Jhanny caminhou em silêncio, alguns passos atrás de John, ela estava confusa com tudo isso. Do que é que ele estava falando? Deuses da natureza? Filhos da natureza? E o que eram aqueles... gnomos? Gnomos que tinham roubado a sua mochila? Mas que coisa... estranha, ela pensou. Será que ainda estava dormindo? Sonhando? Não, isso era muito real.
Ela não falou uma única palavra, continuou em silêncio. John também não dizia nada, mas, por vezes, lançava um olhar para ela que caminhava atrás dele. Ele falou que o Professor Johnson saberia explicar melhor tudo isso, ela esperava que sim. Ele era o melhor professor que ela e Lúcia já tiveram. John lhe lançou outro olhar.
- Você está bem? - Ele perguntou. - Está muito quieta.
- Eu estou confusa. - Ela respondeu. - Não sei se deveria estar tagarelando depois disso tudo. Desculpe.
- Entendo, tudo bem. Quer dizer, acho que entendo. - Ele ficou ao lado dela. Ela o encarou. - Bem, eu já nasci lá, no nosso mundo, então nunca passei por isso, mas acho que teria a mesma reação se estivesse no seu lugar.
- Obrigada! Por... por ter tirado a minha mochila dos... gnomos. - Ela se sentiu meio idiota por falar em gnomos.
- Imagina, foi para isso que fui treinado, para ajudá-la. - Ela assentiu.
- Isso é real mesmo? - Ela perguntou. - Gnomos? Deuses? Outros mundos?
- Sim. - Ele deu uma risadinha. Ela nunca o tinha visto fazer isso. E agora que viu, achou ele mais bonito. De repente ela corou por ter pensado nisso naquele momento. - Eles são reais. - Ele continuo. - É tudo real. E existem outros tipos de criaturas mágicas também.
- Existem? Tipo o que? fadas, elfos... essas coisas?
- Sim. Você deve estar se perguntando por que nunca os viu antes, certo?
- Bem... é! - Ela assentiu.
- É que eles são ocultos por magia poderosa para que não sejam vistos quando entram neste mundo. Só são vistos por aqui por pessoas que pertencem ao nosso mundo, quando despertam seus poderes, sua magia. Foi o que aconteceu com você hoje. E agora você deve ir para o nosso mundo, para aprender a controlar essa magia, seus poderes, e aprender tudo sobre nós. Você vai gostar de lá, é incrível.
Ela pensou sobre o que ele disse, sobre gostar de lá. Se isso fosse mesmo real, ela esperava que esse mundo fosse melhor de que o mundo que ela já vivia.
- Eu tenho uma pergunta. - John falou. Ele faria as perguntas agora?
- Pode perguntar.
- O que tem de especial nessa mochila? Por que você... Correu bastante só para alcançá-la. - Ela o encarou e pensou se diria o motivo de a mochila ser "especial" nem o conhecia direito para lhe contar isso. Era uma coisa meio idiota ela pensou, mas era importante para ela. Ela nunca havia contado para a Lúcia e nem para a Tia Dhora. Mas ela sentiu, não sabia porquê, que podia contar a ele.
- Bem... - Ela abriu o zíper do menor bolso e tirou a fotografia do pai, a que ele a segurava no colo, ela sempre levava com ela a qualquer lugar. Por isso ficou com medo de perder a mochila, era a única fotografia, única lembrança que ela tinha dele. - Por isso. - Ele encarou a fotografia e assentiu.
- Esse é o Eric, o seu pai?
- Sim. - Ela o encarou. - Como você sabe?
- Ele é bastante conhecido pela região onde moramos, em nosso mundo.
- Sério? Uau! - Ela pensou. - Então se eu for para lá vou saber mais sobre ele?
- Suponho que sim.
- Ótimo! - Ela sorriu e pensou se descobriria sobre sua mãe também. Ela ficou séria novamente. Lembrando daquele sonho. - Tenho uma pergunta também.
- Ahn... pergunte.
- Eu... quando estava perseguindo os gnomos, eu corri bastante, na verdade, eu corri muito mais rápido do que já corri em toda a minha vida e não me senti nenhum pouco cansada, você sabe por que?
