Assim que colocou os pés em Roma, Donatello recebeu uma ligação de um número desconhecido, pensou em não atender, mas o fez, ouvia ruídos ao fundo e não tinha certeza se tinha alguém na linha, até que ouviu:— Escolheu a mulher errada, senhor Puzzo. — disse uma voz feminina, que Don não reconheceu e desligou em seguida. Estava ciente em tempo real da ameaça que aconteceu em seu casamento, estava preparado, assim como sabia que quem estava atrás da Flora não iria desistir. Entregou o aparelho para um de seus seguranças e pediu que o destruísse e comprasse outro, se aquela pessoa tinha seu número, poderia conseguir outras informações. Lembrou-se de Flora e pediu que comprasse dois aparelhos. Chegou no local marcado por Ferdinando, uma praça pública movimentada, era um dia quente, muitos turistas visitavam a cidade e ele se adaptou, vestiu uma bermuda e camisa polo, colocou óculos escuros e fingiu estar admirando a paisagem romana até que um carro parou do seu lado. Savoia estava ali,
Flora subiu para o seu quarto, pretendia tomar um banho e desde já se arrumar para o jantar com Donatello, mas antes que pudesse pôr seu plano em prática, bateram à porta de seu quarto. Era Branca, que entrou sem ao menos pedir licença. — Precisamos ter uma conversa séria, criança. — iniciou a mais velha. Flora concordou, mas desde que chegou naquela casa não se sentia à vontade com aquela mulher. — Tudo bem, sente-se. — apontou para a cama. A mulher hesitou, mas se sentou na beira da cama e Flora a acompanhou. — Precisa estar ciente de algumas coisas sobre seu marido. — o início daquela conversa despertou uma memória, do dia que reencontrou Donatello ao se passar por sua prima, por isso Flora não ficou confortável. — Já ouviu falar sobre a máfia italiana? Seu marido é chefe da maior delas, praticamente comanda toda a Itália, tem o governo e a polícia nas mãos. Não deve confiar nele, tampouco desobedecê-lo…— Olha, Branca, eu e Donatello estamos bem, mas agradeço seu conselho. — a
O delegado Riccardo Fortes batia a ponta da caneta freneticamente sobre um papel a ponto de quase rasgá-lo. Há anos investigava a ação dos mafiosos em seu estado e nunca conseguiu pistas de quem era o verdadeiro chefe. As informações que tinha eram as mesmas que qualquer cidadão comum e isso o irritava. Ele acreditava que sua sorte estava mudando ao prender Leonardo Ferrari, principal suspeito da morte de um de seus companheiros e, com certeza, um integrante da máfia. Leonardo se recusava a cooperar, mas Riccardo seguia investigando e naquela manhã recebeu um novo nome, no celular do suspeito havia uma única ligação para um número inexistente, mas o delegado não desistiu e chegou a Donatello Puzzo. Fortes se reclinou na cadeira, sentia uma leve dor de cabeça, mas era tão frequente que não lhe incomodava mais. Era difícil para ele acreditar que Donatello fosse um dos líderes da máfia, não passava de um herdeiro mimado e inconsequente, mas com a posição e relacionamentos do magnata, Ri
À noite, Flora se preparava para dormir, pensou que seria mais uma noite solitária, Donatello estava em seu escritório mais uma vez e normalmente só ia para o quarto de madrugada. Ela se olhou no espelho do banheiro, não se sentia tão feia quanto antes e nem estava tão magra, mas porque seu marido não a procurava? Talvez ela mesma devia tentar. Planejou ir até o escritório dele, se não a quisesse ela tentaria entender, mas ao voltar para o quarto, se deparou com ele desabotoando a camisa. Ela se aproximou, mas assim que tirou a camisa, Donatello passou por ela indo direto para o banheiro, ligou a água gelada, se sentia exausto, sempre foram muitos assuntos para resolver e ele conseguia lidar com todos, mas dessa vez se sentia no escuro, não esperava o roubo e o fato de não ter mais informações o deixava estressado. Ele nem mesmo percebeu que Flora entrou. — Don? — ele a olhou e respirou fundo, estava fugindo dela há uns dias, pois sabia que seus sentimentos estavam mudando e não sab
