DanielEla está em meus braços, seu corpo nu quente pressionado contra o meu. Sua cabeça repousando sobre o meu peito. Ela traça minha tatuagem no meu peito, suspirando levemente. Eu também estou assim, me sinto pacífico agora que o desejo foi satisfeito e ao mesmo tempo agitado diante dos últimos acontecimentos.— Você já trouxe meninas para cá? — De repente, ela me pergunta.Eu abro os olhos e a encaro. Eu não consigo dizer que sou virgem. Sinto vergonha. Sempre se espera que um homem seja experiente. Isso explica a ausência da camisinha. Kate é a primeira mulher que tive relação sexual. Sempre trabalhei até a exaustão. E as garotas daqui nunca me interessaram.Ela fica tensa.—Oh, desculpe-me. Eu não quero saber...—Você é a primeira. —Digo sem muitas explicações. Melhor!—Sério?Eu aceno um sim, ela sorri. Eu amo seu sorriso. Parece tão errado ela aqui do meu lado. Tenho tão pouco a oferecer do muito que ela merece. Sem querer bocejo. Estou cansado, não dormi nada essa noite pensa
Eu aperto meus lábios com raiva e marcho para o interior da casa. E foi o que fez, tão logo ele estaciona, entra na sala e agora me olha como uma fera ferida.—Eu não acreditei em meus olhos quando vi você com aquele marginal! Então é isso que você anda fazendo! — Grita e caminha na minha direção, parando na minha frente para olhar para mim da cabeça aos pés. — Você está pulando na cama de um bandido, do outro lado da cidade, sem instrução, que vende drogas?—Quem disse que ele vende drogas? Ele é um homem direito.—Mas você é muito ingênua mesmo! Você com esse cara é um desgosto. Olha o tipo de gente que você está se metendo. Ele não tem nada de bom para passar para você.—Ele tem me ensinado muito. Ser uma fortaleza em momentos difíceis. Ser direito e trabalhador mesmo que surjam várias oportunidades de dinheiro fácil.Meu pai cerra os dentes. —Quanto tempo vocês estão juntos?—Quase um mês!—Digo com o nariz empinado.—Deus! Você tem me enganado todo esse tempo?—Pai, eu amo Daniel
DanielNo meu rosto está estampado a tristeza. Eu não tiro a razão do pai dela. No fundo eu admiro sua preocupação. Quem me dera um dia ter um pai que se preocupasse comigo. Afasto meus pensamentos imediatamente, mesmo porque não me permito revisitar meu passado.A expressão de Kate não me sai da cabeça. O jeito que ela ficou olhando para mim, seu olhar triste me cortando como uma lâmina afiada. Mas acredito que Kate não irá desistir de nós.Sorrio comigo mesmo ao me lembrar de seu jeito determinado em lutar pelo nós e eu gosto muito daquele olhar, gosto da sensação que me causa. Eu me sinto tão importante na vida dela....Deus! Como eu gostaria que ela se orgulhasse de mim!A semana seguinte eu trabalhei empurrado, tentando descobrir porque diabos eu ainda insistia no meu emprego. Lavar pratos, enfrentar a cara feia do dono, toda vez que eu apareço com o rosto inchado.Minha aparência está melhor. A pele do meu olho esquerdo está agora num tom esverdeado.Sei que não verei Kate tão c
Assim que entro no meu quarto, fecho a porta atrás de mim, me sentindo encurralada. Preciso pensar, preciso encontrar uma maneira de me comunicar com Daniel. A situação está insuportável. Meu pai não apenas me aprisionou em casa, mas também confiscou meu celular. Ele disse que era para o meu próprio bem, para me manter longe das "más influências". Como se isso fosse suficiente para me afastar do Daniel. Ele não entende que quanto mais ele tenta me separar, mais sinto a necessidade de lutar pelo nosso amor.Olho ao redor, procurando papel e caneta. Encontro um bloco de anotações na minha escrivaninha e rabisco algumas palavras, a mão tremendo de ansiedade e frustração. Cada frase é um desabafo, uma tentativa desesperada de alcançar Daniel, de fazê-lo sentir que, mesmo com toda essa tempestade, meu sentimento por ele continua inabalável."Daniel,Estou sendo vigiada. Meu pai tirou meu celular e me proibiu de sair de casa. Ele está tentando me afastar de você de todas as formas. Mas eu p