- Sei sim, deve ser um dos seus poderes. Nós, filhos da natureza, somos diferentes dos humanos normais. Temos mais força e mais velocidade também. Mas você... - Ele a encarou tanto que ela ficou corada. - Você é mais rápida que muitos do nosso mundo, na verdade, nunca vi alguém correr tanto assim. Com certeza, é um de seus poderes, o Thomas explicará isso melhor para você.
- Hum. Está bem. - Jhanny estava começando a acreditar nessa história. E estava gostando também. Só precisava entender mais sobre isso.
***
Eles chegaram na frente da escola dez minutos depois. Entraram na escola e subiram as escadas para o segundo andar, onde ficava a sala onde o Prof. Johnson dava aulas. Quando chegaram na porta da sala faltavam dez minutos para terminar a aula.
- Vamos esperar a aula terminar. - Disse John.
- Está bem. - Jhanny assentiu.
Ela encostou na parede ao lado esquerdo da porta e John ao lado direito. Ficaram ali esperando a aula acabar.
- E então? - Começou John.
- O que? - Ela perguntou.
- Você... o que está achando disso? Já acredita ou não? - Ele se virou para ela e ficou com o ombro encostado na parede, de braços cruzados. Jhanny pensou na pergunta. Ela não sabia se acreditava ou não.
- Bem, eu... não sei. Talvez, mas... preciso saber mais. Quero ouvir o Prof. Johnson.
- Imaginei isso. - Ele olhou para o chão.
- Ainda estou meio confusa. Se ele é a melhor pessoa para me explicar, então eu quero ouví-lo. E assim verei se acredito ou não. - Ele a olhou e assentiu.
O sinal que indicava o termino da aula tocou, os alunos começaram a sair de suas salas e lotar o corredor. Jhanny e John esperou que a sala ficasse vazia para entrarem ao encontro do Prof. Johnson. Jhanny esperava ver a Lúcia saindo da sala, mas ela não saiu. John havia dito que a mandou falar com o Prof. Johnson, que ele estava com ela. Jhanny imaginou qual seria a reação da colega ao ouvir a história. Logo não saía mais ninguém da sala isso significava que só havia duas pessoas lá dentro, o Prof. Johnson e a Lúcia.
- Vamos. - Falou John, seguindo para dentro da sala. Ela o seguiu. Entrando, eles fecharam a porta e foram até a mesa do Prof. Johnson. Ele estava sentado e a Lúcia, que parecia confusa, de pé na frente da mesa dele.
- Aí estão eles. Onde vocês estavam? - Ela perguntou olhando para Jhanny. - O que aconteceu?
- Deixa isso comigo Srta. Carrow. - Disse o Prof. Johnson. Ele se levantou e olhou para John que retribuiu o olhar. - E então? Posso saber onde vocês estavam? Sr. Canton e Srta. Stone.
- Aconteceu Thomas. - John começou encarando o Prof. Jhanny percebeu algo que não havia notado antes, eles eram meio parecidos. Os mesmos olhos, mesmos cabelos, o do Prof. Johnson não era bagunçado, mas eles se pareciam. O Prof. Johnson era um homem alto, tinha um ar de severidade em seu semblante, mas Jhanny sabia que ele era legal. - Os poderes dela despertaram, acho que você sabe o que fazer. - Thomas olhou para Jhanny.
- Entendo. - Ele a encarou. - Muito cedo para isso ter acontecido. Você tem certeza John?
- Sim, ela viu... - Ele olhou para Lúcia que estava mais confusa que nunca. - Gnomos, eles roubaram a mochila dela.
- Oi?! Você disse... gnomos?! - Ela olhou para Jhanny. - Do que é que ele está falando?!
- Lúcia, por favor. Vamos ouvir o Prof. Johnson.
- Gostaria que me chamasse de Thomas a partir de agora... Jhanny. - Ele olhou para Lúcia. - E a srta. Também... Lúcia.
- Tá legal, mas o que está acontecendo? - Lúcia quis saber.
- Ela também precisa saber? - John perguntou, olhando para Lúcia.
- Sim, descobri que... a Srta... a Lúcia, também é uma de nós. Ela é uma descendente de dois deles. Um da parte de mãe e o outro da parte de pai. Descobri isso já há algum tempo.
- Mas já despertou nela também? - John perguntou. Lúcia olhou para Jhanny, com aquele olhar que Jhanny compreendeu ser uma pergunta de o que está acontecendo.
