Bruno diz: “E aí, Dolfo, não falou mais comigo.”Bruno diz: “Como você está?”Rodolfo diz: “Estou bem, tato, mas preciso saber se o velho vai estar em casa amanhã.”Bruno diz: “Você vem ver a mamãe?”Rodolfo diz: “Sim, vou ver vocês dois.”Bruno diz: “Podemos nos encontrar em algum lugar. Ele vai estar sim.”Bruno diz: “Que tal no Viennas Bar? Você sempre gostou de lá.”Rodolfo diz: “Depois combinamos, não se preocupe.”Amanhã eu vou falar poucas e boas pra ele. Se ele acha que pode comprar minha vaga dessa forma, é muita humilhação. Já não basta o que ele me fez a vida toda, cada passo, cada palavra que eu pronunciava tinha que estar à altura dos Alcântara Fortunato. Preciso de uma bebida. — Olá, tudo bem? Desci até a recepção do hotel. —Sabe onde tem um barzinho aqui perto, nada muito chique? — Claro, senhor… — Por favor, pode me chamar de Rodolfo. Eu apelei juntando as mãos. A última coisa que queria ouvir era meu sobrenome agora . — Sim, Sr. Rodolfo. É só seguir duas quadras
— Então Antonella, como está se saindo nossa nova secretária? — Sr. Nicolas, não é lá grandes coisas, mas ainda está muito cedo para avaliar. Eu dei um sorriso arrogante para ela. Antonella sabia ser maldosa quando queria e eu sabia disso, precisava às vezes ser pulso firme, porém ela é essencial pra mim. — Ajude a moça e a trate bem, não quero desavenças no trabalho. — Claro, Sr. Nicolas, se houver, não será da minha parte e sim…— Antonella, eu sei que não haverá. Onde está Hannah? — Ela foi arrumar a sala de reuniões nove. O olhar dela era fulminante agora, até atendeu uma ligação para não falar mais comigo. Acho que não me sai muito bem nessa conversa. Procurei Hannah e a encontrei marcando os lugares na mesa. Nátali tinha razão, ela era encrenca pra mim. Fiquei parado olhando como ela se movia, a maneira como seus lábios pronunciavam sem som os nomes, que procurava antes de colocar achar. Como colocava o cabelo atrás da orelha, quando abaixava a cabeça. Parecia uma sinfoni
Hannah diz: “Lili, minha amiga Sara pode ficar hoje na sua casa? Estamos indo à delegacia da mulher. Deu ruim aqui, a namorada apelou de novo.”Lilith diz: “Claro que sim, você está com sua chave? Estou no ensaio.”Hannah diz: “Sim, não se preocupe, eu vou passar em casa e pegar algumas coisas para dormir lá com vocês.”— Sara, vai ficar tudo bem. Eu falei com a Lili e ela vai te receber hoje mesmo. E nem pense em desistir. Olhe para mim. – Ela parecia tão perdida. Tinha que ser forte por nós duas. — Sara, se quiser tirar a queixa depois é por sua conta. Mas tire um tempo para pensar, por favor. Faça a denúncia e fique com a Lili. Veja por si só como você está tremendo.Olhei para o rosto mais apavorado do que quando estava diante da Paola. Limpei uma lágrima que caia no rosto dela e fechei meus olhos para fazer uma prece nos meus pensamentos.“Meu Senhor, ajude essa minha amiga neste momento de aflição. Sei que nossas escolhas nos levam a essas consequências, mas também sei da Sua gra
Celular tocando – música de despertador.Eu desliguei o despertador às 05:15, nem mais nem menos, e nunca, jamais colocava na soneca.Dobrei os lençóis e guardei. Arrumei a cama e me certifiquei que estava tudo bem esticado. Adorei a combinação de tons roxos degradê até lilás e a cômoda azul, ficou igual a revista. Ainda bem porque estar saindo com aquele QI de me*da, tem que valer alguma coisa.Enfim, colocar minha legging de quinta-feira e partiu para academia. _ Karla, minha filha, pode passar hoje na companhia de luz e verificar aquelas contas em atraso pra mamãe? _ Mãe, ninguém vai nesses lugares, tem aplicativo pra isso agora. E que história é essa de luz em atraso? Aquele imprestável do seu… _ Karla, pelo amor de Deus, minha filha, fale mais baixo, ele está em casahoje. _ Milagre, né, uma vez por mês. Aproveita e pede pra ele consertar otelhado. Sabe que tá chovendo em cima dos filhos dele, já estão todos lascados com bronquite desse mofo horrível nos quartos. _
