— Onde você estava com a cabeça?! — Enzo gritou assim que entraram no escritório. Flora e Moretti se sentaram no sofá.— Sabe o que teria acontecido se eu não estivesse lá?! — Não venha dar uma de herói, eu me defendi sozinha. — Flora cruzou os braços. — Claro… se defendeu de um sozinha, aposto que não viu os outros dois. — ela ficou quieta, realmente não tinha visto os outros. — O que você pensou, Flora? Que era só uma festa? Que poderia fazer o que quiser só por ser esposa de Donatello? — como não obteve resposta, Enzo suspirou. — O que foi fazer lá? — Não é da sua conta. — Enzo soltou uma risada amarga e Flora se encolheu no sofá, se lembrando da infância, quando recebia bronca do tio e ele ria de seu desespero. — Desobedeceu uma ordem direta de Donatello. Os dois. — apontou para ela e o segurança que recebia a reprimenda junto. — Se isso chegar até ele… — fez uma pausa e esfregou as têmporas. — Ele pode mandar matar os dois. — Ele não faria isso. — ela respondeu. — Certamente
A informação de que Ferdinando Savoia sofreu um acidente chegou na semana seguinte. Enzo avisou, mas não disse quem estava por trás. E de que adiantava saber? Teria sempre que ter um homem a protegendo? Era patético, pensou. Pior que isso, era ter que suportar Enzo a vigiando por toda a parte. Desde que a encontrou na boate, ele passou a dormir na mansão e a simples presença dele a irritava, apenas por demonstrar que ela não estava exatamente livre após se casar. Numa tarde de domingo, ela recebeu alguns anexos em seu email, enviados por Clarice, a mulher escolhida para seduzir o juíz. O plano estava dando certo e o homem "perfeito" estava se rendendo aos encantos da dançarina vinte anos mais nova. Apesar de satisfeita, Flora sentia que precisava de algo a mais, só chantagear o juíz não seria o suficiente e ela precisava pensar em algo. Decidiu ir até o jardim, passou o fim de semana inteiro trancada no quarto estudando para as provas que estavam chegando e precisava respirar um pou
Graças a sua amizade com Correntin, Donatello conseguiu uma certa influência sobre alguns detentos e usava isso a seu favor. Alguns achavam que isso o tornava ainda mais suspeito, mas ninguém podia provar. Por seu bom comportamento, conseguiu a amizade dos guardas e alguns benefícios, mas isso não trouxe apenas vantagens, alguns homens achavam que eram privilégios por ele ser rico. — Don, eles não param de encarar. — um dos seus aliados comentou. — Isso é tudo que podem fazer, não vão arriscar pegar uma solitária por ego. — Don respondeu, terminou de ser servido e saiu da fila da refeição. À caminho da mesa um homem parou em sua frente, era Leonardo, que foi transferido no dia anterior. Donatello já sabia da transferência e ouviu os boatos a respeito dele, todos sabiam que era envolvido com a máfia e já o temiam. Sua presença ali poderia atrapalhar os planos de Puzzo. — Precisamos conversar, capitano. — Leonardo cruzou os braços encarando o chefe. Se algum dos detentos tinha dúvid
Dario Marconi marcou uma reunião com os outros associados, precisavam discutir o que fariam com os policiais, que além de terem roubado a mercadoria e prejudicado Donatello, traíram a organização. Após verem o vídeo, todos concordaram que não só o policiais, mas a família deles também deveria sofrer. Não haveria piedade. — Como conseguiu o vídeo? — Fuzzari se reclinou na cadeira ao perguntar. — Procuramos por essas imagens, as câmeras estavam desligadas. — Tenho meus contatos. — Marconi respondeu somente.— Eu duvido que eles trabalharam sozinhos, temos que interrogá-los para descobrir quem está por trás disso. — Enzo continuou. Dario tinha um nome e essa pessoa estava na sala, mas ele pretendia que Donatello tomasse a decisão do que fazer com o traidor. — Eu concordo com Enzo e me ofereço para fazer o serviço. — Isaac tomou a palavra, Marconi o encarou, pensando na melhor resposta. — Sabem que eu não saio da sala sem uma resposta. — Sabemos, mas Donatello já te deu uma missão. El
