Capítulo Três

Durante dois segundos relaxei nos braços de Loren e acreditei no que ele falava, mas eu sabia que era bom demais para ser verdade. Eu já havia acreditado na minha realidade por mais triste que fosse e agora esse lindo homem falava que me salvaria do crápula que era meu marido era meio difícil de acreditar, por mais que ele tivesse descoberto o que estava acontecendo e tivesse pena de mim. Soltei ele e Loren enxugou uma lágrima que escapou de meu rosto. 

- Me deixe. Estou bem. – falei.

Loren me olhou como se eu tivesse dado um tapa em seu rosto e se afastou. Enxuguei minhas lágrimas, saindo de perto dele e então da biblioteca. Caminhei pela escada em direção ao meu quarto e tranquei a porta quando entrei. Deslizei para a poltrona no canto e encostei a cabeça, respirando profundamente. 

Eu não entendia por que ele era tão gentil se nem me conhecia.

Eu não era de chorar à toa. Não era de ficar remoendo a minha vida. Eu já havia aceitado que minha vida não tinha mais saída. Eu iria passar a vida inteira com Harrison e construir uma vida com ele. Por mais que ele fosse um monstro, um doente mental que batia em mulheres indefesas. E faria tudo isso, para poder dar a minha mãe e a minha irmã o futuro que meu pai não pode dar para elas. 

Mas, Loren havia trazido um ponto à tona tudo que eu não gostava de pensar, mas que era verdade. 

E pensar nele fez meu coração dar um solavanco. 

Ele era tão lindo e surreal que eu ainda não acreditava ser verdade. Que ele tinha me tocado daquele jeito e enxugado uma lágrima minha. E dito aquelas palavras como se me conhecesse a vida inteira e me amado desde o primeiro instante. Senti algumas lágrimas se acumulando e a sensação que eu tinha era de que desmoronaria em pedaços. 

Aquele sentimento avassalador tinha se alastrado por toda minha mente e meu coração, parecendo uma doença contagiosa que abatia uma pessoa em poucas horas. 

Me levantei, ainda amuada e caminhei até o closet, vestindo minhas roupas de dormir. Minha camisola de seda branca se arrastou ao redor de mim e limpei meu rosto da maquiagem, depois penteando o cabelo. Afastei os cobertores para dormir, então o barulho ensurdecedor de trovão soou me fazendo estremecer. Mas, sorri e logo escutei o barulho dos pingos de chuva batendo contra a janela de vidro de meu quarto. Eu adorava tempestades. E quando pequena sempre dormia ao lado da janela observando a beleza do céu noturno e dos raios que reverberavam por ela em uma tempestade.

Me recolhi debaixo do cobertor, lembrando de como papai me fazia dormir nas tempestades. Ele também adorava e ficava altas horas comigo falando sobre os anjos que brincavam nas nuvens com os raios. 

Senti algumas lágrimas escorrendo por meu rosto e então um barulho ligeiramente mais alto que os raios soou. Demorei um tempo para registrar que aquele barulho vinha de dentro de casa e não de lá fora. Era um baque oco e seco contra a porta de meu quarto. Enxuguei minhas lágrimas e me encostei ao lado da porta tentando imaginar quem era aquela hora. Então a batida me fez dar um pulo e quem estava do outro lado se aproximou da porta ao ver que eu estava acordada e bateu insistentemente. Os passos eram arrastados e as batidas pesadas.

- Abra, Aria! – a voz de Harrison saiu de forma grosseira. – Tenho que fazer uma coisa com você. Uma coisa que deveria ser feita há muito tempo para ensinar uma liçãozinha para você. – ele riu de forma grotesca. 

Ele estava bêbado e queria me possuir. 

Com medo, arrastei a cômoda para a porta, que era pesada e muito grande. Mas, consegui. E então ele começou a se jogar contra a porta.

- Se você não abrir vai ser pior! – ele ameaçou e comecei a entrar em desespero. 

