo estava acontecendo e se sentia impotente e cego. Precisava pensar em algo, descobrir mais, conversar com Flora e descobrir o que ela sabia ou pelo menos que peça era naquele jogo. Os pensamentos o levaran ao limite, mandou as garotas embora, vestiu-se e ligou para Branca, queria saber como sua noiva estava.Na noite seguinte, Donatello saiu para se encontrar com Savoia em sua residência. Jantou juntamente com a esposa e filhos de seu aliado antes de irem ao escritório. Recebeu constantes olhares de aprovação da filha mais nova de Ferdinando, ignorando todos eles, a garota devia ter menos de 18 anos e não o atraía de maneira alguma.— Precisa ensinar bons modos à sua filha, não é de bom tom olhar para visita como se ela fosse a sobremesa. — alertou ao entrar no escritório com Ferdinando.— As vezes ela se esquece que é minha filha. — respondeu com um sorriso embaraçado.— Estou dizendo, porque não quero que pense que tenho algum interesse nela. — falou se sentando na cadeira de couro marrom de frente para Ferdinando.— Não se preocupe, Don, eu sei da sua índole e também que os hormônios nessa idade são difíceis controlar, mas nada que um bom castigo não resolva.— Mas temos assuntos mais urgentes que hormônios adolescentes, Nando. Tenho ouvido falar que Ângelo está trabalhando para alguém. — Don analisava o anfitrião, que se levantou e serviu um dose de Whisky, ofereceu para seu convidado que recusou e o esperava paciente. — Não bebo enquanto falo de negócios.— Certo. — respondeu e retornou com seu copo, tomou um gole antes de voltar ao assunto. — Essa história já chegou até mim, mas com tantas variáveis que não sei se acredito. Dizem até se tratar do pai de sua noiva, Leonel Callegari e se a filha dele está viva…— Flora não sabe de nada. — o cortou.— Não sabe ou está mentindo? — Donatello não sabia dizer, mas manteve a mesma expressão, fixou os olhos em Ferdinando e ponderou suas próximas palavras.— Poderá tirar sua própria conclusão este fim de semana no meu casamento.Savoia sorriu sem mostrar os dentes e tomou mais um gole de seu Whisky.— Você se parece com seu pai, não me admira estar na posição que está, Donatello. Se quer a verdade sobre aquela noite, deveria conversar com o Giuseppe, posso levá-lo até ele, mas em troca, preciso de um favor.Giuseppe Bartoli foi conselheiro de Giancarlo até sua morte, quando decidiu sumir do mapa para evitar ser morto por quem quer que estivesse por trás daquele crime. Nenhum membro da máfia Puzzo sabia onde Giuseppe estava, Donatello o procurou por anos sem sucesso e de repente, ouve Ferdinando dizer que sabia onde ele estava.— O que quer?— Tem um policial me dando trabalho e eu já estou com muitos problemas com a justiça para lidar com isso pessoalmente. —Donatello não agia contra a polícia, preferia tê-los ao seu lado e também não gostaria de pôr sua mão no fogo, mas aquela parecia uma chance única de encontrar Giuseppe.— Considere feito.***Flora passou os últimos dias sendo perguntada sobre flores, vestidos, penteados, sapatos e suas variedades. Nunca pensou que planejar um casamento fosse tão cansativo, mas com poucos dias para preparar tudo, todos os detalhes precisavam ser decididos rapidamente. O vestido precisou escolher um modelo já pronto, que fosse apenas ajustado, escolheu um modelo de corpete justo e saia larga, com mangas longas em tule e bordados em pedrarias com formas de folhas nas mangas, corpete e parte da saia.Quando o vestiu pela primeira vez, se sentiu verdadeiramente linda e sorriu genuinamente para si mesma. O casamento aconteceria num palacete na costa da Sicília e Flora estava ansiosa para conhecer o mar, umas das coisas que ela só conhecia dos livros que lia. Arrumou sua mala um dia antes para não esquecer nada. Na manhã seguinte partiria rumo uma nova vida, casada com um criminoso poderoso.Dormia tranquilamente, tomou um chá de camomila para relaxar àquela noite, mas sempre teve o sono leve e algo a acordou, a luz da lua invadia seu quarto, mas tinha certeza que fechou as cortinas. Se virou confusa em direção à janela e se assustou ao ver um homem sentado, a observando.