John torceu para que a garota, Lúcia, tivesse entendido e contasse ao seu tio, Thomas Johnson, o professor de matemática, o que tinha acontecido e que ele estaria com Jhanny.
Eles não esperavam que isso fosse acontecer tão cedo, mas aconteceu. A garota viu uma das criaturas mágicas do mundo ao qual John, e ela também, pertenciam.
Enquanto corria, ele pensou no que o seu tio disse quando eles chegaram em Nova York, para vigiar e proteger a garota de possíveis ameaças. Ele falou que por ser apenas uma descendente, de dois dos deuses mais poderosos de seu mundo, ela não despertaria tão cedo nenhum tipo de magia ou poderia ver algum ser mágico de seu mundo, a não ser que a levassem para lá, o mundo a que eles pertenciam. Mas parece que seu tio estava enganado, a garota viu uma criatura mágica e, provavelmente, já havia despertado a magia dentro dela. E agora ele precisava ir atrás dela para que algo ruim não acontecesse, e explicá-la tudo que sabia.
Ela estava correndo em direção ao Central Park, seguindo a sua mochila que estava sendo levada, ou melhor, roubada por gnomos, pequenas criaturas do outro mundo, que as vezes se aventuravam pela Terra, para roubar coisas das pessoas. John estava a alguns metros dela, mas não a alcançou, ela era bem rápida, isso provavelmente estava relacionado a algum de seus poderes mágicos. Ele continuo correndo atrás dela, já no Central Park, por entre as árvores e algumas pessoas que se esbarravam nele, vários protestos e ofensas ele podia ouvir, mas não se importou.
Ele precisava fazer algo para que não houvesse nenhum acidente desnecessário com magia na frente dessas pessoas. A garota seguiu os gnomos por uma pequena trilha. "Ela não cansa?" Pensou John. "Como vou pará-la?". Mas ao que parecia, ela só ia parar quando recuperasse a mochila, mas o que teria de tão especial na mochila? Ele continuo correndo atrás dela tentando formular alguma ideia para fazê-la parar. A melhor idéia, pensou, seria ter de usar magia, seus poderes, para recuperar a mochila da garota, assim a faria parar, mas como usar seus poderes ali? No meio das pessoas? Ele pensou... "terei que correr mais um pouco até que cheguemos a uma área segura para usar meus poderes", concluiu.
Logo chegaram em uma área mais segura para ele fazer isso, eles estavam numa parte cheia de árvores do parque, perto de um lago. Não havia quase ninguém por perto, as pessoas mais próximas estavam à uma distância segura. A garota parou de correr e ele também. Ficando afastado dela. Por que ela parou? Cadê os gnomos com a mochila? Ela estava olhando de um lado para o outro, procurando. Ele fez o mesmo olhando em volta para ver se encontrava os gnomos. A garota não percebeu que ele se aproximou dela, mas ele não se importou, assim como ela, ele começou a olhar pelos pequenos arbustos que haviam em volta. Nada, as plantas nem se mexiam.
- Onde está!? - Ele ouviu a garota falar.
- Não se preocupe, vamos achá-la. - Ela se virou rapidamente para ele.
- Você... me assustou! - Ela disse, ofegante.
- Me desculpe, mas não se preocupe vamos achar a sua mochila. Eles não estão longe. - Ela o encarou.
- Eles... o que são? Você também os viu? Como? - Ela começou a perguntar.
- Calma, suas perguntas terão respostas logo, logo. Agora vamos procurar a sua mochila.
- Ah... sim, tá. Acho melhor. - Ela começou a procurar pelos arbustos novamente.
John parou. "Será que devia usar meus poderes?" Ele se perguntou. Seria muito mais fácil encontrá-los assim, se eles ainda estivessem ali. Ouviu um barulho nos arbustos atrás dele, quando se virou era a Jhanny mexendo nas plantas.
- Não está aqui! - Ela disse, mas a alguns metros dela, em uma outra planta. Algo se mexeu novamente. Ela se virou atenta. - Ali! - Apontou para a planta.
- Certo! - Falou John, ele se aproximou devagar e parou a uns dois metros da planta. - Se estiverem aí sairão agora. - Ele levantou a mão direita, na direção do local, se concentrano ao máximo. Ele podia sentir toda a terra a sua volta, através de pequenas vibrações, sentiu que havia algo preso nos galhos da planta, ele se concentrou mais um pouco e o arbusto começou a tremer violentamente, em seguida, três pequenas criaturas foram arremessadas aos seus pés, eram pequenos ladrões gnomos. Os três prostaram-se de joelhos aos pés de John.
