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Capítulo 04 — Palavras Supérfluas.

Ponto de Vista de Raphael Stone.

Cortei lenha incessantemente, com cada golpe ecoando minha determinação, até que a ardência se espalhou pelos meus músculos, tornando-se quase insuportável.

No entanto, o esgotamento físico era apenas uma fração do turbilhão emocional que me consumia. Aquele bruxo de meia tigela pensava que podia brincar comigo, usando truques para manter Ravena longe.

Por mais que ele tentasse ocultar suas manipulações, eu enxergava através delas. Se acreditava que me enganava, estava profundamente equivocado. Minha determinação para reconquistar e proteger Ravena daquele impostor, ou qualquer perigo, era inabalável. Ele logo perceberia.

Desde que observei, as sutis manipulações de Emil, entendi seus verdadeiros intentos. Ele claramente tentava tirar proveito da vulnerabilidade de Ravena, especialmente com sua amnésia, na esperança de que ela desenvolvesse sentimentos por ele.

Porém, eu conhecia Ravena e a sinceridade de seus sentimentos. Se no passado ela nunca viu Emil como algo além de um irmão, por que seria diferente agora? A amnésia pode ter apagado algumas memórias, mas o coração possui uma maneira única de recordar. Eu confiava nisso e na ligação que tínhamos, sem temer os planos de Emil.

O amor verdadeiro possui raízes profundas e Emil jamais poderia alterar isso.

A delicada fragrância do perfume de Irina atingiu-me, trazida pela suave brisa. Antes mesmo de vê-la, soube que se aproximava pelo pátio.

Sua presença, ultimamente vinha trazendo um certo alento ao meu coração tumultuado. Ela entendia o quanto eu ansiava por estar ao lado de minha companheira, e frequentemente me ajudava com suas palavras.

Estar próximo de Ravena sem expressar meus sentimentos genuínos, torturava minha alma. O constante rosnar inquieto, de meu lobo interior, ressoava com minha ansiedade.

Acordei cedo, antes do amanhecer, na esperança de que o exercício físico trouxesse algum alívio. Corri pelos campos vastos ao redor do castelo, sentindo o vento frio contra a pele e a grama úmida sob os pés, buscando canalizar toda a tensão naquele breve momento de liberdade.

De volta ao castelo, decidi dedicar-me a uma tarefa que consumisse minha energia, algo que me fizesse esquecer, mesmo que por um breve momento, a presença inebriante de Ravena. Meu lobo interno lutava para não cometer uma loucura, indo até ela. Estávamos tentando cumprir a nossa palavra a rainha..., mas tinha dias, que a nossa vontade era correr e arrebatá-la em nossos braços...

— Rrrrrrrrrum — rosnei para o vazio.

Peguei o machado e comecei a cortar lenha para as lareiras do vasto castelo. O som repetitivo do metal encontrando a madeira tornou-se quase um mantra. Em pouco tempo, pilhas de lenha já estavam formadas, suficientes para aquecer o castelo por pelo menos, um mês.

Então, naquele instante de exaustão e satisfação, uma suave brisa trouxe-me o aroma de Irina. Ao vê-la aproximar-se, uma onda de apreensão invadiu-me.

Seu rosto denotava tensão e seus olhos carregavam uma seriedade que a muito não tinha visto. Era evidente que algo estava errado. Meu coração pulsava mais forte à medida que ela se aproximava.

Acompanhando-a, um jovem caminhava com determinação, seus olhos atentos vasculhavam os arredores, alerta a qualquer sinal de perigo. Por sua postura e atenção, deduzi que ele era seu guarda-costas.

Eu estava ciente de que, após o trágico incidente com minha amada Lyanna e a ameaça de um traidor entre nós, todos os membros da realeza estavam sob rígida proteção. Guardas especializados, mestres em combate e magia, acompanhavam cada passo da família real.

Engoli em seco, sentindo uma opressão na garganta. A identidade do traidor permanecia um mistério e cada sombra no castelo poderia ser uma ameaça em potencial. E, embora eu desejasse respostas e justiça, sabia que a proteção dos que amava era a prioridade. Ele raptou a nossa Lyanna, poderia fazer mal, para Ravena, Irina e a rainha...maldito traidor!

Eu tinha que pegá-lo!

Fiquei parado, esperando que ela chegasse até mim. Seus olhos profundos e carregados de seriedade refletiam a gravidade do momento, mas a sinceridade em seu olhar esverdeado transmitia-me confiança.

— Bom dia, Raphael — disse ela com uma voz suave, porém determinada. — A rainha deseja ter uma audiência contigo.

Confuso, respondi rapidamente.

 — Irina, é a segunda vez em duas semanas que sua mãe solicita minha presença. O que aconteceu?

Sem hesitar, e com uma pitada de ansiedade na voz, ela esclareceu. — Temos tido problemas no norte do reino. A barreira mágica, que sempre nos protegeu, está vulnerável. Fomos atacados, Raphael. E o pior, é que lobos solitários, são os responsáveis.

Enquanto processava as informações, ela continuou.

 — Minha mãe vê em ti, Raphael, um líder e Alfa competente, com vasto conhecimento sobre defesa de território. Espera que você possa ajudar, trazendo novas perspectivas e soluções. Precisamos agir com urgência.

