Era um domingo e Valentina brincava com algumas crianças, parecia uma menina no meio delas. Kayon a observava de longe...era tão linda quanto Eulália, tinha uma luz naqueles olhos verdes que ele só havia visto igual em sua mãe. Uma luz que ele havia apagado para sempre com suas próprias mãos.Valentina viu que ele as observava, mas continuou correndo com eles. De repente, sentiu tudo escurecer e apagou...– Valentina, está me ouvindo filha? – Ela acordou nos braços de Kayon.– Eu senti tudo escurecer tão de repente!Kayon a levou até em casa e Késia ficou preocupada.– O que houve com ela?– Desmaiou brincando as crianças. – Kayon respondeu colocando-a na cama.Késia foi até a cozinha pegar um copo com água para a moça.– Tem se alimentado direito Valentina?– Sim, muito obrigada por se preocupar comigo Kayon.– Como não me preocuparia se você é sangue do meu sangue?– Por favor, não vamos falar disso agora.– Você sabe que pode me dizer tudo, não é? – Ele podia ver no olhar dela o
ValentinaKayon os levou para longe, graças a Deus...agora preciso dar um jeito de fugir com minha vó. Deixar esse clã e fugir feito covarde nunca foi uma opção para mim, mas não posso condenar o filho que carrego a levar uma vida miserável como a que eu estou tendo.Salazar soube da ida deles, ficou feliz e ao mesmo tempo mais receoso.– Mãe a partir de agora quero que fique na cola de Valentina, deixarei e buscarei ela todos os dias na faculdade.– Por que isso agora, filho?– Sabe que Kayon levou a família daqui.– É acha que ela pode ir atrás deles?– Talvez mãe, ela não sai mais dessa casa sozinha e muito menos com Carmem.– Impossível, se ela realmente quiser fugir não poderemos evitar.– Não só posso, como vou. – Salazar respondeu.Kayon e a família estavam bem longe, em uma cidade a mais de 500 km dali. Benício e ele logo conseguiram um trabalho e alugaram uma casa simples, porém aconchegante.Josélia a cúmplice de Domênica naquela maldição que quase levou Benício a fazer mal
Dois meses depois, Valentina já tinha uma barriguinha saliente de quatro meses, tinha tentado por tudo fugir, mas não conseguiu que Salazar saísse de sua cola e nem de Carmem. Apesar disso, ela não ia desistir de fugir de maneira alguma.Na cidade a 600 km dali, Karen ouve baterem na porta abriu e viu aquele homem todo engravatado e segurando uma pasta.– O senhor Benício Aguirre Coimbra se encontra?– Ele está no trabalho agora. – Respondeu ela.– Mas aqui é a casa dele?– Sim senhor.– Finalmente meu Deus! Eu me chamo Antenor Sales e sou advogado, Karen também está em casa?– Muito prazer senhor e eu sou Karen e entre por favor!Ele entrou e sentou-se, logo Domênica e Adriana foram para lá tentar sondar o motivo daquela procura.– Esse assunto só pode ser tratado com ele mesmo? – Domênica ela estava curiosa e demonstrava uma ansiedade crescente.– Sim senhora, esperarei o tempo que for preciso pois estou a muitos meses atrás dele e Karen.Domênica ficou branca de medo, sentia que aq
Os trâmites legais para que Benício e Karen recebessem herança foram realizados, o clima entre Domênica e a jovem não era nada amistoso, ela estava cheia de remorso pelo que a mãe havia feito com sua vida no passado ao tirá-la de sua família verdadeira.No clã, Sandra e Carmem ainda tentavam encontrar respostas para ligar aquelas pontas soltas na história, o que elas sabiam até ali, era que Kayon havia sido usado para tirar a vida de Eulália, mas o motivo e quem realmente teria encomendado aquele trabalho para Josélia, ainda era um grande mistério.Carmem estava deitada de barriga para cima, tudo estava claro e ouviu alguém a chamar bem suavemente como se fosse um sussurro ao pé do ouvido.– Mamãe venha comigo...Era sua filha Eulália, usava um vestido longo branco e parecia estar em paz. Ela a seguiu e foram até o rio onde a filha de Carmem apontou o dedo para que ela olhasse naquela direção...Carmem viu a silhueta de uma outra mulher, morena como Eulália, porém mais alta. Ela chorav
