Benjamin Padovanne
A gente pode estar fazendo uma loucura das grandes, mas ele é o meu melhor amigo e poderia contar comigo, certo? Esse é o meu papel, não é? Não é como se fossemos roubar um banco ou outra coisa, era só uma ajuda a uma pessoa necessitada.
- E então, vai me ajudar? – repete.
- Claro que sim! – saio do transe - O que eu puder fazer me avisa.
- Tenho que ver se ela e o filho possuem um passaporte para a viagem.
- Vocês vão ter que ver toda a documentação para essa mudança e isso pode demorar.
- Eu sei - resmunga.
- E como vão fazer para o seu irmão não desconfiar?
- Leandro está pensando que já está chegando o dia de eu voltar para casa, então talvez isso facilite em relação a isso. Eu vou sair da casa dele e vou para outro lugar por enquanto.
- No que posso ajudar?
- Apesar de eu ter condições para mantê-la, duvido que ela queira ficar o tempo todo em casa. Você pode olhar pra mim alguns locais que estão precisando de empregados e também algumas recomendações de escola? Dê preferência a escolas que aceitem estrangeiros.
- Tudo bem. Vou deixar o meu jatinho à sua disposição e vou te enviar o contato do meu piloto para vocês combinarem a viagem.
Não é que eu seja bilionário, mas minha vida financeira é um tanto confortável e eu não vivia esbanjando por aí. Então, acabava que eu tinha uma quantia considerável guardada e podia ter algumas regalias.
- É melhor, assim corre menos risco de sermos reconhecidos no aeroporto. Também tenho que dar um jeito de não sermos vistos por câmeras ou vizinhos. Vou tentar fazer isso o mais rápido o possível.
- Agora é uma questão de tempo.
- Vou tentar conseguir toda essa documentação ainda amanhã.
- Boa sorte.
Maya Costa
- Maya, me conta o que ele fez – Sophie já tinha me perguntado isso umas 15 vezes depos que Vicente tinha saído.
- Sophie, ele me bateu como sempre.
- Não acho que ele tenha feito somente isso. Hoje está muito diferente e você está três vezes mais machucada. Seja sincera comigo, ele te... – ela deduz e eu a encaro já começando a chorar – Eu não acredito! Eu vou matar aquele desgraçado!
- Não vamos falar disso, por favor.
- Maya... Você tem que ir ao hospital.
- Não, eu teria que fazer uma denúncia lá e ele ficaria sabendo que abri minha boca mais uma vez. Aí eu vou chegar em casa mais tarde e vai tudo se repetir.
- Se tiver alguma coisa errada dentro de você, pode ser que cause um dano maior.
- Eu já estou acostumada com essa dor. A única coisa que dói mais são as minhas costelas.
- Posso ver? – diz e eu fico parada – Por favor, eu não vou te arrastar para o hospital.
- Tá – levanto a blusa com um pouco de dificuldade para mostrar a região.
- Se tiver quebrado, você corre o risco de perfuração – toca em minha pele e faço uma careta.
- Não vai acontecer nada, vou pôr gelo que passa.
- Mas...
- Foi só uma pancada forte, relaxa.
- E você tomou algum remédio para… Você sabe?
- Não, você pode pedir para uma farmácia fazer o delivery pra mim?
- Estou deixando claro que não concordo com isso, Maya. Ainda acho que você deveria ir a um hospital.
- Sophie, eu vou ficar bem tá? É só uma questão de tempo para aliviar a dor.
- Você tem que sair daqui, Vicente tem que conseguir te levar.
- Não sei se isso vai dar certo.
- Vai sim, pode ter certeza que dessa vez as coisas vão se encaixar. Ele entende disso melhor do que eu, tem mais recursos e tenho certeza que vai conseguir fazer as coisas direito.
- Vocês querem me tirar do país e não me levar pra uma casa afastada da cidade.
- Ele mora lá, tem dinheiro e contatos. Tenho certeza que vai conseguir ajuda de pessoas importantes.