Por que ele iria derrubar aquela porta e segundo que a tempestade estava em seu ponto alto. Com trovões e relâmpagos que fariam com que ninguém escutasse caso eu precisasse gritar. E também por que todos deveriam estar dormindo agora. Numa tentativa de agonia caminhei até a janela e a abri. Os pingos de chuva caíram por minha face, me molhando em questão de segundos. Meus cabelos voavam com o vento e água. Olhei para baixo, era uma queda de pelo menos dez metros para baixo. Poderia não ser fatal, mas quebraria uma ou talvez as duas pernas. A porta rangeu mais uma vez com o peso de Harrison contra a porta de meu quarto e logo ela se destroçaria. Olhei para baixo mais uma vez e desci para o parapeito estreito e apertado. A chuva me encharcou em questão de pequenos segundos e me apoiei na parede tentando não olhar para baixo. Me esgueirei até uma pequena escada de plantas que descia por toda a lateral da casa o que dava para ela um charme pitoresco.

Não tinha outro jeito, teria que descer por ali.

Me abaixei apoiando ainda na parede e coloquei um pé na pequena escada de madeira. Finquei o pé e firmei para ver se aguentaria meu peso. Ela parecia bastante resistente e desci com o outro pé. Minha camisola grudada em mim por causa da chuva não ajudava muito e desci alguns passos para baixo e coloquei minhas mãos na escada. Comecei a descer para baixo lentamente, passo por passo para não escorregar e cair, por que as plantas deixava tudo muito escorregadio e perigoso. 

Assim que meus pés tocaram o gramado fortemente molhado e meus pés ficaram sujos de barro, comecei a correr, lembrando que apesar dos janelões da biblioteca ficarem sempre fechados era só empurrar e eles se abriam. 

Dei a volta da casa escorregando entre a relva e parei diante da biblioteca. Olhei para trás e as roseiras se entrelaçavam umas às outras úmidas pela chuva. Seria lindo de se observar se eu não estivesse fugindo de meu marido louco e violento. 

Empurrei a janela para o lado e ela se abriu sem o menor ruído. Me joguei para dentro por que a janela era alta e caí num baque oco no chão de madeira de um jeito ruim e caindo sobre os próprios pés. Gemi e rolei para o lado, tremendo de dor e frio com os pingos que ainda caíam sob mim. Então uma mão pálida fechou a janela e pisquei começando a tremer ainda mais pensando em ser Harrison. 

Mas, era Loren. 

Ele me olhou chocado, rapidamente colocando os braços ao meu redor e me levantando. Colocou-me em seu colo e se sentou em dos sofás. Eu continuava tremendo e achei que entraria em estado de hipotermia. 

- Meu Deus, o que aconteceu com você? – ele perguntou. 

Olhei para ele e comecei a chorar. De verdade, de uma forma nada comparada há algumas horas atrás. As lágrimas traziam todo o caos e adrenalina de descer dois andares pelo lado de fora para escapar da violência e da iminente possessão de Harrison. Ele apertou seus braços ao meu redor com delicadeza, parecendo temer que eu fosse me estilhaçar de tanta angústia e achei que talvez iria mesmo. 

- Espere aqui. – ele me deslizou para o lado e gemi quando ele sem querer tocou meu tornozelo. Ele automaticamente ficou de joelhos na minha frente e tocou meu pé cheio de barro e inchado. Ficou claro que eu deveria ter torcido. – Você o quebrou? – ele deslizou um dedo pela minha pele clara e tremi. – Provavelmente só torceu.

Ele levantou e piscou.

- Volto já. Apenas vou buscar algumas coisas. Vou trancar a porta quando eu sair. Não precisa fugir de mim. Vou apenas te ajudar. – ele praticamente correu pelos corredores de estantes enormes de livros e ouvi a porta sendo trancada. 

Deitei no sofá e ouvi a chuva caindo lá fora de forma intensa e caótica. As lágrimas e a dor ainda estavam presas na garganta e eu não conseguia se quer respirar direito. Fechei os olhos durante algum tempo e mais cedo do que eu esperava ouvi o trinco da porta e abri os olhos com medo de que fosse Harrison, mas era apenas Loren de volta. 