Chegando lá, Carmem e Sandra tratam de fazer parecer real a motivação de irem lá. Késia ficou na sala e elas foram para outro cômodo, onde puderam falar mais tranquilas.– Vó preciso que saiba, Kayon me escreveu e deixou um recado que só eu pude ler. Ele disse que Benício e eu não somos irmãos e que eles compraram a fazenda aqui ao lado!– É sério filha? no fundo do meu coração eu senti, Eulália nunca iria te induzir a cometer um pecado assim, minha filha sempre nos disse a verdade!Sandra observava as duas se abraçarem.– E tem mais, sonhei com ela ontem à noite.– Com minha mãe?– Sim, e com Sara também! – Respondeu Carmem e ela teria que dizer a neta enfim tudo o que haviam descoberto com aquele colar e a consulta que tiveram tempos atrás.– Chegou a hora Carmem, diga tudo a Valentina. – Sandra pediu.– Como assim? Tem me escondido alguma coisa?– Sim. Quando Benício estava possuído, ele me revelou que havia um colar dentro de um tronco e lá estava ele, trouxe para Sandra e tentam
Dois dias depois, Adriana estava internada em uma clínica para tratar sua depressão e mais problemas psicológicos e ainda não se conformava com aquilo pois para ela haviam roubado seu filho no hospital. Benício não aguentava mais esperar, os dias passavam e ele sentia muito a falta de Valentina.– Papai eu já não posso mais esperar. Não temos plano algum para trazê-la de volta daquele lugar. Eu a quero!– Eu sei Benício, mas temos que agir com inteligência ou colocaremos tudo a perder.– Não, estive pensando. Não somos irmãos, então isso não anulou nosso casamento e ela ainda é minha pelas leis ciganas. Tudo o que tenho que fazer é toma-la de volta de Salazar!– Sim filho isso é verdade, mas acha que ele vai te entrega-la assim? Ele é capaz de matar Valentina só para que não seja sua!– E por isso mesmo irei armado.– Filho, não faça uma loucura!– Ela está sofrendo e eu posso sentir, como pode dormir em paz, sabendo que sua filha está infeliz?Kayon sentiu doer as palavras do filho,
A algumas portas dali, Valentina lutava pela vida, ela despertou naquela cama de hospital levantou-se e estava sozinha. Seu ventre estava vazio e ela foi até a porta e a abriu, fechou parcialmente os olhos por causa da forte luz estava descalça e sentiu grama embaixo de seus pés, ela estava em um lindo lugar cheio de flores de todas as cores e sentia uma imensa paz.– Filha?Ela ouviu uma voz doce chamar por ela e ao virar-se, era sua mãe que por tantas vezes só havia visto em fotos. Ela chorou e as duas se abraçaram e ela podia sentir o que sempre tinha sonhado...o aconchego de sua mãe.– Eu preciso te mostrar muitas coisas filha!– Minha vó tem tentado falar com a senhora, mas não consegue.– Eu não tive forças o suficiente para entrar nos sonhos dela, mas agora que está aqui quero que saiba de tudo! – Eulália diz pegando as duas mãos de Valentina levando-a até mais de vinte anos atrás, onde ela observava tudo o que aconteceu.– Mãe a senhora sabe que eu amo Donato, mas ele insiste
Fevereiro de 1999, Donato Del Rio Moreno era líder do clã cigano Caló e a liderança da família passava de geração a geração. Era casado com Eulália que havia dado à luz a Valentina que completava três meses de vida, viviam felizes e haviam acampado a um mês na Ciudad Del México onde estabeleceram suas tendas na parte rural.Os homens partiam pela manhã para vender o artesanato e as especiarias que as mulheres faziam.Eulália havia colocado a pequena Valentina para dormir em uma rede e estava costurando peças para que o marido pudesse vender na cidade, quando é surpreendida por Kayon Coimbra um homem que a desejava para si, desde sempre.– O que faz aqui em minha tenda? Já implorei muitas vezes para não me perseguir mais, Donato não demora a voltar e se te vir aqui é capaz de matar nós dois.– Eulália você sabe que sempre te amei, quis por tantas vezes que fugisse comigo, mas sempre recusou. Se casou com esse maldito e gerou essa bastarda quando era comigo que deveria ter tido filhos!