Ponto de Vista de Raphael Stone.
Cortei lenha incessantemente, com cada golpe ecoando minha determinação, até que a ardência se espalhou pelos meus músculos, tornando-se quase insuportável.
No entanto, o esgotamento físico era apenas uma fração do turbilhão emocional que me consumia. Aquele bruxo de meia tigela pensava que podia brincar comigo, usando truques para manter Ravena longe.
Por mais que ele tentasse ocultar suas manipulações, eu enxergava através delas. Se acreditava que me enganava, estava profundamente equivocado. Minha determinação para reconquistar e proteger Ravena daquele impostor, ou qualquer perigo, era inabalável. Ele logo perceberia.
Desde que observei, as sutis manipulações de Emil, entendi seus verdadeiros intentos. Ele claramente tentava tirar proveito da vulnerabilidade de Ravena, especialmente com sua amnésia, na esperança de que ela desenvolvesse sentimentos por ele.
Porém, eu conhecia Ravena e a sinceridade de seus sentimentos. Se no passado ela nunca viu Emil como algo além de um irmão, por que seria diferente agora? A amnésia pode ter apagado algumas memórias, mas o coração possui uma maneira única de recordar. Eu confiava nisso e na ligação que tínhamos, sem temer os planos de Emil.
O amor verdadeiro possui raízes profundas e Emil jamais poderia alterar isso.
A delicada fragrância do perfume de Irina atingiu-me, trazida pela suave brisa. Antes mesmo de vê-la, soube que se aproximava pelo pátio.
Sua presença, ultimamente vinha trazendo um certo alento ao meu coração tumultuado. Ela entendia o quanto eu ansiava por estar ao lado de minha companheira, e frequentemente me ajudava com suas palavras.
Estar próximo de Ravena sem expressar meus sentimentos genuínos, torturava minha alma. O constante rosnar inquieto, de meu lobo interior, ressoava com minha ansiedade.
Acordei cedo, antes do amanhecer, na esperança de que o exercício físico trouxesse algum alívio. Corri pelos campos vastos ao redor do castelo, sentindo o vento frio contra a pele e a grama úmida sob os pés, buscando canalizar toda a tensão naquele breve momento de liberdade.
De volta ao castelo, decidi dedicar-me a uma tarefa que consumisse minha energia, algo que me fizesse esquecer, mesmo que por um breve momento, a presença inebriante de Ravena. Meu lobo interno lutava para não cometer uma loucura, indo até ela. Estávamos tentando cumprir a nossa palavra a rainha..., mas tinha dias, que a nossa vontade era correr e arrebatá-la em nossos braços...
— Rrrrrrrrrum — rosnei para o vazio.
Peguei o machado e comecei a cortar lenha para as lareiras do vasto castelo. O som repetitivo do metal encontrando a madeira tornou-se quase um mantra. Em pouco tempo, pilhas de lenha já estavam formadas, suficientes para aquecer o castelo por pelo menos, um mês.
Então, naquele instante de exaustão e satisfação, uma suave brisa trouxe-me o aroma de Irina. Ao vê-la aproximar-se, uma onda de apreensão invadiu-me.
Seu rosto denotava tensão e seus olhos carregavam uma seriedade que a muito não tinha visto. Era evidente que algo estava errado. Meu coração pulsava mais forte à medida que ela se aproximava.
Acompanhando-a, um jovem caminhava com determinação, seus olhos atentos vasculhavam os arredores, alerta a qualquer sinal de perigo. Por sua postura e atenção, deduzi que ele era seu guarda-costas.
Eu estava ciente de que, após o trágico incidente com minha amada Lyanna e a ameaça de um traidor entre nós, todos os membros da realeza estavam sob rígida proteção. Guardas especializados, mestres em combate e magia, acompanhavam cada passo da família real.
Engoli em seco, sentindo uma opressão na garganta. A identidade do traidor permanecia um mistério e cada sombra no castelo poderia ser uma ameaça em potencial. E, embora eu desejasse respostas e justiça, sabia que a proteção dos que amava era a prioridade. Ele raptou a nossa Lyanna, poderia fazer mal, para Ravena, Irina e a rainha...maldito traidor!
Eu tinha que pegá-lo!
Fiquei parado, esperando que ela chegasse até mim. Seus olhos profundos e carregados de seriedade refletiam a gravidade do momento, mas a sinceridade em seu olhar esverdeado transmitia-me confiança.
— Bom dia, Raphael — disse ela com uma voz suave, porém determinada. — A rainha deseja ter uma audiência contigo.
Confuso, respondi rapidamente.
— Irina, é a segunda vez em duas semanas que sua mãe solicita minha presença. O que aconteceu?