- Como fez isso? - Jhanny perguntou.
- Perdoem-nos, meu senhor, não sabíamos que estávamos roubando de um filho da natureza! - Suplicou o mais alto dos pequenos gnomos. Ele devia ser o pai dos outros. - Por favor, não nos dê uma punição muito severa, não nos mate! Não sabíamos! - Ele continuo suplicando. Ele tinha mais ou menos a altura de um gato adulto. Sua pele era marrom, sua cabeça careca e tinha uma barba esverdeada parecendo grama. Usava roupas feitas de folhas de árvore. Os outros dois gnomos, aparentemente os mais novos, imitaram o primeiro e se ajoelharam aos pés de John que os encarou.
- A mochila? - Falou John, ele sabia onde estava, mas queria saber se os pequenos ladrões estavam de fato arrependidos. - Onde está a mochila?
- Está ali, senhor! - Um dos dois mais novos apontou para um outro arbusto ao lado do que eles estavam. Os outros dois gnomos mais novos, diferente do primeiro, tinham cabelos na cabeça, esverdeado também.
- Certo! - John levantou a mão para onde ele apontava. E assim como o outro, este começou a tremer violentamente, e então a mochila de Jhanny foi arremessada em sua mão. - Obrigado! - Ele falou aos pequenos e se abaixou. - Mas eu acho que vocês precisam parar de roubar as coisas dos mortais daqui. Eu sei que são fascinados por suas invenções e pela comida, mas os seus senhores vão ficar enfurecidos, e eles punirão vocês, não eu. Entenderam? - Um dos gnomos mais novos resmungou algo, mas foi interrompido pelo mais velho.
- Nós entendemos, senhor, filho da terra! - Ele abaixou a cabeça.
- Ótimo, agora podem ir! Vão! - John falou. Eles se levantaram e saíram correndo em seguida desapareceram entre os arbustos. - Esses gnomos!
- Gnomos? Filhos da natureza... ele te chamou de filho da... - Começou Jhanny, ela ficou assistindo a tudo em silêncio.
- Terra. - Falou John. - Isso mesmo. - Ele se aproximou dela. - Aqui a sua mochila. - Ela pegou rapidamente. - Eu... vem comigo. - Ele chamou.
- Tá, e obrigada! - Ela falou. - Você vai me explicar tudo?
- Bem... algumas coisas, as outras o Thomas explicará a você, e o resto você aprenderá no nosso mundo.
- Thomas?
- O Professor Johnson.
- O que ele tem a ver com isso? - Jhanny quis saber.
- Muita coisa, ele e eu somos seus... guardiões.
- Guardiões?
- Sim. - Eles se sentaram num banco do parque. - Você, assim como ele e eu, é uma filha da natureza. Descendente de um dos seis grandes deuses da natureza. Não pertencemos a este mundo.
- Descendente de deuses da natureza... Como assim?
- Isso vai ser complicado. Vamos lá! - Ele começou. - Existem seis grandes deuses da natureza, deuses elementares, em nosso mundo...
- Quando você diz "nosso mundo" não está se referindo aqui? Tipo, a Terra? É algo, tipo, outra dimensão ou realidade? - Jhanny o interrompeu.
- Bem, pode-se dizer que sim. - Ele disse, após pensar um pouco.
- Certo... E essa coisa de "descendente de deuses", é algo, tipo, Percy Jackson? Da mitologia grega? - A garota perguntou, erguendo a sobrancelha e fazendo o sinal de aspas. Era nítido em seu olhar que ela não estava acreditando.
- Não é bem uma mitologia, porquê é real. - Ele respondeu simplesmente.
- A mitologia grega não é real. - Ela disse. John apenas sorriu.
- Você ficaria surpresa com o que é real ou não no Universo. - Ela o observava com certa teimosia no olhar, talvez achando que ele estavivesse pregando uma nela.
- Sei lá, depois do que acabei de ver, talvez não. - Ela disse. - Existem outros mundos, além desse do qual falou e da Terra?
