- Você já esteve apaixonada, Desirree? – perguntei para minha acompanhante.
Ele parou de pentear meu cabelo e suspirou. Sentada de frente para minha penteadeira, conseguia ver o rosto jovem dela refletido. Desirree era bonita, deveria ter a minha idade e eu havia a conhecido quando me mudei para casa de Harrison. Ela era muito simpática e nos demos bem logo de cara. Ela sorriu. - Bem, acho que estou. Mas, por que a pergunta? Olhei para ela com vergonha.- Como sabemos que estamos amando alguém? Quer dizer esse sentimento pode surgir assim tão instantâneo? – perguntei. Ela abriu um sorriso ainda maior. - Bem, comigo foi instantâneo. Como num passe de mágica. Acredito que quando é amor verdadeiro ele surge na hora e no momento em que deve acontecer. Independentemente de qualquer coisa. – ela explicou.Assenti e ela voltou a escovar meu cabelo. Ela tinha dado muito para mim pensar e eu acreditava na mesma opinião que ela. Engraçado que apenas alguns dias atrás eu sequer cogitava acreditar que o amor de fato existia. E olha agora. Estava fascinada pela pessoa mais linda do mundo. Eu tinha passado o dia deitada, descansando. Agora a noite comecei a me preparar e as borboletas atacavam meu estômago para o que viria a seguir. Depois de me maquiar, havia me enrolado em uma espécie de roupão para deixar por último o vestido. Observei ele sob a cama e suspirei. Era o vestido mais lindo que eu tinha dentro de meu closet. Um presente de Harrison logo depois que havíamos nos casado. Mas, eu nunca havia usado, não por falta de oportunidade, e sim simplesmente por que Harrison o detestava. Eu não entendia o motivo. Ele era feito de renda e veludo preto de uma magnificência esplendida, importado direto de Paris. Com a ajuda de Desirree coloquei-o e ela gemeu. Diante do espelho enorme, me admirei e pela primeira vez na vida me achei bonita. Nem mesmo quando eu havia casado com um vestido lindo, eu tinha ficado assim. Com o corpete apertado, moldando minha cintura era todo de renda que se estendia por meu decote e braços em mangas até o pulso, as costas eram totalmente abertas até quase a cintura, com fitas de cetim trançadas, a renda também ia até a cintura onde ele se abria como um copo de leite invertido e em camadas de veludo formato balão. Meus cabelos estavam encaracolados e a parte de cima presa para trás em presilhas de diamantes, meus olhos esfumaçados, para dar destaque ao verde e minha boca rosada. - Senhora... Está incrível. – ela sorriu. Caminhei para mais perto do espelho e olhei para mim mesma. Ela tinha razão, mas mesmo assim era difícil acreditar. Os machucados já não apareciam e os cortes haviam se fechado. Eu estava perfeita e ainda não entendia por que Harrison poderia nutrir tanta raiva de mim. - Está quase na hora. O Senhor TripleHorn, havia pedido que lhe dissesse que esperaria na sala. – ela disse. Me virei e sorri. Um sorriso de verdade feliz. - Obrigada, Desirree. Por tudo. – falei. Ela segurou minha pequena bolsa e meu xale. Descemos juntas e ela caminhou na frente. Graças à Deus, meu tornozelo não doía mais o que me permitia vestir saltos. Caminhei sem dificuldade nenhuma e descemos as escadas de mármore. Quando entrei na sala, os olhos dele foram a primeira coisa que vi. Os olhos cinzentos de Loren se arregalaram e quase pude sentir sua surpresa. Ele se levantou com os lábios abertos e complemente sem fala. Ele estava tão lindo que chegava doer olhar para ele. De smoking e de gravata borboleta prata, as bordas da lapela de seu smoking também eram pratas e bordadas delicadamente. O cabelo sempre em um topete meio desordenado, hoje estavam penteados para trás. Ele se levantou e caminhou até mim. Como Desirree estava atrás de mim, ele simplesmente beijou meu rosto e sua respiração bateu em meu rosto. Estremeci e meu coração bateu mais forte. - Nem em mil anos existiu anjo mais belo que você. – ele passou a mão por minha bochecha. Durante alguns segundos meus olhos ficaram presos nos dele e não consegui me mexer. - Senhora, a carruagem a aguarda. – Desirre disse. - Claro. – assenti. Loren sorriu e estendeu as mãos, pegando algo dentro do bolso. - Ainda bem que acertei na cor. Comprei hoje. – ele disse. Ele tirou uma máscara de penas pretas delicada e que adornava os olhos. Ele vestiu a dele também preta com detalhes em prata. - Não sabia que era uma festa a fantasia. – murmurei. - Bem, nem eu. Mas, meu amigo me disse e passei para comprar. – ele sorriu. – Vamos? Ele me deu o braço e aceitei. Caminhamos para fora de casa e o vento gélido passou por minhas costas, me arrepiando. O céu já estava escuro e cheio de estrelas. Estremeci mais uma vez e Loren soltou meu braço, me abraçando. Desirree caminhou atrás de nós, com minhas coisas e assim que chegamos na carruagem, Loren me ajudou a subir por causa do vestido e pegou minhas coisas.