Maya Costa
- Am... Não é nada demais – digo passando as mãos pelo meu pescoço e olho de lado para Leandro. Não tinha como esconder o meu nervosismo e nem como inventar que isso não foi nada, não sou boa com mentiras dessa forma.
- Como não é nada demais? Leandro, alguém a machucou, você já descobriu quem fez? – Vicente encara Leandro sério.
- Como ela disse, não é nada demais. Nada que já não tenhamos resolvido – Leandro diz calmo enquanto continua comendo tranquilamente. Queria eu conseguir mentir com tanta realidade assim.
- Se não é nada demais, não se importam em me dizer como foi que aconteceu, não é? – Leandro respira alto claramente impaciente com a curiosidade do irmão.
- Três semanas atrás assaltaram nossa casa – Leandro diz como se não fosse nada – Levaram alguns eletrônicos e dinheiro, mas a polícia foi avisada e já fomos ressarcidos, os policiais conseguiram recuperar tudo. Os assaltantes encontraram com Maya aqui e, bom, acho que fica óbvio como essa mancha aconteceu.
- Isso está roxo demais para algo que aconteceu há três semanas – diz cerrando os olhos e encarando seriamente o meu pescoço.
- É que eu tenho anemia – é a primeira coisa que me vem à cabeça quando sinto o chute leve de Leandro por debaixo da mesa como se exigisse algo – Sempre tive problemas com isso e meus machucados sempre demoraram bem mais que o esperado para desaparecer. É normal, não precisa se preocupar.
Um dia tenho que pedir desculpas a ele por mentir tão descaradamente desse jeito. Se bem que não sei se ele caiu nessa história, pois a sua expressão desconfiada estava óbvia.
- Dói mamãe? – Théo me encara preocupado.
- Não meu amor, já estou bem. Não precisa se preocupar Vicente, já está tudo resolvido – tento passar a maior sinceridade possível para Vicente com o meu olhar, mas ele ainda não parecia acreditar muito no que eu dizia.
- Foi o homem mau que fex?
- Foi meu amor, mas já está tudo bem - sorrio e deixo um beijo em sua cabeça – Pode almoçar tranquilo querido, depois iremos brincar juntos – pisco o olho para ele que sorri animado e volta a se concentrar na comida a sua frente.
- Bom, eu vou trabalhar – Leandro levanta – Vejo você mais tarde – deixa um beijo em minha testa e bagunça os cabelos de Théo – Você vai à casa dos nossos pais ainda hoje? – pergunta diretamente a Vicente.
- Não sei, talvez eu vá lá depois de me encontrar com eles no escritório.
- Diga que mandei lembranças.
- Tudo bem.
Vicente fica calado até terminar de comer e, assim que acaba, passa no quarto e depois sai. Já eu, não tinha nada pra fazer, então arrumei os pratos e depois sentei com Théo no chão da sala e liguei a televisão para nós dois. Pela primeira vez teríamos a oportunidade de usar essa TV, já que Leandro não passaria mais o dia inteiro jogado de qualquer jeito no sofá.
Benjamin Padovanne
Tinha acabado de liberar um paciente, quando ouço meu celular tocar. Olho o visor e vejo que era Vicente.
- Já está sentindo saudades? – digo assim que aceito a ligação.
- Muito engraçado, estou morrendo de rir, não tá ouvindo? – diz claramente irritado.
- Ué, por que o mau humor? A viagem foi ruim?
- Não, foi tudo bem. Já cheguei e me instalei na casa do meu irmão.
- Então, qual o motivo do mau humor?
- Desculpa, só estou desconfiado de uma coisa e não me conformo, só isso.
- O quê?
- Me tira uma dúvida, a anemia pode fazer hematomas durarem mais tempo? – estranho. Por que ele está falando desse assunto?