— Precisamos conversar. — disse a voz masculina. Seu coração disparou e ela rapidamente acendeu a luz do abajur ao seu lado, constatando ser seu noivo que chegou mais cedo.— Você me assustou. — disse ela com a voz falha e as mãos tremendo. — O que deseja? Donatello estudou a mulher na cama, usando uma camisola fina e quase transparente, seu rosto confuso por algum motivo lhe parecia mais belo. Talvez fosse algum tipo de feitiço, pois Flora estava deliciosamente desejável para ele. Tinha ido com o propósito de confrontá-la sobre o passado, mas não conseguiria resistir. Ele se levantou e se deitou ao lado de Flora apoiando os cotovelo na cama. Ela pacientemente esperava e se surpreendeu quando Donatello tocou seu rosto e a puxou para um beijo. Ele a beijou lentamente, queria sentir seu gosto, sua textura e Flora retribuía com devoção, aprendendo com ele, seguindo seu ritmo. Don levou a mão até a coxa de sua noiva e deslizou por seu corpo, sentindo e adorando o contato em sua pele e parou nos seios, que ele apertou e esfregou o mamilo fazendo Flora soltar um gemido em sua boca. Ele gostou do som. Tirou sua mão dali às pressas para enfiá-la por debaixo da
Ao abrir as cortinas de seu quarto, Flora se deparou com a bela vista do mar mediterrâneo. Ouvia as ondas se quebrando contra as rochas e sentia o vento salgado tocar seu rosto, o sol iluminava as águas azuis e refletia um brilho prateado. Era um belo dia para um casamento. Tentou manter-se otimista, a noite passada lhe provou que nem tudo estava perdido. Descobriu que era mais forte do que imaginava e percebeu que Donatello tinha uma fraqueza: ela. Se não fosse isso, por que ainda estava viva? Uma equipe chegou para arrumá-la, seu vestido foi posto num manequim à sua vista e todas as vezes que o olhava, pensava em fugir pela incerteza do futuro, tinha a palavra de Donatello, mas isso não a protegeria, isso não era amor. Mas para onde iria? Se jogaria no mar? Não, ela faria aquilo, mas teria que ser forte e não se deixar abalar por nada. Quando terminaram, ficou boquiaberta ao se olhar no espelho, estava verdadeiramente linda, a maquiagem sem exageros apenas realçou sua beleza natura
Pela manhã tomaram juntos o café da manhã e depois desceram para a praia, Donatello estava despreocupado, mas dois homens faziam a segurança deles a distância. Enquanto Flora se apaixonou pela praia, amou o vento salgado em sua pele, o som das ondas se quebrando, a areia quente e macia em seus pés. Don não gostou muito do biquíni que ela usava, mas não disse nada, não iria estragar o dia por ciúmes. Flora se divertia na água quando ele recebeu uma ligação, era Enzo com a notícia que ele estava esperando, finalizou a ligação e ligou para Ferdinando. Quando terminou, Flora estava ao seu lado. — Pensei que ficaria longe dos negócios hoje. — ela comentou e se sentou na cadeira ao lado dele. — Desculpe, era importante. — ela o encarou, cobrindo os olhos para evitar o sol. — Vai me contar com o que trabalha? — ela sabia que não era dentro da lei, mas queria ver até onde podia confiar nele. — Tenho algumas empresas espalhadas pelo país. — ela riu da resposta. — Acha que sou tão boba as
Assim que colocou os pés em Roma, Donatello recebeu uma ligação de um número desconhecido, pensou em não atender, mas o fez, ouvia ruídos ao fundo e não tinha certeza se tinha alguém na linha, até que ouviu:— Escolheu a mulher errada, senhor Puzzo. — disse uma voz feminina, que Don não reconheceu e desligou em seguida. Estava ciente em tempo real da ameaça que aconteceu em seu casamento, estava preparado, assim como sabia que quem estava atrás da Flora não iria desistir. Entregou o aparelho para um de seus seguranças e pediu que o destruísse e comprasse outro, se aquela pessoa tinha seu número, poderia conseguir outras informações. Lembrou-se de Flora e pediu que comprasse dois aparelhos. Chegou no local marcado por Ferdinando, uma praça pública movimentada, era um dia quente, muitos turistas visitavam a cidade e ele se adaptou, vestiu uma bermuda e camisa polo, colocou óculos escuros e fingiu estar admirando a paisagem romana até que um carro parou do seu lado. Savoia estava ali,
