Meu peito parecia que ia explodir, o choro desesperado queria me roubar o ar.
— Moça você está bem? — o motorista perguntou preocupado me olhando pelo retrovisor e tentei me controlar um pouco.— Sim, eu... eu to bem, ou vou ficar. Eu moro em Bayside, no Queens, pode me levar até lá?— É claro, mesmo que não pudesse, eu iria. Jamais deixaria uma mulher no meio da rua nesse estado.— Obrigada. — agradeci realmente tocada por suas palavras e lhe passei o endereço.Meu celular começou a tocar dentro da bolsa e peguei, mesmo já sabendo quem era.
Christian estava ligando e já havia mandado várias mensagens. Eu recusei a ligação e desliguei o aparelho. Tudo que eu não queria agora era falar com ele.
Encostei a cabeça no vidro da janela enquanto meus pensamentos eram dominados por imagens nossas, moment
Ao meio-dia e meio, eu estacionei em frente ao restaurante e percebi que ele já estava lá, reconheci seu carro.Entrei no restaurante olhando ao redor e o vi sentado em uma mesa mais afastada, seu olhar estava fixo em mim. Tirei os óculos escuros e caminhei devagar até lá. — Jessie! — Christian levantou me encarando ansioso.— Oi. — tentei me manter fria e distante, apesar do coração estar ao pedaços por dentro.Sentamos e o garçom se aproximou. Antes de qualquer coisa, eu só pedi um suco de laranja e Christian pediu água.Ele não deixava de me encarar um minuto sequer, o que me deixava desconfortável.— Você está bem? — sua voz suave mexeu comigo e inspirei fundo. — Sim, e você?— Não, eu não estou. — Christian eu...— Não Jessie, eu n&
... algum tempo depois...Hoje era quatro de julho, o feriado mais importante para nós americanos, o dia que conquistamos nossa independência.Observei Betthany e Ivy correndo por entre as pessoas no parque, suas expressões felizes, os sorrisos genuínos.— Elas parecem felizes. — Christian comentou e me virei rapidamente beijando seus lábios.— Elas estão felizes.Seus braços me apertaram ainda mais e sorri gostando da sensação.As semanas que passaram foram de pura felicidade para todos nós. A única parte ruim foi ter completado um mês que Gabby e Grey partiram, ainda era um pouco difícil seguir em frente sabendo que nunca mais veremos os dois, mas eles não iriam gostar que ficássemos tristes e lamentando o acontecido, a vida segue e nós temos que seguir com ela.Meu casamento com Christian estava marcado para o
A vista dos prédios altos em Manhattan do outro lado do rio East chamava minha atenção. Tentava focar na reunião que acontecia dentro da sala, mas meus pensamentos estavam longe.– Jessie? Ouvi meu nome sendo chamado e olhei para o rosto curioso de Ted.– Sim. – respondi pigarreando e ele sorriu.– Parecia estar longe querida.– Só divagando um pouco.– Certo, nós discutíamos sobre o tema para a edição de terça, você tem alguma ideia? O celular de Savannah, uma das repórteres, vibrou em cima da mesa e eu tive uma inspiração naquele momento.– E se nós fizermos uma matéria sobre o impacto dos aplicativos de celular na vida da mulher moderna? Vi o olhar de Ted brilhar, mas como sempre, ele gostava de rodear a vítima como se fosse um predador à espreita. – Interessante, conte-me mais senhorita Marshall.– Nossa vida hoje em dia, gira praticamente o tempo todo em torno disso aqui. – falei balançando meu
Casa nova, vida nova. Não é o que sempre dizem? Espero que comigo seja realmente assim. Até agora, o pouco que eu vi de Bayside me agradou e muito. Belas casas, muita área verde e longe do centro caótico do Brooklyn onde eu morava, e isso já contava muitos pontos a favor. Chase também parecia estar adorando, todo dia de manhã antes de sair para trabalhar, eu o soltava e deixava correr livremente pelo gramado para exercitar. Ele passava o dia todo trancado em casa enquanto eu trabalhava, merecia esse esforço da minha parte. Fiz uma sopa rápida para jantar e me joguei no sofá procurando algo para assistir na TV. Chase deitou aos meus pés. Meu celular começou a tocar em cima da mesinha de centro e atendi vendo que era minha irmã Betthany. – Hei Betthy! – Oie maninha. Ta em casa? – Sim, descanso merecido e você?– Estudando o máximo que posso, quero arrasar nas provas finais e conseguir uma ótima nota pra faculdade.