- Tenham uma boa festa. – ela disse.- Obrigada. – sorri.Loren fechou a porta e estendeu a máscara para mim assim que a carruagem começou a andar. - Na verdade, não quis mostrar na frente de sua acompanhante, no entanto tenho mais de um presente. – peguei a máscara de suas mãos e ele se virou pegando uma caixa que já parecia estar dentro da carruagem antes de entrarmos. – Eu lembrei de você não sei por que quando vi e não me contive. São diamantes raros. Eles são pretos. Esse modelo é único, de uma coleção de três peças no mundo inteiro. Ele estendeu a caixa e abriu. Dentro havia uma gargantilha trançada em um padrão floral de diamantes prateados e pretos de forma delicada e maravilhosa. Ele tirou e estendeu colocando sob meu pescoço e então o fechou. Toquei as pedras geladas em meu pescoço e não consegui dizer nada. Ele tinha comprado uma peça rara para mim quando nem mesmo meu próprio marido havia me presenteado daquela forma. - Diga alguma coisa, por favor. – ele disse. Pisquei meus olhos e passei a língua pelos lábios. Loren observou meus gestos e respirou fundo. - Eu só tenho a agradecer. Nunca ninguém fez nada do que está fazendo para mim... – expliquei movendo as mãos juntas. Uma mania que tinha quando estava nervosa. – É como eu tivesse começado a viver finalmente quando você apareceu. Não consigo expressar de outra forma. Ele estava sentado de frente para mim. A carruagem se movia de forma rápida e ele veio se sentar ao meu lado. Suas mãos traçaram o desenho de minhas bochechas e então de meus lábios. Senti aquele desejo ardente novamente de beijá-lo e passei a língua nos lábios mais uma vez. Loren era quente como chamas em brasa. Eu sentia seu calor na ponta de seus dedos e meus olhos encontraram os dele.- Me sinto da mesma forma. – ele sussurrou e se aproximou ainda mais de mim. Senti seu hálito perto de minha orelha e me arrepiei. - Você é extremamente linda. – ele disse baixinho e beijou abaixo de minha orelha. Ele trilhou beijos em minha nuca e uma de suas mãos afastou meu cabelo enquanto a outra acariciava minha clavícula. Ele começou a beijar mais forte e fechei os olhos, sentindo o maior prazer que já senti na vida. Ele assoprava aonde beijava e descia mais para baixo. Ele mordiscou minha orelha e chupou o lóbulo da orelha. Soltei um gemido alto e sua mão, da raiz de meu cabelo acompanhou a minha espinha pele a pele. Senti meu rosto queimando e então a carruagem parou abruptamente fazendo com que eu quase caísse para frente. Mas, as mãos de Loren me seguraram e ele olhou para mim. O prata de seus olhos queimando e derretendo. - Você vai ser minha. – ele encostou seus lábios muito rápido nos meus como um selinho. Um segundo depois a porta de nossa carruagem foi aberta pelo cocheiro e antes que ele visse alguma coisa, Loren me soltou e saiu e apenas vi sua mão estendida para me ajudar. Soltei a respiração de forma pesada e engoli para dentro toda a loucura que estava sentindo dentro de mim. Por que Loren me deixava fora de mim mesma de uma forma que eu nunca tinha sentido. Como eu havia dito, ele me deixava viva. Como se dançasse em brasas toda vez que ele me tocava. Coloquei a máscara e ajustei ela. Pelo vidro da porta me vi, e aquela mulher do reflexo deveria ser outra, por que além de linda, ela era sexy de uma forma que eu jamais seria. Enrolei o xale de festa preto em volta de mim e peguei minha bolsa, aceitando a mão de Loren. Ele me ajudou a descer e pela primeira vez notei onde estávamos. Era o teatro da cidade. As vezes ele era usado para festas de gala, quando o número de convidados era muito grande como agora. O fluxo de pessoas entrando e saindo era grande, então Loren me abraçou, ajudando-me a passar entre as pessoas que estavam vestidas de forma luxuosa e fantasiadas com