P.D.V. (Ponto de Vista) de Ravena Lelis Ravem.
Olhava encantada para o reino dos Ravem. Como tudo estava mudado. Fazia pouco mais de duas semanas que fui trazida para a fortaleza da minha mãe. Ah, como é difícil acreditar que finalmente estou em casa, depois de uma experiência tão sombria e aterradora.
Tento lembrar constantemente, o que exatamente, aconteceu comigo, durante aquele longo período em que minha mente, e corpo, estiveram sob o controle ferrenho de uma bruxa maligna...
Mas, só sentia o vazio...Feiticeira Desgraçada!
Fui aprisionada em suas garras cruéis, incapaz de lutar contra suas artimanhas nefastas e atrozes. Lembro-me perfeitamente, do momento em que acordei, totalmente desorientada, em um quarto desconhecido...
Rodeadas de pessoas. Minhas memórias estavam embaçadas, distorcidas pela manipulação sinistra da bruxa Neverha, e seus compassas. Tudo ao meu redor parecia surreal, como se eu estivesse presa em um pesadelo do qual, não poderia acordar, só sofrendo as consequências.
Tinha a nítida impressão, que ouvia vozes sussurrando em minha mente, me contando histórias terríveis, do que aconteceu comigo no passado..., mas, acreditava ser lembranças destorcidas...ou seria sonhos?
Vinte anos apagados, como se minha vida, não me pertencesse mais.
Pensar nisso, fazia meu coração acelerar...e um certo desconforto me enchia de raiva. Parecia que minhas emoções estavam presas, e algumas queriam sair, TODAS de uma vez...
As lembranças que tentavam retornar eram dolorosas, e fragmentadas.
Quem eu era antes de cair nas garras daquela bruxa?
O que aconteceu durante todo esse tempo perdido? Perguntas sem respostas atormentavam a minha alma...
Mas agora, aqui estou eu, no reino dos Ravem, meu verdadeiro lar.
O lugar onde pertenço, e sou amada por minha mãe, irmã, e o meu povo. A paisagem ao meu redor, é deslumbrante, como um conto de fadas ganhando vida. As cores são mais vivas, as árvores dançam suavemente com a brisa, e os pássaros entoam uma sinfonia de alegria.
Tudo é novo e emocionante, mas também assustador.
Sinto-me as vezes como uma estranha em meu próprio lar, na verdade, no meu próprio corpo...
Tentando juntar os fragmentos do meu passado, e encontrar meu lugar neste presente, tão transformado...
Mas, apesar dos desafios que enfrento, a esperança brilha em meu coração. Tenho uma nova chance de viver, de abraçar quem sou e de reencontrar aqueles que amo...
E descobrir o que deixei para traz.
A jornada pode ser árdua, mas estou disposta a enfrentá-la com coragem. Enquanto olho para o reino dos Ravem, sinto uma emoção indescritível. Agradeço por estar viva, por ter escapado das garras da escuridão e por ter a oportunidade de recomeçar.
Sei que haverá dias difíceis pela frente, mas também sei que, com coragem e determinação, encontrarei a minha paz e a minha verdadeira identidade novamente. A minha história não será mais um relato de terror, mas uma jornada de superação e redenção.
Escutei passos ecoando pelo corredor, e instantaneamente, meu coração acelerou. Essa reação automática do meu corpo, já demonstrava o quanto aquela situação, me deixou alerta e apreensiva...
Sabia que aquelas reações eram psicológicas...mas mesmo assim, eu não conseguia controlá-las...aff.
Sinto-me estranha, como se estivesse fora do meu próprio corpo, medrosa, fraca e indecisa diante das lembranças desconhecidas, mas que o meu corpo, parece lembrar, e ainda me assombram.
Droga! Eu nunca fui assim antes...
Quando me encontro sozinha, como agora, busco desesperadamente me acalmar, mas a sensação de vulnerabilidade persiste.
O sequestro e o cárcere forçado que vivenciei, deixaram marcas profundas, resquícios de um trauma que ainda não consegui superar completamente. Mesmo sem lembrar de detalhes específicos, não paro de sentir um peso, e uma angustia insistentes em meu coração, sempre que cogito, essa situação.
Ao me virar, deparei-me com Emil, meu primo.
Seu semblante sisudo e sério sempre me intimidou, mesmo desde a infância. Depois associei a sua personalidade, mas ultimamente, eu não sabia explicar, seu semblante me deixava...apreensiva.
— Ravena...finalmente te achei. Olhe o que trouxe para você. — Ele carregava um buquê de rosas vermelhas, tão intensas quanto seus sentimentos, que, ao menos para ele, eram repletos de amor. Mas eu... Eu me afasto, afinal, nunca compartilhei desses mesmos sentimentos.
