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CAPÍTULO 4 – Invasor de sonhos

EMMY ZACK

Minha pele ardia.

As garras deslizavam pelo vale dos meus seios, descendo preguiçosamente até minha barriga. O toque era afiado e, ao mesmo tempo, adorável. Um arrepio percorreu minha espinha quando abri os olhos, respirando fundo.

E lá estava ele.

O homem de cabelos castanho-dourados, encaracolados, com a pele clara banhada pelo brilho âmbar das velas ao redor da cama. Seus olhos castanhos faiscavam, reluzindo em dourado à medida que me devoravam com a intensidade de um predador.

Senti seus braços me envolverem, puxando minha cintura contra seu corpo sólido. O calor de sua pele me consumia.

Então veio a dor.

Uma pontada aguda, profunda. Meus lábios se entreabriram num gemido involuntário, um som que ele recebeu com um sorriso satisfeito.

Uma de suas mãos deixou minha cintura e subiu até minha nuca, enredando meus cabelos entre seus dedos. Ele me puxou para si, forçando minha boca contra a dele. Seu beijo era faminto, reivindicador, como se quisesse selar algo muito além de nossa carne.

Suas investidas não eram violentas, mas intensas, e a dor deu lugar a algo mais profundo. Meu ventre o apertava, meus sentidos flutuavam entre o prazer e a vertigem.

— Isso, amor… — ele murmurou entre os beijos. — Relaxe para mim.

Minhas unhas cravaram-se em seus ombros, sentindo a pele quente sob meus dedos. Meus olhos subiram, fixando-se nos dele.

E eu vi.

Vi a posse ali.

Vi o desejo bruto, primal, uma união de almas.

Minha mão se moveu por instinto, deslizando até seus cabelos, puxando-os com força.

Meu. — Minha voz não era um sussurro. Era uma afirmação, carregada de obsessão. De certeza. — Isaac.

Ele rosnou. Um som rouco, reverberante, como um trovão dentro do peito.

Meu nome na sua boca… — ele arfou, os lábios entreabertos, trêmulos de desejo. — É uma canção para os deuses antigos, amor.

Um sorriso selvagem brotou em seu rosto antes que ele se forçasse ainda mais contra mim.

Eu estava sobre ele, o montando, e pétalas de rosas escarlates nos cercavam, espalhadas pelos lençóis amassados. Elas se grudavam à nossa pele suada, como se fossem parte do ritual profano que estávamos consumando.

E então…

A realidade me golpeou.

Como um balde de água gelada, a lembrança veio de uma vez.

A chegada dele à Torre das Guardiãs, há um dia, me lembrei da cerimônia, do jantar e depois de vir para meu quarto sozinha.

Isaac.

Tremi. Meu peito subia e descia em uma respiração irregular. Meus olhos se arregalaram e o pânico rasgou meu peito.

Isso não podia estar acontecendo.

Me afastei dele num sobressalto, saindo de cima de seu corpo quente. Meus dedos agarraram o lençol, puxando-o contra meu corpo nu.

— Meu sonho… — murmurei, atordoada.

Mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, acordei.

Meu corpo se sacudiu, respirando fundo e arfante.

O quarto estava escuro, mas o calor ainda impregnava minha pele. Meus lençóis estavam encharcados de suor, colando-se ao meu corpo. Meu pijama pingava.

Mas aquilo…

Não era só um sonho.

As camas ao meu redor estavam vazias, mas o que vi me fez prender a respiração.

Pétalas de rosas vermelhas estavam espalhadas pelo colchão.

No chão.

Amassadas.

Tremi ao me levantar, sentindo os pés afundarem suavemente nas pétalas.

Isso não podia ser real.

Mordi o lábio, o terror se alojando em meu peito. Virei lentamente para o espelho no canto do quarto.

E ali, no espelho enevoado, havia um desenho.

Uma flor.

Perfeita. Simétrica.

Eu me aproximei, sentindo algo estremecer dentro de mim. Meus olhos se arregalaram quando a lembrança se infiltrou em minha mente como um veneno.

Isaac.

Vi sua mão erguendo-se no reflexo de minha memória, a unha alongada, como a garra de um lobo, riscando delicadamente a flor sobre o espelho.

Deuses…

Meu corpo inteiro tremeu.

— Isaac. — Sussurrei, e o nome saiu de meus lábios com um peso que eu não conseguia compreender.

Antes que eu pudesse processar qualquer coisa, a porta se abriu de repente.

Madison entrou apressada, já vestida com seu traje de aprendiz. Seus olhos azuis se arregalaram quando viram o estado do quarto.

— Pelos deuses… o que aconteceu aqui?! — Sua voz soou alarmada enquanto corria até mim, segurando meus braços.

Eu queria responder, mas ainda o sentia.

Isaac.

Dentro de mim.

Não apenas na lembrança.

Na minha essência.

Seu cheiro ainda estava impregnado em minha pele, sobrepondo qualquer outro aroma ao meu redor. Como um traço invisível, como uma marca… como se eu pertencesse a ele agora.

— O lobo.

Engoli em seco, e quando minha voz saiu, foi um sussurro trêmulo:

— Ele entrou nos meus sonhos, Madi… — fechei os olhos, sentindo um arrepio percorrer minha espinha. — Ele… esteve aqui.

Madison empalideceu.

— O que ele disse? — sua preocupação era evidente.

Antes que eu pudesse responder, Sol entrou no quarto.

Seus olhos pousaram no espelho.

Na flor.

— Quem fez isso? — ela praticamente gritou.

Madison girou para ela, sua expressão séria.

— Emergência, Sol. Vem aqui. Rápido.

Ela se aproximou, mas congelou quando viu as pétalas amassadas no chão.

— O lobo… — Madison começou, hesitante. — Esteve aqui. E entrou no sonho da Emmy.

O silêncio que se seguiu foi esmagador.

Até que Sol explodiu:

— O QUÊ?!

Minha garganta secou. Meu coração batia freneticamente.

E então, sem conseguir me conter, deixei escapar:

— Nós estávamos… — minha voz falhou, um tremor se espalhando por meu corpo. — Transando.

O choque se refletiu nos rostos delas.

Madison e Sol se entreolharam, os olhos arregalados.

Minha mente girava. Meu corpo ainda pulsava com as memórias do toque dele.

— O que eu faço agora? — minha voz era um fio de desespero.

Sol começou a se mover.

— Vou chamar a mamãe!

— Não! — Madison agarrou seu braço, sua voz aguda de urgência. — Você enlouqueceu?! Se contar para ela, Emmy será trancada na Sala da Lua por uma década!

O pânico se espalhou em meu peito.

Madison de voltou para mim e segurou meu rosto, seus olhos fixos nos meus.

— Não vamos contar isso para ninguém. — ela declarou, com firmeza. — Você vai fingir que nada disso aconteceu. Entendeu?

Eu assenti.

Forçando todos os meus poros a acreditar que aquilo era possível.

Mas o erro foi fechar os olhos.

Porque quando fiz isso…

Eu o vi.

E a lembrança do toque dele veio de novo.

O calor.

O desejo.

A maneira como fui reivindicada.

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