- Provavelmente sim, dezenas, com seus próprios deuses e mitologias. - John respondeu, ele já tinha lido muitos livros sobre isso.
- Okay, me fale mais sobre esses deuses aí. - Ela o encarou.
- Ah, certo, vamos lá. Existem os que chamamos de "seis grandes" ou reis de Natureza. Aqualah, a deusa da água, Palatah, a deusa da terra, Ventanna, a deusa do ar, Fokon, o deus do fogo, Rhaion, o deus do trovão. Estes cinco representam os principais elementos da natureza, e tem Syx, o deus dos elementos e da natureza, é o líder deles e o criador de nosso mundo, que se chama Natureza. Ele criou os outros cinco. - John deu uma pausa, observando a garota, esperando alguma pergunta, mas ela estava em silêncio, então ele prosseguiu. - Assim como na mitologia grega, esses deuses, eles tem filhos com mortais, humanos ou mágicos, ou seja, nós, os filhos da natureza, tanto aqui neste mundo, quanto no nosso. Mas nós não somos filhos de nenhum deles, eu e você quero dizer, na verdade, somos apenas descendentes. No meu caso e... no seu, pelo que sei, netos, especificamente falando. Nossos pais eram filhos deles. - Jhanny o encarou, novamente com aquele olhar de incredulidade. - Eu sei, é difícil de acreditar, mas é a verdade. - Ela não disse nada. Apenas o encarava. - Eu acho melhor voltarmos para a escola e esperar a aula do Professor Johnson terminar. Ele vai te explicar tudo melhor. Pedi pra sua amiga avisar pra ele. - Ele se levantou. - Vamos?
- Tá bom. - Jhanny se levantou e o seguiu. Eles foram para a escola.
Jhanny caminhou em silêncio, alguns passos atrás de John, ela estava confusa com tudo isso. Do que é que ele estava falando? Deuses da natureza? Filhos da natureza? E o que eram aqueles... gnomos? Gnomos que tinham roubado a sua mochila? Mas que coisa... estranha, ela pensou. Será que ainda estava dormindo? Sonhando? Não, isso era muito real. Ela não falou uma única palavra, continuou em silêncio. John também não dizia nada, mas, por vezes, lançava um olhar para ela que caminhava atrás dele. Ele falou que o Professor Johnson saberia explicar melhor tudo isso, ela esperava que sim. Ele era o melhor professor que ela e Lúcia já tiveram. John lhe lançou outro olhar. - Você está bem? - Ele perguntou. - Está muito quieta. - Eu estou confusa. - Ela respondeu. - Não sei se deveria estar ta
Lúcia estava extremamente confusa com tudo isso, ela percebeu que Jhanny também estava. Isso é loucura, pensou. Mas decidiu que tentaria acreditar. Após terem ouvido o que aconteceu com Jhanny, o Prof. Johnson deu uma breve explicação pra ela, disse algo sobre pertencerem a outro mundo, ela o perguntou se o que estava querendo dizer é que são E.T's, mas, depois de rir por uns 2 minutos, ele disse que não, o mundo do qual ele falava, não era outro planeta. Era meio que uma outra dimensão e que havia portais espelhados em vários lugares da terra que davam acesso a ele, mas só filhos da natureza e criaturas mágicas podem vê-los e atravessá-los. - Certo, então eu sou descendente de um desses tais deuses. Mas qual deles? - Lúcia quis saber. - Na verdade, de dois, Srta. Carrow. - Sério? E
John ficou imaginando como Thomas consegiu convencer os avós de Lúcia da verdade, já que ele disse que foi muito mais fácil do que imaginou. Cerca de dez minutos após eles deixarem a casa de Lúcia, chegaram a casa de Jhanny. Falar com a tia dela sobre o que aconteceu foi ainda mais fácil, pois Dhora Stone já sabia da verdade sobre Jhanny. Sobre o lugar ao qual ela pertencia. Ela era irmã do pai da garota, e sabia que esse dia chegaria. O que os fez demorar mais na casa de Jhanny foi o fato de ela e a tia os convidarem a ficar para o jantar. Isso depois de Jhanny ter ficado ressentida com a tia por ela nunca ter dito a verdade. Convencê-la de que tudo isso tinha sido para sua própria segurança foi mais difícil de que convencer os avós de Lúcia, mas no fim Jhanny acabou aceitando tudo. Enquanto jantavam ela fez algumas perguntas sobre s