Senti a intensidade daquelas palavras, mas estava preparado. A segurança dos Ravem estava em jogo e, como companheiro de Ravena e convidado naquele reino, era meu dever me esforçar, em proteger aqueles em necessidade.

Assenti, fixando meus olhos nos dela.

 — Leve-me até sua mãe. Resolveremos isso juntos.

Ao terminar minha conversa com Irina, percebi meu desconforto. Sentia o suor percorrendo minha pele, e minha roupa colava-se a mim devido às horas exaustivas cortando lenha.

Olhei para minhas mãos, sujas de fuligem e suor.

Estava longe de estar apresentável.

— Irina — comecei tentando manter a compostura apesar do constrangimento — Peço desculpas, mas só agora percebi meu estado. Não posso apresentar-me assim à rainha Huína.

Ela avaliou-me de cima a baixo.

Irina sabia que Raphael amava incondicionalmente sua irmã Ravena, mas ela não era cega...ali estava um EXCEPCIONAL, exemplar de pedaço de homem...caramba! Que músculos...

Seu olhar era compreensivo; no entanto, havia um traço de diversão em seus olhos.

— Você tem razão — ela concordou com um pequeno sorriso. — Vá, tome um banho. A rainha Huína pode esperar um pouco mais.

Agradeci com um aceno de cabeça.

— Retornarei em breve e, então, seguirei para a sala do trono — prometi, apressando-me em direção ao meu quarto.

A última coisa que queria era causar uma má impressão diante da rainha.

Ao entrar nos meus aposentos, uma onda de alívio e cansaço me envolveu. Cada peça de roupa que tirava parecia levar consigo o peso do dia.

Não havia tempo a perder e, rapidamente, fiz meu caminho até o banheiro da suíte luxuosa que, em meio a tantos acontecimentos, havia sido designada para mim.

O toque da água quente em minha pele era como um bálsamo, dissolvendo o estresse e a tensão do dia. A ducha proporcionou um momento de refúgio, um oásis de tranquilidade.

Ao finalizar meu banho, peguei uma das toalhas macias à disposição e a envolvi firmemente ao redor dos quadris. Usei outra toalha para secar os cabelos encharcados. O vapor no banheiro embaçou o espelho, tornando minha imagem nele um mero borrão.

Nada poderia me preparar para a cena que me aguardava ao abrir a porta para a antessala.

Lá estava ela, Ravena, absorta em seus próprios pensamentos, carregando uma pilha de livros e com o ouvido encostado à porta, tentando captar os murmúrios do corredor.

Sua intensa concentração me proporcionou um breve momento para observá-la naquele estado de pura curiosidade.

Minha voz interrompeu o silêncio.

— Bem, se você queria me surpreender com uma visita ao meu quarto... conseguiu — brinquei, com um sorriso travesso.

Ela se virou rapidamente, seus olhos arregalados ao me reconhecer. E, com aquela intensidade tão característica de Ravena, seus olhos percorreram todo o meu ser.

Ravena tinha a habilidade de expressar um oceano de emoções com apenas um olhar. E, naquele instante, estava repleto de desejo. A forma como seus olhos se moviam sobre meu corpo, pausando brevemente aqui e ali, me deixou sem fôlego.

Havia um anseio em seu olhar, uma fome tão palpável, que parecia tornar o ar ao nosso redor mais pesado e eletrizado.

E, embora eu tivesse iniciado nossa interação de forma jocosa, qualquer traço de humor se dissipou no exato momento em que nossos olhares se cruzaram.

Um silêncio repleto de significado se estabeleceu entre nós. A tensão era tão palpável que poderia ser cortada com uma faca.

E havia uma certeza: o que estava acontecendo ali era poderoso e inegável.

Ela me desejava. Melhor dizendo... ela AINDA me desejava!

Ao me aproximar de Ravena, todo o resto do mundo desapareceu, restando apenas nós dois. Cada passo em sua direção fazia meu coração acelerar, ecoando o crescente desejo que ardia em mim.

Quase instintivamente, inclinei-me e sussurrei em seu ouvido, permitindo que minha respiração quente tocasse sua pele.

— Que bom que gosta do que vê... porque tudo isso, é seu.

Antes que ela pudesse reagir, sorri. O tipo de sorriso que eu reservava apenas para ela.

Reduzi a distância entre nós e a beijei. Foi um beijo intenso, repleto das emoções contidas que ambos, eu e minha parte lupina, sentíamos há semanas.

Cada instante desse beijo era um lembrete avassalador do que havíamos perdido e recuperado. Seu sabor, a textura de seus lábios, o calor de sua boca... tudo era familiar e reconfortante.

Era como se, finalmente, depois de tanto tempo vagando, eu tivesse voltado para casa. Porque, na verdade, nos lábios de Ravena, eu sempre soube que era meu verdadeiro lugar.

Oi, pessoal!

Agradeço por acompanharem este capítulo!

Se gostaram da jornada até aqui, ainda temos muitas surpresas emocionantes pela frente.

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Curta, compartilhe e embarque comigo neste incrível romance.

Até o próximo capítulo!

S.S. Chaves

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