Jhanny se sentou na cama e ficou pensando nos eventos de sua lembrança, ou seja lá o que fosse aquilo.
Quem era aquela mulher? Seu rosto e sua voz pareciam pouco familiar a Jhanny. E o bebê? Sempre o mesmo sonho, ela achou que seria melhor dizer que aquilo era um sonho, e agora cada vez mais frequente e real. Jhanny respirou fundo se levantou da cama e caminhou para o seu banheiro.
Jhanny Stone tinha 16 anos, morava com a sua tia em um apartamento alugado, de frente para o Central Park, em Nova York. Sua tia, Dhora Stone, era a sua única familia, era uma mulher muito bonita, pele clara, longos cabelos lisos e escuros, e olhos azuis claros, iguais aos da Jhanny. Desde que seu pai se fora, quando ela era apenas um bebê, sua tia Dhora cuidava dela como se fosse sua filha, e ela a amava muito por isso.
Viviam apenas as duas no apartamento alugado desde então, sua tia pagava o e cuidava das despesas com o seu salário de professora do primário e com uma pequena herança que foi deixada para Jhanny pelo seu pai, herança essa que ela não sabia de onde o ele tirou. Tia Dhora era irmã dele, elas não falavam muito sobre ele, muito menos, sobre a mãe de Jhanny.
Ela não se lembrava de seus rostos ou vozes, a única coisa que tinha deles era uma fotografia do seu pai a segurando quando bebê, e de sua mãe... bem, apenas a aparência. Tia Dhora sempre disse, nas poucas vezes que tocavam no assunto, que Jhanny era muito parecida com ela, exceto pelos olhos azuis que ela puxou do pai. Seu pai, Eric Stone, um herói de guerra, pelo que Jhanny sabia, morreu enquanto estava servindo no exército.
Não havia nenhuma fotografia dele com uniforme do exército no apartamento, Tia Dhora disse que as havia tirado para que elas não lembrassem muito e ficassem deprimidas. Na verdade, a única fotografia do pai que Jhanny já havia visto era a que ele a segurava no colo. Ele era bonito, olhos azuis, e claros como os dela, cabelos negros lisos e um belo sorriso. Tudo isso Jhanny sabia pelo que via na fotografia. Enquanto a sua mãe... Jhanny e nem a Tia Dhora sabiam nada sobre ela, se estava morta ou viva. Absolutamente nada.
Jhanny parou na frente da pia de seu banheiro e encarou o próprio reflexo no espelho. Tentou se lembrar de sua mãe analisando a própria aparência, olhos azuis, longos cabelos loiros e lisos, ela havia pintado uma mexa de azul do lado esquerdo havia duas semanas, uma longa mexa azulada.
Ela continuou se encarando no espelho e logo pensou no sonho, em como aquela mulher parecia familiar... será? Ela pensou. Não... não havia como ser ela, a sua mãe. E os olhos da criança, os seus olhos. Será que aquele bebê era ela? Essas perguntas sempre vinham a sua mente. Ela nunca contou a Tia Dhora sobre esses sonhos e não pretendia contar, por mais que quisesse. Pois achou que sua tia não entenderia ou acharia estranho, e ela também nunca viu a mãe de Jhanny. Como poderia saber? Lá no fundo, alguma coisa fazia a garota acreditar nisso. Aquela mulher e a bebê, eram sua mãe e ela mesma. Mas qual era o real significado daquele sonho? ou era de fato uma lembrança?
Jhanny ligou a torneira e lavou as mãos, em seguida as encheu de água passou no rosto, após secar com a toalha voltou para o quarto. Ela se jogou na cama e nem se cobriu, era finalzinho de Junho, o calor do verão estava no seu auge. Jhanny tentou dormir novamente, pois deveria acordar cedo para a escola no dia seguinte. Lembrar da escola a fez se lembrar de alguém mais próximo que ela tinha de uma amiga, sua colega, Lúcia Carrow, elas faziam todas as aulas juntas, desde que começaram o ensino médio, antes disso, elas se conheciam de algumas aulas na antiga escola de Jhanny.
