Fevereiro de 1999, Donato Del Rio Moreno era líder do clã cigano Caló e a liderança da família passava de geração a geração. Era casado com Eulália que havia dado à luz a Valentina que completava três meses de vida, viviam felizes e haviam acampado a um mês na Ciudad Del México onde estabeleceram suas tendas na parte rural.
Os homens partiam pela manhã para vender o artesanato e as especiarias que as mulheres faziam.
Eulália havia colocado a pequena Valentina para dormir em uma rede e estava costurando peças para que o marido pudesse vender na cidade, quando é surpreendida por Kayon Coimbra um homem que a desejava para si, desde sempre.
– O que faz aqui em minha tenda? Já implorei muitas vezes para não me perseguir mais, Donato não demora a voltar e se te vir aqui é capaz de matar nós dois.
– Eulália você sabe que sempre te amei, quis por tantas vezes que fugisse comigo, mas sempre recusou. Se casou com esse maldito e gerou essa bastarda quando era comigo que deveria ter tido filhos!
– Não fale assim da minha filha, estou feliz com meu marido e com a vida que levo. Ame sua esposa e seus filhos e me esqueça de uma vez por todas!
– De jeito nenhum...venha comigo agora mesmo. – Kayon tentou puxá-la, mas ela se esquivou dele que tirou um canivete. Eulália gritou e sua mãe Carmem correu para lá, quando chegou viu aquele homem agarrá-la forte por trás travando seus braços e o olhar triste de sua filha antes que ele dissesse...
– Prefiro te ver morta do que te ver ser feliz com outro! – Ele já havia esperado demais pelo amor dela, sabia que não iria conseguir e preferiu então que ela deixasse de existir.
Eulália fechou os olhos, ela sabia que era seu fim...Kayon a assassina cruelmente na frente de sua mãe que grita apavorada.
Ele corre para fugir, mas os outros ciganos conseguem o deter antes que conseguisse sumir de vez.
Donato é comunicado sobre o que havia acontecido e volta desesperado para o acampamento, encontra sua sogra Carmem aos prantos com a pequena nos braços e o corpo de sua esposa coberto com um lençol ensanguentado.
O agora assassino Kayon, estava amarrado no tronco pelos braços aguardando o julgamento dos mais velhos. Havia levado uma surra e sangrava muito, seu filho Benício via aquela cena e chorava desesperado querendo salvar o pai daquela punição.
– A morte é ainda é pouco para o que merece maldito! – Donato dizia enquanto desferia mais socos nele.
A esposa e os dois filhos de Kayon também foram submetidos ao julgamento. Os mais velhos decidiram o que fazer diante daquele crime bárbaro.
– Decidimos que Kayon e toda a sua descendência devem ser banidos do nosso clã agora mesmo. E ele será entregue a justiça para ser julgado nos rigores da lei desse estado em que o crime aconteceu.
– Não...eu não aceito! Isso é pouco, pouco!!!! Quero que ele seja executado, quero eu mesmo dar fim a ele. – Gritou Donato.
– Você sabe, meu líder. Que mesmo tendo o comando, jamais poderá ir contra a decisão dos anciões. – Diz um deles.
Donato amaldiçoou aquele julgamento, mas teve que cumprir sua decisão. Antes de ser entregue a polícia Kayon pode falar alguns segundos com seu filho antes deles também serem mandados para longe de lá.
– Meu filho...quero que jure ao seu pai! Jure que um dia se tornará líder deste clã e nossa família retornará e irá se vingar diante de todos que hoje nos humilharam...jure Benício!
– Eu juro pai...eu juro! – Era uma promessa muito forte e intensa para uma criança de apenas oito anos, mas era seu pai quem pedia em meio a dor e sangue. Aquele menino jamais se esqueceria deste dia e de tudo que o fez sentir.
Salazar era da mesma idade que Benício e eles eram grandes amigos, ele observava toda aquela situação e sentia muita pena daquele que era quase um irmão e agora seria mandado para longe.
Levaram Kayon até a cidade onde foi entregue a polícia, Benício, sua mãe e sua irmã foram mandados para longe e de onde jamais poderiam voltar para o clã.
Daquele dia em diante aquele grupo de pessoas deixou de ser nômade e estabeleceram morada fixa lá, assim Donato podia assegurar-se da prisão de Kayon e que ele pagaria por tudo o que fez a sua família.
