A garotinha brincava em um balanço no jardim, usava um vestido branco com flores amarelas e sapatos novos. Era um dia especial, a família estava toda reunida no interior da casa da vovó e ela podia sentir o cheiro do pernil recém saído do forno. A mãe da garota chamou por ela à distância, mas ela queria balançar mais um pouco, então a mãe foi até ela e com um sorriso gentil disse um nome... que Flora não conseguiu entender, isso a deixou aflita e a fez acordar. Era o rosto da sua mãe, os mesmo olhos verdes e sorriso contagiante que ela se lembrava, o cheiro do pernil era tão real quanto o frio na barriga que sentia ao balançar. Seria uma memória? Se sim, por que não conseguia ouvir o próprio nome? Donatello acordou com a agitação dela, sempre em alerta, ele pensou que poderia ser alguém e pegou a arma que guardava perto da cama, mas logo reparou que não era nada demais e relaxou. — Teve um pesadelo? — perguntou. — Não... Acho que foi uma memória. — Don se sentou e acendeu a luz do
Com o nome de Angelo Santini em mãos, Donatello precisava tomar uma decisão arriscada. Ele estaria apoiado pela lei da vendetta, mas não podia se esquecer que Santini era aliado de um inimigo que ele não conhecia. Um suposto tio que ele nunca ouviu falar e uma mulher misteriosa. Não conhecer o inimigo era uma desvantagem. A péssima notícia chegou cinco dias após o atentado. Dario Marconi não resistiu e morreu no hospital. Donatello perdia o seu mais importante capo, um dos poucos homens que ele confiava. Isso o forçou a tomar a arriscada decisão. O velório teve poucas pessoas, a maioria familiares e membros da máfia. Donatello estava quieto e Flora ficou ao lado da viúva, que chorava copiosamente. O enterro teve ainda menos pessoas, um padre disse algumas palavras e rezou, antes do caixão ser enterrado. — Teremos um destino semelhante, não é? Vamos morrer sozinhos. — Flora comentou com Donatello antes de jogar uma rosa no recém túmulo. — É provável. — Já pensou em ter uma vida co
Flora andava de um lado ao outro dentro do quarto com o telefone em mãos, estava apavorada com a notícia da gravidez e percebeu que o marido também ficou. Não estava nos planos, não era o melhor momento e mesmo Donatello garantindo que daria tudo certo, ele não podia ter certeza.Seu desespero se tornou ainda maior quando um pensamento a atingiu, ela sequer sabia quem era, como iria gerar outro ser? — O que eu faço, Don? — perguntou sentindo as lágrimas molharem seu rosto.— Por enquanto, não conte a ninguém, vamos manter isso em segredo o tempo que pudermos para que fique segura e depois… nós vemos o que vamos fazer, mas fique tranquila, não vou deixar nada acontecer com você. Ela concordou e assim que finalizaram a ligação, ela fez outra, dessa vez para Diego perguntando se ele poderia localizar a mulher que ela chamava de tia, Regina LeBlanc. Ele afirmou que faria o possível e ela se deitou para tentar dormir, porém a cama estava vazia e ela se sentiu sozinha mais uma vez. Na ma
Isabella não conseguia enxergar a mansão com os mesmos olhos de antes. Flora morreu naquela viagem e só lhe restou uma profunda mágoa e um ódio pela família Puzzo. — Moretti, peço que mantenha em segredo o que descobri essa tarde. Algumas pessoas precisam continuar acreditando que eu sou Flora Callegari. — ela pediu assim que ele parou na entrada da mansão. — Claro, tem minha palavra. — ela desceu do veículo e subiu as escadas até seu quarto. Ela procurou na internet um lugar barato para ficar, depois separou algumas roupas do closet e seu material da faculdade. Quando estava perto de terminar de colocar as roupas na mala, Donatello chegou de viagem, estava cansado e começava a tirar a gravata quando notou o que ela fazia. — O que aconteceu? — foi a única pergunta que conseguiu formular, mas no fundo ele imaginava a resposta. — Eu descobri a verdade. Seu pai sabotou o carro e causou o acidente que matou meus pais. Minha mãe estava grávida, sabia? — ela quase cuspiu as palavras e s