Apesar de sempre reclamar disso, Lúcia era uma garota muito bonita, tinha olhos castanhos dourados, longos cabelos castanhos ondulados e pele bronzeada. Jhanny nunca teve amigos de verdade, Lúcia era o mais próximo que ela tinha disso. As duas se encontravam sempre no caminho para a escola e seguiam juntas, nunca se viam em outro lugar a não ser que fosse para fazer dever de casa, que nesse caso se encontravam no Central Park ou nas casas uma da outra. Sempre batiam um papo sobre coisas de garota, além de fazerem o dever de casa. Além da Lúcia, Jhanny se lembrou, também, de John Canton. Ele estava em quase todas as aulas que ela e Lúcia apesar de ser 2 anos mais velho que as duas. Não conversavam é claro, na verdade, ele não conversava com quase ninguém, as vezes ela o via conversando com o professor de matemática nos corredores, ele era muito bom nessa matéria, mas na maioria das vezes, estava sempre sozinho. Jhanny tinha uma paixonite por ele, e a Lúcia também, e praticamente quase todas as outras garotas da escola, nunca esconderam isso uma da outra. Era um dos assuntos de garota do qual elas falavam. Ele era, na opinião delas, o garoto mais gato da escola. Alto, ombros largos e fortes. Cabelos negros meio bagunçado, olhos azuis esverdeados e pele um tanto bronzeada, tinha 18 anos, dois anos mais velho que as duas.
Cerca de meia hora depois, após devanear sobre diversas coisas, Jhanny adormeceu. E não teve mais o sonho.
***
Ela acordou com o habitual som de seu despertador, a acordando às cinco e meia da manhã. Ela o desligou com um soco, derrubando o aparelho, levantou da cama, resmungando algo sobre as noites dela durarem apenas 5 minutos, e caminhou para o banheiro, tomou um banho e em seguida foi se arrumar para o café da manhã. Colocou uma calça jeans, um all star preto e uma blusa branca com mangas longas. Arrumou o cabelo, apenas escovando um pouco, deixando-o solto. Pegou sua mochila e foi para a cozinha tomar café da manhã.
- Bom dia, raio de sol! - Falou Tia Dhora, quando a garota entrou na cozinha e se sentou no balcão. - Já preparei seu café da manhã... aqui. - Ela depositou na frente de Jhanny um prato de ovos com bacon e um copo de suco de uva.
- Obrigada, tia! - Agradeceu Jhanny se levantando para dar um abraço na mulher. - Você acordou cedo hoje, hein?! E está mais bonita que o habitual. Está esperando alguém? - Perguntou Jhanny com um sorriso no rosto. - Seria o tal Ben, aquele que você saiu há duas noites? - Tia Dhora ficou corada com o comentário.
- Sim. - Ela respondeu sorrindo. - Ele virá me buscar para irmos juntos ao trabalho.
- Hmm... Então, o "desajeitado professor substituto", conquistou o seu coração?
- Ora, não, claro que não. É só uma gentileza dele, e eu aceitei. - Ela sorriu.
- Aposto que ele vai te chamar para sair de novo. - Disse Jhanny tomando um gole do seu suco de uva. - Eu vi nos olhos dele que ele ficou afim de você, tia. Ele é bonitão, acho que você deveria ir em frente com ele.
- O que você quer dizer com "ir em frente"? - Ela lhe lançou um olhar.
- Ah... sei lá. Tipo, namorar com ele? - Jhanny respondeu. - Além de bonitão, ele parece legal, tia. Você merece alguém como ele. - Tia Dhora pareceu pensar no assunto.
- Acho que é muito cedo para isso. - Ela respondeu, enfim. - Mas quem sabe daqui a uns meses.
- Você que sabe, tia. - Ela terminou seu café. - Ele não poderia me dar uma carona também? Para mim e para a Lúcia? - Ela perguntou.