Valentina crescia cada vez mais linda e bondosa, era criada por sua avó Carmem e seu pai que a cercavam de amor e cuidados...sentia muita falta da mãe em sua vida.
Principalmente ao se tornar mocinha e nos momentos mais importantes de sua transição para a vida adulta, aquele carinho materno e a vontade de dividir com a mulher que lhe deu a vida sempre formaram um grande vazio em sua vida.
Dias atuais...
Valentina estava com 20 anos e estudava pedagogia na cidade para dar aulas aos pequenos do assentamento. Desde criança Donato havia prometido sua mão a Salazar filho de um de seus grandes amigos do clã, ele agora era um homem feito e sempre foi louco pela moça que a cada dia o deixava mais encantado.
– Valentina já está indo para a cidade? – Perguntou Salazar observando em êxtase os encantos da jovem.
– Sim eu tenho aula daqui a pouco.
– Estou indo para lá. Tenho que buscar umas encomendas para minha mãe...quer ir comigo?
– Claro...vamos! – Ela entra na caminhonete e eles seguem para a cidade, que não ficava tão longe do acampamento. Eles se despedem e Salazar a cada dia se convencia mais de que seriam muito felizes juntos.
Salazar
A beleza de Eugênia é algo que não consigo descrever, preciso acelerar esse pedido de casamento ou algum outro pode chegar e eu perderei minha chance. Eu morreria se não a tivesse em meus braços, toda a minha vida tenho dedicado a me tornar um cigano digno dela.
...
Na noite daquele dia ele foi conversar com Donato e Carmem sobre o casamento dos dois e apressar aquele compromisso.
– Donato eu nem sei como iniciar tal assunto, mas Valentina me foi prometida em matrimônio e ela já é uma mulher feita e tão bela...
– Quer marcar a data do casamento, é isso? – Donato pergunta sorrindo.
– Exatamente...eu mal posso esperar para construir uma família com ela. O senhor me entende, já foi um jovem como eu.
– Mas ela deve ser comunicada e juntos devem marcar a data. – Carmem disse isso, pois sempre achou aquele casamento entre eles de certa forma inapropriado. Ela sentia que aquele não era o homem certo para Valentina apesar de não saber explicar o porquê.
– Valentina é minha filha e deve me obedecer, marcaremos para daqui a um mês. Tudo bem para você Salazar? – Donato queria assegurar um bom futuro para a filha única, mesmo tomando aquela decisão sem consultar o desejo da filha.
– Tudo bem...é claro. Conversarei com ela sobre os detalhes.
Salazar sai feliz depois daquela conversa, em um mês teria a mulher que ama em seus braços. Carmem corre até a neta para contar sobre a decisão de seu pai.
– Valentina minha boneca é preciso que saiba de uma coisa...– Diz ela vendo a moça deitada com um livro em suas mãos.
– Pode dizer vó.
– Seu pai e Salazar marcaram a data de seu casamento.
– Casamento?
– Sim filha, sabe que desde pequena seu destino é dele. Irão se casar em um mês.
Valentina fica pensativa, gostava de Salazar, mas não o amava e muito menos para unir sua vida a dele.
Valentina
Salazar sempre foi um bom amigo, companheiro e preocupado o tempo todo em estar próximo a mim, mas não sinto amor por ele...da forma como ele gostaria.
– Parece que ficou triste com a notícia? – Diz Carmem tocando o queixo da moça e levantando seu olhar.
– Eu não sei, sinto que não pertenço a ele.
– Mas isso é normal. Com o tempo irão aprendendo a se amar ainda são muito jovens.
– Não vovó, fomos criados juntos e tão próximos. Se meu coração pudesse amar este homem ele já teria o escolhido a muito tempo!
Carmem ficou em silêncio depois daquelas palavras de sua neta. Não havia o que dizer, ela foi até uma cômoda e pegou seu baralho cigano.
– Valentina venha até a mesa vou ler o tarô para você. – Ela se sentou em uma cadeira rente à mesa e sua avó em sua frente.
Carmem embaralhou as cartas e as espalhou.
– Veremos o que a sorte nos dirá sobre seu casamento. Escolha uma carta Valentina. – Diz Carmem.
Ela escolheu uma carta e Carmem a revelou em seguida.