- Acontece que as coisas não são simples desse jeito. Existe toda uma documentação a ser feita e isso demora.
- Ele tem noção disso e deve ter saído para resolver.
- Além do mais, a minha vida toda está aqui no Brasil. Eu cresci aqui, tenho amigos aqui, o Théo estuda aqui... Eu não posso fazer isso!
- Claro que pode e vai! Assim como você construiu isso tudo aqui, vai conseguir fazer em outro lugar, quantas pessoas não fazem isso? Lembre-se que, além de tudo o que você tem, você está presa com um monstro que só te faz sofrer e se arrepender de estar viva. Isso não é vida Maya!
- Eu sei...
- Amiga, você tem que ter mais confiança nas coisas. Eu sei que tivemos uma decepção na nossa última tentativa, mas não tivemos tanto tempo pra pensar e talvez tenhamos sido muito ingênuas em relação a algumas coisas.
- Quando eu e Théo estivermos realmente saindo do Brasil, vou botar fé que tudo vai dar certo. Por enquanto prefiro pensar que isso é só um sonho impossível.
- Ele vai se realizar... Milagres acontecem.
Sophie ficou comigo mais uma hora e depois foi pra faculdade. Ela fez o favor de deixar Théo na escola, pegou a minha pílula e eu fiquei deitada no sofá, esperando essa dor passar. Sei que menti pra Sophie falando que já estava acostumada, pois já estou acostumada a me sentir assim, porém hoje está muito pior.
Quando deu 11h, a campainha tocou novamente me acordando. Como não dormi a noite, tirei esse tempo para dormir.
- Vicente – digo assim que abro.
- Consegui resolver algumas coisas. Leandro vem ainda hoje?
- Não, ele só chega amanhã cedo do plantão.
- Então perfeito, preciso dos seus documentos e os de Théo.
- Vou pegar, volto em um minuto.
Vou até o quarto devagar e pego a pastinha com todas as nossas coisas.
- Aqui.
- Você deveria ir ao hospital – ele diz ao me ver sentar com dificuldade no sofá.
- Não se preocupe com isso agora, tenho certeza que amanhã estarei melhor. Mas o que foi que você conseguiu hoje?
- Um amigo meu colocou o jatinho dele a nossa disposição, então não corremos tanto risco de sermos reconhecidos em um aeroporto.
- E como é que vão acontecer as coisas?
- Leandro pensa que vou voltar para a Itália depois de amanhã, mas, na verdade, estarei na casa dos meus pais.
- E se ele perceber?
- Ele não vai lá e eu vou precisar que você vá falando comigo quando ele não estiver em casa.
- Como? Ele acabou com meu celular ontem, não tenho condições de comprar outro.
- Eu vou te dar um aparelho novo. Salve somente o meu número e o de Sophie. Eu não vou te ligar, só vou falar com você quando você me ligar. Aí não corre o risco de o telefone tocar em horários indevidos – me entrega um papel com o seu contato.
- E se eu te atrapalhar no trabalho?
- Não se preocupe com isso, depois que o "dia da minha viagem" chegar, estarei aqui de "férias" e não a trabalho.
- E como eu vou conseguir a documentação sem sair de casa?
- Voltei exatamente para resolver isso. Vou levar seus documentos comigo agora, vou até a empresa entrar no site do consulado e fazer o que for necessário. Tenho uns contatos lá que podem me adiantar algumas coisas, só vou precisar da sua assinatura quando estiver pronto.
- Não tenho como sair daqui.
- Vou tentar fazer de tudo para que você assine estes documentos no dia que formos embora. Venho te buscar, passamos no lugar para que acerte tudo e, de lá, vamos direto.
- Quanto tempo demora?
- Isso depende das demandas, mas acredito que consigo isso em até no máximo três dias.
- Tão rápido? Pensei que essas coisas demoravam meses.
- Às vezes demoram, mas estou usando todos os meus recursos para não demorar.