- Suponho que sim. Ela me disse que viu a mochila da Jhanny flutuando sozinha. Você disse que gnomos a roubou.
- Verdade, ela não devia ter visto nada. A magia devia ter ocultado.
- Isso mesmo. Mas isso ainda é muito estranho...
- Eu estou esperando uma explicação. - Falou Lúcia.
- Muita bem, então você a terá. - Disse Thomas.
- Por que o senhor acha que isso é estranho... Ahn... Thomas? - Jhanny quis saber.
- Bem, por que isso não devia acontecer agora. Precisamos partir amanhã e consultar os anciões, eles saberão a resposta. - Ele olhou o relógio. - Vamos, preciso falar com a Dhora e com o Sr. E a Sra. Carrow. Passaremos primeiro na sua casa Lúcia, seus avós serão mais difíceis de explicar tudo isso, então prefiro começar por eles.
- Isso significa que a minha tia sabe? - Jhanny perguntou.
- Sim. Vamos?!
Por alguns instantes Jhanny sentiu uma pontada de raiva da sua tia por nunca ter falado nada sobre aquilo, mas a raiva logo passou, sua tia devia ter seus motivos para isso, mas ainda assim ela queria ouvì-la. Enquanto saiam da sala, Jhanny os seguiu em silêncio, enquanto Lúcia bombardeava Thomas e John com infinitas perguntas, que se entreolhavam rindo.
Lúcia estava extremamente confusa com tudo isso, ela percebeu que Jhanny também estava. Isso é loucura, pensou. Mas decidiu que tentaria acreditar. Após terem ouvido o que aconteceu com Jhanny, o Prof. Johnson deu uma breve explicação pra ela, disse algo sobre pertencerem a outro mundo, ela o perguntou se o que estava querendo dizer é que são E.T's, mas, depois de rir por uns 2 minutos, ele disse que não, o mundo do qual ele falava, não era outro planeta. Era meio que uma outra dimensão e que havia portais espelhados em vários lugares da terra que davam acesso a ele, mas só filhos da natureza e criaturas mágicas podem vê-los e atravessá-los. - Certo, então eu sou descendente de um desses tais deuses. Mas qual deles? - Lúcia quis saber. - Na verdade, de dois, Srta. Carrow. - Sério? E
John ficou imaginando como Thomas consegiu convencer os avós de Lúcia da verdade, já que ele disse que foi muito mais fácil do que imaginou. Cerca de dez minutos após eles deixarem a casa de Lúcia, chegaram a casa de Jhanny. Falar com a tia dela sobre o que aconteceu foi ainda mais fácil, pois Dhora Stone já sabia da verdade sobre Jhanny. Sobre o lugar ao qual ela pertencia. Ela era irmã do pai da garota, e sabia que esse dia chegaria. O que os fez demorar mais na casa de Jhanny foi o fato de ela e a tia os convidarem a ficar para o jantar. Isso depois de Jhanny ter ficado ressentida com a tia por ela nunca ter dito a verdade. Convencê-la de que tudo isso tinha sido para sua própria segurança foi mais difícil de que convencer os avós de Lúcia, mas no fim Jhanny acabou aceitando tudo. Enquanto jantavam ela fez algumas perguntas sobre s
Jhanny despediu-se de Tia Dhora aquela manhã com um aperto no coração. Ela sabia que não estava indo embora para sempre, mas sentiria saudades da tia. Thomas a estava esperando parado do outro lado da rua, encostado numa mini van preta. Ele se aproximou dela e a ajudou com as suas coisas. Ela não estava levando muita coisa, apenas uma mochila com que ela achou que fosse ser essencial e uma mala pequena contendo algumas peças de roupa. Thomas tinha dito que não havia necessidade de levar aparelhos eletrônicos para Natureza, pois não precisaria usá-los lá. Ele colocou a mala dela no porta malas. - Está pronta? - Perguntou, com um sorriso simpático pra ela. - Acho que sim. - Ela respondeu. Ele abriu a porta de trás para ela entrar. E