– Nuvens, esta carta simboliza sensação de perigo, pressentindo tempestades que irão se formar em sua vida...
Valentina ficou tensa, mas queria saber mais. Escolheu outra carta logo em seguida.
– O caixão, morte de algo ou alguém muito importante para você...
– Já chega vó, tantas coisas ruins....eu renego esse destino! – Diz ela nervosa.
– Não faça isso...bem ou mal. Precisa saber de tudo, as cartas são um oráculo e precisa confiar nelas.
Valentina tentou se acalmar para terminar a leitura mesmo depois de ouvir tantas coisas ruins se aproximarem de sua vida. Ela escolheu sua última carta.
– O cigano, isso significa que um homem chegará em sua vida Valentina.
– Certamente Salazar! – Diz ela.
– Não...Salazar já está nela. A carta se refere a alguém que vem de fora! – Carmem e Valentina ficam intrigadas.
A jovem ficou pensando em tudo aquilo que as cartas previram de se futuro. Mas o casamento com Salazar estava mais forte em sua mente, não queria se unir a ele não sentia amor ou vontade de se tornar dele para sempre.
Amanhece e Valentina resolve então conversar com o pai.
– Papai.
– Diga princesa!
– Preciso lhe falar seriamente sobre Salazar.
– Sim temos mesmo que acertar o casamento de vocês e todos os detalhes da festa. – Responde ele, bem convicto do que fazia.
– É justamente sobre isso...papai, sabe que jamais te desobedeci em toda minha vida.
– Sim...sempre foi meu maior orgulho. A filha que qualquer pai gostaria de ter.
– Obrigada por sempre me amar tanto...minha mãe sempre fez tanta falta a nós dois. Mas o senhor nunca deixou que me faltasse carinho e amor e eu vou ser sempre grata por tudo o que fez e faz por mim!
– Filha não tem que me agradecer...você é minha vida!
– Eu preciso dizer pai...Salazar é um bom homem, mas não quero me unir a ele.
– Desde criança prometi a família dele que você seria sua esposa eu dei minha palavra filha.
– Me perdoe por isso, mas não nos condene a sermos infelizes. – Ela sabia que nunca poderiam ser de verdade um do outro.
– E como sabe que ele não pode te fazer feliz? – Donato levanta a voz.
– Eu sei...por que não o amo.
– Mas pode vir a amar um dia!
– Se fizer isso papai...se me forçar a casar com ele eu vou morrer de tristeza! – Ela diz enquanto as lágrimas lavam seu olhar.
– Por Deus Valentina, não me deixe nessa situação constrangedora com ele e sua família. – Donato limpa a lágrima no rosto de sua filha.
– Eu falo com ele pai, vou explicar tudo e ele vai entender.
– Está bem...fale com ele. Irá partir o coração desse rapaz que te ama tanto filha!
– Me dói fazer isso, mas é melhor para nós dois e muito obrigada papai por ser tão bondoso! Onde estiver sei que minha mãe se orgulha de você.
– Ela se orgulha de você também princesa. – Os dois se abraçam.
Valentina
Talvez Salazar me odeie no momento em que eu desfizer nosso compromisso, mas um dia ele vai entender que o que estou fazendo é para o nosso bem. Que tipo de vida eu poderia dar a ele, sem amor e vontade de estar em seus braços?
...
Valentina foi até a cidade para suas aulas, saiu mais cedo naquele dia. Sofia era uma colega de curso e naquela noite elas iriam dar uma volta em um parque havia chegado na cidade...ela se arrumou bem linda e as duas foram de carro com o irmão da amiga.
Valentina se divertia feito criança, passearam em todos os brinquedos. Comia um algodão doce enquanto Sofia paquerava um rapaz.
– Oi moça está sozinha?
Valentina se vira para descobrir de quem era aquela voz máscula e sexy, era um jovem muito bonito de olhos verdes.
Valentina
Os olhos daquele homem percorreram dos meus pés até a cabeça, me senti constrangida. Nunca tinha visto um rapaz assim tão bonito e certamente deve ser de fora da cidade, pois eu certamente me lembraria se já o tivesse visto alguma vez em minha vida.
– Boa noite, estou...quer dizer estava com uma amiga.
– Me chamo Bernardo e você? – Ele estica a mão gentilmente para cumprimentar a moça.
– Me chamo Valentina.