Ele parecia ainda mais pálido durante a noite e no escuro quase espectral da biblioteca. Eu só me perguntava o que ele ainda fazia acordado essas horas sozinho entre os livros. Seus cabelos estavam claros também e sua boca rosada e delineada era a única cor que realmente davam vivacidade ao seu rosto. Até mesmo os olhos estavam prateados como os raios da chuva lá fora. 

Ele caminhou até mim e colocou no chão algumas coisas que ele trazia consigo. 

Ele deixou tudo e então caminhou acendendo a lareira do canto da biblioteca. O fogo crepitou e em poucos minutos o calor se espalhou pelo ambiente aquecendo-me finalmente. Pisquei, tremendo e Loren caminhou perto de mim. 

- Venha tirar essa roupa antes que você pegue uma pneumonia. – ele disse e estendeu uma de suas mãos grandes e macias. 

Olhei para ele de forma assustada.

- Não vou olhar. Apenas quero que você não fique doente. – ele comentou.

O rubor se alastrou por minha face, mas me levantei sabendo que ele tinha razão. Loren me ajudou e colocou uma camisa dele em minhas mãos. Ele se virou de costas e então me apoiei no sofá, praticamente em um pé só para me trocar. Assim que joguei a camisola molhada no chão, trocando pelo tecido macio e quente da blusa dele, notei que minhas pernas ficavam boa parte expostas pela camisa dele que mal chegava ao meio de minhas coxas. Além do decote profundo em babados que revelavam muita coisa de meu busto. 

Me sentei novamente no sofá e peguei o cobertor que ele tinha trazido, cobrindo-me. Sentindo que eu já havia me trocado, Loren se virou e me olhou de um jeito afetuoso. Eu nunca tinha visto alguém olhar para mim assim. Com afeto e de um jeito totalmente carinhoso. 

- Agora vamos cuidar desse tornozelo. – ele disse e sorriu.

Ele se sentou no chão e pegou uma pequena maleta escura e abriu revelando alguns xaropes, gazes e pomadas. Ele pegou uma das pomadas e abriu. Depois pegou delicadamente meu pé, e limpou com uma das gazes, tirando todo o barro. Depois aplicou a pomada gelada sob meu tornozelo e tinha cheiro de menta. Enrolou uma atadura por meu tornozelo e colocou ele sob o sofá, me fazendo deitar. Depois limpou meu outro pé do barro. Colocou a coberta sob minhas pernas sem olhar para elas, acho que por educação e se arrastou no chão até a minha cabeça que estava apoiada no braço do sofá. 

- Você quer conversar sobre o que aconteceu? – ele me perguntou, colocando uma mecha de meu cabelo molhado atrás da orelha.

Olhei para ele e seu carinho, me sentindo agradecida como nunca. Ele parecia tão sincero e aberto com sua gentileza, que era uma forma espantosa diante das atrocidades com que fui criada e agora casada com uma delas.

- O que estava fazendo aqui sozinho? – perguntei baixinho, me desviando de sua pergunta.

Ele continuou acariciando meu cabelo.

- Estava tocando piano no escuro. Não consegui dormir pensando em algumas coisas. – seus olhos cinzentos lampejaram para mim. 

Senti meu rosto todo vermelho e não consegui responder nada. Apenas uma coisa me passou pela cabeça. Eu queria ter ele por perto sempre. 

- Você tocaria para mim? – pedi quase num sussurro envergonhado. 

Ele arqueou suas sobrancelhas surpreso, mas não de um jeito ruim e sim de uma forma lisonjeada. 

- Claro. Seria o maior prazer. 

Ele tocou meu rosto uma última vez e caminhou para o piano. Seus dedos se esticaram e tocaram as teclas como um toque íntimo de um amante com sua mulher amada. Ele e o piano pareciam ter um caso de amor longo e feliz. Ele abriu um sorriso encantador quando reconheci Clair de Lune, de uma forma floreada e romântica. 

Senti meu coração batendo no ritmo da música e fechei os olhos calmamente enquanto caía em um sono profundo. 