Sem hesitar, e com uma pitada de ansiedade na voz, ela esclareceu. — Temos tido problemas no norte do reino. A barreira mágica, que sempre nos protegeu, está vulnerável. Fomos atacados, Raphael. E o pior, é que lobos solitários, são os responsáveis.
Enquanto processava as informações, ela continuou.
— Minha mãe vê em ti, Raphael, um líder e Alfa competente, com vasto conhecimento sobre defesa de território. Espera que você possa ajudar, trazendo novas perspectivas e soluções. Precisamos agir com urgência.
Senti a intensidade daquelas palavras, mas estava preparado. A segurança dos Ravem estava em jogo e, como companheiro de Ravena e convidado naquele reino, era meu dever me esforçar, em proteger aqueles em necessidade.
Assenti, fixando meus olhos nos dela.
— Leve-me até sua mãe. Resolveremos isso juntos.
Ao terminar minha conversa com Irina, percebi meu desconforto. Sentia o suor percorrendo minha pele, e minha roupa colava-se a mim devido às horas exaustivas cortando lenha.
Olhei para minhas mãos, sujas de fuligem e suor.
Estava longe de estar apresentável.
— Irina — comecei tentando manter a compostura apesar do constrangimento — Peço desculpas, mas só agora percebi meu estado. Não posso apresentar-me assim à rainha Huína.
Ela avaliou-me de cima a baixo.
Irina sabia que Raphael amava incondicionalmente sua irmã Ravena, mas ela não era cega...ali estava um EXCEPCIONAL, exemplar de pedaço de homem...caramba! Que músculos...
Seu olhar era compreensivo; no entanto, havia um traço de diversão em seus olhos.
— Você tem razão — ela concordou com um pequeno sorriso. — Vá, tome um banho. A rainha Huína pode esperar um pouco mais.
Agradeci com um aceno de cabeça.
— Retornarei em breve e, então, seguirei para a sala do trono — prometi, apressando-me em direção ao meu quarto.
A última coisa que queria era causar uma má impressão diante da rainha.
Ao entrar nos meus aposentos, uma onda de alívio e cansaço me envolveu. Cada peça de roupa que tirava parecia levar consigo o peso do dia.
Não havia tempo a perder e, rapidamente, fiz meu caminho até o banheiro da suíte luxuosa que, em meio a tantos acontecimentos, havia sido designada para mim.
O toque da água quente em minha pele era como um bálsamo, dissolvendo o estresse e a tensão do dia. A ducha proporcionou um momento de refúgio, um oásis de tranquilidade.
Ao finalizar meu banho, peguei uma das toalhas macias à disposição e a envolvi firmemente ao redor dos quadris. Usei outra toalha para secar os cabelos encharcados. O vapor no banheiro embaçou o espelho, tornando minha imagem nele um mero borrão.
Nada poderia me preparar para a cena que me aguardava ao abrir a porta para a antessala.
Lá estava ela, Ravena, absorta em seus próprios pensamentos, carregando uma pilha de livros e com o ouvido encostado à porta, tentando captar os murmúrios do corredor.
Sua intensa concentração me proporcionou um breve momento para observá-la naquele estado de pura curiosidade.
Minha voz interrompeu o silêncio.
— Bem, se você queria me surpreender com uma visita ao meu quarto... conseguiu — brinquei, com um sorriso travesso.
Ela se virou rapidamente, seus olhos arregalados ao me reconhecer. E, com aquela intensidade tão característica de Ravena, seus olhos percorreram todo o meu ser.
Ravena tinha a habilidade de expressar um oceano de emoções com apenas um olhar. E, naquele instante, estava repleto de desejo. A forma como seus olhos se moviam sobre meu corpo, pausando brevemente aqui e ali, me deixou sem fôlego.
Havia um anseio em seu olhar, uma fome tão palpável, que parecia tornar o ar ao nosso redor mais pesado e eletrizado.
E, embora eu tivesse iniciado nossa interação de forma jocosa, qualquer traço de humor se dissipou no exato momento em que nossos olhares se cruzaram.
Um silêncio repleto de significado se estabeleceu entre nós. A tensão era tão palpável que poderia ser cortada com uma faca.
E havia uma certeza: o que estava acontecendo ali era poderoso e inegável.
Ela me desejava. Melhor dizendo... ela AINDA me desejava!
Ao me aproximar de Ravena, todo o resto do mundo desapareceu, restando apenas nós dois. Cada passo em sua direção fazia meu coração acelerar, ecoando o crescente desejo que ardia em mim.
Quase instintivamente, inclinei-me e sussurrei em seu ouvido, permitindo que minha respiração quente tocasse sua pele.
— Que bom que gosta do que vê... porque tudo isso, é seu.
Antes que ela pudesse reagir, sorri. O tipo de sorriso que eu reservava apenas para ela.