– Valentina, que nome lindo. Tão lindo quanto a dona dele!
Aquele jovem é tão galanteador que eu fiquei encantada com o sorriso dele...com cada detalhe e a sua forma de me olhar como se não houvessem mais pessoas ao nosso redor.
– Posso te acompanhar enquanto sua amiga não volta, Valentina?
– Pode sim.
Começamos a caminhar juntos e curtir aquele passeio olhando crianças correrem ao nosso redor.
– Você usa roupas diferentes e coloridas. – Ele disse me olhando novamente, corei e fiquei com medo de dizer a verdade. Algumas pessoas não gostam do nosso povo e nos julgam como criminosos e até pessoas ruins.
– Eu me visto assim, por que sou cigana. Vou entender se não quiser mais caminhar comigo!
– Quem disse isso a você Valentina? É uma honra estar junto de você, veja como todos os homens olham para cá...certamente sentindo inveja por que eu estou ao seu lado.
Sorri timidamente.
– E você e daqui Bernardo?
– Sou de Hidalgo, mas estou tentando me estabelecer aqui, para isso, preciso conhecer melhor as pessoas e fazer amigos.
O irmão de Sofia chama as duas para irem embora pois já era tarde.
– Eu posso te ver em frente a faculdade amanhã Valentina?
– Pode sim! – Bernardo dá um selinho na moça antes de ir.
Valentina chega no acampamento e parecia estar nas nuvens ainda com aquele rapaz. Tirou as sandálias e se sentou pensando nele.
Valentina
Ele é tão bonito e culto, diferente de todos os rapazes que eu já conheci. Ele colocou os lábios nos meus de repente, fecho os meus olhos e ainda posso sentir o calor da pele dele rente a minha...de repente Salazar me removeu daquele sonho desperto e perguntou.
– Onde estava Valentina?
– Salazar, o que faz aqui tão tarde? – Perguntei ainda assustada.
– Eu que te fiz uma pergunta.
– Eu fui ao parque com Sofia, minha amiga da faculdade!
– É minha noiva e não quero que fique passeando pela cidade e muito menos a noite. Você nunca foi de sair assim, o que mudou agora para sentir que tem esse tipo de liberdade?
– Não sou sua noiva...e justamente sobre isso que eu queria falar com você mais cedo. – Eu tinha que acabar de uma vez com as esperanças dele, cortar esse ciúme que tanto mal fazia a ele e a mim.
– O que tem a dizer...seu pai e eu já marcamos a data. Em um mês nos casamos!
– Não Salazar, não irei me casar contigo!
– Como não? me foi prometida desde que éramos crianças. – Ele forçou a voz.
– Mas conversei com meu pai e ele está de acordo com minha vontade. – Isso não seria o bastante para fazer com que ele entendesse.
– E sua vontade é desfazer nosso compromisso? – Salazar mal podia acreditar no que estava me ouvindo dizer.
– Infelizmente sim, não te amo. Só te vejo como um irmão...tenho carinho por ti, mas...
– Mas nada! Eu não aceito...não aceito desfazer nosso noivado. Desde sempre eu sonhei com o dia em que seria minha e você vai ser.
– Por favor, entenda Salazar.
– De jeito nenhum...nos casamos em um mês. – Ele gritou novamente e por pouco achei que iria me agredir, felizmente meu pai puxou a cortina e entrou.
– Não Salazar! – Salazar se virou surpreso ao ouvir meu pai Donato dizer isso.
– Então está de acordo com o devaneio de sua filha? Vai descumprir sua palavra de me entregar ela?
– Te amo como um filho Salazar, mas Valentina e a felicidade dela vem primeiro. Ela não quer o casamento e eu irei acatar sua decisão.
...
Salazar respira fundo, estava cego de raiva e dor. Saiu daquela tenda com tudo, Valentina e Donato se abraçam...não queriam fazer o rapaz sofrer, mas era necessário para evitar uma dor ainda maior no futuro.
Valentina
Se eu pudesse evitar causar essa dor a ele, eu faria isso, mas não posso. Ainda mais depois de ter conhecido Bernardo, ele entrou aqui no meu coração e mesmo que só tenhamos nos visto uma vez, sinto que nos veremos e quem sabe ele possa vir conhecer minha avó e meu pai.
