Daniel fica duro como uma pedra, nem parece sentir dor com meus socos. Ele segura os meus braços.—Kate, eu te amo e sei que me ama. Não percebe que o destino nos uniu novamente?Eu o corto:—Eu prefiro ser sua empregada a me casar com você!Minhas palavras soaram como se eu desse um soco no seu estômago. O rosto de Daniel se contorce. Elas doeram em mim também.Ele me olha calado, engolindo tudo que talvez ele estivesse por dizer:—Então é assim, Kate? Prefere ser minha empregada, a se casar comigo.Eu não respondo, apenas o encaro ofegante.—Que medo é esse que tem com relação a nós, Kate? Esse seu medo não é normal e eu vou descobrir porque me teme tanto.Eu estremeço e engulo em seco.Ele não pode saber de Michael!—Claro que tenho medo. Não sou ignorante em relação a essa família. Desde pequena ouço falar dessa família.Daniel assente.—Passado. Kate. Isso tudo é passado. —Ele então me observa atentamente. —Antony assediou você, por isso tem medo?—Não, claro que não.—Digo, sem p
Eu engulo em seco e olho para ela. Tudo nessa mansão demonstra a riqueza dos seus donos. Mas eu não consigo reparar em nada com detalhes, estou muito nervosa.—Quer beber algo, Kate?A minha garganta está seca.—Água.Renata pega o sino e agita. Uma empregada aparece de pronto, exibindo um sorriso.—Sim, dona Renata.—Traz um copo de água por favor. —Ela então se vira para mim com o menino no colo. —Sente-se.Eu respiro fundo e me sento. A criança pede para descer. Ela o coloca no chão, o menino pega um carrinho e vem na minha direção, ergue-o para mim e me mostra.—Que lindo. —Falo para ele. Meu coração ainda está agitado.—Você é bem nova, não é Kate? Daniel me disse que tem apenas dezenove anos.—Sim.—Você sabe quem eu sou? —Ela me pergunta.—Imagino que seja a esposa de Don Vincent.—Exatamente. —Ela me estuda. —Daniel nos contou como nos enxerga.Meu coração se agita e eu assinto. A empregada entra e me oferece o copo de água. Eu bebo como se tivesse no meio do deserto. Sedenta
—Eu...Don Vincent me interrompe.— Não é a mim que você deve dizer alguma coisa, mas sim a Daniel. É a ele que você deve expor a sua resolução. Sei que é muito nova, mas você me parece ser madura para a sua idade. Então, pense nas minhas palavras. Tem portas que se abrem apenas uma vez e você tem que agarrar as oportunidades que vem com elas. Pois não há tempo, nem nada que as faça abrir como antes e mesmo que se abram depois, elas vêm com uma bagagem de perdas. Eu assinto para ele. —Posso ir? Vincent assenti para mim com um gesto de cabeça. Eu me levanto e saio da biblioteca. Parece um sonho, um lindo sonho. Aquela impressão horrível que eu tinha foi-se. Claro que Daniel não me colocaria em risco! Deus! A verdade estava no meu nariz, mas eu não enxerguei. Quando entro na sala, Daniel está lá, sozinho, andando de um lado para o outro, parece nervoso. E eu sei por quê. Ele sabe que estamos num ponto crucial da nossa relação. É sim ou não e ele espera a minha resposta a respeito
Deus! Eu não pensei nisso. Ele nem sabe que esteve nas mãos da máfia. Eu o poupei dessa verdade.— Daniel, pega leve com ele. O coração dele não está bom. E eu não contei que trabalhei para a organização Bertizzollo.Daniel ofega, a tensão tomando conta do ambiente.— Pegue leve com ele? Quem sempre me escorraçou foi o seu pai, não ao contrário.Meu peito sobe e desce rapidamente. São apenas onze horas da manhã, mas sinto como se o dia inteiro já tivesse me drenado. Tento amenizar a situação:— Eu sei, amor, mas agora é diferente. Você o tem nas mãos.Daniel respira fundo, os ombros finalmente relaxando um pouco.— Deus, Kate! É tão bom ouvir você me chamar de "amor". Senti tanto sua falta.Meus olhos se enchem de lágrimas, e um sorriso emocionado escapa de meus lábios. O olhar de Daniel escurece, um misto de dor e desejo estampado em sua expressão, que só o torna ainda mais intensamente belo. Ele me puxa para mais perto, e o calor de sua proximidade faz meu coração disparar. Meu olha