Reduzi a distância entre nós e a beijei. Foi um beijo intenso, repleto das emoções contidas que ambos, eu e minha parte lupina, sentíamos há semanas.
Cada instante desse beijo era um lembrete avassalador do que havíamos perdido e recuperado. Seu sabor, a textura de seus lábios, o calor de sua boca... tudo era familiar e reconfortante.
Era como se, finalmente, depois de tanto tempo vagando, eu tivesse voltado para casa. Porque, na verdade, nos lábios de Ravena, eu sempre soube que era meu verdadeiro lugar.
Oi, pessoal!
Agradeço por acompanharem este capítulo!
Se gostaram da jornada até aqui, ainda temos muitas surpresas emocionantes pela frente.
Compartilhem este livro com seus amigos e colegas e, juntos, vamos explorar novos horizontes.
Sua presença e apoio são essenciais!
Curta, compartilhe e embarque comigo neste incrível romance.
Até o próximo capítulo!
S.S. Chaves
Ponto de Vista de Raphael Stone.O ardor nos meus pulmões e a pressão crescente em meu peito se confundiam com a paixão que fervilhava em minhas veias. Quase sem perceber, encontrei-me embriagado pelo sabor dos lábios de Ravena, aqueles que eu ansiava, que em sonhos perseguiam minha sanidade.O calor entre nós era palpável, uma faísca que ameaçava se tornar um incêndio incontrolável.A maciez de sua pele contra a minha era uma provocação, cada toque, cada carícia, levava-me a uma vertigem de sensações. As batidas do meu coração pareciam mais audíveis, cada uma ressoando como um tambor apaixonado, preenchendo o silêncio da noite.Eu podia sentir sua respiração pesada misturando-se à minha, e um desejo voraz crescia em mim, algo tão primal que me fazia querer fundir minha alma à dela. A chama que nos envolvia ameaçava consumir-me, e se eu não fosse cuidadoso, nossos corpos se perderiam em um abraço de paixão, revelando todos os segredos que os corações guardam.Nesse momento, todo o uni
Ponto de Vista de Raphael Stone.Após o incidente com Ravena, sentia o coração pulsar descompassado, ecoando no silêncio do quarto.A pressa e o desconcerto ditaram minha escolha de vestimenta. Peguei a primeira calça jeans que vi no armário e a vesti rapidamente. Em seguida, sem pensar duas vezes, lancei sobre meu tronco uma jaqueta de jeans claro, já desgastada pelo tempo, que não tinha mangas. Não era a melhor combinação, nem a mais apropriada para o que viria a seguir, mas naquele momento, minha capacidade de discernimento estava turva.Cada passo que dava, cada batida do meu coração, trazia à tona o recente descontrole.Rígil, meu lobo interno, estava inquieto. A saudade de nossa companheira agia como um gatilho, despertando uma ferocidade e tristeza que eu mal conseguia conter. A conexão entre nós era palpável, e eu sabia que precisava controlá-lo, ou as consequências seriam desastrosas junto a Ravena.Ficamos nesse impasse, frente a frente, ainda que em uma batalha interna. Eu
P.D.V. de Ravena Ravem.Eu ainda estava abalada com o descontrole emocional vivido com Raphael. Toda vez que fechava os olhos, podia sentir a intensidade daquele encontro, como se fosse um eco persistente em minha mente.Por semanas, eu havia me cobrado, tentando reaver as lacunas de minha memória praticamente a força, imaginando e sonhando com as histórias que poderiam preencher aqueles vazios. Mas, confrontar a realidade foi algo totalmente diferente de tudo que eu havia imaginado.Deusa, ele sofreu assim por vinte anos?O olhar de Raphael, era uma mistura de dor e anseio, contava uma história que palavras não poderiam expressar.E então, houve aquele lampejo revelador de dor do seu lobo interior. Foi tão mais do que apenas uma visão física. Era um grito silencioso, um sussurro de um ser que estava quebrado e clamava por libertação. A ferocidade em seus olhos, o tremor que percorria seu corpo, tudo revelava a batalha contínua que ele travava consigo mesmo.Por mais que eu tentasse m
P.D.V. de Raphael Stone.Eu olhava fixamente para a mulher perante mim...Leona Carter...a MUITO anos não a via..., mas aquela mulher diante de mim, parecia outra.Os traços de seu rosto pareciam esculpidos, repletos de histórias não contadas. Histórias tristes e tenebrosas... Ela era a única filha do Alfa Leônidas Carter, um líder imponente orgulhoso, cuja reputação transcendia os limites de sua alcateia.A "Lua Nevada", como era chamada sua alcateia, tinha sua localização nos planaltos da Sérvia, onde o manto branco da neve, adornava as paisagens com uma majestade, que poucos lugares no mundo poderiam rivalizar.Muitas vezes, de onde eu estava, no Brasil, ou na Europa, eu ouvia histórias sobre a “Lua Nevada” e seu Alfa. Era uma alcateia próspera, conhecida por sua força, união e, sobretudo, pelas tradições que se mantinham firmes através das gerações.Então, a questão que pairava em minha mente, era clara e evidente: o que teria acontecido para que Leona Carter, a herdeira dessa lin