- Acho que não, querida. Ele vai passar aqui daqui a pouco, e sua aula vai começar daqui a... - Ela olhou no relógio. - Quarenta e cinco minutos. O que vocês vão ficar fazendo esse tempo todo? Melhor você ir caminhando mesmo. A escola não fica tão longe.
- Tá legal, já entendi. Você quer ficar sozinha com o bonitão. - Ela sorrio. - Bem, como a aula começa daqui a quarenta e cinco minutos, acho melhor eu ir andando mesmo. É uma caminhada de meia hora. - Ela se levantou abraçou a tia. - Tchau, tia. Até o jantar.
- Tchau, querida, boa aula!
***
Cinco minutos depois Jhanny já havia saído do apartamento e estava caminhando ao encontro de Lúcia que, provavelmente, a estava esperando na esquina do prédio onde morava com os avós. Era uma caminhada de dez minutos até lá. E como esperado, ela estava lá.
Lúcia estava na esquina do prédio onde morava com seus avós, encostada na parede esperando pela Jhanny. Ela estava usando uma calça jeans preta, um tênis branco e uma blusa vermelha. Seus longos cabelos castanhos ondulados estavam soltos.Lúcia morava com seus avós, num apartamento comprado pelos seus pais, que viviam viajando a trabalho. Viver com os avós não era ruim, eles eram ótimos com ela, viver longe dos pais e vê-los apenas uma ou, no máximo, 3 vezes ao mês é que não era legal. Ela sentia muita falta deles, por mais que eles não deixassem que nada faltasse para ela. Mas lá no fundo, ela sabia que trabalhavam tanto assim por ela, era o que sempre diziam, e ela acreditava nisso. Os avós da Lúcia eram aposentados, então não trabalhavam, eles eram William e Judy Carrow, os pais do pai da Lúcia. Ela olhou o relógio no seu pulso e olhou para a direção em que a Jhanny sempre vinha, avistando a garota se aproximar. Jhanny era a colega de toda
John torceu para que a garota, Lúcia, tivesse entendido e contasse ao seu tio, Thomas Johnson, o professor de matemática, o que tinha acontecido e que ele estaria com Jhanny.Eles não esperavam que isso fosse acontecer tão cedo, mas aconteceu. A garota viu uma das criaturas mágicas do mundo ao qual John, e ela também, pertenciam.Enquanto corria, ele pensou no que o seu tio disse quando eles chegaram em Nova York, para vigiar e proteger a garota de possíveis ameaças. Ele falou que por ser apenas uma descendente, de dois dos deuses mais poderosos de seu mundo, ela não despertaria tão cedo nenhum tipo de magia ou poderia ver algum ser mágico de seu mundo, a não ser que a levassem para lá, o mundo a que eles pertenciam. Mas parece que seu tio estava
Jhanny caminhou em silêncio, alguns passos atrás de John, ela estava confusa com tudo isso. Do que é que ele estava falando? Deuses da natureza? Filhos da natureza? E o que eram aqueles... gnomos? Gnomos que tinham roubado a sua mochila? Mas que coisa... estranha, ela pensou. Será que ainda estava dormindo? Sonhando? Não, isso era muito real. Ela não falou uma única palavra, continuou em silêncio. John também não dizia nada, mas, por vezes, lançava um olhar para ela que caminhava atrás dele. Ele falou que o Professor Johnson saberia explicar melhor tudo isso, ela esperava que sim. Ele era o melhor professor que ela e Lúcia já tiveram. John lhe lançou outro olhar. - Você está bem? - Ele perguntou. - Está muito quieta. - Eu estou confusa. - Ela respondeu. - Não sei se deveria estar ta