Chegou o primeiro julgamento de Donatello e mesmo tendo feito tudo que podia, Flora estava ansiosa e com medo de que seu plano tivesse falhado. Precisava ter seu marido de volta e principalmente, contar sobre o que Enzo fez antes que ele inventasse alguma mentira ou que Branca contasse o que viu naquele noite. Ela saiu juntamente com Branca para o tribunal, a mulher a ignorou durante todo o trajeto e isso apenas a deixou mais nervosa. Tinha medo da reação de Donatello se ela mesma contasse e mais ainda se ele soubesse por outra pessoa. Ela se sentou sozinha para assistir o julgamento, mas logo mais pessoas chegaram e ocuparam todo o espaço. Um policial trouxe o réu e em seguida entrou o juíz. Flora percebeu que ele olhou rapidamente para ela antes de dar início a audiência. Enzo só tinha uma alternativa, montou toda a defesa baseada no vídeo entregue por Marconi, mas ciente que Flora conversou com o juíz, ele não tinha certeza da vitória. Ela poderia ter posto tudo a perder ao chan
Isaac Pasini tinha as mãos e pés amarrados à uma cadeira, o rosto inchado e com ferimentos abertos ainda era só o começo, Donatello tinha muitas armas para conseguir o que queria, mas Pasini não queria colaborar. — Vou perguntar pela última vez, para quem você está trabalhando? — Donatello perguntou num tom baixo e impassível, não podia perder muito tempo ali, pois tinha outras coisas para resolver. — Se eu contar, você não vai acreditar… — respondeu exibindo os dentes sujos do próprio sangue. — É melhor você me matar logo… não direi nada. — Pelo que eu sei, se não fosse pela minha prisão, eu poderia estar morto nesse momento. Se me der a resposta que eu quero, posso soltá-lo e dizer que te matei, você terá uma chance de escapar. — Quando descobrir a verdade, Don, verá que ninguém pode escapar. — Que verdade? — Donatello já estava perdendo a paciência e isso transpareceu em sua voz. Pasini ficou em silêncio e Donatello desferiu mais um soco no rosto do homem que considerou um ali
Flora acordou cedo para arrumar as malas e viajar com o marido, ele iria se encontrar com uma mulher e queria que ela fosse junto caso precisasse de uma abordagem feminina. Donatello lhe deu poucas informações sobre a mulher, seu nome era Lavínia Ortiz, uma traficante de drogas que mora em Paris e pode ter informações importantes. Isso não dizia muito sobre o que ela deveria esperar. Para evitar mais problemas, Donatello teve que avisar a justiça sobre a viagem e isso atrasou em três semanas os seus planos, um tempo precioso para quem necessitava estar um passo à frente. Quando finalmente recebeu a liberação para sair do país, não queria perder tempo e se preparou para pegar o próximo vôo. Esperava impaciente que Flora terminasse de se arrumar, em seu íntimo se arrependeu de levá-la, os dias estavam intensos demais, andava estressado e se irritava facilmente. Sua mente estava sendo sua maior inimiga, pois o tempo todo acreditava que seria traído por todos a sua volta. Flora realiza
Donatello retornava sem as informações que esperava, mas ganhou boas lembranças com Flora, não era exatamente o que ele precisava, mas foi fundamental para acalmar sua mente. Na última noite, conseguiu dormir e recuperar a energia que faltava, além de diminuir o stresse que sentia. Agora ele podia pensar melhor em seus próximos passos. Devido a instabilidade no tempo, o piloto precisou fazer um pouso de emergência próximo a Veneza. Um risco, a cidade era território de Santini. Donatello temia o que poderia acontecer se o rival descobrisse que ele estava ali sozinho e por precaução, eles esperaram ali mesmo.Aproveitando que estavam em terra, Donatello ligou para Marconi, o sinal da ligação não estava boa, mas conseguiu pedir que ele que avisasse o motorista e Branca sobre o atraso, para que não esperassem por muito tempo. Caiu uma forte chuva por cerca de 40 minutos e aos poucos começou a diminuir juntamente com as rajadas de vento. O piloto avisou que poderiam partir em 10 minutos e