- Pessoas anêmicas têm uma maior probabilidade de ter hematomas quando se machucam, mas não sei te afirmar se isso afeta na duração. Acredito que tudo depende do grau do paciente, mas por que está me perguntando isso? Você se machucou?
- Não, é que eu acabei de passar por uma situação muito estranha. Eu estou na casa do meu irmão e acabei de descobrir que ele é casado e tem um filho – arregalo os olhos.
O cara não falou nada para a família sobre isso?
- E isso não é bom? – pergunto sem saber o que dizer direito.
- Acho que sim, mas não sei se senti uma energia muito boa com esse casamento. Não vejo motivo pra ele ter escondido isso e a mulher dele não me parece se sentir muito confortável ao seu lado. Almocei com eles e o clima era muito estranho, parecia forçado.
- Você mesmo disse que seu irmão era uma pessoa bem reservada contigo. Pode ser por isso que você está estranhando eles, pode ser uma relação bem mais reservada do que as que você costuma ver.
- Não sei, ainda acho meio estranho ele não ter falado isso nem para minha mãe ou meu pai, não é uma coisa que se costuma esconder. Ainda mais quando existe um neto envolvido e ele sabe que nossa mãe é doida por uma família grande.
- Realmente não sei te explicar Vicente, não conheço seu irmão e nem sei como ele é, mas o que isso tem haver com anemia e hematomas?
- Estávamos almoçando quando notei que o pescoço de Maya, a esposa dele, estava todo marcado com manchas roxas.
- Tá e ela te disse o motivo de estar desse jeito?
- Leandro disse que há três semanas houve um assalto na casa deles e que os assaltantes provocaram o machucado.
- Então, você sabe que roubos podem ser violentos. Talvez ela tenha reagido e os assaltantes foram pra cima...
- Aquelas marcas eram roxas demais, pareciam muito recentes. Será que demora mais de três semanas para o roxo diminuir em anêmicos?
- Isso é estranho. Geralmente o roxo fica de 3 a 5 dias. A anemia pode ter alguma relação de fato, mas não sei se duraria tanto.
- Você precisava ver, estavam bem roxas mesmo. Era como se o assalto tivesse acontecido ontem e um dos assaltantes tivesse a segurado pelo pescoço bem forte.
- Realmente é estranho. Tinha mais alguma mancha no corpo dela ou era só no pescoço mesmo?
- Eu só vi no pescoço, mas pode ser que as roupas estejam escondendo as outras.
- Talvez ela deva ir ao hospital, pode ser um problema mais sério.
- E ela iria esperar três semanas para desconfiar que tinha algo errado com a marca roxa que não sai? Não, tem mais alguma coisa nessa história.
- Se ela diz que já está acostumada com isso, pode estar achando que é algo normal.
- Não sei, estou meio inseguro com essa conversa deles.
- Por que você não perguntou mais?
- Porque Leandro cortou o assunto, falou que tinha que ir trabalhar e saiu.
- Talvez, você deva conversar com ela sozinha.
- Ela concordava com tudo o que ele dizia, será que desmentiria a história toda depois?
- Não sei. Talvez a presença dele ali era uma ameaça e ela está sendo obrigada a confirmar.
- Será que meu irmão...
- Olha você mesmo disse que não é próximo dele. Não é difícil isso estar acontecendo e você nem vai desconfiar, pois não está por perto.
- Vou tentar descobrir.
- Me mantenha informado sobre isso. Se for o que estamos pensando, você vai precisar de mais ajuda.
- Eu vou falar com meus pais para saber se, ao menos, eles sabiam de algo e não me avisaram. - Ok. Boa sorte.
- Obrigado.
Vicente estava correto em desconfiar. Tem algo faltando para essa história fazer sentido.
Vicente Guerra
Eu já estava familiarizado com alguns casos de violência doméstica. Já tinha resolvido alguns casos de maridos abusivos na Itália e já ouvi Benjamin falar de algumas pacientes que chegavam ao hospital com esse quadro, por isso a situação era estranha. Sem contar que eu percebi claramente o incômodo de Maya perto de Leandro.
