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CAPÍTULO 5 - O invasor de sonhos II

CHASE FIELDS

Os corredores da Torre Masculina da Dívisa Guardiã eram austeros, de pedras escuras e frias, iluminadas apenas por tochas presas às paredes. Havia umidade no ar, carregada com o cheiro de pergaminhos antigos e ferro das espadas embainhadas nos cintos dos guardiões.

Poucos homens eram aceitos aqui. A maioria eram maridos, filhos ou irmãos das Guardiãs, e aqueles que não tinham um vínculo de sangue ou aliança precisavam ser escolhidos a dedo para permanecer.

Sete dias. Esse era o tempo que ficaríamos na torre.

Sete dias até que Malac’h decidisse revelar a razão de nossa presença.

Meu pai não costuma compartilhar segredos comigo. Ele não compartilha nada com ninguém.

Malac’h é um Deus recluso.

Ele vem e vai quando quer, passando a maior parte do tempo trancado em seus aposentos, observando em silêncio a pintura de uma deusa morta.

Afasto os pensamentos ao ver Emmy Zack atravessar os portões da Torre Feminina.

Os portões eram altos e imponentes, decorados com inscrições antigas e símbolos de proteção. Os desenhos cravados na madeira pareciam quase pulsar com energia própria, como se resguardassem segredos que não deveriam ser revelados.

Emmy não era alta — devia ter cerca de 1.60 de altura — e sua silhueta era marcada por curvas que desafiavam a inocência do vestido verde floresta que abraçava seu corpo.

Mas algo nela estava diferente.

Ela tremia.

Seus olhos azuis cravaram-se em mim por um instante, mas sua expressão não era para mim.

Segui seu olhar e então vi Isaac.

Ele surgiu ao meu lado, tocando meu braço com descaso. Meu irmão do meio carregava consigo aquele mesmo olhar presunçoso de sempre. Cabelos castanhos puxados para o dourado, olhos castanhos quentes e uma altura de 1,84, sendo um amontoado de músculos.

Ele mordia uma maçã com um sorriso de canto.

E Emmy estremeceu.

O que você fez? — minha voz saiu baixa, mas firme.

Isaac riu, saboreando a fruta antes de responder com desdém.

Eu? — arqueou uma sobrancelha. — Por que acha que fiz alguma coisa?

Antes que eu pudesse responder, Emmy veio na nossa direção.

Seu corpo estava tenso. Seus passos eram rápidos, apressados, como se quisesse fugir da própria sombra.

Que a Deusa abençoe suas manhãs, senhores… — ela murmurou em uma reverência forçada, desviando o olhar, pronta para passar direto.

Mas Isaac segurou seu braço.

Volte aqui, amor… — sua voz pingava ironia. — Por que a pressa, querida?

O corpo de Emmy enrijeceu.

Ela forçou um sorriso para os aprendizes que passavam carregando pilhas de livros, tentando agir naturalmente.

Senhor… — sua voz vacilou. — Suas brincadeiras não serão toleradas pelas anciãs, então, por favor, fingirei que nada aconteceu.

Ela puxou o braço e se afastou rapidamente.

Mas Isaac não deixou passar.

Brincadeira? — ele repetiu, observando-a partir.

Meu olhar deslizou para ele novamente.

Por Malac’h, o que diabos você fez?

Isaac riu de canto, jogando o resto da maçã fora.

Entrei no sonho dela.

Meu sangue gelou.

Ele começou a andar. Seguindo Emmy.

Isaac! — chamei, mas ele não parou.

Eu o segui. Alguma coisa me dizia que isso não terminaria bem.

Alguns minutos depois, encontramos Emmy em uma horta escondida entre os corredores internos.

Ela estava ajoelhada entre as ervas, colhendo folhas e as depositando em um pequeno cesto. Seu corpo estava rígido, os ombros contraídos.

E Isaac se aproximou sem hesitar.

O que você quis dizer com “fingirei que nada aconteceu”? — sua voz era baixa, mas havia um tom perigoso ali.

Emmy não o olhou. Apenas continuou cortando ervas, como se ele não estivesse ali.

O senhor não deveria ter entrado no meu quarto.

Isaac inclinou a cabeça.

Você se lembra de tudo?

Seus dedos deslizaram para o rosto dela, roçando a pele com gentileza, acariciando sua bochecha.

Ela engoliu em seco, fechando os olhos e então se levantou saindo do meio das ervas.

Não. — sua voz saiu baixa. — Não importa. Não foi real.

Isaac seaproximou e abaixou lentamente, encurralando-a contra a parede de pedra.

O ar entre eles mudou.

Era denso. Quente. Carregado de eletricidade bruta.

Você quer que seja real, Emmy?

A pergunta pairou no ar.

Ela tremeu.

Isso… não podemos.

Isaac rosnou.

Seu lobo emergiu, ecoando pelo elo mental entre nós.

Então ele a beijou.

Suas mãos deslizaram pela linha da mandíbula dela, subindo até os cabelos, segurando-a com posse.

Ela não resistiu.

Pelo contrário.

Emmy agarrou seus cabelos, puxando-o para mais perto.

Eles estavam perdidos um no outro.

Alec surgiu ao meu lado, cruzando os braços.

Ele… a reivindicou? — sua voz era um sussurro carregado de interesse.

Meus olhos se estreitaram, observando a cena.

Sim.

Tem mais alguém assistindo.

Segui seu olhar e vi.

Um loiro alto parado na entrada secundária.

Ele estava imóvel, mas sua mandíbula travada traía sua fúria.

Aquele cara a conhecia.

Alec riu.

Isso vai dar merda.

E então, o loiro se moveu.

Ele atravessou a horta e puxou Isaac pela gola da camisa, acertando-lhe um soco direto no queixo.

Que porra você tá fazendo, Emmy?! — ele rugiu, segurando o braço dela. — Por que tá beijando esse cara?!

O nome dele escapou dos lábios de Emmy.

Devon…

Isaac se levantou, lambendo o sangue no canto da boca.

E sorriu.

Devon, né?

Ele ergueu a mão, as garras brilhando à luz do sol.

Se eu fosse você… — seu tom era gélido. Letal.Caía fora.

Mas Emmy segurou o braço dele.

Por favor, Isaac... — ela respirou fundo — Não machuca ele.

Devon cerrou os punhos.

Você tá com esse imbecil, Emmy?

Isso é da sua conta? — Isaac rosnou.

Dei um passo para interferir, mas senti a mão de Alec no meu ombro.

Não vamos tornar isso maior do que já é.

Devon soltou um riso nervoso.

É sim. — seus olhos se estreitaram. — Sou o namorado dela.

O silêncio caiu como um trovão.

Alec soltou uma gargalhada.

Mas Emmy apenas sussurrou, sem conseguir encará-lo.

— Ex, Devon.

Emmy lançou um olhar triste antes de passar entre os dois e apressar os passos. Ela praticamente nos atropelou ao passar entre mim e Alec.

Me obriguei a disfarçar, mas assistir Emmy beijando Isaac mexia comigo — com meu lobo, especificamente. E eu precisava entender isso junto aos outros.

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