Donatello odiou a notícia, mas precisava manter o controle na frente de Moretti e principalmente, concluir a reunião. Se sentou novamente e respirou fundo. — Obrigado, Moretti. Tem outro assunto que quero conversar, como sabe, estamos com alguns cargos em aberto, quero pessoas leais ao meu lado e você além de estar desde o início do meu lado, vem mostrando ter o que eu procuro. Quero que assuma a posição do Marconi e seja capo na região norte. O até então segurança ficou sem palavras, era uma enorme responsabilidade, mas se Donatello viu potencial nele, não poderia rejeitar. — Obrigado, Capitano. Eu aceito a oferta. — Donatello se levantou e logo Moretti fez o mesmo, apertaram as mãos e se despediram. Donatello se sentou novamente, precisava pensar, e muito bem, em sua decisão. Ele estava com ódio e sendo o don, era uma questão de honra se livrar do homem que tocou em sua mulher. Poupá-lo, seria vergonhoso, entretanto, matar Enzo implicava em mais um cargo de confiança vago num mom
— Vou te dar duas opções… — Donatello disse antes de finalizar a noite. — Você continua trabalhando para mim e fica aqui até alguém te ajudar. Ou, eu te levo ao hospital e você some do país. Em todas as opções eu estou sendo piedoso. — Eu não caio nessa conversa. Por que não acaba comigo logo? — Enzo respondeu com certa dificuldade, sentia muita dor, mas tentava não transparecer tanto. — Você ainda é útil. Enzo conhecia Donatello o suficiente para saber que nunca sairia vivo do hospital. Ele pensou em Isabella, ela era o motivo pelo qual ele estava ali e não valia a pena morrer por uma única noite. Então optou por ficar. — Ótimo. — Don respondeu. — Você vai assumir a posição de Pasini de agora em diante. Donatello deu seu golpe final, que deixaria Enzo quase que completamente surdo e deixou a boate. *** Pela primeira vez, Diego visitava a mansão Puzzo e não pôde deixar de se maravilhar pelo tamanho e beleza do local, nunca imaginou estar num ambiente tão luxuoso, muito menos com
Donatello estava tendo problemas com um carregamento, seu fornecedor de armas lhe enviou menos do que era o combinado. Após uma longa e intensa reunião, eles chegaram a um acordo que colocaria um fim na parceria. Ele sabia que não foi por acaso e colocou Diego para investigar, o rapaz estava sendo treinado e esse seria um teste definitivo para permancer na sua posição.Don desconfiava de Lavínia, após a festa, os dois tiveram alguns encontros ocasionais, para ele não era nada, ainda tinha esperanças que Isabella entendesse que ele não tinha nada a ver com as coisas que seu pai fez e estava disposto a esquecer que ela beijou Enzo. O único porém, é que Lavínia se envolveu com Santini e Don foi o responsável por colocá-lo num caixão, era bom manter ela por perto.Ele estava estressado após a longa discussão com o fornecedor e se esqueceu do compromisso que marcou com Isabella e os advogados meses atrás. Era o dia de assinar o divórcio. Chegou meia hora atrasado, todos, incluindo seu novo
Isabella chegou em casa acreditando que Catarina já estaria lá, mas encontrou sua avó apreensiva sentada no sofá ao lado de Lúcia. Marietta se levantou rapidamente, foi até ela e lhe deu um longo abraço. — Essa era sua chance, querida, deveria ter partido. — A senhora tem alguma arma? — perguntou sem expressão e Marietta se assustou, Isabella se lembrou de sua promessa, nunca mais viveria presa, tampouco seria fraca novamente. — O-o que está pensando? Quer matá-la? — a senhora perguntou assustada. — Só defender todas nós. Você tem? — insistiu e após pensar um pouco, ela afirmou e saiu da sala, retornou com um revólver .36 com 4 balas. Isabella analisou bem, teria que ser o suficiente. — Era do seu avô, ele comprou após o acidente. — ela observou a neta limpar e recolocar as balas no lugar. — Sabe usar isso? É perigoso demais, para você e para o bebê. — Sinto te decepcionar vó, mas eu ainda tenho o sangue do meu pai. — elas ouviram um barulho na porta principal e ficaram em alerta