Dois dias depois, Adriana estava internada em uma clínica para tratar sua depressão e mais problemas psicológicos e ainda não se conformava com aquilo pois para ela haviam roubado seu filho no hospital. Benício não aguentava mais esperar, os dias passavam e ele sentia muito a falta de Valentina.– Papai eu já não posso mais esperar. Não temos plano algum para trazê-la de volta daquele lugar. Eu a quero!– Eu sei Benício, mas temos que agir com inteligência ou colocaremos tudo a perder.– Não, estive pensando. Não somos irmãos, então isso não anulou nosso casamento e ela ainda é minha pelas leis ciganas. Tudo o que tenho que fazer é toma-la de volta de Salazar!– Sim filho isso é verdade, mas acha que ele vai te entrega-la assim? Ele é capaz de matar Valentina só para que não seja sua!– E por isso mesmo irei armado.– Filho, não faça uma loucura!– Ela está sofrendo e eu posso sentir, como pode dormir em paz, sabendo que sua filha está infeliz?Kayon sentiu doer as palavras do filho,
A algumas portas dali, Valentina lutava pela vida, ela despertou naquela cama de hospital levantou-se e estava sozinha. Seu ventre estava vazio e ela foi até a porta e a abriu, fechou parcialmente os olhos por causa da forte luz estava descalça e sentiu grama embaixo de seus pés, ela estava em um lindo lugar cheio de flores de todas as cores e sentia uma imensa paz.– Filha?Ela ouviu uma voz doce chamar por ela e ao virar-se, era sua mãe que por tantas vezes só havia visto em fotos. Ela chorou e as duas se abraçaram e ela podia sentir o que sempre tinha sonhado...o aconchego de sua mãe.– Eu preciso te mostrar muitas coisas filha!– Minha vó tem tentado falar com a senhora, mas não consegue.– Eu não tive forças o suficiente para entrar nos sonhos dela, mas agora que está aqui quero que saiba de tudo! – Eulália diz pegando as duas mãos de Valentina levando-a até mais de vinte anos atrás, onde ela observava tudo o que aconteceu.– Mãe a senhora sabe que eu amo Donato, mas ele insiste
Fevereiro de 1999, Donato Del Rio Moreno era líder do clã cigano Caló e a liderança da família passava de geração a geração. Era casado com Eulália que havia dado à luz a Valentina que completava três meses de vida, viviam felizes e haviam acampado a um mês na Ciudad Del México onde estabeleceram suas tendas na parte rural.Os homens partiam pela manhã para vender o artesanato e as especiarias que as mulheres faziam.Eulália havia colocado a pequena Valentina para dormir em uma rede e estava costurando peças para que o marido pudesse vender na cidade, quando é surpreendida por Kayon Coimbra um homem que a desejava para si, desde sempre.– O que faz aqui em minha tenda? Já implorei muitas vezes para não me perseguir mais, Donato não demora a voltar e se te vir aqui é capaz de matar nós dois.– Eulália você sabe que sempre te amei, quis por tantas vezes que fugisse comigo, mas sempre recusou. Se casou com esse maldito e gerou essa bastarda quando era comigo que deveria ter tido filhos!
