À noite, Flora se preparava para dormir, pensou que seria mais uma noite solitária, Donatello estava em seu escritório mais uma vez e normalmente só ia para o quarto de madrugada. Ela se olhou no espelho do banheiro, não se sentia tão feia quanto antes e nem estava tão magra, mas porque seu marido não a procurava? Talvez ela mesma devia tentar. Planejou ir até o escritório dele, se não a quisesse ela tentaria entender, mas ao voltar para o quarto, se deparou com ele desabotoando a camisa. Ela se aproximou, mas assim que tirou a camisa, Donatello passou por ela indo direto para o banheiro, ligou a água gelada, se sentia exausto, sempre foram muitos assuntos para resolver e ele conseguia lidar com todos, mas dessa vez se sentia no escuro, não esperava o roubo e o fato de não ter mais informações o deixava estressado. Ele nem mesmo percebeu que Flora entrou. — Don? — ele a olhou e respirou fundo, estava fugindo dela há uns dias, pois sabia que seus sentimentos estavam mudando e não sab
— O que está acontecendo?! — Flora perguntou pela terceira vez, estava desesperada ao ver seu marido ser algemado e levado pela polícia. — Senhora, se acalme, podemos lhe explicar tudo na delegacia. — respondeu o delegado finalmente lhe dando atenção.— Flora, vá para casa! — Donatello ordenou ríspido. Não queria que ela fosse até a delegacia pois sabia que fariam perguntas a ela, porém ela ignorou a ordem e entrou numa das viaturas. O delegado Riccardo conduziu Donatello direto para a sala de interrogatório. Flora teve que esperar na recepção, nervosa, ela não conseguia ficar parada e andava impaciente por todos os lados, ignorando aqueles que lhe ofereciam água ou qualquer outra coisa. — Nos encontramos novamente, senhor Puzzo e dessa vez em condições nada favoráveis ao senhor. — Fortes suspirou, foi um dia cansativo e esperava o mínimo de colaboração. — Encontramos uma mercadoria lacrada, endereçado a uma das lojas pertencentes ao senhor. A princípio, era apenas o material de co
Já na penitenciária, Donatello recebia a visita de Fuzzari. Como esperado, a polícia encontrou provas suficientes para mantê-lo preso até o julgamento. Porém, isso poderia durar meses e ele precisava manter as coisas em ordem enquanto estava fora. Embora tivesse suas dúvidas, Enzo era a melhor opção para representá-lo, mas não deixaria tudo nas mãos de seu conselheiro. — Don. — cumprimentou seu chefe com um aperto de mãos, reparou que mesmo com o uniforme da prisão, Donatello permanecia imponente. — Enzo, vou direto ao ponto pois não temos muito tempo. Quero Marconi à frente dos negócios enquanto eu estiver fora…— Marconi? Mas ele… — interrompeu.— Espere eu terminar de falar! — Don repreendeu calmo, mas firme e Enzo se calou. — Você deve monitorar o andamento de tudo, Marconi não deve tomar decisões sem consultar os demais e até mesmo a mim, mas ele entende de finanças e não é tão impulsivo. Também estarei confiando em você para cuidar da segurança da minha esposa, sabe tão bem qua
Ao norte da Itália, Gregório discutia os próximos passos com sua sócia. Música clássica tocava num volume baixo de algum rádio por perto, era uma das coisas que o mantinham calmo. Um balde de gelo mantinha uma garrafa de vinho numa temperatura ideal. A mulher pegou duas taças e as encheu com o vinho, ficou com uma e entregou outra a ele. — Quem quer tenha armado para ele sabia dos nossos planos. — a mulher afirmou. — Não podemos ter certeza disso. — Ele foi preso um dia antes, Gregório! Foi só coincidência? — a mulher quase gritou. — Quem faria isso? Estamos escolhendo à dedo quem trabalha conosco. Se for isso, teremos que reavaliar todos os envolvidos. — Ou pelo menos não contar a mais ninguém nossos planos. — Só se irmos para a Sicília e fazer tudo com nossas próprias mãos. — a mulher se aproximou, colocando as mãos sobre os ombros do homem. — Faremos isso, assim que ele sair da prisão. — Isso pode demorar tempo demais. — o homem tomou um gole do vinho e fez uma careta. — O