                                ***

Abri meus olhos na manhã seguinte e ainda estava chovendo lá fora. Me virei incomodada com o pouco espaço, tentando dormir novamente. Mas, não teve jeito. Levantei e pousei meus pés e em seguida soltei um gritinho de dor. Meu pé enfaixado bateu com força no chão e esqueci que havia deslocado ele, enquanto pulava a janela da biblioteca depois de ter me esgueirado pela janela e descido pela escada de plantas na lateral da casa. Olhei ao redor e a biblioteca estava vazia. O céu estava escuro lá fora e ainda chovia do mesmo jeito que ontem à noite. 

Mancando fui até a porta e girei o trinco. Estava trancada. Loren deveria ter feito isso por minha segurança e voltei para sentar no sofá. Só então percebi sob o piano uma bandeja de café da manhã. Andei até lá e havia uma jarra de suco de laranja, com alguns pães, torradas e bolachas com geleias. Havia um cartão dobrado e uma rosa vermelha apoiada sob ele. 

Li atentamente o cartão e corei. 

“Sob a luz dos relâmpagos lá fora, percebi que minha vida jamais voltaria ser a mesma. Por que meu coração pertencia à outra pessoa. Pertencia a uma linda mulher com olhos verdes como a natureza e cabelos negros como o carvão que nos aquecia aquela noite”. 

                                                                                                      Loren

Cheirei a rosa recém colhida e algumas gotas da chuva lá fora ainda molhavam suas pétalas. Ela estava presa a uma fita de cetim preta em forma de um laço perfeito sem nenhum espinho. 

Mordisquei um pãozinho e enchi um copo de suco. Coloquei a rosa sob a orelha e me arrastei até um dos sofás que era ao lado de uma das janelas grande da biblioteca e me sentei, observando enquanto as gotas de chuva molhavam as rosas do jardim de forma lenta e fascinante. A cada poucos segundos ouvia-se relâmpagos lá fora. Pisquei meus olhos para a chuva e senti um aperto em meu peito ao lembrar de meu pai. De seu sorriso grande e olhos faiscantes. Ele era a coisa que eu mais havia amado. E daria tudo que fosse para tê-lo de volta. 

Abri ligeiramente uma das janelas e o vento gelado acariciou meu rosto levemente, fazendo-me arrepiar. A manga da blusa de Loren caiu sobre meu ombro esquerdo e abracei minhas pernas enquanto fechava os olhos. Me encostei no sofá apreciando o toque suave do frio.

Senti uma quentura em meu rosto e foi então que ouvi as teclas do piano se moverem ao formar uma linda melodia. Não reconheci quem era e simplesmente apreciei a canção e também a presença marcante dele. Não tinha como dizer que eu tinha sensação de ter escutado aquela canção em algum lugar e ter ficado nessa mesma posição adorando o compositor com tal apreço que chegava a doer. Abri meus olhos ligeiramente sem me mover um músculo e Loren estava com seus olhos concentrados em mim. Como se todo o tempo ele estivera me olhando e eu não tinha percebido. Corei levemente e me mantive presa em seu olhar dominador. Ele estava sério, mas seus olhos cor de gelo transpareciam preocupação e uma emoção estranhamente dolorosa. 

A canção mudou para algo mais agitado e dramático, me fazendo despertar de meu encantamento. Pisquei e finalmente percebi meus trajes diante de um homem estranho. Me curvei colocando o cobertor ao meu redor e ajeitando a camisa sob meu ombro. 

- Nenhum anjo seria mais lindo que você. – ele murmurou e baixou os olhos para as teclas. – Sinto dizer que suas roupas ainda estão molhadas. Poderia pedir a Desirre uma troca, mas acho que talvez houvessem suspeitas do porquê de você estar com uma camisa minha. Aliás, só uma camisa minha. Não queremos que Harrison fique ainda pior. 

Olhei para ele. 

- Eu sinto muito ter dado trabalho para você ontem à noite, Senhor TripleHorn. – falei corando ainda mais. – Eu fiquei sem meios para... – falei, completamente constrangida. Mesmo que no fundo ele me encantasse, não poderia esquecer que ele era amigo de Harrison e um estranho ainda. – Bem, desculpe-me por ter colocado você no meio de meu casamento. Tenho certeza de que isso pode ser concertado, quando eu dizer à Desirre que eu me escondi sozinha e procurei a primeira coisa que achei para vestir e...