Não posso acusar Leandro de nada sem provas, mas essa relação repentina dele é estranha. Tudo bem que ele sempre foi uma pessoa muito retraída, mas esconder um casamento? Um neto? Como ele conseguiu isso, se eu sei que nossa mãe, com certeza, liga pra ele perguntando sobre isso?
Resolvo tirar essa situação a limpo aos poucos, já vi que terei de tomar bastante cuidado com essa história. Conseguir informações sem Leandro desconfiar pode ser um pouco mais delicado, já que estarei hospedado em sua casa e a "cliente" em questão é sua "esposa", se é que isso é verdade. Vou direto para a empresa, onde eu sabia que meus pais estariam pelo horário.
- Meu filho! Que saudades! – minha mãe diz me abraçando assim que entro na sala de papai – Por que não foi ficar em casa?
- Mãe, você sabe que eu sempre tento me aproximar mais de Leandro – digo abraçando papai logo em seguida - Essa pode ser mais uma oportunidade.
- Eu sei meu amor, mas você faz falta. Ainda não sei por que deixei que fosse morar na Itália, sinto falta de você.
- Mamãe, Leandro ainda está aqui.
- Ele nunca liga e nem atende minhas ligações, como é que eu posso manter contato desse jeito? Não sei onde mora e nem onde trabalha. Sei que é policial, mas não faço a mínima ideia de onde ele esteja – vejo seus olhos lacrimejarem.
Dona Luciana sempre quis ter uma família grande, mas isso nunca foi realizado. Eu sei que ela não queria que eu fosse morar fora, mas esse era o meu sonho e eu precisava tomar as rédeas da minha vida a partir de uma certa idade.
- Como está filho? – meu pai finalmente se pronuncia.
- Estou bem pai, melhor agora que posso matar um pouco a saudade de vocês dois.
- E como está seu irmão? Passou na casa dele antes de vir pra cá?
- Sim, Leandro parece estar bem. Não tem visto ele?
- É como sua mãe disse, não sabemos onde ele mora e nem onde trabalha. Já tentei procurá-lo nas delegacias, mas nenhuma possui um Leandro Guerra trabalhando.
- Estranho, hoje ele disse que ia trabalhar quando saiu de casa – agora eu estava mais desconfiado.
A situação parece fazer menos sentido a cada hora que descubro uma coisa nova. Onde Leandro estava indo pela manhã?
- Já sei, podemos marcar um jantar. Aí você o leva – mamãe diz animada – Vou ligar para casa e pedir que preparem tudo para hoje – sai da sala com o celular animada.
- Pai, tem alguma coisa estranha acontecendo com Leandro – espero a porta ser fechada.
- Como assim filho?
- Não queria dizer nada, pois mamãe estava aqui e não quero acusá-lo sem provas.
- Acusar do que? Quem? Do que você está falando?
- Leandro. Estou desconfiando que ele esteja agredindo a mulher.
- Seu irmão está casado? – pergunta surpreso.
- Está e tem um filho pequeno.
- Mas que maravilha! Por que ele não falou nada? Sua mãe teria adorado saber disso tudo!
- Eu sei, mas ele mesmo me disse que estava mantendo contato com vocês, por isso concluí que estavam sabendo de tudo e eu que estava precisando me atualizar.
- Não temos notícias de seu irmão há três anos.
- Tem algo errado. Eu conheci a mulher dele hoje e ela estava com o pescoço cheio de marcas roxas. Ele me disse que a casa deles tinha sido assaltada há três semanas e que o responsável tinha feito isso nela, mas as marcas pareciam bem recentes.
- E ela confirmou a história?
- Sim.
- Meu Deus!
- Ela falou que tem anemia e, por isso, as marcas duravam mais tempo para desaparecer. Mas será que demoram mais de três semanas para começarem a clarear?
