Voltei para a sala com o celular na mão e sentei na poltrona próxima à janela. A noite estava clara, a lua cheia brilhava no céu. Minhas mãos suavam e eu me senti subitamente nervosa, tinha receio que Rebecca não quisesse falar comigo, eu ficaria muito mal se isso acontecesse.
Cliquei em seu contato e esperei que a chamada completasse com o coração aos pulos. No terceiro toque ela atendeu.
— Jessie. — sua voz chorosa acabou comigo e meus olhos ficaram marejados.— Oi amiga.Ouvi Rebecca soluçar e seu choro baixinho preencheu a ligação. Deixei a emoção me levar e me permiti chorar também.
Ficamos alguns minutos assim, uma ouvindo o choro da outra.
— Como você está? — perguntei depois de um tempo enquanto secava o rosto com a manga da blusa.— Levando, um dia por vez, um momento por vezO jantar na casa dos meus pais seria hoje à noite e eu estava super nervosa.Não sei como, mas meu pai conseguiu convencer minha mãe a receber Christian, e eu estou muito agradecida por isso.Saí mais cedo da editora, na hora do almoço, tinha hora marcada em um salão de beleza.Enquanto dirigia até o shopping, ligava para Betthany, queria saber como as coisas estavam por lá. — Hei mana! — a voz alegre da minha caçulinha preencheu o interior do carro e acabei sorrindo.— Oi Betthy, como estão as coisas?— Muito bem, confesso até que estou surpresa. Mamãe está preparando um verdadeiro banquete.— Sério?! — perguntei surpresa também. — Sim. Disse que dessa vez você vai ter sorte e o Christian vai ser um cara legal.— Olha, eu não sei nem o que
O jantar correu bem e mamãe falava pouco, o que era ótimo, já que seus comentários não eram muito agradáveis.O vinho trazido por Christian foi apreciado por todos e segundo papai, era de uma safra francesa de excelente qualidade, ele era louco por vinhos e estudava tudo que podia sobre eles. — Então você tem um escritório de advocacia junto com seu irmão e seu primo? — Sim. — Christian respondeu à pergunta feita por papai. — É um espaço pequeno, mas conseguimos nos virar bem. — Isso que é importante. — Se não estou enganada, Jessie comentou que você tem uma filha. — mamãe comentou e olhamos para ela.Se ela falasse algo desagradável, eu juro que nunca a perdoaria.— Sim, tenho uma menina de nove anos. — ele respondeu com a maior naturalidade.— Podia t&e
Meu peito parecia que ia explodir, o choro desesperado queria me roubar o ar. — Moça você está bem? — o motorista perguntou preocupado me olhando pelo retrovisor e tentei me controlar um pouco. — Sim, eu... eu to bem, ou vou ficar. Eu moro em Bayside, no Queens, pode me levar até lá?— É claro, mesmo que não pudesse, eu iria. Jamais deixaria uma mulher no meio da rua nesse estado.— Obrigada. — agradeci realmente tocada por suas palavras e lhe passei o endereço.Meu celular começou a tocar dentro da bolsa e peguei, mesmo já sabendo quem era.Christian estava ligando e já havia mandado várias mensagens. Eu recusei a ligação e desliguei o aparelho. Tudo que eu não queria agora era falar com ele.Encostei a cabeça no vidro da janela enquanto meus pensamentos eram dominados por imagens nossas, moment
Ao meio-dia e meio, eu estacionei em frente ao restaurante e percebi que ele já estava lá, reconheci seu carro.Entrei no restaurante olhando ao redor e o vi sentado em uma mesa mais afastada, seu olhar estava fixo em mim. Tirei os óculos escuros e caminhei devagar até lá. — Jessie! — Christian levantou me encarando ansioso.— Oi. — tentei me manter fria e distante, apesar do coração estar ao pedaços por dentro.Sentamos e o garçom se aproximou. Antes de qualquer coisa, eu só pedi um suco de laranja e Christian pediu água.Ele não deixava de me encarar um minuto sequer, o que me deixava desconfortável.— Você está bem? — sua voz suave mexeu comigo e inspirei fundo. — Sim, e você?— Não, eu não estou. — Christian eu...— Não Jessie, eu n&