Terminei de ler a carta com os olhos marejados. E imaginando o quanto essa moça chamada Claire era sortuda por ter um amor como esse. Ao todo eram cinco cartas, enviadas entre os meses de janeiro a novembro de quarenta e quatro. Naquela época o serviço de entrega de cartas era bastante limitado, o fato de que os regimentos viviam mudando de lugar também não ajudava, até separar por local, batalhão, eram meses de espera. Ávida por mais daquela história, coloquei todas em ordem cronológica e enchi de novo a taça com o vinho... França, 25 de janeiro de 1944 Inesquecível Claire... ... Não faz nem um mês que nos casamos e já sinto tua falta como se houvessem se passado vários anos. A saudade é um martírio e as doces lembranças que guardo comigo são um alento para esse coração sofrido. Não passa um só dia sem que eu não pense em você, não me lembre do som da sua doce voz, não me recorde do s
Acordei no susto com alguém praticamente esmurrando a porta da minha casa. Apoiei-me nos cotovelos meio desorientada, eu tinha dormido no sofá da sala, com a TV ligada e as cartas no meu colo. Lembrei-me que fiquei relendo elas até adormecer exausta. Bateram mais uma vez e levantei meio grogue ainda de sono.– Já vai! – gritei bocejando e tentando prender meu cabelo enquanto ia até lá. Chase veio junto comigo e quase caí pra trás de susto ao ver Gabby e Becca na minha frente.– Surpresa! – as duas gritaram e gritei também em um reflexo.– Amiga, você foi atropelada por um elefante?– Bom dia pra você também Gabby. Cumprimentamo-nos com beijos e abraços.– Sua cara ta horrível.– Ta tão feia assim? – perguntei olhando pra Becca que sorriu. – Você sabe que a Gabby é exagerada amiga, não há nada que
– Então? O que achou? – perguntei tentando segurar a empolgação enquanto Ted lia as cartas. Esse assunto me consumiu o fim de semana inteiro, não conseguia parar de pensar no que poderia ter acontecido com Claire, Ronald e seu filho. Já coloquei em minha cabeça que vou procurá-la e achá-la, e nada vai me fazer mudar de ideia.– São muito boas Jessie. – Ted disse por fim e soltei o ar, me sentindo aliviada.– Eu sabia que você ia gostar! – puxei a cadeira e me sentei de frente pra ele. – Eu já tenho muitas ideias, podemos fazer uma matéria sensacional! Publicá-las, e...– Jessie...– Pode ser a matéria de capa!– Jessie...– Imagine o quanto essa história vai inspirar as pessoas!– Jessie, nós não podemos publicar essas cartas.– Por que não? – perguntei sentindo parte de minha euforia evaporar. – Porque precisamos de uma autorização por escrita d
Quinta feira à tarde, um trânsito infernal. Um percurso que faço normalmente em quarenta minutos, levei mais de uma hora pra chegar a Bayside. Estacionei o carro na garagem e já ouvi os latidos de Chase dentro de casa. Entrei e foi aquela festa.– Oi meu amor. Deixei as compras em cima da mesa e ele pulou no meu colo.– Eu também tava com saudades de você. Coloquei comida e água pra ele e fui tomar banho. Respondi as mensagens que tinham no meu celular e deixe carregando. Até agora não tive nenhuma resposta de Dory Green sobre o antigo morador da casa. Ted já até me cobrou algum resultado, mas não tenho nada. Depois do banho, vesti meu pijama confortável de algodão e fui preparar algo pra comer. Optei por uma salada leve e um chá gelado pra acompanhar. Fiz meu prato e fui comer assistindo TV. Chase deitou no tapete me fazendo companhia. Estava assistindo ao noticiário quando bateram na porta e levei um susto. Estranhei o horário, pois já