Assim que entro no meu quarto, fecho a porta atrás de mim, me sentindo encurralada. Preciso pensar, preciso encontrar uma maneira de me comunicar com Daniel. A situação está insuportável. Meu pai não apenas me aprisionou em casa, mas também confiscou meu celular. Ele disse que era para o meu próprio bem, para me manter longe das "más influências". Como se isso fosse suficiente para me afastar do Daniel. Ele não entende que quanto mais ele tenta me separar, mais sinto a necessidade de lutar pelo nosso amor.Olho ao redor, procurando papel e caneta. Encontro um bloco de anotações na minha escrivaninha e rabisco algumas palavras, a mão tremendo de ansiedade e frustração. Cada frase é um desabafo, uma tentativa desesperada de alcançar Daniel, de fazê-lo sentir que, mesmo com toda essa tempestade, meu sentimento por ele continua inabalável."Daniel,Estou sendo vigiada. Meu pai tirou meu celular e me proibiu de sair de casa. Ele está tentando me afastar de você de todas as formas. Mas eu p
Tento me distrair com a televisão do quarto. As horas passam, mas eu só olho para as imagens, perdida nos meus pensamentos. Toda hora me pego pensando nele e no futuro que sonhamos juntos.Mais tarde, meu pai aparece na soleira da porta. Ele me observa por um instante e, em seguida, fecha a porta silenciosamente. É claro que ele veio se certificar de que eu não saí de casa. Esse controle me enerva. Fecho os olhos, tomando consciência de que ele vai dificultar ainda mais as coisas. Sinto as lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu rosto.Levanto-me da cama e, limpando minhas lágrimas, decido tomar um banho. Talvez isso me ajude a relaxar, a encontrar algum alívio para essa dor que me consome. Prendo o cabelo no alto da cabeça e tiro minhas roupas, deixando a água quente do chuveiro cair sobre mim. Fico ali por um bom tempo, de olhos fechados, minha mente voltada para Daniel. Quando finalmente me enxugo e coloco uma camisola de flanela, sinto uma estranha calmaria.Estou me preparan
As palavras de Daniel cortam como uma faca. Ele sempre é sincero, doa a quem doer, e é exatamente isso que me machuca agora. Deus... Claro que ele não faria isso se pudesse escolher, mas o que estou encarando agora é a realidade de ter Daniel longe de mim. Uma lágrima quente escorre pela minha bochecha, e meu coração parece se partir em duas metades desiguais e doloridas. Nunca me senti tão vulnerável.Eu o encaro, tentando segurar as lágrimas, e ele passa a mão pelo meu rosto de forma terna, quase como se estivesse se despedindo.— Kate, entenda — ele começa, a voz suave, mas firme. — Estou fazendo isso por nós. Hoje, eu não tenho nada a te oferecer.A raiva me consome. Por que ele sempre insiste nesse discurso? Sinto meu peito inflamar, mas tento manter a calma.— Não começa com isso de novo, Daniel! — minha voz sai embargada, a frustração evidente.Ele franze o cenho, claramente incomodado. — Não começar? Você mesma reclamou do estado do meu rosto.Eu sei disso. Fico despedaçada ao
Deixar o quarto dela é como arrancar um pedaço de mim. Kate está em meus braços, e posso sentir seu coração batendo contra o meu. Respiro fundo, como se tentasse capturar o cheiro dela, a sensação da pele dela, para carregar comigo. Estou tentando reunir forças para sair, mas cada segundo que passa torna isso mais difícil. Não faço ideia de quanto tempo vou ficar fora, mas sei que preciso ganhar a confiança deles. Sei que esse é o único caminho, mas quanto tempo vai demorar? Não tenho resposta para isso.Afasto-a suavemente, passando a mão pelos cabelos dela.— Sinto muito, mas preciso ir. — Minha voz sai fraca, quase como um sussurro.Ela apenas assente, tentando sorrir, mas vejo a dor em seus olhos.— Eu sei...Sem coragem de olhar para ela mais uma vez, me viro e caminho até a janela. Coloco as pernas para fora, sentindo a brisa fria da noite contra o meu rosto. Viro o corpo devagar e estico o pé, alcançando a treliça de madeira. Graças a Deus, ela é reforçada o suficiente para agu