Choveu àquela tarde e Flora assistiu da janela da mansão enquanto as gotas em alta velocidade se chocavam contra a grama verde que rodeava a mansão. Seus pensamentos estavam perdidos em inúmeros assuntos que tentava organizar. Pensava em seu marido, em Paola, no seu plano, em si mesma, no futuro… estava ficando ansiosa com tantos dilemas. Finalmente recebeu o que tanto esperava, o documento prometido por Diego contendo informações sobre o juíz. Se Donatello descobrisse o que ela estava fazendo, provavelmente a impediria de continuar, mas fazia por ele, para ajudá-lo e tê-lo de volta. Talvez até para provar que não era fútil e descartável. Jamais admitiria, mas aquela garota frágil que chegou na mansão ainda existia e ela lutava para deixar essa antiga Flora no esquecimento. LeBlanc morreu, ninguém mais a quebraria novamente, era hora de crescer. Mais tarde, Flora pretendia resolver a segunda parte e a mais importante do seu plano. Já era noite e ela pretendia sair escondida, Moretti
— Onde você estava com a cabeça?! — Enzo gritou assim que entraram no escritório. Flora e Moretti se sentaram no sofá.— Sabe o que teria acontecido se eu não estivesse lá?! — Não venha dar uma de herói, eu me defendi sozinha. — Flora cruzou os braços. — Claro… se defendeu de um sozinha, aposto que não viu os outros dois. — ela ficou quieta, realmente não tinha visto os outros. — O que você pensou, Flora? Que era só uma festa? Que poderia fazer o que quiser só por ser esposa de Donatello? — como não obteve resposta, Enzo suspirou. — O que foi fazer lá? — Não é da sua conta. — Enzo soltou uma risada amarga e Flora se encolheu no sofá, se lembrando da infância, quando recebia bronca do tio e ele ria de seu desespero. — Desobedeceu uma ordem direta de Donatello. Os dois. — apontou para ela e o segurança que recebia a reprimenda junto. — Se isso chegar até ele… — fez uma pausa e esfregou as têmporas. — Ele pode mandar matar os dois. — Ele não faria isso. — ela respondeu. — Certamente
A informação de que Ferdinando Savoia sofreu um acidente chegou na semana seguinte. Enzo avisou, mas não disse quem estava por trás. E de que adiantava saber? Teria sempre que ter um homem a protegendo? Era patético, pensou. Pior que isso, era ter que suportar Enzo a vigiando por toda a parte. Desde que a encontrou na boate, ele passou a dormir na mansão e a simples presença dele a irritava, apenas por demonstrar que ela não estava exatamente livre após se casar. Numa tarde de domingo, ela recebeu alguns anexos em seu email, enviados por Clarice, a mulher escolhida para seduzir o juíz. O plano estava dando certo e o homem "perfeito" estava se rendendo aos encantos da dançarina vinte anos mais nova. Apesar de satisfeita, Flora sentia que precisava de algo a mais, só chantagear o juíz não seria o suficiente e ela precisava pensar em algo. Decidiu ir até o jardim, passou o fim de semana inteiro trancada no quarto estudando para as provas que estavam chegando e precisava respirar um pou
Graças a sua amizade com Correntin, Donatello conseguiu uma certa influência sobre alguns detentos e usava isso a seu favor. Alguns achavam que isso o tornava ainda mais suspeito, mas ninguém podia provar. Por seu bom comportamento, conseguiu a amizade dos guardas e alguns benefícios, mas isso não trouxe apenas vantagens, alguns homens achavam que eram privilégios por ele ser rico. — Don, eles não param de encarar. — um dos seus aliados comentou. — Isso é tudo que podem fazer, não vão arriscar pegar uma solitária por ego. — Don respondeu, terminou de ser servido e saiu da fila da refeição. À caminho da mesa um homem parou em sua frente, era Leonardo, que foi transferido no dia anterior. Donatello já sabia da transferência e ouviu os boatos a respeito dele, todos sabiam que era envolvido com a máfia e já o temiam. Sua presença ali poderia atrapalhar os planos de Puzzo. — Precisamos conversar, capitano. — Leonardo cruzou os braços encarando o chefe. Se algum dos detentos tinha dúvid