Fevereiro de 1999, Donato Del Rio Moreno era líder do clã cigano Caló e a liderança da família passava de geração a geração. Era casado com Eulália que havia dado à luz a Valentina que completava três meses de vida, viviam felizes e haviam acampado a um mês na Ciudad Del México onde estabeleceram suas tendas na parte rural.Os homens partiam pela manhã para vender o artesanato e as especiarias que as mulheres faziam.Eulália havia colocado a pequena Valentina para dormir em uma rede e estava costurando peças para que o marido pudesse vender na cidade, quando é surpreendida por Kayon Coimbra um homem que a desejava para si, desde sempre.– O que faz aqui em minha tenda? Já implorei muitas vezes para não me perseguir mais, Donato não demora a voltar e se te vir aqui é capaz de matar nós dois.– Eulália você sabe que sempre te amei, quis por tantas vezes que fugisse comigo, mas sempre recusou. Se casou com esse maldito e gerou essa bastarda quando era comigo que deveria ter tido filhos!
Salazar entrou em sua tenda amaldiçoando aquele dia e sua mãe correu para entender o que se passava com ele.– Filho por que está chutando as coisas desse jeito, enlouqueceu...?– Meu futuro mamãe...acabaram de roubar!– Do que está falando...? se acalme que assim não ganha nada. – Pediu ela tocando seu ombro.– Valentina não quer se casar comigo.– Mas por que não? Estão prometidos desde que eram crianças.– Ela mesma disse, Donato ao invés de tentar voltar a filha ao juízo...acatou a decisão dela e desfez nosso compromisso!– Não fique assim meu filho, talvez seja melhor. Se ela não o ama tente olhar para as outras jovens daqui e sei...– De jeito nenhum...eu amo Valentina e minha vida será ao lado dela! – Salazar não enxergava futuro sem ela.– Mas ela não quer ficar contigo...tente entender!– Não vou desistir, encontrarei uma maneira de fazer ela ser minha. – Salazar jamais se daria por vencido....Como combinado no dia seguinte Bernardo estava na porta da faculdade esperando
Valentina entra no quarto de Carmem visivelmente abalada.– Você o expulsou daqui Valentina?– Ele é meu marido agora vó, se eu fizer isso ele pode se queixar de mim com os mais velhos. – Ela estava de mãos atadas, pois a cultura cigana sempre privilegiava aos homens.– Deus...havia me esquecido desse detalhe. O que você vai fazer agora?– Tentar sobreviver a isso, ignorar o fato de ter que ver a cara dele e da família que destruiu minha vida! – A jovem trocava de roupa enquanto conversava com Carmem.– Destruíram minha vida também Valentina. Minha filha, teve a vida ceifada diante de meus olhos e agora o filho dele está dormindo sob meu teto!– Me perdoe, eu me sinto tão culpada e envergonhada por tudo isso!– Você também é uma vítima, não se sinta assim. – Diz Carmem tocando o rosto da neta tentando lhe passar algum conforto.– E se formos embora agora mesmo daqui?ValentinaTalvez indo embora daqui as dores pudessem ficar para trás também, mas eu sei que a sombra de todas as cu
BenícioEu tremi de vergonha e ódio das palavras de Valentina, mas a puxei para junto de mim. Ela suspirava de raiva, eu pude sentir toda a energia que emanava do seu corpo para o meu. Ainda assim vale a pena tocá-la ainda que seja despertando o seu ódio, nos separamos de corpo e ela limpava a boca enquanto as lágrimas rolavam de seu olhar, tão lindo e penetrante.– Minha esposa está certa. Seja por uma mentira ou por justiça, estamos casados!Salazar quis dar uma lição nele, mas Carmem o impediu antes que uma briga terrível pudesse começar entre eles. Valentina corre para casa seguida por Carmem.Adriana e a família de Benício logo o puxam para casa antes que aquela noite terminasse em mais confusão.– O que pensa que está fazendo Benício? Prometeu essa vingança ao seu pai e conseguiu o que queria, mas fazia parte do seu plano se envolver com essa maldita, para isso me trouxe para cá? – Grita Adriana cheia de ciúmes.– Essa vingança é minha, não tem o direito de cobrar eu sempre dis
