6. N.N.III (Hannah)

Meu celular me despertou, mas não era o toque do despertador, era uma 

ligação de um número estranho.

— Alô?

— Por favor, Srta. Hannah Furtado. – Meu coração gelou, era voz da 

secretária legal da primeira entrevista, mal podia acreditar… mas podia ser para 

dizer… não, não posso pensar assim. — Alô, tem alguém aí?

— Oi, sou eu, desculpa, pode falar. – Que tonta, já comecei mal.

— Você passou para a segunda fase da entrevista, gostaria de participar?

— Sim, claro. O que devo fazer? – Levantei e corri para pegar um papel, mas 

é claro que eu não tinha, porque na hora que se precisa, não achamos nada.

Meu celular me despertou, mas não era o toque do despertador, era uma 

ligação de um número estranho.

— Alô?

— Por favor, Srta. Hannah Furtado. – Meu coração gelou, era voz da 

secretária legal da primeira entrevista, mal podia acreditar… mas podia ser para 

dizer… não, não posso pensar assim. — Alô, tem alguém aí?

— Oi, sou eu, desculpa, pode falar. – Que tonta, já comecei mal.

— Você passou para a segunda fase da entrevista, gostaria de participar?

— Sim, claro. O que devo fazer? – Levantei e corri para pegar um papel, mas 

é claro que eu não tinha, porque na hora que se precisa, não achamos nada.

— Vamos lá, Hannah, você consegue. Vamos começar dobrando roupas 

limpas e jogando as roupas sujas no cesto. Agora vamos organizar essa estante e 

trocar a roupa de cama. Eba!!

Meu contentamento acabou quando me virei e vi a cozinha.

— Ahh, não. Sem um café, não encaro essa louça. – Resolvi ir na Lili primeiro 

e depois fazer uma faxina.

— Bom dia, amiga linda.

— Bom dia, xodó. Me dá uma mãozinha? – O local estava com alguns clientes 

para serem atendidos e eu sempre ajudava ela quando podia.

— Claro. – Fui para trás do balcão e coloquei o avental e touca. — Próximo, 

por favor.

—Bom dia, quero um café expresso duplo e um donut de creme de limão, para 

viagem.

— Um minuto – enquanto preparava, tentava contar a novidade para Lili, —

Amiga, me ligaram.

— Que legal, xodó, de onde foi?

— Da primeira entrevista… – tampei o copo e peguei o donut e coloquei na 

caixinha de viagem. — Passei para a segunda fase.

— Aqui está, senhor, mais alguma coisa? – Ele me deu o cartão de crédito.

— Pode passar no débito, por favor, é de aproximação.

— Prontinho, vai querer sua via?

— Não, obrigado.

— Tenha um bom dia. – Ele pegou o cartão e se afastou. — Próximo.

— Bom dia, Hannah, fico feliz que arrumou emprego. – Sério que meu dia 

incrível ia começar com esse cara me perturbando?

— Bom dia, Rodolfo, o que vai querer? – Ele estava muito elegante, será que 

ia a mais uma entrevista? Também não me interessa.

— Quero um cappuccino e, hoje, extraordinariamente, vou sair do regime. Me 

dá um cupcake de chocolate. – Ele me parecia muito feliz.

— Sim, senhor. Está comemorando? – Não resisti, tinha que perguntar.

— Sim, passei em uma entrevista… – droga, só falta eu concorrer com ele. —

Na VS Mel e Cia.

Quase deixei o cappuccino cair. Que droga, a empresa que o Apolo trabalha, 

aquela vaga era o máximo. E daí, você vai passar na empresa de advocacia e vai…

— Tudo bem aí, queridinha? – Ai que ódio desse cara.

— Tudo ótimo, aliás, também fui chamada para uma vaga hoje. Aquela que 

nos conhecemos. – Olhei bem para a cara dele, enquanto pegava o cupcake.

— Que maravilha, eu realmente achei que não ia conseguir depois do desastre 

do café – como ele sabe disso? Estava bisbilhotando. —Então, vai deixar esse lindo 

local?

—Aqui é da minha amiga e estou ajudando – servi-o e dei a comanda. —Pode 

se sentar em qualquer lugar, fique à vontade, se precisar é só chamar.

Aproveitei que deu uma acalmada, depois de mais dois clientes e finalmente 

pude conversar com a Lili. O Rodolfo não saía do telefone, ficava digitando e rindo 

de alguma coisa.

— Quem é a figura? – Lili perguntou terminando de receber de um cliente. —

Pelo jeito é o tal do Rodolfo.