- Então é para eu arrumar minhas coisas?
- Sim, como foi que você e Sophie fizeram da última vez?
- Ela pediu que eu arrumasse tudo e deixasse em malas, pois, assim que surgisse a oportunidade, ela passaria aqui e iríamos direto para a casa da tia dela.
- Faça o mesmo nesse caso. Deixe tudo pronto, assim que a documentação estiver pronta será questão de tempo para vir te buscar.
- Eu não tenho como agradecer ao que você e Sophie estão fazendo por mim.
- Eu te falei que podia confiar em mim desde o primeiro dia.
- E eu continuei mentindo...
- Não precisa se culpar por nada. Você não tem que ter vergonha de ter medo.
- Eu só fiquei calada pelo meu filho, não quero colocar Théo em perigo.
- Não sou pai, mas entendo que uma criança é algo que nos faz tomar decisões drásticas.
- Eu faço qualquer coisa para ver Théo feliz e seguro ao meu lado.
- Posso te pedir uma coisa?
- Claro.
- Um dia, você me conta toda a sua história? Digo do início.
- Conto, eu prometo que sim.
- Bom, eu vou levar esses documentos agora e volto mais tarde junto com um celular para nos comunicarmos.
- Um dia eu espero poder lhe pagar por tudo o que você está fazendo por mim agora.
- Não quero que me pague nada, só ver você feliz será suficiente pra mim. Sinto que seremos bons amigos.
- Espero que sim.
Três dias depois...
- Já está tudo arrumado? – Vicente pergunta no outro lado da ligação.
Pensei que seria mais difícil resolver a situação, eu imaginava que Leandro pararia de trabalhar quando Vicente fosse embora, mas ele não parou. Não quero saber o motivo, mas é isso que está tornando o plano possível.
- Sim, coloquei todas as nossas coisas em malas e deixei tudo escondido no quarto.
- Leandro te tocou mais alguma vez?
- Não, tudo voltou a ser como era antes assim que você saiu. Voltamos a dormir em quartos separados e só me comunico com ele quando necessário.
- A documentação de vocês dois já está quase pronta, só falta a aprovação. Meu amigo acredita que ficará pronta ainda amanhã à noite.
- Como é que vamos fazer para sair de noite de casa? Leandro já deu o plantão da semana.
- É preferível que seja de noite. Se formos de manhã, as pessoas vão ficar curiosas com a mudança e podem me reconhecer.
- Então como vamos fazer?
- Vou pensar em algo. Me ligue amanhã quando ele tiver ido trabalhar.
- Ta.
- Eu vou conferir se está tudo conforme o combinado e espero sua próxima ligação.
Volto a me deitar colocando a bolsa de gelo sobre a minha costela esquerda. As dores de todo o meu corpo já estavam melhores, porém essa persistia junto com uma dificuldade em respirar. Não conseguia respirar fundo sem sentir dor, não conseguia segurar muito o fôlego e sentia um incômodo considerável. Assim que estiver livre dessa condição, vou pedir que Vicente me leve ao hospital, mas não antes disso.
Benjamin Padovanne
Tinha recebido uma mensagem da minha mãe para encontrá-la na casa dela. Achei estranho, não me lembro de termos marcado nada, mas fui.
- Mãe, o que houve? – digo ao encontrá-la chorando no banco do seu jardim – Alguém te fez alguma coisa?
- Não filho.
- Então por que está chorando?
- Hoje eu tive um sonho que me fez reviver algo que aconteceu comigo no passado.
- E você pretende me contar? Porque eu não estou entendendo nada.
- Primeiro me promete uma coisa.
- O quê?
- Me promete que você nunca vai levantar um dedo para uma mulher. Por mais que você esteja irritado, você vai resolver as coisas na base da conversa.
- É claro que prometo, mãe – a abraçei preocupado – Mas por que isso agora?
- O que eu vou te contar eu nunca contei pra ninguém. É uma coisa da qual me envergonho muito...