Lúcia estava extremamente confusa com tudo isso, ela percebeu que Jhanny também estava. Isso é loucura, pensou. Mas decidiu que tentaria acreditar. Após terem ouvido o que aconteceu com Jhanny, o Prof. Johnson deu uma breve explicação pra ela, disse algo sobre pertencerem a outro mundo, ela o perguntou se o que estava querendo dizer é que são E.T's, mas, depois de rir por uns 2 minutos, ele disse que não, o mundo do qual ele falava, não era outro planeta. Era meio que uma outra dimensão e que havia portais espelhados em vários lugares da terra que davam acesso a ele, mas só filhos da natureza e criaturas mágicas podem vê-los e atravessá-los. - Certo, então eu sou descendente de um desses tais deuses. Mas qual deles? - Lúcia quis saber. - Na verdade, de dois, Srta. Carrow. - Sério? E
John ficou imaginando como Thomas consegiu convencer os avós de Lúcia da verdade, já que ele disse que foi muito mais fácil do que imaginou. Cerca de dez minutos após eles deixarem a casa de Lúcia, chegaram a casa de Jhanny. Falar com a tia dela sobre o que aconteceu foi ainda mais fácil, pois Dhora Stone já sabia da verdade sobre Jhanny. Sobre o lugar ao qual ela pertencia. Ela era irmã do pai da garota, e sabia que esse dia chegaria. O que os fez demorar mais na casa de Jhanny foi o fato de ela e a tia os convidarem a ficar para o jantar. Isso depois de Jhanny ter ficado ressentida com a tia por ela nunca ter dito a verdade. Convencê-la de que tudo isso tinha sido para sua própria segurança foi mais difícil de que convencer os avós de Lúcia, mas no fim Jhanny acabou aceitando tudo. Enquanto jantavam ela fez algumas perguntas sobre s
Jhanny despediu-se de Tia Dhora aquela manhã com um aperto no coração. Ela sabia que não estava indo embora para sempre, mas sentiria saudades da tia. Thomas a estava esperando parado do outro lado da rua, encostado numa mini van preta. Ele se aproximou dela e a ajudou com as suas coisas. Ela não estava levando muita coisa, apenas uma mochila com que ela achou que fosse ser essencial e uma mala pequena contendo algumas peças de roupa. Thomas tinha dito que não havia necessidade de levar aparelhos eletrônicos para Natureza, pois não precisaria usá-los lá. Ele colocou a mala dela no porta malas. - Está pronta? - Perguntou, com um sorriso simpático pra ela. - Acho que sim. - Ela respondeu. Ele abriu a porta de trás para ela entrar. E
Lúcia não estava nem um pouco afim de encontrar com os tais demônios sapos ou os darkulus. Sapos são nojentos, ela pensou. E esses que o Thomas descreveu pareciam ainda mais nojentos. E os tais darkulus? Filhos das trevas, ele dissera. Eu não quero morrer cedo, pensou novamente. A cabana abandonada no meio de uma área semi aberta da floresta, parecia abandonada há séculos. Tinha um carro prateado parado na frente dela. - Alguém deve ter esquecido aí. - Lúcia falou. - Ou foi abandonado. Isso tem muito cara daqueles filmes de terror, com canibais que vivem em florestas como essas. - Ela ouviu uma risadinha de John? - Ela não falou aquilo pra fazer uma piada, mas gostou de ter feito ele rir. - Deve ter sido alugado pela Sther. - Falo
A sensação de entrar no portal era como se estivesse mergulhando num lago gelado. Lúcia sentiu frio, mas não estava molhada, ou de baixo d'agua. Como ela atravessou de olhos fechados, não pode dizer o que viu ao entrar. Quando abriu os olhos ela estava numa floresta, segundos depois, Jhanny veio logo atrás dela. Ela olhou em volta e percebeu que estava na floresta mais linda que já vira. Belas árvores e plantas, as flores deixavam o ar completamente perfumado. O ar era maravilhosamente puro. Ela nunca respirou algo tão bom como aquilo. E então ela sentiu. - Uau! O que... o que isso?! - Falou Jhanny, maravilhada. Lúcia sentiu algo que ela jamais sentira em toda a sua vida. Ela não soube explicar o que era. Era bom. Uma energia incrível, como se ela jamais tivesse vivido antes, mas agora estava vivendo. Ela fechou os olhos e sentiu a en