– Estou sonhando alto demais, ele nunca se envolveria com uma cigana. Pode ter gostado de mim e até se interessado de verdade, mas não seria capaz de suportar viver ao meu lado e teria vergonha de mim.
Salazar entrou em sua tenda amaldiçoando aquele dia e sua mãe correu para entender o que se passava com ele.– Filho por que está chutando as coisas desse jeito, enlouqueceu...?– Meu futuro mamãe...acabaram de roubar!– Do que está falando...? se acalme que assim não ganha nada. – Pediu ela tocando seu ombro.– Valentina não quer se casar comigo.– Mas por que não? Estão prometidos desde que eram crianças.– Ela mesma disse, Donato ao invés de tentar voltar a filha ao juízo...acatou a decisão dela e desfez nosso compromisso!– Não fique assim meu filho, talvez seja melhor. Se ela não o ama tente olhar para as outras jovens daqui e sei...– De jeito nenhum...eu amo Valentina e minha vida será ao lado dela! – Salazar não enxergava futuro sem ela.– Mas ela não quer ficar contigo...tente entender!– Não vou desistir, encontrarei uma maneira de fazer ela ser minha. – Salazar jamais se daria por vencido....Como combinado no dia seguinte Bernardo estava na porta da faculdade esperando
Valentina entra no quarto de Carmem visivelmente abalada.– Você o expulsou daqui Valentina?– Ele é meu marido agora vó, se eu fizer isso ele pode se queixar de mim com os mais velhos. – Ela estava de mãos atadas, pois a cultura cigana sempre privilegiava aos homens.– Deus...havia me esquecido desse detalhe. O que você vai fazer agora?– Tentar sobreviver a isso, ignorar o fato de ter que ver a cara dele e da família que destruiu minha vida! – A jovem trocava de roupa enquanto conversava com Carmem.– Destruíram minha vida também Valentina. Minha filha, teve a vida ceifada diante de meus olhos e agora o filho dele está dormindo sob meu teto!– Me perdoe, eu me sinto tão culpada e envergonhada por tudo isso!– Você também é uma vítima, não se sinta assim. – Diz Carmem tocando o rosto da neta tentando lhe passar algum conforto.– E se formos embora agora mesmo daqui?ValentinaTalvez indo embora daqui as dores pudessem ficar para trás também, mas eu sei que a sombra de todas as cu
BenícioEu tremi de vergonha e ódio das palavras de Valentina, mas a puxei para junto de mim. Ela suspirava de raiva, eu pude sentir toda a energia que emanava do seu corpo para o meu. Ainda assim vale a pena tocá-la ainda que seja despertando o seu ódio, nos separamos de corpo e ela limpava a boca enquanto as lágrimas rolavam de seu olhar, tão lindo e penetrante.– Minha esposa está certa. Seja por uma mentira ou por justiça, estamos casados!Salazar quis dar uma lição nele, mas Carmem o impediu antes que uma briga terrível pudesse começar entre eles. Valentina corre para casa seguida por Carmem.Adriana e a família de Benício logo o puxam para casa antes que aquela noite terminasse em mais confusão.– O que pensa que está fazendo Benício? Prometeu essa vingança ao seu pai e conseguiu o que queria, mas fazia parte do seu plano se envolver com essa maldita, para isso me trouxe para cá? – Grita Adriana cheia de ciúmes.– Essa vingança é minha, não tem o direito de cobrar eu sempre dis
Benício estava preso a imagem de Valentina naquela dança, seu corpo e o tudo o que ele despertava em seus instintos.Tinha acabado de transar com Adriana pensando nela, jamais havia feito isso e temia estar entrando em um redemoinho de sentimentos. Passou a noite pensando em sua, agora esposa.Amanhece, Valentina estava pronta para ir até a cidade pois precisava fazer umas compras. Pediu ao seu Genésio que a levasse em seu velho carro para ajudar a trazer as coisas.BenícioEla vai até a cidade, talvez seja melhor sair um pouco desse lugar onde todos me olham como se eu fosse uma fera.Saiu bem cedo com sua caminhonete para também ir até a cidade, estava trabalhando como armador em uma construção por lá. Assim que estacionou viu Valentina sair daquele carro com aquele senhor, apesar de tudo ela mantinha aquele sorriso encantador e isso o deixava intrigado.– Se eu soubesse que queria vir até a cidade eu teria te dado uma carona. – Diz ele.– Você poderia até oferecer, mas eu jamais a