_ Esperando pra começar a partida e não apareceu na jogada? Ele parecia realmente furioso. _ Tá me fazendo de otário, gata, me fez comprar aquele monte de lingerie à toa… _ Hei!! Olha como fala comigo, tá pensando o que, cara mal? Fala direito com sua gata. Sentadinho aí.Como eu tive que falar alto, as meninas correram para meu guichê. _ Karla, cê tá doida.Eu coloquei o celular no mudo e corri para a copa. _ Vocês duas fiquem de olho e não deixe ninguém entrar aqui, eu tenho que resolver isso. _ E como você quer que nós façamos isso? _ Se virem, depois eu compro um presente pra cada… – eu empurrei as duas para fora rapidamente e fechei a porta do cômodo. _ Mas Kar… _ Aí, gata, não começa, cê sabe como eu fico… _ Ca-la-di-nho!!! — Então abri a câmera do celular e apoiei o aparelho na cafeteira.Era só eu começar um showzinho meia boca pra ele se acalmar. _ Karla, não vai rolar. Essas paradas tuas aí de me enfeitiçar e deixar eu pegar fogo pra depois cai
— Lili, que bom que você chegou, quem te trouxe? Vi você pela janela. Hannah me esperava em casa, procurei pela amiga dela, mas não vi. — Longa história, já abriu um vinho pra gente? Estou varada de fome, vou colocar uma lasanha para esquentar – joguei minhas coisas no sofá e fui até a cozinha. Hannah me seguia. — Onde está sua amiga? — Entrou no banheiro já tem um tempo. Você acha que devo bater? — Ahhh, sei lá, vai lá e pergunta se ela precisa de alguma coisa. Nesse momento a gente tem que dar espaço, mas tem que ficar de olho né? – Eu passei a minha adolescência, entrando e saindo de relacionamentos tóxicos. Sabia muito bem como era isso. Eu ouvi lá da cozinha Hannah batendo de leve na porta e falando baixinho com ela. Não consegui ouvir o que ela respondeu, mas acho que estava tudo bem, não ouvi ninguém gritando. — Lili, ela está bem, imagino que está chorando. Não quis dar queixa, mas conversou com a assistente social. — Então ela chegou a ir à delegacia com você? – Fiquei
— Bom dia, Lili. – Dei a volta no balcão, ainda dava tempo de eu atender dois ou três clientes para ela, pois a cafeteria ficava bem mais perto do meu trabalho do que de minha kitnet. — Próximo. Bom dia. — Um café com leite sem lactose e duas torradas francesas. — Para viagem ou vai… — Viagem e rápido que estou atrasado. — Claro, senhor. Hiiii!!! Lili ouviu, lá vem ela. — Senhor, a cafeteria a cinco quadras daqui tem delivery, pode pedir do seu serviço. Este é o número para reclamar do nosso serviço. Acho que o senhor está atrasado para discutir, então tenha um bom dia e não precisa nem voltar. — Mas o que é isso? Que falta… — Próximo! – Ela mesma chamou para mim. Como os clientes dela eram já fiéis e conhecidos, entraram na frente do homem e nem deixaram ele falar nada, foram se espremendo e o empurrando até o fulano chegar lá na calçada. Todos aplaudiram a atitude da Lili. — Oi, Hannah, um capuccino e um croissant, para viagem, por favor. — Ola Sr. Valter é pra já. – Enqu
Ficava olhando a hora do computador de cinco em cinco minutos, e não via a hora de Antonella me falar que eu podia ir ao hospital. Como será que ele ia me receber? O último telefonema não foi nada legal. Mas temos que deixar esses assuntos de lado quando se trata de saúde. Depois vejo o que houve. — Hannah, acorda!! As flores e o chocolate já chegaram, estão na recepção, vá logo, o motorista vai te deixar no hospital. Não demore, tenho que te… Enquanto ela falava, eu já tinha pegado minha bolsa, fechado minha tela, guardado as agendas e colocado cada documento no organizador de mesa. — Uau.. Garota, é bom saber que você pode ser ágil assim, pra variar. – Ela estalou os dedos e me dispensou. — Obrigada, Antonella, volto rapidinho…– e lá do elevador ainda gritei: — VOU COMENDO NO CAMINHO. Só vi a cara dela, enquanto atendia o telefone, balançando a cabeça em negativo. — Oi, o buquê para o segurança… — Olá, Hannah, aqui estão. — Cravos, que lindos. — E tem essa caixa de chocolat