máscaras e chapéus das mais diversas formas. Entrei pela escadaria de pedra, e não pude deixar de notar que a estrutura do teatro era grande e de pedras escuras, assim como os degraus que eu pisava. Loren deixou os convites com três seguranças e deixamos nossas coisas no hall com algumas moças. Ele me deu a mão e então entramos para um enorme salão de festas. Era imenso e amplo com teto abobado com anjos pintado. Um grande lustre no meio e velas espalhadas por todo os cantos para dar um ar mais chique a festa. A orquestra tocava em um canto e as mãos de Loren não deixavam meus braços. - Vou procurar meu amigo. O que acha de sentar ali e eu já te encontro? – Loren disse. Ele acenou para uma das mesas antes da pista de dança e assenti. Aquela vastidão de pessoas e espaço estavam me deixando zonza. Ele caminhou comigo e puxou a cadeira para mim, beijando minha testa antes de sair. Observei como ele era elegante andando e suspirei. Um garçom passou e me ofereceu uma taça de champanhe. Aceitei e bebi um pouco, absorvendo a música e as pessoas dançando não muito distante de mim. Eu estava pouco acostumada com festas tão grandes e tinha que dizer que até gostava. Me distraía muito da vida triste que tinha e além do que eu sempre gostava ainda mais das músicas. - Aria Kendall? – ouvi a voz feminina me chamar. Olhei para cima e vi Michele Blanc. Seus cabelos loiros caíam como cascatas de ouro pelos ombros e cintura em uma máscara vermelha assim como o vestido. Reconheci ela de imediato, por que ela era esposa de um dos melhores amigos de Harrison. Além do marido ser podre de rico, ela era sempre extravagante e sua presença me intimidava um pouco. Sempre que saía para um jantar ou festa com Harrison eu a encontrava. - Olá, Michele. – sorri. Ela arrastou a cadeira e bebeu da taça que estava em sua mão. - Você está bem, querida? Você está incrível! – ela sorriu. Assenti. - Estou sim. E obrigada. Você também está inacreditável como sempre. – sorri mais uma vez por educação. Olhei entre os convidados para ver se achava Loren e avistei ele em um canto conversando com o Duque Carver. Eles bebericavam o champanhe e riam de alguma coisa. Os olhos de Loren pousaram em mim e senti meu rosto queimando. Depois ele desviou o rosto e prestou atenção na conversa.Michele acompanhou meu olhar. - Este é o amigo de seu marido, não é mesmo? – ela me perguntou.- Sim. – assenti. Ela sorriu. - Ele é lindo. Acredito que é o que todas estão olhando essa noite. – ela disse, mas meu rosto ainda continuava virado para Loren. – Mas, ele parece ter olhar para uma só.Ela sorriu e meus olhos sérios a encararam.- O que está querendo dizer? – perguntei. Ela sorriu de forma sedutora. - Nos dez minutos que estou sentada aqui, ele não tirou os olhos de você. Vi quando entraram abraçados. Soube que seu marido está viajando. Peterson me contou. Você deveria aproveitar... Só isso. – ela riu. Parecia já meio alta. Olhei para ela, indignada. - Sou uma mulher casada. Jamais faria isso. – falei. Mas, minha voz havia falhado no final, e para disfarçar tomei um gole de minha taça. - Ah, por favor, Aria. Todas nós sabemos o que nossos homens fazem nos prostíbulos de Marselha! – ela disse. – Acha mesmo que só eles tem o direito de aproveitar a vida? Ainda mais aqueles que são violentos como Harrison? Corei, envergonhada. - Não sei do que está falando. - Você pensa que ninguém sabe, mas todos aqui sabem que tipo de homem Harrison é. E mesmo sendo lindo, ele é terrivelmente violento. Soube que uma vez ele quase matou uma garota da vida, antes de se casar. Eu imagino como deve ser conviver com ele todos os dias. Peterson ainda é menos violento, mas é sem sal na cama. Nunca fizemos sem roupa, acredita? – ela murmurou.- Acho que você está um pouco alterada... Melhor, eu ir. – me levantei, arrumando a barra de meu vestido. Me virei para ir em direção a Loren. Mas, Michele agarrou meu braço.