— Que lindo...magnifico buquê. Obrigada por sua constante gentileza Emil. — Mesmo dizendo essas palavras, não faço menção, de pegar as rosas.
Lembro-me que éramos noivos, uma promessa que ficou interrompida antes de se concretizar.
A verdade veio à tona através de minha irmã Irina, revelando que eu abandonei o clã por uma paixão proibida: um lobisomem. Parece surreal pensar que renunciei à minha posição como herdeira direta da "Grande Bruxa Mãe" Ravem, por causa desse amor inusitado.
E agora, me questiono. O que foi essa paixão avassaladora que me fez abandonar minha família, meu povo e minha herança? Parece inacreditável e assustador...
Será que realmente eu me apaixonei?
Será que eu estava tão louca de paixão, assim, por esse lobisomem? Enquanto estou refletindo, Emil faz um movimento de aproximação.
Ele, vêm tentando se aproximar novamente, buscando uma nova chance, mas suas ações me deixam desconfortável, como se algo estivesse errado...
E por isso, eu venho evitando, sem que ninguém perceba, os locais, que ele se encontra.
Emil me olhou fixamente, e me questionou.
— É impressão minha, ou você está buscando me evitar? Sei que você está tentando reconstruir suas lembranças, eu só quero te ajudar nisso...
Eu me senti tensa quando Emil me olhou fixamente, e fez aquela pergunta desconfortável.
Sua presença próxima me deixou inquieta, eu preferiria manter uma distância segura. Eu sabia que estava lutando para reconstruir minhas lembranças, mas não precisava de ninguém pressionando, ou me forçando a nada.
— Emil, por favor, afaste-se um pouco. Eu não me sinto confortável, com toques inesperados ou a proximidade excessiva... — Pedi, tentando manter a calma, e a serenidade, apesar do aperto incômodo em meus braços.
Tudo o que eu queria era espaço para lidar com minhas memórias do clã, no meu próprio ritmo, sem interferências...
Enquanto Emil continuava a insistir em sua aproximação, ouvimos um rosnado ameaçador vindo da porta. Esse som inesperado nos fez parar, e olhar na direção do ruído.
Foi um momento tenso, e eu me perguntei o que poderia rosnar daquela forma. Não tínhamos animais na fortaleza.
Por um instante, o foco do momento, se desviou do desconforto com Emil, para enfrentar uma possível ameaça externa que nos espreitava...
O que seria?
Mas, para minha surpresa, e tenho certeza, de Emil também, na porta estava um homem que nos olhava com intensos olhos, totalmente enegrecidos, com uma camiseta branca, destacando seus músculos bem definidos, uma jaqueta jeans surrada, e uma calça jeans preta desbotada, além de coturnos pretos.
Raphael Stone...
Ele nos encarava com um ar de poucos amigos! E com voz possante e máscula, falou.
— Quem te deu permissão para tocar na minha mulher, espiga de milho? E claramente, ela não quer ser tocada. Contarei até cinco, para você se afastar dela... Se não, arrancarei sua cabeça, juntos dos braços e mãos, desse seu corpo mirrado...— O tom de sua voz, denotava que ele estava tomado por um sentimento de posse gigantesco, e de proteção. Ele não aceitaria que a sua mulher, fosse ameaçada por nada e NINGUÉM!
Seria o homem, ou o lobo, falando neste momento?
Confesso que aquelas palavras me deixaram ansiosa e até um pouco assustada.
Ele era sempre violento assim?
Eu nunca tinha visto alguém tão dominante, e ameaçador, como Raphael, ou pelo menos, não lembrava, de ter visto...
Suas palavras ecoavam em minha mente, e era como se o seu próprio lobo se agitasse. E eu não sei por que, meu coração se agitou também...seria medo, ou algo mais?
Emil tentou acalmar a situação, levantando as mãos em sinal de rendição, e disse.
— Não houve nada disso...lobo. Foi apenas um mal-entendido dessa sua mente bestial. Eu jamais obrigaria Ravena, a fazer algo que ela não queira. E o que você faz aqui?
A expressão de Raphael não se alterou, mas ele pareceu refletir por um breve momento.
Eu podia perceber que ele era alguém com um temperamento explosivo, e qualquer palavra errada, poderia desencadear um desastre.
Será que todo lobisomem era assim?
— Não é obvio? Vim cuidar de quem me é precioso...— E me olhando fixamente, ele concluiu.
— ELA... é tudo para mim! E não permitirei que ninguém a ameace, ou que ela, corra perigo algum, novamente... — Ele disse firmemente.
Ao ouvir aquelas palavras, meu coração pareceu ter uma reação incontrolável.
Um sobre salto, e minha alma se agitou...
Não conseguia entender o motivo pelo qual meus batimentos estavam tão agitados naquele momento. Era como se suas palavras tivessem o poder de mexer com as fibras mais profundas do meu ser.