Benício estava preso a imagem de Valentina naquela dança, seu corpo e o tudo o que ele despertava em seus instintos.Tinha acabado de transar com Adriana pensando nela, jamais havia feito isso e temia estar entrando em um redemoinho de sentimentos. Passou a noite pensando em sua, agora esposa.Amanhece, Valentina estava pronta para ir até a cidade pois precisava fazer umas compras. Pediu ao seu Genésio que a levasse em seu velho carro para ajudar a trazer as coisas.BenícioEla vai até a cidade, talvez seja melhor sair um pouco desse lugar onde todos me olham como se eu fosse uma fera.Saiu bem cedo com sua caminhonete para também ir até a cidade, estava trabalhando como armador em uma construção por lá. Assim que estacionou viu Valentina sair daquele carro com aquele senhor, apesar de tudo ela mantinha aquele sorriso encantador e isso o deixava intrigado.– Se eu soubesse que queria vir até a cidade eu teria te dado uma carona. – Diz ele.– Você poderia até oferecer, mas eu jamais a
ValentinaEu sempre evitei chorar na frente dele, me mostrar fraca, pois é isso que ele espera que aconteça. Mas dessa vez eu fracassei no teatro de líder forte e inabalável.– Eu não posso Valentina!– Por que não? Já conseguiu seu propósito é só virar as costas e me deixar seguir. Entenda a minha dor, me deixa viver!– Está enganada, eu também não posso te deixar ir. Por que você entrou dentro de mim e fincou raízes no meu coração ainda que eu tenha lutado contra com toda a força que eu pude.BenícioEu não deveria ter dito o que eu disse a ela, acreditando ou não. Valentina chorava, mas me olhou secando as lágrimas...– Certo Benício, apenas me leve de volta.– Me dê ao menos um beijo, você não sabe como foi longa a noite em claro que tive pensando em você. – Ele disse ao passar o rosto delicadamente no rosto dela.– Foi a sua consciência que não te deixou dormir e não eu!Benício pega mão dela e a puxa até o carro, mas não tenta se aproximar de novo. Eles chegam juntos e muitos o
Valentina estava preocupada com a situação dela e de Carmem. O pai Donato era o principal provedor da casa delas e agora não estava mais ali para mantê-las e não queriam depender da ajuda dos outros homens e muito menos de Benício ou Salazar. Apesar de Carmem contribuir com a renda fazendo as leituras de tarô na cidade, apenas aquilo não seria capaz de suprir as suas necessidades integralmente.– Vó eu pensei e irei procurar um trabalho na cidade. Apesar de ser mais difícil encontrar um emprego de meio período, por causa da faculdade...– Nem pense em trancar seu curso Valentina. Você lutou muito por essa bolsa de estudos e não abro mão de te ver formada. Eu posso ficar mais tempo na cidade e tentar pegar algum serviço de faxina ou costura.– De jeito nenhum, a senhora já fez demais por mim a vida inteira. Chegou minha vez de retribuir. Eu vou conversar com Sofia ela conhece muita gente e talvez possa me ajudar a conseguir algo.Naquela semana Valentina se dedicou a tentar encontrar a
KarenO que ela tem de especial? Por que todos querem protegê-la e amar? Meu pai devia ter matado Eulália enquanto estava grávida dela! Valentina não devia existir, antes que eu saísse da frente de Salazar ele segurou meu punho e olhei para trás.– Vou até o centro e às 17:00 passo aqui de volta para te buscar. – Ele diz soltando-a e saindo em seguida.– Obrigada.Karen não tinha muito o que fazer na cidade, aquilo era apenas uma desculpa ficar a sós com ele e todos os seus planos fracassaram ao ouvir o quanto ele se importa com Valentina e que está disposto a tudo por ela. Ficou dando voltas pela feira até que o tempo passou, eram 17:00 e Valentina saia da faculdade e ia até o ponto de ônibus. Salazar e Karen já estavam na caminhonete e ele resolve dar uma carona.– Valentina vamos? – Ele diz sorrindo para ela.Valentina retribui o sorriso dele, Karen queria sumir daquele lugar e daquela situação constrangedora de estar no mesmo carro que a rival. Eles vão no mais profundo silêncio