- Você deveria aproveitar enquanto ele ainda não te matou. Esse homem deve ser um furacão, assim como meu Jack. – ela sorriu e riu alto. - Com licença. – soltei meu braço do dela.Caminhei apressada para o bar, afim de tomar um pouco de água e então esbarrei em alguém. - Desculpa. – levantei o rosto. - Não precisa se desculpar. Eu é que trombei em você. – ele disse. Reconheci o barão de Duchannes e sorri. - Olá. – ele disse também me reconhecendo. - Vejo que as máscaras não disfarçam em nada a falta de equilíbrio. – murmurei. - Imagina, a reconheci por sua beleza inestimável. – ele sorriu.Duchannes era um velho charmoso, de cabelos brancos e olhos amáveis castanhos. Mas, também muito paquerador. - Você está acompanhada? – ele perguntou com a mão pousando sob meus ombros. Abri a boca para responder, mas a resposta veio de minhas costas.- Sim, comigo. – a voz rouca de Loren trovejou em meus ouvidos. O barão olhou para ele e senti uma eletricidade no ar, como se um medisse o outro. Mas, então Duchannes sorriu e assentiu. - Imaginei que uma bela dama como essa não estaria sozinha. – ele sorriu. – Se me derem, licença... Ele saiu rapidamente e Loren passou os braços por mim. - Você está bem? Olhei para ele e assenti. - Você está mentindo, Aria. Estou olhando para você e estou vendo. Antes de eu chegar parecia que você ia chorar. Alguém te disse alguma coisa? – ele pegou em meu braço. – Foi aquele velho? Se ele disse alguma coisa, eu posso dar um jeito nele... Sorri, apesar de tudo. - Só preciso andar um pouco. Ele passou os braços por mim e me abraçou, envolvendo minha cintura. - O que acha de dançarmos? – ele me perguntou. Assenti e ele me puxou pelos braços. Caminhamos pela pista de dança e uma música suave tocava. Ele passou os braços por minha cintura e minhas mãos foram para seus ombros. Balançamos para lá e para cá num ritmo suave. Ele dançava ainda melhor do que tocava, mesmo que eu ainda achasse isso quase impossível. Mas, o que é que ele não fazia com perfeição?Os músicos trocaram por um tango ardente e Loren sorriu quando com passos coreografados bailou comigo pela pista, me puxando e fazendo dançar como nunca na vida. E apesar de eu saber os passos, eu nunca havia dançado muito bem. Mas, nos braços de Loren, com ele guiando, era quase como se eu tivesse feito isso a vida toda tão bem... Ele me girou e me puxou de volta para seus braços, segurando uma de minhas pernas e senti o calor de suas mãos mesmo através da meia grossa. Nossos olhos se encontraram durante um segundo e ele se aproximou antes de tocar sua testa com a minha. Achei que ele fosse me beijar, e até fechei os olhos esperando, mas então me liguei que estávamos em uma festa em nossa cidade, onde todos me conheciam assim como sabiam que eu era casada com Harrison. Me afastei dele e depois começamos a valsar em uma nova música. Rimos e rodopiamos por todo o salão assim como os outros casais até nos cansarmos. Estávamos rindo de um casal que havia tropeçado, quando um homem e uma mulher entraram em nossa frente. Loren olhou para frente e sorriu. - Aria, esse é meu amigo, Francoise. Ele é um dos sócios de Harrison. – ele disse. Estendi minha mão e Francoise a pegou, beijando-a. A mulher ao seu lado fez um bico, mas fingiu que estava distraída com a manga de seu vestido azul. - Olá, querida. Essa é minha esposa, Milena. Amor, mostre seus modos. – ele disse. Francoise era lindo, o típico homem que as mulheres faziam babar. Tão lindo quanto Loren, ele tinha olhos azuis claros e cabelos escuros. Uma boca bem delineada e braços fortes. Sua esposa também tinha olhos azuis e cabelos pretos. Eles até eram parecidos um pouco, mas ela tinha algo de mais selvagem nos modos. Ela sorriu de modo entediado. - Oi. - Bem, vocês estão convidados a comerem conosco. Será servida agora a entrada e espero por vocês. – ele sorriu e piscou para mim. Corei e ele era muito simpático até. Muito diferente da esposa, deveria dizer. Loren passou o braço por minha cintura, guiando-me. - Não fique muito encantada com ele, não. Além de ser um grande tranqueira... Se casou com a própria irmã para que o dinheiro dos herdeiros ainda continuasse com a própria família. É um escândalo. – ele sussurrou para mim. Olhei para ele desaprovando, mas não comentei nada. Andamos até um local onde seria servido o jantar com uma enorme mesa para várias pessoas. Nos sentamos perto do casal de irmãos, e Loren puxou uma cadeira onde tinha um plaquinha escrito o meu nome e o dele do lado. Ele pegou a taça de vinho branco e tomou um pouco. - Você parece um pouco distraída. – Loren comentou. - Na verdade, ainda estou chocada. – sorri, com as bochechas quentes. – Mas, não estou acostumada à isso. Ele sentiu