Ou talvez fosse algo mais profundo, algo que eu ainda não tinha compreendido totalmente sobre mim mesma...
O olhando com intensidade, mentalmente, tomei uma resolução.
Por mais assustador que fosse, estava determinada a desvendar o que estava acontecendo comigo, e com os meus sentimentos.
E com certeza, era algo relacionado com aquele lobo..., mas tinha que ir com cuidado, ter cautela...
E, mesmo que levasse algum tempo, eu estava disposta a mergulhar fundo nesse mistério emocional, para descobrir a verdade sobre meus próprios sentimentos...sobre TODOS ali...
E com certeza, por cima de qualquer obstáculo, eu iria descobrir!
Oi pessoal!
Agradeço por acompanhar este capítulo!
Se você gostou da jornada até aqui, temos ainda mais surpresas emocionantes pela frente.
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Curta, compartilhe e embarque comigo nesse incrível romance.
Até o próximo capítulo!
S.S. Chaves
P.D.V. de Raphael Stone.Ao cruzar o portal mágico, cuja passagem foi aberta por Adama, minha bruxa conselheira, um arrepio percorreu meu corpo, uma sensação de reconhecimento, quase como se uma parte da minha alma voltasse ao lar. Com certeza, aquela sensação era devida a minha “ligação de almas” com Ravena.O vale escondido do clã Ravem se estendia à minha frente, um lugar onde o impossível se tornava cotidiano, onde a beleza desafiava a realidade. Meu coração pulsava com ansiedade e expectativa sem tamanho! Quantos anos ansiei pelo reencontro com minha esposa? Eu estava tão inquieto...ansioso!Deusa dai-me força!Meu coração estava em uma montanha-russa de emoções quando Luckyan, meu genro, contou-me, com a ajuda de Adama, que após a vitória na batalha de Lyanna e Neverha, a minha esposa, a muito desaparecida, minha amada Ravena, tinha sido encontrada, e resgatada!Deusa! Eu queria gritar! Meu lobo ansiava de ir imediatamente ao seu encontro...Parecia um sonho, e eu me vi flutuand
P.D.V. de Ravena Ravem.À medida que descia os corredores do palácio, os detalhes de ouro e marfim cintilavam sob os candelabros, provocando pequenos flashes de memórias que eu não conseguia colocar em ordem. O cheiro de lavanda me fazia pensar em minha mãe, Irina, e nas manhãs que passávamos juntas na sacada, observando o horizonte.Emil, por sua vez, ainda era um mistério para mim. Seu nome surgia em minha mente como uma brisa suave, mas não conseguia conectar o seu rosto ou qualquer lembrança mais concreta, além da nossa infância e início da adolescência...Raphael Stone. Esse nome me causava arrepios por todo corpo. Mesmo sem conseguir lembrar dele, uma sensação intensa de ligação e familiaridade me assaltava. Era estranho pensar que ele, alguém que eu não lembrava, pudesse ter tanta importância em minha vida. E a ideia de que tínhamos uma filha, Lyanna, era ainda mais desconcertante.Eu não lembrava de nenhum deles...Ao me aproximar da sala principal, ouvi sussurros e risadas su
Ponto de Vista de Raphael Stone.Cortei lenha incessantemente, com cada golpe ecoando minha determinação, até que a ardência se espalhou pelos meus músculos, tornando-se quase insuportável.No entanto, o esgotamento físico era apenas uma fração do turbilhão emocional que me consumia. Aquele bruxo de meia tigela pensava que podia brincar comigo, usando truques para manter Ravena longe.Por mais que ele tentasse ocultar suas manipulações, eu enxergava através delas. Se acreditava que me enganava, estava profundamente equivocado. Minha determinação para reconquistar e proteger Ravena daquele impostor, ou qualquer perigo, era inabalável. Ele logo perceberia.Desde que observei, as sutis manipulações de Emil, entendi seus verdadeiros intentos. Ele claramente tentava tirar proveito da vulnerabilidade de Ravena, especialmente com sua amnésia, na esperança de que ela desenvolvesse sentimentos por ele.Porém, eu conhecia Ravena e a sinceridade de seus sentimentos. Se no passado ela nunca viu E
Ponto de Vista de Raphael Stone.O ardor nos meus pulmões e a pressão crescente em meu peito se confundiam com a paixão que fervilhava em minhas veias. Quase sem perceber, encontrei-me embriagado pelo sabor dos lábios de Ravena, aqueles que eu ansiava, que em sonhos perseguiam minha sanidade.O calor entre nós era palpável, uma faísca que ameaçava se tornar um incêndio incontrolável.A maciez de sua pele contra a minha era uma provocação, cada toque, cada carícia, levava-me a uma vertigem de sensações. As batidas do meu coração pareciam mais audíveis, cada uma ressoando como um tambor apaixonado, preenchendo o silêncio da noite.Eu podia sentir sua respiração pesada misturando-se à minha, e um desejo voraz crescia em mim, algo tão primal que me fazia querer fundir minha alma à dela. A chama que nos envolvia ameaçava consumir-me, e se eu não fosse cuidadoso, nossos corpos se perderiam em um abraço de paixão, revelando todos os segredos que os corações guardam.Nesse momento, todo o uni