Tento me distrair com a televisão do quarto. As horas passam, mas eu só olho para as imagens, perdida nos meus pensamentos. Toda hora me pego pensando nele e no futuro que sonhamos juntos.Mais tarde, meu pai aparece na soleira da porta. Ele me observa por um instante e, em seguida, fecha a porta silenciosamente. É claro que ele veio se certificar de que eu não saí de casa. Esse controle me enerva. Fecho os olhos, tomando consciência de que ele vai dificultar ainda mais as coisas. Sinto as lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu rosto.Levanto-me da cama e, limpando minhas lágrimas, decido tomar um banho. Talvez isso me ajude a relaxar, a encontrar algum alívio para essa dor que me consome. Prendo o cabelo no alto da cabeça e tiro minhas roupas, deixando a água quente do chuveiro cair sobre mim. Fico ali por um bom tempo, de olhos fechados, minha mente voltada para Daniel. Quando finalmente me enxugo e coloco uma camisola de flanela, sinto uma estranha calmaria.Estou me preparan
As palavras de Daniel cortam como uma faca. Ele sempre é sincero, doa a quem doer, e é exatamente isso que me machuca agora. Deus... Claro que ele não faria isso se pudesse escolher, mas o que estou encarando agora é a realidade de ter Daniel longe de mim. Uma lágrima quente escorre pela minha bochecha, e meu coração parece se partir em duas metades desiguais e doloridas. Nunca me senti tão vulnerável.Eu o encaro, tentando segurar as lágrimas, e ele passa a mão pelo meu rosto de forma terna, quase como se estivesse se despedindo.— Kate, entenda — ele começa, a voz suave, mas firme. — Estou fazendo isso por nós. Hoje, eu não tenho nada a te oferecer.A raiva me consome. Por que ele sempre insiste nesse discurso? Sinto meu peito inflamar, mas tento manter a calma.— Não começa com isso de novo, Daniel! — minha voz sai embargada, a frustração evidente.Ele franze o cenho, claramente incomodado. — Não começar? Você mesma reclamou do estado do meu rosto.Eu sei disso. Fico despedaçada ao
Deixar o quarto dela é como arrancar um pedaço de mim. Kate está em meus braços, e posso sentir seu coração batendo contra o meu. Respiro fundo, como se tentasse capturar o cheiro dela, a sensação da pele dela, para carregar comigo. Estou tentando reunir forças para sair, mas cada segundo que passa torna isso mais difícil. Não faço ideia de quanto tempo vou ficar fora, mas sei que preciso ganhar a confiança deles. Sei que esse é o único caminho, mas quanto tempo vai demorar? Não tenho resposta para isso.Afasto-a suavemente, passando a mão pelos cabelos dela.— Sinto muito, mas preciso ir. — Minha voz sai fraca, quase como um sussurro.Ela apenas assente, tentando sorrir, mas vejo a dor em seus olhos.— Eu sei...Sem coragem de olhar para ela mais uma vez, me viro e caminho até a janela. Coloco as pernas para fora, sentindo a brisa fria da noite contra o meu rosto. Viro o corpo devagar e estico o pé, alcançando a treliça de madeira. Graças a Deus, ela é reforçada o suficiente para agu
Dois meses depois...KateEstou na Universidade. No intervalo da aula Karen e eu vamos até a lanchonete.— E então, como tem sido viver num bairro inferior e numa casa inferior? — Karen me pergunta.Eu bebo um pequeno gole do chocolate quente que ela fez questão de comprar para mim. Ultimamente eu não rejeitava nada.—Tudo bem. Meu pai que anda arrasado. Não sei o que fazer para reergue-lo. Ele não se conforma de termos perdido tudo.—Deve ser barra mesmo.—Sim, mas a casa não é tão ruim assim e precisamos nos conformar, era inevitável que nos mudássemos.—Está gostando de trabalhar aqui?Fiquei pensativa. Estou fazendo um estágio na secretaria da universidade, não posso reclamar.—Não é o emprego dos meus sonhos, mas estou pegando experiência. Finalizando esse estágio, tenho esperança de conseguir um emprego melhor.Karen mastiga seu lanche vagarosamente e começa a me falar de seu trabalho. Ela trabalha na empresa de seu tio, uma grande indústria têxtil. Ao contrário de mim, as coisa