Choveu àquela tarde e Flora assistiu da janela da mansão enquanto as gotas em alta velocidade se chocavam contra a grama verde que rodeava a mansão. Seus pensamentos estavam perdidos em inúmeros assuntos que tentava organizar. Pensava em seu marido, em Paola, no seu plano, em si mesma, no futuro… estava ficando ansiosa com tantos dilemas. Finalmente recebeu o que tanto esperava, o documento prometido por Diego contendo informações sobre o juíz. Se Donatello descobrisse o que ela estava fazendo, provavelmente a impediria de continuar, mas fazia por ele, para ajudá-lo e tê-lo de volta. Talvez até para provar que não era fútil e descartável. Jamais admitiria, mas aquela garota frágil que chegou na mansão ainda existia e ela lutava para deixar essa antiga Flora no esquecimento. LeBlanc morreu, ninguém mais a quebraria novamente, era hora de crescer. Mais tarde, Flora pretendia resolver a segunda parte e a mais importante do seu plano. Já era noite e ela pretendia sair escondida, Moretti
— Onde você estava com a cabeça?! — Enzo gritou assim que entraram no escritório. Flora e Moretti se sentaram no sofá.— Sabe o que teria acontecido se eu não estivesse lá?! — Não venha dar uma de herói, eu me defendi sozinha. — Flora cruzou os braços. — Claro… se defendeu de um sozinha, aposto que não viu os outros dois. — ela ficou quieta, realmente não tinha visto os outros. — O que você pensou, Flora? Que era só uma festa? Que poderia fazer o que quiser só por ser esposa de Donatello? — como não obteve resposta, Enzo suspirou. — O que foi fazer lá? — Não é da sua conta. — Enzo soltou uma risada amarga e Flora se encolheu no sofá, se lembrando da infância, quando recebia bronca do tio e ele ria de seu desespero. — Desobedeceu uma ordem direta de Donatello. Os dois. — apontou para ela e o segurança que recebia a reprimenda junto. — Se isso chegar até ele… — fez uma pausa e esfregou as têmporas. — Ele pode mandar matar os dois. — Ele não faria isso. — ela respondeu. — Certamente
A informação de que Ferdinando Savoia sofreu um acidente chegou na semana seguinte. Enzo avisou, mas não disse quem estava por trás. E de que adiantava saber? Teria sempre que ter um homem a protegendo? Era patético, pensou. Pior que isso, era ter que suportar Enzo a vigiando por toda a parte. Desde que a encontrou na boate, ele passou a dormir na mansão e a simples presença dele a irritava, apenas por demonstrar que ela não estava exatamente livre após se casar. Numa tarde de domingo, ela recebeu alguns anexos em seu email, enviados por Clarice, a mulher escolhida para seduzir o juíz. O plano estava dando certo e o homem "perfeito" estava se rendendo aos encantos da dançarina vinte anos mais nova. Apesar de satisfeita, Flora sentia que precisava de algo a mais, só chantagear o juíz não seria o suficiente e ela precisava pensar em algo. Decidiu ir até o jardim, passou o fim de semana inteiro trancada no quarto estudando para as provas que estavam chegando e precisava respirar um pou
Graças a sua amizade com Correntin, Donatello conseguiu uma certa influência sobre alguns detentos e usava isso a seu favor. Alguns achavam que isso o tornava ainda mais suspeito, mas ninguém podia provar. Por seu bom comportamento, conseguiu a amizade dos guardas e alguns benefícios, mas isso não trouxe apenas vantagens, alguns homens achavam que eram privilégios por ele ser rico. — Don, eles não param de encarar. — um dos seus aliados comentou. — Isso é tudo que podem fazer, não vão arriscar pegar uma solitária por ego. — Don respondeu, terminou de ser servido e saiu da fila da refeição. À caminho da mesa um homem parou em sua frente, era Leonardo, que foi transferido no dia anterior. Donatello já sabia da transferência e ouviu os boatos a respeito dele, todos sabiam que era envolvido com a máfia e já o temiam. Sua presença ali poderia atrapalhar os planos de Puzzo. — Precisamos conversar, capitano. — Leonardo cruzou os braços encarando o chefe. Se algum dos detentos tinha dúvid