Ponto de Vista de Raphael Stone.Após o incidente com Ravena, sentia o coração pulsar descompassado, ecoando no silêncio do quarto.A pressa e o desconcerto ditaram minha escolha de vestimenta. Peguei a primeira calça jeans que vi no armário e a vesti rapidamente. Em seguida, sem pensar duas vezes, lancei sobre meu tronco uma jaqueta de jeans claro, já desgastada pelo tempo, que não tinha mangas. Não era a melhor combinação, nem a mais apropriada para o que viria a seguir, mas naquele momento, minha capacidade de discernimento estava turva.Cada passo que dava, cada batida do meu coração, trazia à tona o recente descontrole.Rígil, meu lobo interno, estava inquieto. A saudade de nossa companheira agia como um gatilho, despertando uma ferocidade e tristeza que eu mal conseguia conter. A conexão entre nós era palpável, e eu sabia que precisava controlá-lo, ou as consequências seriam desastrosas junto a Ravena.Ficamos nesse impasse, frente a frente, ainda que em uma batalha interna. Eu
P.D.V. de Ravena Ravem.Eu ainda estava abalada com o descontrole emocional vivido com Raphael. Toda vez que fechava os olhos, podia sentir a intensidade daquele encontro, como se fosse um eco persistente em minha mente.Por semanas, eu havia me cobrado, tentando reaver as lacunas de minha memória praticamente a força, imaginando e sonhando com as histórias que poderiam preencher aqueles vazios. Mas, confrontar a realidade foi algo totalmente diferente de tudo que eu havia imaginado.Deusa, ele sofreu assim por vinte anos?O olhar de Raphael, era uma mistura de dor e anseio, contava uma história que palavras não poderiam expressar.E então, houve aquele lampejo revelador de dor do seu lobo interior. Foi tão mais do que apenas uma visão física. Era um grito silencioso, um sussurro de um ser que estava quebrado e clamava por libertação. A ferocidade em seus olhos, o tremor que percorria seu corpo, tudo revelava a batalha contínua que ele travava consigo mesmo.Por mais que eu tentasse m
P.D.V. de Raphael Stone.Eu olhava fixamente para a mulher perante mim...Leona Carter...a MUITO anos não a via..., mas aquela mulher diante de mim, parecia outra.Os traços de seu rosto pareciam esculpidos, repletos de histórias não contadas. Histórias tristes e tenebrosas... Ela era a única filha do Alfa Leônidas Carter, um líder imponente orgulhoso, cuja reputação transcendia os limites de sua alcateia.A "Lua Nevada", como era chamada sua alcateia, tinha sua localização nos planaltos da Sérvia, onde o manto branco da neve, adornava as paisagens com uma majestade, que poucos lugares no mundo poderiam rivalizar.Muitas vezes, de onde eu estava, no Brasil, ou na Europa, eu ouvia histórias sobre a “Lua Nevada” e seu Alfa. Era uma alcateia próspera, conhecida por sua força, união e, sobretudo, pelas tradições que se mantinham firmes através das gerações.Então, a questão que pairava em minha mente, era clara e evidente: o que teria acontecido para que Leona Carter, a herdeira dessa lin
P.D.V. de Ravena Ravem.Ao chegar no campo onde os bruxos Ravem tinham sido enviados, acompanhados pelo Alfa Raphael, para negociar com os "Lobos sem alcateia", esperava encontrar uma reunião diplomática entre possíveis aliados, que desejavam cooperar...No entanto, fui surpreendida por uma reviravolta inesperada...Em vez de discussões sobre tréguas e cooperação, me deparei com um desafio lançado no ar, envolvendo uma misteriosa aquisição de "COMPANHEIRO".O clima tenso pairava no ar quando observei uma loba ASSANHADA e com atitude desafiante, de olhos faiscantes, e postura regida, no centro da cena.Sua presença imponente denotava confiança e ousadia, algo que não esperava encontrar naquela situação delicada. Percebi que ela não estava ali para negociar, mas sim para reivindicar algo mais pessoal e profundo...Enquanto tentava entender o que aquela “loba” estava pretendendo, meu instinto de bruxa se aguçou... Havia algo oculto em seu olhar, uma determinação feroz que contrastava co