— Acertou na mosca, aliás, no mosquito… – a risada da Lili é muito gostosa, 

aquela debochada, sem receios, mas todo mundo ouviu. — Lili, ri baixo.

— Claro que não, quem sabe de mim sou eu… – aí ela me deu uma piscadinha. 

— Agora, me fala do assunto que veio me contar.

— Passei para a segunda fase da entrevista, no primeiro lugar que eu fui 

ontem. – Eu estava tão animada que dei pulos e bati palmas, e claro que o besta do 

Rodolfo olhou. — Vou hoje às 16h fazer testes de comutação.

— Já está dentro, amiga, tenho certeza. – Ela parou para receber de mais uma 

cliente. — Gostou, senhora? Volte sempre.

Então olhou para mim.

— Vamos sair mais tarde para comemorar? – Ela tinha um olhar confiante e 

estava sempre animada, amava isso nela. — Te pego às nove.

— Combinado então – já ia esquecendo de falar com ela sobre a Sara. —

Amiga, tenho mais uma coisa para te contar. Será mais um pedido de ajuda.

Ela já sabia alguma coisa sobre o relacionamento das duas, eu tinha 

comentado por alto.

— Então ela precisa de um lugar pra ficar – será que estou forçando?

— Você sabe que sou apoiadora de causas desse tipo, e quero mesmo ajudar. 

Mas prometi que preciso focar mais no meu desenvolvimento pessoal e na minha 

vida profissional, financeira e familiar, coisa e tal… – ela começou a olhar meu 

desânimo. Mas ela tinha razão, há anos ela era voltada a ajudar a todos, a turma de 

teatro dela, não teve um que não contou com sua ajuda. — Calma, gatinha, não 

falei nada ainda. 

— É que estou me sentindo mal por estar pedindo isso agora – eu morava em 

um cômodo dois por quatro com banheiro. E meu locatário me matava se eu 

levasse alguém pra lá. — Eu dou outro…

— Mocinha eu vou ajudar sim, só quero dizer que serão por no máximo três 

meses, para você passar no período de experiência e arrumar um Apê para vocês 

morarem. – Ela era demais, não existia ninguém como a Lili. — O que você acha 

da ideia?

Eu só voei no pescoço dela e dei um beijo na sua bochecha.

— É um plano muito bom, espero passar mesmo nessa entrevista.

Depois fui para casa, dar uma arrumada em tudo e me preparar para a 

empresa. Antes de sair, dei uma pesquisada no G****e, queria estar bem na fita,

como minha mãe dizia.

Digitei:

Empresa de advocacia N.N.III & Cia.

Olha só, a empresa foi eleita uma das melhores de 2020, blá blá… ranqueada pelos 

maiores gestores econômicos, blá blá blá… estreante na publicação digital … Seu 

gestor sênior e diretor majoritário Nicolas Nicolai III. Que nome idiota, 

coitadinho… Deixa eu jogar o nome dele aqui nas imagens.

Oi?! CARACAAAAAA!!!!!

— Alô, Lili, socorro amiga! – Ela atendeu minha chamada de vídeo, graças a 

Deus. — Amiga, olha quem é o cara que eu vou ser entrevistada.

Eu virei o celular para o notebook.

— Gata, esse aí é o…

— NICOOOOOO!!!! –Falamos juntas.

Ela dava gargalhada e eu chorava.

— Mas por que esse drama? Vocês não se veem há séculos…

— Amiga, cinco anos foi ontem… e depois do que houve, não vou conseguir 

encarar ele.

— Gatinha, como ele tá gostos…

— Não fala, Lili, nem comenta essa parte, parece que ele se enfiou em uma 

máquina de filtros do I*******m do céu, amiga. – Sério mesmo, o cara estava

demais, lindo de doer os olhos, a boca, os peitos e outras coisitas mais.

— Hannah Furtado. – Quando ela falava meu nome inteiro, era para eu me 

centralizar e o negócio ficava sério. — Seu futuro e seu profissionalismo estão em 

jogo aqui. Se concentra, mulher. – ela fez um gesto com as mãos de um lado para 

o outro, como se batesse na minha cara.

— Claro, o que passou, passou.

— Você se veste e vai a esse teste. Quero ouvir um entendido! – A cara dela do 

outro lado da tela era muito séria.

— Entendido! – Agora estou me sentindo muito mais confiante.

Assim que desliguei o telefone, deu vontade de me afogar num copo de CocaCola Zero.

Mas eu preciso pensar nas contas e na promessa que fiz a mim mesma quando 

saí de casa.

— Eu vou!

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