Lúcia não estava nem um pouco afim de encontrar com os tais demônios sapos ou os darkulus. Sapos são nojentos, ela pensou. E esses que o Thomas descreveu pareciam ainda mais nojentos. E os tais darkulus? Filhos das trevas, ele dissera. Eu não quero morrer cedo, pensou novamente. A cabana abandonada no meio de uma área semi aberta da floresta, parecia abandonada há séculos. Tinha um carro prateado parado na frente dela. - Alguém deve ter esquecido aí. - Lúcia falou. - Ou foi abandonado. Isso tem muito cara daqueles filmes de terror, com canibais que vivem em florestas como essas. - Ela ouviu uma risadinha de John? - Ela não falou aquilo pra fazer uma piada, mas gostou de ter feito ele rir. - Deve ter sido alugado pela Sther. - Falo
A sensação de entrar no portal era como se estivesse mergulhando num lago gelado. Lúcia sentiu frio, mas não estava molhada, ou de baixo d'agua. Como ela atravessou de olhos fechados, não pode dizer o que viu ao entrar. Quando abriu os olhos ela estava numa floresta, segundos depois, Jhanny veio logo atrás dela. Ela olhou em volta e percebeu que estava na floresta mais linda que já vira. Belas árvores e plantas, as flores deixavam o ar completamente perfumado. O ar era maravilhosamente puro. Ela nunca respirou algo tão bom como aquilo. E então ela sentiu. - Uau! O que... o que isso?! - Falou Jhanny, maravilhada. Lúcia sentiu algo que ela jamais sentira em toda a sua vida. Ela não soube explicar o que era. Era bom. Uma energia incrível, como se ela jamais tivesse vivido antes, mas agora estava vivendo. Ela fechou os olhos e sentiu a en
John fechou a porta do quarto das garotas e foi para o seu quarto. Ao entrar em seu quarto ele fechou a porta. Seu quarto era maior que o quarto do apartamento no East Harlem. Tinha uma cama, que também era maior que a do East Harlem, encostada na parede perto da janela ao lado esquerdo. Um guarda roupa a direita e, ao lado do guarda roupa, um armário com uma mesa que John usava como escrivania. No armário havia uma fotografia dos pais de John segurando-o quando era bebê. Ele fitou os rostos dos seus pais. Sua mãe, uma mulher linda, de cabelos negros e olhos castanhos. Seu cabelo era curto, na altura do ombro, pele morena. Ela estava sorrindo enquanto segurava o sorridente bebê John. Seu pai, um homem ruivo e olhos azuis, também estava sorrindo. John era mais parecido com a mãe, seus cabelos eram pretos iguais a os dela só os olhos eram azuis, como os do pai, mas suas feições eram parec
Jhanny acordou cedo para começar o treinamento. Ela acordou Lúcia e em seguida, após se preparem, as duas desceram para tomar café da manhã. John estava sentado na mesa da sala de jantar. Ele estava tomando café da manhã e havia mais dois lugares à mesa. Ele convidou as garotas para se sentarem nesses dois lugares. Disse que acordou cedo demais e aproveitou para buscar o café da manhã no Salão. Ele já estava preparado para começar o treinamento, Jhanny pensou. Ele carregava na cintura uma espada embainhada de um lado e uma faca do outro. — E então, Thomas e Sther já partiram? — Perguntou Lúcia. — Sim. — Respondeu John. — Eles se foram antes do sol nascer. — Nem se despediram, quando será que voltam? — Falou Jhanny.
DIAS, SEMANAS E... MESES DEPOIS! Os dias e as semanas foram se passando desde que Jhanny chegou no Vilarejo Sfixland em Natureza, ela e Lúcia estavam se adaptando cada vez mais com o lugar e com as pessoas. Estavam ficando muito boas nos treinamentos com John e Carter, elas evoluíram bastante. Viver em Natureza era incrível. Logo Jhanny e Lúcia haviam aprendido muitas coisas sobre Natureza, os deuses e os lords da natureza e, também, sobre os reinos do Sul e do Norte. Elas adoravam as histórias que ouviam. Todos os dias elas treinavam e se divertiam pelo lugar, viam ao por do sol da Colina do Pessegueiro Azulado algumas vezes, a noite ficavam na varanda do quarto observando as estrelas no céu. Elas almoçavam e jantavam todos os dias no Salão, já haviam feito amizade com as pessoas que John as mostrou no primeiro dia delas, menos com o