... algum tempo depois...Hoje era quatro de julho, o feriado mais importante para nós americanos, o dia que conquistamos nossa independência.Observei Betthany e Ivy correndo por entre as pessoas no parque, suas expressões felizes, os sorrisos genuínos.— Elas parecem felizes. — Christian comentou e me virei rapidamente beijando seus lábios.— Elas estão felizes.Seus braços me apertaram ainda mais e sorri gostando da sensação.As semanas que passaram foram de pura felicidade para todos nós. A única parte ruim foi ter completado um mês que Gabby e Grey partiram, ainda era um pouco difícil seguir em frente sabendo que nunca mais veremos os dois, mas eles não iriam gostar que ficássemos tristes e lamentando o acontecido, a vida segue e nós temos que seguir com ela.Meu casamento com Christian estava marcado para o
A vista dos prédios altos em Manhattan do outro lado do rio East chamava minha atenção. Tentava focar na reunião que acontecia dentro da sala, mas meus pensamentos estavam longe.– Jessie? Ouvi meu nome sendo chamado e olhei para o rosto curioso de Ted.– Sim. – respondi pigarreando e ele sorriu.– Parecia estar longe querida.– Só divagando um pouco.– Certo, nós discutíamos sobre o tema para a edição de terça, você tem alguma ideia? O celular de Savannah, uma das repórteres, vibrou em cima da mesa e eu tive uma inspiração naquele momento.– E se nós fizermos uma matéria sobre o impacto dos aplicativos de celular na vida da mulher moderna? Vi o olhar de Ted brilhar, mas como sempre, ele gostava de rodear a vítima como se fosse um predador à espreita. – Interessante, conte-me mais senhorita Marshall.– Nossa vida hoje em dia, gira praticamente o tempo todo em torno disso aqui. – falei balançando meu
Casa nova, vida nova. Não é o que sempre dizem? Espero que comigo seja realmente assim. Até agora, o pouco que eu vi de Bayside me agradou e muito. Belas casas, muita área verde e longe do centro caótico do Brooklyn onde eu morava, e isso já contava muitos pontos a favor. Chase também parecia estar adorando, todo dia de manhã antes de sair para trabalhar, eu o soltava e deixava correr livremente pelo gramado para exercitar. Ele passava o dia todo trancado em casa enquanto eu trabalhava, merecia esse esforço da minha parte. Fiz uma sopa rápida para jantar e me joguei no sofá procurando algo para assistir na TV. Chase deitou aos meus pés. Meu celular começou a tocar em cima da mesinha de centro e atendi vendo que era minha irmã Betthany. – Hei Betthy! – Oie maninha. Ta em casa? – Sim, descanso merecido e você?– Estudando o máximo que posso, quero arrasar nas provas finais e conseguir uma ótima nota pra faculdade.
Terminei de ler a carta com os olhos marejados. E imaginando o quanto essa moça chamada Claire era sortuda por ter um amor como esse. Ao todo eram cinco cartas, enviadas entre os meses de janeiro a novembro de quarenta e quatro. Naquela época o serviço de entrega de cartas era bastante limitado, o fato de que os regimentos viviam mudando de lugar também não ajudava, até separar por local, batalhão, eram meses de espera. Ávida por mais daquela história, coloquei todas em ordem cronológica e enchi de novo a taça com o vinho... França, 25 de janeiro de 1944 Inesquecível Claire... ... Não faz nem um mês que nos casamos e já sinto tua falta como se houvessem se passado vários anos. A saudade é um martírio e as doces lembranças que guardo comigo são um alento para esse coração sofrido. Não passa um só dia sem que eu não pense em você, não me lembre do som da sua doce voz, não me recorde do s