- Isso é realmente estranho. Você tem que falar com ela.
- É capaz de ela continuar confirmando tudo.
- Fale com ela sozinha, quando ele não estiver em casa, pode ser que tenha alguma ameaça aí no meio. Não acredito que meu filho esteja fazendo isso, ele nunca demonstrou ser agressivo desse jeito.
- Convenhamos que ele nunca foi uma pessoa muito aberta. Nem sabemos o que ele passou quando criança direito, então essa personalidade dele pode ter existido esse tempo inteiro só esperando para aparecer.
- É normal ser retraído após ter sido abandonado pelos pais, a psicóloga dele vivia dizendo isso quando era criança. Disse também que ele poderia começar a se abrir aos poucos e deveríamos sempre nos mostrar dispostos a esperar o tempo que fosse.
- É e olha no que deu, até hoje estamos aguardando.
- Leandro deve ter passado por um trauma muito grande e nunca confiou em nós de verdade para falar sobre o assunto.
- Eu não sei como vou chegar até a verdade dessa história.
- Faça o convite para o jantar lá em casa, vamos ver se aceitam. Garanta que a mulher e o menino também saibam e observe bem a reação dos dois.
- Teremos que ir bem devagar com isso. Sinto que a chave do problema está com Maya. Se alguém pode me dizer alguma coisa é ela.
- É o nome dela?
- Sim e eu vou precisar da sua ajuda. Acho que não devemos falar nada pra mamãe ainda, vamos ver se eles aceitam ir todos ao jantar.
- Não vou comentar nada, não quero criar esse tipo de esperança em sua mãe para não quebrar com qualquer expectativa.
Maya Costa
Quando a noite chega, Leandro e Vicente voltam para casa. Eles chegam em casa na mesma hora que eu e Théo. Meu pequeno tinha passado um pouco mal de tarde e resolvi levá-lo ao hospital para garantir que nada de ruim estava acontecendo, mas foi só uma pequena dor de barriga.
- Vocês têm planos para o jantar? – Vicente diz assim que entra.
- Não. Se vocês me derem um tempo, eu preparo algo. Vou só deixar Théo na cama – digo ajeitando Théo em meu colo.
- Não precisa se preocupar. Leandro, fomos convidados para um jantar na casa dos nossos pais. Mamãe está morrendo de saudades.
- Hoje? – Leandro pergunta surpreso.
- Sim, desculpe não ter avisado antes, mas foi algo de última hora, você sabe como mamãe é.
- Tudo bem, acho que podemos ir.
Já não bastava ter que me passar de esposa feliz na frente de Vicente, agora teria que cumprir teatrinho para uma "sogra" e um "sogro"? Essa mentira está indo longe demais.
- Eu vou tomar um banho, saímos em 1 hora? – pergunta revezando seu olhar entre mim e Leandro, então apenas assinto para a ideia.
- Tudo bem – Leandro diz.
- Você não acha que isso está indo longe demais? – sussurro para ele quando Vicente já tinha saído da sala.
- Você não vai nesse jantar – diz com raiva.
- E nem quero, mas como é que você vai se explicar para seu irmão? Ele estava animado por você ter aceitado o convite feito a todos.
- Invente uma desculpa para ficar em casa com o pirralho. Fale que ele está doente, sei lá. Pode deixar que lá eu me viro.
- Acho que seu irmão está desconfiando de alguma coisa.
- Ele não desconfia de nada, eu conheço Vicente. Sempre tentou nos aproximar e essa é mais uma das suas tentativas. Só continue seguindo o que eu mandei.
Em questão de 40 minutos, Vicente aparece pronto na sala.
- Não está pronta Maya? – Vicente diz ao notar que eu não tinha nem mudado a roupa.
- Am... Acho melhor não ir. Théo passou mal hoje a tarde e não quero correr o risco de ele ter uma crise lá.
- Já está tudo bem com ele?