— O que está acontecendo?! — Flora perguntou pela terceira vez, estava desesperada ao ver seu marido ser algemado e levado pela polícia. — Senhora, se acalme, podemos lhe explicar tudo na delegacia. — respondeu o delegado finalmente lhe dando atenção.— Flora, vá para casa! — Donatello ordenou ríspido. Não queria que ela fosse até a delegacia pois sabia que fariam perguntas a ela, porém ela ignorou a ordem e entrou numa das viaturas. O delegado Riccardo conduziu Donatello direto para a sala de interrogatório. Flora teve que esperar na recepção, nervosa, ela não conseguia ficar parada e andava impaciente por todos os lados, ignorando aqueles que lhe ofereciam água ou qualquer outra coisa. — Nos encontramos novamente, senhor Puzzo e dessa vez em condições nada favoráveis ao senhor. — Fortes suspirou, foi um dia cansativo e esperava o mínimo de colaboração. — Encontramos uma mercadoria lacrada, endereçado a uma das lojas pertencentes ao senhor. A princípio, era apenas o material de co
Já na penitenciária, Donatello recebia a visita de Fuzzari. Como esperado, a polícia encontrou provas suficientes para mantê-lo preso até o julgamento. Porém, isso poderia durar meses e ele precisava manter as coisas em ordem enquanto estava fora. Embora tivesse suas dúvidas, Enzo era a melhor opção para representá-lo, mas não deixaria tudo nas mãos de seu conselheiro. — Don. — cumprimentou seu chefe com um aperto de mãos, reparou que mesmo com o uniforme da prisão, Donatello permanecia imponente. — Enzo, vou direto ao ponto pois não temos muito tempo. Quero Marconi à frente dos negócios enquanto eu estiver fora…— Marconi? Mas ele… — interrompeu.— Espere eu terminar de falar! — Don repreendeu calmo, mas firme e Enzo se calou. — Você deve monitorar o andamento de tudo, Marconi não deve tomar decisões sem consultar os demais e até mesmo a mim, mas ele entende de finanças e não é tão impulsivo. Também estarei confiando em você para cuidar da segurança da minha esposa, sabe tão bem qua
Ao norte da Itália, Gregório discutia os próximos passos com sua sócia. Música clássica tocava num volume baixo de algum rádio por perto, era uma das coisas que o mantinham calmo. Um balde de gelo mantinha uma garrafa de vinho numa temperatura ideal. A mulher pegou duas taças e as encheu com o vinho, ficou com uma e entregou outra a ele. — Quem quer tenha armado para ele sabia dos nossos planos. — a mulher afirmou. — Não podemos ter certeza disso. — Ele foi preso um dia antes, Gregório! Foi só coincidência? — a mulher quase gritou. — Quem faria isso? Estamos escolhendo à dedo quem trabalha conosco. Se for isso, teremos que reavaliar todos os envolvidos. — Ou pelo menos não contar a mais ninguém nossos planos. — Só se irmos para a Sicília e fazer tudo com nossas próprias mãos. — a mulher se aproximou, colocando as mãos sobre os ombros do homem. — Faremos isso, assim que ele sair da prisão. — Isso pode demorar tempo demais. — o homem tomou um gole do vinho e fez uma careta. — O
Choveu àquela tarde e Flora assistiu da janela da mansão enquanto as gotas em alta velocidade se chocavam contra a grama verde que rodeava a mansão. Seus pensamentos estavam perdidos em inúmeros assuntos que tentava organizar. Pensava em seu marido, em Paola, no seu plano, em si mesma, no futuro… estava ficando ansiosa com tantos dilemas. Finalmente recebeu o que tanto esperava, o documento prometido por Diego contendo informações sobre o juíz. Se Donatello descobrisse o que ela estava fazendo, provavelmente a impediria de continuar, mas fazia por ele, para ajudá-lo e tê-lo de volta. Talvez até para provar que não era fútil e descartável. Jamais admitiria, mas aquela garota frágil que chegou na mansão ainda existia e ela lutava para deixar essa antiga Flora no esquecimento. LeBlanc morreu, ninguém mais a quebraria novamente, era hora de crescer. Mais tarde, Flora pretendia resolver a segunda parte e a mais importante do seu plano. Já era noite e ela pretendia sair escondida, Moretti