Salazar entrou em sua tenda amaldiçoando aquele dia e sua mãe correu para entender o que se passava com ele.– Filho por que está chutando as coisas desse jeito, enlouqueceu...?– Meu futuro mamãe...acabaram de roubar!– Do que está falando...? se acalme que assim não ganha nada. – Pediu ela tocando seu ombro.– Valentina não quer se casar comigo.– Mas por que não? Estão prometidos desde que eram crianças.– Ela mesma disse, Donato ao invés de tentar voltar a filha ao juízo...acatou a decisão dela e desfez nosso compromisso!– Não fique assim meu filho, talvez seja melhor. Se ela não o ama tente olhar para as outras jovens daqui e sei...– De jeito nenhum...eu amo Valentina e minha vida será ao lado dela! – Salazar não enxergava futuro sem ela.– Mas ela não quer ficar contigo...tente entender!– Não vou desistir, encontrarei uma maneira de fazer ela ser minha. – Salazar jamais se daria por vencido....Como combinado no dia seguinte Bernardo estava na porta da faculdade esperando
Valentina entra no quarto de Carmem visivelmente abalada.– Você o expulsou daqui Valentina?– Ele é meu marido agora vó, se eu fizer isso ele pode se queixar de mim com os mais velhos. – Ela estava de mãos atadas, pois a cultura cigana sempre privilegiava aos homens.– Deus...havia me esquecido desse detalhe. O que você vai fazer agora?– Tentar sobreviver a isso, ignorar o fato de ter que ver a cara dele e da família que destruiu minha vida! – A jovem trocava de roupa enquanto conversava com Carmem.– Destruíram minha vida também Valentina. Minha filha, teve a vida ceifada diante de meus olhos e agora o filho dele está dormindo sob meu teto!– Me perdoe, eu me sinto tão culpada e envergonhada por tudo isso!– Você também é uma vítima, não se sinta assim. – Diz Carmem tocando o rosto da neta tentando lhe passar algum conforto.– E se formos embora agora mesmo daqui?ValentinaTalvez indo embora daqui as dores pudessem ficar para trás também, mas eu sei que a sombra de todas as cu
BenícioEu tremi de vergonha e ódio das palavras de Valentina, mas a puxei para junto de mim. Ela suspirava de raiva, eu pude sentir toda a energia que emanava do seu corpo para o meu. Ainda assim vale a pena tocá-la ainda que seja despertando o seu ódio, nos separamos de corpo e ela limpava a boca enquanto as lágrimas rolavam de seu olhar, tão lindo e penetrante.– Minha esposa está certa. Seja por uma mentira ou por justiça, estamos casados!Salazar quis dar uma lição nele, mas Carmem o impediu antes que uma briga terrível pudesse começar entre eles. Valentina corre para casa seguida por Carmem.Adriana e a família de Benício logo o puxam para casa antes que aquela noite terminasse em mais confusão.– O que pensa que está fazendo Benício? Prometeu essa vingança ao seu pai e conseguiu o que queria, mas fazia parte do seu plano se envolver com essa maldita, para isso me trouxe para cá? – Grita Adriana cheia de ciúmes.– Essa vingança é minha, não tem o direito de cobrar eu sempre dis
Benício estava preso a imagem de Valentina naquela dança, seu corpo e o tudo o que ele despertava em seus instintos.Tinha acabado de transar com Adriana pensando nela, jamais havia feito isso e temia estar entrando em um redemoinho de sentimentos. Passou a noite pensando em sua, agora esposa.Amanhece, Valentina estava pronta para ir até a cidade pois precisava fazer umas compras. Pediu ao seu Genésio que a levasse em seu velho carro para ajudar a trazer as coisas.BenícioEla vai até a cidade, talvez seja melhor sair um pouco desse lugar onde todos me olham como se eu fosse uma fera.Saiu bem cedo com sua caminhonete para também ir até a cidade, estava trabalhando como armador em uma construção por lá. Assim que estacionou viu Valentina sair daquele carro com aquele senhor, apesar de tudo ela mantinha aquele sorriso encantador e isso o deixava intrigado.– Se eu soubesse que queria vir até a cidade eu teria te dado uma carona. – Diz ele.– Você poderia até oferecer, mas eu jamais a
ValentinaEu sempre evitei chorar na frente dele, me mostrar fraca, pois é isso que ele espera que aconteça. Mas dessa vez eu fracassei no teatro de líder forte e inabalável.– Eu não posso Valentina!– Por que não? Já conseguiu seu propósito é só virar as costas e me deixar seguir. Entenda a minha dor, me deixa viver!– Está enganada, eu também não posso te deixar ir. Por que você entrou dentro de mim e fincou raízes no meu coração ainda que eu tenha lutado contra com toda a força que eu pude.BenícioEu não deveria ter dito o que eu disse a ela, acreditando ou não. Valentina chorava, mas me olhou secando as lágrimas...– Certo Benício, apenas me leve de volta.– Me dê ao menos um beijo, você não sabe como foi longa a noite em claro que tive pensando em você. – Ele disse ao passar o rosto delicadamente no rosto dela.– Foi a sua consciência que não te deixou dormir e não eu!Benício pega mão dela e a puxa até o carro, mas não tenta se aproximar de novo. Eles chegam juntos e muitos o