P.D.V. de Ravena Ravem.Ao chegar no campo onde os bruxos Ravem tinham sido enviados, acompanhados pelo Alfa Raphael, para negociar com os "Lobos sem alcateia", esperava encontrar uma reunião diplomática entre possíveis aliados, que desejavam cooperar...No entanto, fui surpreendida por uma reviravolta inesperada...Em vez de discussões sobre tréguas e cooperação, me deparei com um desafio lançado no ar, envolvendo uma misteriosa aquisição de "COMPANHEIRO".O clima tenso pairava no ar quando observei uma loba ASSANHADA e com atitude desafiante, de olhos faiscantes, e postura regida, no centro da cena.Sua presença imponente denotava confiança e ousadia, algo que não esperava encontrar naquela situação delicada. Percebi que ela não estava ali para negociar, mas sim para reivindicar algo mais pessoal e profundo...Enquanto tentava entender o que aquela “loba” estava pretendendo, meu instinto de bruxa se aguçou... Havia algo oculto em seu olhar, uma determinação feroz que contrastava co
P.D.V. de Ravena Ravem.Eu estava no meio da clareira, encarando a imponente Leona com seu olhar desafiante e frio.Aquela loba se achava...As palavras dela ainda ecoavam no silêncio tenso que pairava entre todos nós. A brisa suave balançava as folhas das árvores ao redor, enquanto eu mantinha minha postura firme, pronta para o desafio que se desenrolava diante de mim.— Pronta para perder, princesinha? — provocou Leona, sua voz carregada de confiança e ironia.Um sorriso determinado se desenhou em meus lábios, meu coração pulsando com uma mistura de emoções, e coragem indiscutível.Não me deixaria abalar pelo olhar intimidante de Leona, ou pelas palavras afiadas que ela lançava em minha direção. Em vez disso, respirei fundo e comecei a absorver, a energia da natureza ao meu redor.Os elementos estavam prontos, para me auxiliar.— Você pode se surpreender, Leona... — respondi, minha voz calma e segura — Não subestime a determinação de uma BRUXA, sendo ela princesa ou não, quando está
P.D.V. de Leona Carter.Com a respiração acelerada e o coração batendo forte no peito, eu, encarava a princesa “mimadinha” com fúria nos olhos.Droga! Por que aquela mulher dos infernos, teve que aparecer?Aquele cajado nas mãos dela brilhava com uma energia mágica intensa, e eu sabia que precisava encontrar uma maneira de superá-la...Ela estava atrapalhando MUITO os meus planos...Não parava de pensar...— Eu não permitiria que aquela ARROGANTE MIMADA me vencesse...Meus músculos estavam tensos, prontos para o próximo ataque. Eu podia sentir a energia pulsando através de mim, uma mistura de adrenalina e sagacidade. Com um movimento rápido, avancei na direção dela, desferindo golpes rápidos e precisos, mas a princesa habilmente, desviava e rebatia meus ataques com seu cajado poderoso...— Vadia!... — Eu não esperava que ela fosse tão hábil, ou tão rápida.Cada vez que eu desferia um ataque, faíscas voavam no ar, iluminando o cenário ao nosso redor.O escudo que ela tinha criado em vo
P.D.V. de Ravena Ravem.Eu estava me sentindo desorientada, com a sensação avassaladora de ter Raphael caído sobre mim.Droga! Como as coisas foram ficar assim...Enquanto eu permanecia gritando seu nome, a angústia aumentava no meu peito, pois ele não abria os olhos.Tentando manusear seu corpo com todo cuidado para evitar tocar nos ferimentos causados por Leona, eu continuava a clamar.— Raphael?... Raphael? — mas ele permanecia sem qualquer reação, e nem abria os seus olhos.O sangue não parava de jorrar!A tensão no ar era palpável, e o desespero crescia a cada segundo que passava sem sinal de vida em seu olhar. O medo de que Raphael pudesse ter partido para sempre começou a se insinuar em minha mente, como um frio cortante.Deusa... não permita a sua morte...não agora...ainda estou o conhecendo...A simples possibilidade desse pensamento tomou meu fôlego, e uma dor intensa se apoderou de todo o meu ser.Morte? Raphael morrer? Não...O choque foi avassalador, roubando-me o oxigêni