- Está sim é normal crianças sentirem dor de barriga e desidratarem, mas eu não gostaria de correr riscos.
- Entendo – diz e se senta ao meu lado no sofá – Você tem certeza que está tudo bem mesmo? Pode dizer qualquer coisa que eu posso te ajudar.
- O moleque passa por esses problemas o tempo todo, é normal – Leandro diz entrando na sala nos dando um susto – Não precisa se preocupar Vicente, já estamos acostumados.
- É uma pena que não possam ir. Nossa mãe adoraria conhecer o neto.
- Não faltarão oportunidades – digo sorrindo pra ele.
- Vamos? – Leandro me olha desconfiado e eu volto minha atenção para meu livro.
- Vamos – Vicente se levanta um pouco contrariado e os dois saem.
Benjamin Padovanne - Eu sabia que você iria marcar esse jantar, só não imaginava que seria hoje Helena – digo após Helena aparecer me fazendo o convite para o tal jantar com seus pais e pedindo que eu convidasse a minha mãe para ir junto. A gente não tinha combinado de ir com calma? - Meu amor, meus pais estão doidos para te conhec
Maya Costa - Por que você não falou Maya? – Sophie quase grita do outro lado da linha – Era a sua chance! - Leandro me ameaçou, eu só conseguia pensar nas palavras dele sobre Théo quando tentei contar. - Você tem que tentar de novo e tem que falar dessa vez.
Vicente Guerra - Calma, isso tudo está muito confuso – tudo o que ela tinha me falado ecoava pela minha cabeça e me assustava. Eu desconfiava que tinha algo errado, desconfiava que Leandro poderia ter feito algo do tipo, porém não posso ser precipitado. Isso é caso de polícia e não uma briguinha simples. Entendo que ela é a melhor amiga de Maya, mas ainda preciso confirmar isso com a verdadeira vítima, que insistia em negar tudo. - Confuso como? Você mesmo a viu machucada, não viu?
Benjamin Padovanne A gente pode estar fazendo uma loucura das grandes, mas ele é o meu melhor amigo e poderia contar comigo, certo? Esse é o meu papel, não é? Não é como se fossemos roubar um banco ou outra coisa, era só uma ajuda a uma pessoa necessitada. - E então, vai me ajudar? – repete. - Claro que sim! – saio do transe - O qu
Maya Costa - Vicente, dá pra me dizer o que diabos é isso? – digo assim que ele atendeu minha chamada ao mesmo tempo em que olhava o frasquinho de remédio que tinha acabado de chegar à minha porta. Vicente disse que só faltava um detalhe para tudo dar certo, só não imaginei que fosse em um vidrinho de conta gotas. Benjamin Padovanne - Você está muito calado hoje. Aconteceu alguma coisa? – ela diz ao meu lado me encarando curiosa. Estávamos sentados na areia de frente para o mar. O dia estava ensolarado e a brisa marina estava fresca. O vento batia em seu rosto e fazia seus cabelos voarem para trás, deixando o seu rosto livre para ser admirado. &nbCAPÍTULO 15
Maya Costa - Théo... – digo sentindo minha garganta seca incomodando – Filho. - Calma – escuto uma voz estranha pedir – Se acalme e evite fazer esforço. Abro os olhos vendo que não sei onde estou. Levo as mãos à minha garganta enquanto sinto um incômodo. O homem parece perceber e me dá um copo com água.
Benjamin Padovanne Acordo na manhã seguinte... Quer dizer, abro os olhos na manhã seguinte, pois não consegui dormir direito a noite inteira. A minha ansiedade não me deixou engatar num sono profundo nem por um segundo, por isso já estava de pé muito antes do despertador sonhar em tocar. Deveria estar morrendo de cansaço, mas parecia que meu corpo estava ligado nos 220, pronto para uma maratona. Ela não sai da minha cabeça. O seu rosto delicado, seus cabelos