Dario Marconi marcou uma reunião com os outros associados, precisavam discutir o que fariam com os policiais, que além de terem roubado a mercadoria e prejudicado Donatello, traíram a organização. Após verem o vídeo, todos concordaram que não só o policiais, mas a família deles também deveria sofrer. Não haveria piedade. — Como conseguiu o vídeo? — Fuzzari se reclinou na cadeira ao perguntar. — Procuramos por essas imagens, as câmeras estavam desligadas. — Tenho meus contatos. — Marconi respondeu somente.— Eu duvido que eles trabalharam sozinhos, temos que interrogá-los para descobrir quem está por trás disso. — Enzo continuou. Dario tinha um nome e essa pessoa estava na sala, mas ele pretendia que Donatello tomasse a decisão do que fazer com o traidor. — Eu concordo com Enzo e me ofereço para fazer o serviço. — Isaac tomou a palavra, Marconi o encarou, pensando na melhor resposta. — Sabem que eu não saio da sala sem uma resposta. — Sabemos, mas Donatello já te deu uma missão. El
Chegou o primeiro julgamento de Donatello e mesmo tendo feito tudo que podia, Flora estava ansiosa e com medo de que seu plano tivesse falhado. Precisava ter seu marido de volta e principalmente, contar sobre o que Enzo fez antes que ele inventasse alguma mentira ou que Branca contasse o que viu naquele noite. Ela saiu juntamente com Branca para o tribunal, a mulher a ignorou durante todo o trajeto e isso apenas a deixou mais nervosa. Tinha medo da reação de Donatello se ela mesma contasse e mais ainda se ele soubesse por outra pessoa. Ela se sentou sozinha para assistir o julgamento, mas logo mais pessoas chegaram e ocuparam todo o espaço. Um policial trouxe o réu e em seguida entrou o juíz. Flora percebeu que ele olhou rapidamente para ela antes de dar início a audiência. Enzo só tinha uma alternativa, montou toda a defesa baseada no vídeo entregue por Marconi, mas ciente que Flora conversou com o juíz, ele não tinha certeza da vitória. Ela poderia ter posto tudo a perder ao chan
Isaac Pasini tinha as mãos e pés amarrados à uma cadeira, o rosto inchado e com ferimentos abertos ainda era só o começo, Donatello tinha muitas armas para conseguir o que queria, mas Pasini não queria colaborar. — Vou perguntar pela última vez, para quem você está trabalhando? — Donatello perguntou num tom baixo e impassível, não podia perder muito tempo ali, pois tinha outras coisas para resolver. — Se eu contar, você não vai acreditar… — respondeu exibindo os dentes sujos do próprio sangue. — É melhor você me matar logo… não direi nada. — Pelo que eu sei, se não fosse pela minha prisão, eu poderia estar morto nesse momento. Se me der a resposta que eu quero, posso soltá-lo e dizer que te matei, você terá uma chance de escapar. — Quando descobrir a verdade, Don, verá que ninguém pode escapar. — Que verdade? — Donatello já estava perdendo a paciência e isso transpareceu em sua voz. Pasini ficou em silêncio e Donatello desferiu mais um soco no rosto do homem que considerou um ali
Flora acordou cedo para arrumar as malas e viajar com o marido, ele iria se encontrar com uma mulher e queria que ela fosse junto caso precisasse de uma abordagem feminina. Donatello lhe deu poucas informações sobre a mulher, seu nome era Lavínia Ortiz, uma traficante de drogas que mora em Paris e pode ter informações importantes. Isso não dizia muito sobre o que ela deveria esperar. Para evitar mais problemas, Donatello teve que avisar a justiça sobre a viagem e isso atrasou em três semanas os seus planos, um tempo precioso para quem necessitava estar um passo à frente. Quando finalmente recebeu a liberação para sair do país, não queria perder tempo e se preparou para pegar o próximo vôo. Esperava impaciente que Flora terminasse de se arrumar, em seu íntimo se arrependeu de levá-la, os dias estavam intensos demais, andava estressado e se irritava facilmente. Sua mente estava sendo sua maior inimiga, pois o tempo todo acreditava que seria traído por todos a sua volta. Flora realiza