Flora subiu para o seu quarto, pretendia tomar um banho e desde já se arrumar para o jantar com Donatello, mas antes que pudesse pôr seu plano em prática, bateram à porta de seu quarto. Era Branca, que entrou sem ao menos pedir licença. — Precisamos ter uma conversa séria, criança. — iniciou a mais velha. Flora concordou, mas desde que chegou naquela casa não se sentia à vontade com aquela mulher. — Tudo bem, sente-se. — apontou para a cama. A mulher hesitou, mas se sentou na beira da cama e Flora a acompanhou. — Precisa estar ciente de algumas coisas sobre seu marido. — o início daquela conversa despertou uma memória, do dia que reencontrou Donatello ao se passar por sua prima, por isso Flora não ficou confortável. — Já ouviu falar sobre a máfia italiana? Seu marido é chefe da maior delas, praticamente comanda toda a Itália, tem o governo e a polícia nas mãos. Não deve confiar nele, tampouco desobedecê-lo…— Olha, Branca, eu e Donatello estamos bem, mas agradeço seu conselho. — a
O delegado Riccardo Fortes batia a ponta da caneta freneticamente sobre um papel a ponto de quase rasgá-lo. Há anos investigava a ação dos mafiosos em seu estado e nunca conseguiu pistas de quem era o verdadeiro chefe. As informações que tinha eram as mesmas que qualquer cidadão comum e isso o irritava. Ele acreditava que sua sorte estava mudando ao prender Leonardo Ferrari, principal suspeito da morte de um de seus companheiros e, com certeza, um integrante da máfia. Leonardo se recusava a cooperar, mas Riccardo seguia investigando e naquela manhã recebeu um novo nome, no celular do suspeito havia uma única ligação para um número inexistente, mas o delegado não desistiu e chegou a Donatello Puzzo. Fortes se reclinou na cadeira, sentia uma leve dor de cabeça, mas era tão frequente que não lhe incomodava mais. Era difícil para ele acreditar que Donatello fosse um dos líderes da máfia, não passava de um herdeiro mimado e inconsequente, mas com a posição e relacionamentos do magnata, Ri
À noite, Flora se preparava para dormir, pensou que seria mais uma noite solitária, Donatello estava em seu escritório mais uma vez e normalmente só ia para o quarto de madrugada. Ela se olhou no espelho do banheiro, não se sentia tão feia quanto antes e nem estava tão magra, mas porque seu marido não a procurava? Talvez ela mesma devia tentar. Planejou ir até o escritório dele, se não a quisesse ela tentaria entender, mas ao voltar para o quarto, se deparou com ele desabotoando a camisa. Ela se aproximou, mas assim que tirou a camisa, Donatello passou por ela indo direto para o banheiro, ligou a água gelada, se sentia exausto, sempre foram muitos assuntos para resolver e ele conseguia lidar com todos, mas dessa vez se sentia no escuro, não esperava o roubo e o fato de não ter mais informações o deixava estressado. Ele nem mesmo percebeu que Flora entrou. — Don? — ele a olhou e respirou fundo, estava fugindo dela há uns dias, pois sabia que seus sentimentos estavam mudando e não sab
— O que está acontecendo?! — Flora perguntou pela terceira vez, estava desesperada ao ver seu marido ser algemado e levado pela polícia. — Senhora, se acalme, podemos lhe explicar tudo na delegacia. — respondeu o delegado finalmente lhe dando atenção.— Flora, vá para casa! — Donatello ordenou ríspido. Não queria que ela fosse até a delegacia pois sabia que fariam perguntas a ela, porém ela ignorou a ordem e entrou numa das viaturas. O delegado Riccardo conduziu Donatello direto para a sala de interrogatório. Flora teve que esperar na recepção, nervosa, ela não conseguia ficar parada e andava impaciente por todos os lados, ignorando aqueles que lhe ofereciam água ou qualquer outra coisa. — Nos encontramos novamente, senhor Puzzo e dessa vez em condições nada favoráveis ao senhor. — Fortes suspirou, foi um dia cansativo e esperava o mínimo de colaboração. — Encontramos uma mercadoria lacrada, endereçado a uma das lojas pertencentes ao senhor. A princípio, era apenas o material de co