- Mãe, do que você está falando?
- Do seu pai...
- Do meu pai?
- No dia em que seu pai morreu, eu te contei que tinha sido porque ele tinha se envolvido em uma briga na cadeia, certo?
- Sim.
- Mas não era verdade meu filho.
- Por que meu pai morreu, mãe?
- Ele foi morto na cadeia assim que os outros presidiários descobriram o motivo de ele ter ido parar ali.
- Descobriram que ele desviou dinheiro da empresa?
Tudo bem que meu pai tinha errado em fazer isso com o sócio, mas isso era motivo para morte?
- Ele... – ela respira fundo – Ele me agredia Benjamin. Seu pai foi preso por violência doméstica, ele nunca desviou dinheiro nenhum. Eu que inventei essa história de roubo para não ter que te contar a verdade por vergonha.
Paraliso.
Meu pai nunca foi uma figura próxima a mim. Sempre tive uma relação muito estranha com ele. Ele sempre foi muito rígido e ignorante com todos à sua volta, inclusive comigo, seu único filho. Cobrava muito, exigia perfeição e nunca dizia palavras de incentivo ou agradecimento, para ele todas as pessoas eram imperfeitas e qualquer sucesso não era mais do que uma obrigação. Era sempre na base das ofensas e humilhações.
Um dos motivos de não ter feito faculdade aqui foi ele. Queria passar um tempo longe para sair daquele ambiente tóxico que ele era capaz de provocar com uma simples conversa e me encontrar sozinho.
Confesso que isso não me surpreendia tanto, encaixa perfeitamente em sua personalidade, mas eu não imaginava que minha mãe passava por isso e acordava no dia seguinte com o maior sorriso do mundo no rosto. Será que era por isso que eu estava sonhando com aquela mulher? Ela estava querendo indicar algo que uma pessoa próxima passava?
- Mãe, porque você nunca me disse isso? – pergunto enquanto processava as milhares de perguntas que surgiam em minha mente.
- Eu tinha vergonha, meu filho. Apesar de não suportar viver daquela forma, não era tão fácil assim admitir.
Agora fazia sentido sonhar com aquela mulher sofrendo aquelas agressões. Eu tinha que prestar mais atenção à minha volta pra perceber que a pessoa que mais amo nesse mundo foi a que mais sofreu ao lado de alguém que dizia amá-la.
- Quando foi que ele começou... Você sabe.
- As coisas começaram a mudar depois que você fez 10 anos. Seu pai já era um homem ciumento, mas tudo piorou muito. Ele desconfiava de tudo e começou a ficar mais agressivo. No início não era frequente. Tinham vezes que eu passava mais de um mês sem apanhar. Tudo ficou mais frequente quando você foi pra faculdade e eu fiquei sozinha com ele.
- Como eu não estava em casa, não podia ver...
- Sim. A minha vida era um inferno filho, era horrível ter que acordar sabendo que passaria mais um dia ao lado daquele monstro.
- Oh mãe, vem cá – a abraço e ela chora mais ainda – Ele não está mais aqui, ninguém nunca mais vai fazer algo do tipo contigo.
- Quando finalmente o denunciei, pensei que tudo ia se acalmar, mas ele não iria ficar pra sempre ali. Uma hora ele iria sair e tudo voltaria a ser como antes. No dia em que recebi a notícia de que Fernando tinha morrido, senti um alívio imenso. Eu juro que não queria ter sentido aquilo, mas eu senti.
- Ninguém pode te julgar, ninguém passou pelo que você passou.
- Promete pra mim que você nunca vai fazer algo parecido, promete que vai seguir a boa educação que eu me esforcei pra te dar e vai ser sempre um cavalheiro com as mulheres que aparecerem em sua vida.
- Eu prometo, não precisa nem pedir duas vezes. Não sou um covarde que nem esse tipo de homem.