Jhanny despediu-se de Tia Dhora aquela manhã com um aperto no coração. Ela sabia que não estava indo embora para sempre, mas sentiria saudades da tia. Thomas a estava esperando parado do outro lado da rua, encostado numa mini van preta. Ele se aproximou dela e a ajudou com as suas coisas. Ela não estava levando muita coisa, apenas uma mochila com que ela achou que fosse ser essencial e uma mala pequena contendo algumas peças de roupa. Thomas tinha dito que não havia necessidade de levar aparelhos eletrônicos para Natureza, pois não precisaria usá-los lá. Ele colocou a mala dela no porta malas. - Está pronta? - Perguntou, com um sorriso simpático pra ela. - Acho que sim. - Ela respondeu. Ele abriu a porta de trás para ela entrar. E
Lúcia não estava nem um pouco afim de encontrar com os tais demônios sapos ou os darkulus. Sapos são nojentos, ela pensou. E esses que o Thomas descreveu pareciam ainda mais nojentos. E os tais darkulus? Filhos das trevas, ele dissera. Eu não quero morrer cedo, pensou novamente. A cabana abandonada no meio de uma área semi aberta da floresta, parecia abandonada há séculos. Tinha um carro prateado parado na frente dela. - Alguém deve ter esquecido aí. - Lúcia falou. - Ou foi abandonado. Isso tem muito cara daqueles filmes de terror, com canibais que vivem em florestas como essas. - Ela ouviu uma risadinha de John? - Ela não falou aquilo pra fazer uma piada, mas gostou de ter feito ele rir. - Deve ter sido alugado pela Sther. - Falo
A sensação de entrar no portal era como se estivesse mergulhando num lago gelado. Lúcia sentiu frio, mas não estava molhada, ou de baixo d'agua. Como ela atravessou de olhos fechados, não pode dizer o que viu ao entrar. Quando abriu os olhos ela estava numa floresta, segundos depois, Jhanny veio logo atrás dela. Ela olhou em volta e percebeu que estava na floresta mais linda que já vira. Belas árvores e plantas, as flores deixavam o ar completamente perfumado. O ar era maravilhosamente puro. Ela nunca respirou algo tão bom como aquilo. E então ela sentiu. - Uau! O que... o que isso?! - Falou Jhanny, maravilhada. Lúcia sentiu algo que ela jamais sentira em toda a sua vida. Ela não soube explicar o que era. Era bom. Uma energia incrível, como se ela jamais tivesse vivido antes, mas agora estava vivendo. Ela fechou os olhos e sentiu a en
John fechou a porta do quarto das garotas e foi para o seu quarto. Ao entrar em seu quarto ele fechou a porta. Seu quarto era maior que o quarto do apartamento no East Harlem. Tinha uma cama, que também era maior que a do East Harlem, encostada na parede perto da janela ao lado esquerdo. Um guarda roupa a direita e, ao lado do guarda roupa, um armário com uma mesa que John usava como escrivania. No armário havia uma fotografia dos pais de John segurando-o quando era bebê. Ele fitou os rostos dos seus pais. Sua mãe, uma mulher linda, de cabelos negros e olhos castanhos. Seu cabelo era curto, na altura do ombro, pele morena. Ela estava sorrindo enquanto segurava o sorridente bebê John. Seu pai, um homem ruivo e olhos azuis, também estava sorrindo. John era mais parecido com a mãe, seus cabelos eram pretos iguais a os dela só os olhos eram azuis, como os do pai, mas suas feições eram parec
Jhanny acordou cedo para começar o treinamento. Ela acordou Lúcia e em seguida, após se preparem, as duas desceram para tomar café da manhã. John estava sentado na mesa da sala de jantar. Ele estava tomando café da manhã e havia mais dois lugares à mesa. Ele convidou as garotas para se sentarem nesses dois lugares. Disse que acordou cedo demais e aproveitou para buscar o café da manhã no Salão. Ele já estava preparado para começar o treinamento, Jhanny pensou. Ele carregava na cintura uma espada embainhada de um lado e uma faca do outro. — E então, Thomas e Sther já partiram? — Perguntou Lúcia. — Sim. — Respondeu John. — Eles se foram antes do sol nascer. — Nem se despediram, quando será que voltam? — Falou Jhanny.