Dois meses depois...KateEstou na Universidade. No intervalo da aula Karen e eu vamos até a lanchonete.— E então, como tem sido viver num bairro inferior e numa casa inferior? — Karen me pergunta.Eu bebo um pequeno gole do chocolate quente que ela fez questão de comprar para mim. Ultimamente eu não rejeitava nada.—Tudo bem. Meu pai que anda arrasado. Não sei o que fazer para reergue-lo. Ele não se conforma de termos perdido tudo.—Deve ser barra mesmo.—Sim, mas a casa não é tão ruim assim e precisamos nos conformar, era inevitável que nos mudássemos.—Está gostando de trabalhar aqui?Fiquei pensativa. Estou fazendo um estágio na secretaria da universidade, não posso reclamar.—Não é o emprego dos meus sonhos, mas estou pegando experiência. Finalizando esse estágio, tenho esperança de conseguir um emprego melhor.Karen mastiga seu lanche vagarosamente e começa a me falar de seu trabalho. Ela trabalha na empresa de seu tio, uma grande indústria têxtil. Ao contrário de mim, as coisa
O sol de Miami estava a todo vapor. O céu azul, sem nuvens. Entramos na mansão e novamente fico impressionado com a beleza do lugar. Acho que sempre me surpreenderá os seus vários ambientes e as muitas salas que se sucedem. Um enorme salão de baile magnífico, Antony me disse que seu estilo é normando; em seguida, um jardim de inverno, em estilo completamente diferente... A mansão, de fato, parece ter sido decorada por várias pessoas, numa fartura de estilos diferentes. Mas há algo que notei mais que a decoração do lugar, é o quanto essa família gosta da luta, das batalhas, das guerras. Eles têm como decoração um arcabuz de algum tempo muito anterior à guerra civil. – Será que algum parente dos Bertizzollos estivera, de fato, nessa guerra? Acho pouco provável... em outra parede, alabardas e espadas medievais. Ao lado da estante, na biblioteca, armaduras de cota de malha. E outro detalhe que chama atenção: fotos, espalhadas pelas paredes, muitas e muitas fotos de família. Sempre a fi
—Antony me contou sua história. Deve ter sido difícil enfrentar a vida sozinho.—Não tem sido fácil. —Eu digo pensativo.—Passado meu amigo. —Antony diz apertando meus ombros. —Você pertence a nossa família.Eu dei meu escasso sorriso.—Eu estou realmente feliz de ser parte da família. E pensar que imaginei vocês pessoas diferentes.As sobrancelhas de Antony se unem em pensamento.Lucas diz pensativo também:—Sim, não temos uma boa reputação. Mas Antony está resolvendo isso, com trabalhos filantrópicos. Estamos tentando melhorar nossa imagem. Isso é muito bom para os futuros negócios. A máfia na nossa família um dia será lenda, será esquecida. Don está fazendo de tudo para isso.—Sim, eu sei. Antony me disse.—Temos grandes planos para você.Sombras de um sorriso vão se formando no meu rosto. Meu coração se agita em ambição. Não conquistarei respeito sendo tímido, isto é fato. Os meus neurônios trabalham e correlaciono os fatos: quando eu entrei para a família eu sabia que eu teria qu
AntonyQuando Daniel sai da sala, Vincent diz para mim:—Parece que acertamos com esse rapaz. Mas fique de olho. Precisamos ter cautela, por isso ainda não quero que ele tenha contato com o mundo externo. Inclusive acho que ele deveria já viajar para Las Vegas. E Lucas! Quero que enquanto isso, estreite relações com o rapaz. Daniel é muito jovem e teve um passado pesado, e pelo que sei foi muito negligenciado. Sem família. Pessoas assim que precisamos abraçar, pois, com certeza, teremos o melhor delas. —Sem dúvida, pode deixar. Eu gostei do rapaz. Acho que nos daremos muito bem. —Lucas diz com convicção.—Aos poucos ensine tudo para ele. Assim poderei confiar a ele o Cassino de Miami. —Pode deixar. —Ele acena um sim com a cabeça.—Lucas, pode ir. Tenho algumas pendências para resolver com Antony. DanielEstou aguardando na sala ao lado, mas me sinto agitado, então caminho sentido a porta, mas a loira veio distraída e tromba comigo.—Ah, perdão. —Digo quando quase a garota vai para