- Eu fiquei tão preocupada que você crescesse e virasse um homem igual ao que ele era. Afinal, seu pai nunca foi bom com você, nunca te ensinou a ser decente...
- Mãe, me escuta – seguro seu rosto em minhas mãos – Eu nunca vou fazer algo do tipo e repudio com todas as minhas forças quem faça algo parecido.
- Não sabe o quanto eu me orgulho de você meu filho. Quero que seja muito feliz. Você ainda vai conhecer uma mulher que vai balançar esse coraçãozinho, que vai te tirar do sério e que vai fazer você buscar a felicidade como se fosse um louco.
- Mãe, eu já estou comprometido, esqueceu?
- Disso a gente já conversou e eu continuo com a mesma opinião, só falta você chegar a sua decisão sozinho.
Maya Costa - Vicente, dá pra me dizer o que diabos é isso? – digo assim que ele atendeu minha chamada ao mesmo tempo em que olhava o frasquinho de remédio que tinha acabado de chegar à minha porta. Vicente disse que só faltava um detalhe para tudo dar certo, só não imaginei que fosse em um vidrinho de conta gotas. Benjamin Padovanne - Você está muito calado hoje. Aconteceu alguma coisa? – ela diz ao meu lado me encarando curiosa. Estávamos sentados na areia de frente para o mar. O dia estava ensolarado e a brisa marina estava fresca. O vento batia em seu rosto e fazia seus cabelos voarem para trás, deixando o seu rosto livre para ser admirado. &nbCAPÍTULO 15
Maya Costa - Théo... – digo sentindo minha garganta seca incomodando – Filho. - Calma – escuto uma voz estranha pedir – Se acalme e evite fazer esforço. Abro os olhos vendo que não sei onde estou. Levo as mãos à minha garganta enquanto sinto um incômodo. O homem parece perceber e me dá um copo com água.
Benjamin Padovanne Acordo na manhã seguinte... Quer dizer, abro os olhos na manhã seguinte, pois não consegui dormir direito a noite inteira. A minha ansiedade não me deixou engatar num sono profundo nem por um segundo, por isso já estava de pé muito antes do despertador sonhar em tocar. Deveria estar morrendo de cansaço, mas parecia que meu corpo estava ligado nos 220, pronto para uma maratona. Ela não sai da minha cabeça. O seu rosto delicado, seus cabelos
Maya Costa No dia seguinte, acordo com Théo pulando em minha maca. - Mamãe! Bum diaaa! Tá na hola de acoda! - Bom dia meu pequeno, ainda é cedo – digo vendo que ainda eram 6h da manhã – Por que está tão animado tão cedo? - Puque
Benjamin Padovanne - Então quer dizer que além de ser médico, bem sucedido e cozinhar bem, você também sabe fazer milagres? Eu pensava que teria que insistir muito mais para conseguir convencer Maya – Vicente diz quando tocamos no assunto do emprego de Maya no almoço. - Não fiz nada demais, apenas conversamos e consegui a convencer pela razão das coisas. Falei que era uma boa oportunidade de recomeçar e ainda garantir uma vida boa pra Théo, ela mesma percebeu o s
Maya Costa - Mas você não o acha nem um pouco bonitinho? – depois que Théo tinha falado com Sophie sobre Benjamin e o quanto ele era legal, já era a terceira vez que ela me ligava para falar dele nesses últimos dois dias. - Sophie! – a repreendo – Já te falei que ele é só o meu médico e que não o observo dessa maneira, não estou pensando nisso nesse mome
Benjamin Padovanne Acordo no dia seguinte e vou direto para a casa de minha mãe antes de ir ao hospital. Ainda estava receoso sobre como iria pedir para ela falar com Maya, pois imagino como deve ser complicado falar do assunto. Minha mãe demorou tanto tempo para admitir tudo pra mim, imagina falar com outra pessoa que nem conhece. Chego à minha antiga casa e vou até a porta. As minhas memórias aqui são estranhas: tenho momentos bons e ruins, não sei como me sinto