ValentinaEu sempre evitei chorar na frente dele, me mostrar fraca, pois é isso que ele espera que aconteça. Mas dessa vez eu fracassei no teatro de líder forte e inabalável.– Eu não posso Valentina!– Por que não? Já conseguiu seu propósito é só virar as costas e me deixar seguir. Entenda a minha dor, me deixa viver!– Está enganada, eu também não posso te deixar ir. Por que você entrou dentro de mim e fincou raízes no meu coração ainda que eu tenha lutado contra com toda a força que eu pude.BenícioEu não deveria ter dito o que eu disse a ela, acreditando ou não. Valentina chorava, mas me olhou secando as lágrimas...– Certo Benício, apenas me leve de volta.– Me dê ao menos um beijo, você não sabe como foi longa a noite em claro que tive pensando em você. – Ele disse ao passar o rosto delicadamente no rosto dela.– Foi a sua consciência que não te deixou dormir e não eu!Benício pega mão dela e a puxa até o carro, mas não tenta se aproximar de novo. Eles chegam juntos e muitos o
Valentina estava preocupada com a situação dela e de Carmem. O pai Donato era o principal provedor da casa delas e agora não estava mais ali para mantê-las e não queriam depender da ajuda dos outros homens e muito menos de Benício ou Salazar. Apesar de Carmem contribuir com a renda fazendo as leituras de tarô na cidade, apenas aquilo não seria capaz de suprir as suas necessidades integralmente.– Vó eu pensei e irei procurar um trabalho na cidade. Apesar de ser mais difícil encontrar um emprego de meio período, por causa da faculdade...– Nem pense em trancar seu curso Valentina. Você lutou muito por essa bolsa de estudos e não abro mão de te ver formada. Eu posso ficar mais tempo na cidade e tentar pegar algum serviço de faxina ou costura.– De jeito nenhum, a senhora já fez demais por mim a vida inteira. Chegou minha vez de retribuir. Eu vou conversar com Sofia ela conhece muita gente e talvez possa me ajudar a conseguir algo.Naquela semana Valentina se dedicou a tentar encontrar a
KarenO que ela tem de especial? Por que todos querem protegê-la e amar? Meu pai devia ter matado Eulália enquanto estava grávida dela! Valentina não devia existir, antes que eu saísse da frente de Salazar ele segurou meu punho e olhei para trás.– Vou até o centro e às 17:00 passo aqui de volta para te buscar. – Ele diz soltando-a e saindo em seguida.– Obrigada.Karen não tinha muito o que fazer na cidade, aquilo era apenas uma desculpa ficar a sós com ele e todos os seus planos fracassaram ao ouvir o quanto ele se importa com Valentina e que está disposto a tudo por ela. Ficou dando voltas pela feira até que o tempo passou, eram 17:00 e Valentina saia da faculdade e ia até o ponto de ônibus. Salazar e Karen já estavam na caminhonete e ele resolve dar uma carona.– Valentina vamos? – Ele diz sorrindo para ela.Valentina retribui o sorriso dele, Karen queria sumir daquele lugar e daquela situação constrangedora de estar no mesmo carro que a rival. Eles vão no mais profundo silêncio
No dia seguinte, Domênica levou o colar para que o trabalho fosse feito e todas as suas esperanças de acabar com o que Benício estava começando a sentir por Valentina poderia ser desfeitos.– Tenho uma foto de Valentina junto com minha filha Sara (suspiro), apenas terei o trabalho de corta-la. – Josélia diz segurando aquela peça perto dos seios.– Certo, eu quero muito que dê certo, minha família já passou por muitas coisas por causa dessas malditas mulheres!– É o dia perfeito Domênica, sexta-feira. Pode confiar em mim, meus feitiços nunca falham. Farei com que ele a odeie com todas as forças, quem faz meus trabalhos jamais descansa. – Ela sorria.Domênica sai satisfeita de lá, bastaria esperar que desse certo. Ela nunca teve medo de nada e não seria desta vez, invocaria o diabo ou quem fosse para separar seu filho dessa mulher e nada a iria impedir.Valentina havia falado a dias com Sofia sobre um trabalho na cidade, mas até agora nada havia surgido então ela teve a ideia de fazer