— Cala a boca!Sua voz ressoa como um trovão pelo quarto, e um gemido débil escapa dos meus lábios, atingida pela força de suas palavras. Por um instante, sinto o impacto do seu tom cortante. Deveria estar chateada com a sua grosseria, mas não consigo. Em vez disso, reconheço a dor por trás da sua raiva, a mágoa de alguém que cresceu sem o amor de um pai e viveu toda a vida carregando esse vazio.— Fico me perguntando... Se eu não tivesse tomado uma atitude radical, tirado você do escritório e te levado à mansão à força, eu jamais saberia da existência do meu filho, não é mesmo?Seus olhos brilham com uma mistura de frustração e incredulidade, como se tentasse processar o peso da situação.Me aproximo dele, cada passo mais pesado, como se meu coração carregasse o peso de uma vida inteira de arrependimentos. Quando finalmente estou perto, envolvo-o em um abraço, tentando transmitir tudo o que não consigo dizer em palavras. Ele, porém, permanece imóvel. Os seus braços pendem ao lado do
Pessoas que nunca vi antes se amontoam na entrada. Jovens rapazes, mulheres e garotas formam um pequeno grupo, ansiosos por vê-lo. Entre elas, meus olhos são atraídos por uma garota de feições exóticas, com algo em sua aparência que me faz pensar em raízes espanholas ou cubanas. E, claro, Rose também está lá.Daniel, com aquele sorriso carismático que parece abrir portas e corações, é rapidamente cercado. Abraços, risos e cumprimentos o envolvem, criando uma energia quase palpável na sala. Mas é impossível não notar Rose, cujo sorriso é o mais radiante entre todos. É claro que ela sabe nossa história.A sala fervilha de curiosidade. Cada pessoa parece ávida por entender a transformação repentina na vida de Daniel. Perguntas são disparadas de todos os lados, enquanto ele responde com paciência e aquele charme natural.No canto da sala, meu pai permanece em silêncio, segurando Michael nos braços. Seus olhos estão fixos em Daniel, mas seu rosto entrega um turbilhão de pensamentos que ele
Deus! Eu o amo tanto...estou tão feliz...E pensar que quase acabei com tudo...Daniel começa a me beijar vagarosamente, enquanto me traz mais para perto de si. Ele tem uma forma suave de beijar, saborear.Cheia de desejo, ergo minha cabeça para ele e as nossas bocas se unem. De repente tudo entre nós vai ficando mais selvagem, ansioso, o beijo e as nossas mãos. Num gesto rápido, Daniel me pega no colo e me deposita na cama. Eu estremeço com a colcha gelada no meu corpo quente. Ele logo vem sobre mim e me aquece. Seus lábios correm o meu corpo, deixando um rastro de fogo e isso me excita com a força de um vulcão.Ele então olha para mim e confessa:—Quero que saiba que não tive mulher nenhuma antes de você e nem depois de você...Eu abro bem meus olhos e o encaro surpresa, a emoção toma conta de mim e sinto as lágrimas anuviando os meus olhos. Daniel paira sobre mim e a enxuga com os lábios e eu o abraço, o aperto, como se nunca mais fosse soltá-lo. Deus, eu não o mereço...Ele toma
DanielAndrew está visivelmente desconfortável, mas mantém a postura ereta, como se sua rigidez pudesse mascarar o incômodo. Aproveito o momento para iniciar a conversa que sei ser inevitável.— Senhor Andrew, hoje é um dos dias mais importantes da minha vida. Sempre amei sua filha, mas por muito tempo me senti indigno de estar ao lado dela. Quando o senhor me pediu para me afastar, respeitei sua decisão. Entendi que o senhor queria protegê-la, garantir o melhor para ela.Pauso, avaliando sua reação. Ele me observa, atento, mas não diz nada. Continuo, agora com mais emoção na voz.— Meses depois, quando Kate me procurou, confesso que até eu me perguntei o que ela viu em mim. Mas o que o senhor fez... vejo como um gesto de amor paterno. No fundo, admirei isso. Gostaria de ter tido alguém que me protegesse da mesma forma. Por isso, para mim, o que aconteceu entre nós já ficou para trás. Quero tê-lo como o pai que nunca tive. Isso só depende do senhor, porque o meu coração está aberto.A