Me levantei com o coberto em volta, me esquecendo novamente do maldito tornozelo e gemi caindo de joelhos no chão. Vi pelo canto dos olhos Loren se levantar na mesma hora e me oferecer ajuda. Ele me pegou pelos cotovelos e o cobertor caiu em volta de mim. Me apoiei nele e tirei meu pé machucado do chão, deixando que ele me guiasse. Loren olhou diretamente para meus olhos e não desviou por nada.

- Meu nome é Loren. – ele baixou sua voz e saiu um tom rouco. 

Eu tinha certeza de que ele tinha uma voz linda para cantar também. Soava como trovões e veludo ao mesmo tempo. Me arrepiei de uma forma atordoante e precisei apoiar meus braços nos dele para conseguir respirar.

Ele piscou e senti uma vontade de passar a mão na mecha insistente que caía sob seus olhos e sob a sobrancelha clara. Ele tinha um rosto forte e completamente angélico. Lábios tão cheios e vermelhos que davam água na boca. Mas, ao invés de eu tocá-lo, foi ele que se aproximou e passou a mão levemente por minha bochecha. Minha respiração ficou na garganta e senti esquentando minha pele onde seus dedos tocavam. Ele deslizou os dedos por meu queixo e então parou em meus lábios. Ele acariciou minha boca e senti-a pinicando por um beijo dele. 

- Você parece uma obra de arte. Como alguém pode ser tão bela e tão presa como um bicho de estimação? – ele sussurrou. 

Fiquei hipnotizada pela sua boca e o som que saía dela. 

- Fico me perguntando. – ele continuou. – De onde você me parece familiar. De onde conheço você. Por que você pode fingir que não, mas é como se nos conhecêssemos nossa vida inteira, embora eu nunca a tenha visto desde ontem. Quando vi você foi como se algo dentro de mim se encaixasse e se completasse. 

Olhei para ele sem reação.

- Você não pode falar essas coisas para mim, Loren. – o nome dele dançou pela minha língua pela primeira vez. 

Ele me apertou de encontro ao seu corpo, enlaçando minha cintura na sua. Sua boca pousou em minha testa como um sussurro, um toque íntimo de amor mais profundo que qualquer outra coisa que eu já houvesse sentido na vida. 

- Como não, anjo? 

Ele então beijou meu nariz e deslizou mais para baixo na parte de cima de minha boca e por minha bochecha. Dentro de mim algo explodiu e entrou em combustão. Meu batimento cardíaco estava acelerado e percebi que ainda segurava a respiração na garganta. O hálito doce e quente dele rodopiou ao meu redor e senti aspirando aquele aroma intoxicante como se fosse uma droga viciante. Ele fechou os olhos e deslizou os lábios e o nariz por minha bochecha. Suas mãos subiram lentamente por minha coluna acompanhando a marca da espinha de minhas costas. 

- Ah... – gemi, soltando sem querer um suspiro profundo. 

Naquele momento senti como se tivesse sendo possuída por algum tipo de ser dos Céus e ele pudesse ver minha alma e tocá-la com as pontas dos dedos.

Eu não sabia o que estava acontecendo e só queria que não parasse.

Então um toque seco soou na porta.

- Senhora? Você está ai? – Desiree falou.

Olhei para Loren e ele não tirou os olhos dos meus ainda com seus lábios muito próximo dos meus. Ele não queria me largar assim como eu não queria que ele se afastasse. Mas, relutante, ele me soltou delicadamente, depois colocou o cobertor sob meus ombros para que tampasse minha falta de roupas. 

Me afastei dele e fui até a porta.

- Estou sim, Desirre. Precisei sair de meu quarto por causa do frio. Estou doente e com febre. Poderia me trazer roupas limpas, por que acho que fiquei ao relento à noite e minhas roupas estão meio úmidas. Vou ficar aqui sob o fogo da lareira. Quem sabe não fico melhor. – murmurei para a madeira escura.

- Sim, senhora. 

Ela então se afastou e me voltei para Loren, que estava no mesmo lugar. 

- Estou apaixonado por você. – ele disse.


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