do que eu estava dizendo e tocou meu rosto. - Acostume-se então. Por que quando eu for embora, você vai comigo. – ele disse.Olhei dentro de seus olhos chocada e então os garçons colocaram a entrada enchendo nossos copos de mais vinho branco, não deixando tempo para que eu falasse alguma coisa para Loren.Voltamos as duas da manhã.Era tarde eu havia bebido um pouco e Loren também. A festa seguiu ainda noite à dentro, mas Loren e eu não queríamos dar margem para os empregados especularem que ficamos a noite fora. Então, decidimos voltar antes que amanhecesse.Dançamos e rimos muito, até mesmo parecendo um casal jovem e que se amava.Ele abriu a porta da carruagem quando chegamos em casa e durante todo o caminho ele havia estado em silêncio. Não havíamos mais tocado no assunto de quando ele fosse embora. E isso no fundo me afligia.Ele estaria falando certo?Iria me querer por perto mesmo? Que eu fosse embora... Mas, e minha família? E se ele queria que eu fosse, quer dizer que ele me amava? Havia tantas perguntas... E no fundo, eu queria saber, mas não tive coragem de perguntar nada.Aceitei a mão dele e caminhamos em silêncio para dentro. O cocheiro saiu com a carruagem e tirando ele, a casa estava em silêncio e escura. Algumas luzes e
Os cavalos ficaram prontos as duas da tarde e caminhei lá para fora assim que Desirree me chamou. Ela estava empolgada com alguma coisa e fiquei feliz de saber que ela estava bem, quase imitando meu humor que também estava alegre. Eu tinha colocado um vestido branco mais confortável e sem tanta pompa para cavalgar e sapatos baixos. Loren estava lá fora já nos estábulos, me esperando.Meus pés roçaram a grama verde e uma brisa fresca soprava. O dia realmente estava lindo e com um clima agradável.Abri a porta pesada de madeira e o cheiro de feno me preencheu. Loren estava acariciando Agamenon, um dos cavalos de porte grande e marrom. O cavalo comia enquanto Loren o escovava e aquele lado de amante de animais me surpreendeu. Eu também adorava cavalgar, mas era meio estranho com dois capangas na sua cola ou simplesmente ir sozinha por que seu marido odiava passeios ao ar livre.Loren ergueu os olhos para mim e percebi que ele também tinha vestido roupas confortávei
Olhei para Loren e minha única reação foi beijá-lo.Envolvi meus braços ao redor dele e abri seus lábios com os meus reagindo de forma apaixonada. Como em apenas alguns dias ele havia me deixado desse jeito? Tão perdidamente apaixonada?Ele segurou a raiz de meu cabelo e me puxou para perto, moldando seu corpo ao meu enquanto nos beijávamos.Então iriamos mesmo embora dali?Eu teria que tomar algumas providências e talvez juntar algum dinheiro. Mesmo que Loren fosse rico, eu não estava indo por seu dinheiro nem por que ele era de fato, lindo parecendo um anjo que caiu do Céu, mas sim por que amava o que ele era. Tão gentil e amável. E também por que como eu era perto dele. Ninguém jamais tinha conseguido de fato me tirar um sorriso sincero, ou me fazer tocar piano novamente, ou desabafar tudo que eu tinha dentro de mim, me oferecendo apoio incondicional.Me embalei nele e encostei a cabeça em seu peito.Ele estava me salvando.Não apenas
Olhei para Harrison e quase quis gritar. Vi as mãos de Loren se levantando como se fosse me abraçar, mas então ele simplesmente deixou as mãos caindo ao seu lado. Engoli em seco e Harrison se aproximou de nós dois.- Vocês estão muito bem. Não vão me responder?Loren se postou sutilmente na minha frente.- Sim. Nós fomos jantar na casa de Françoise. Ele queria saber como estava indo os negócios, e como a minoria, não gosto de fazer minhas transações de negócios no bordel da cidade. – Loren disse friamente.Harrison olhou para ele e só então notei como ele era baixo perto de Loren, que era meia cabeça mais alto.- Bom saber que meus negócios estavam sendo bem cuidados. Deveria dizer que minha esposa também? – ele apontou o queixo para mim. Ele estava visivelmente bêbado.- Do que está falando, Harrison? – olhei para ele.Harrison se aproximou e tomou meus lábios num beijo. Quase quis cuspir em sua cara. O gosto de rum se aprofu
Nas semanas que se seguiram Loren não olhou mais para mim.Se ele entrava por uma porta, eu saía por outra. Atarefado o dia inteiro com Harrison, raramente o via nas horas do almoço e do jantar, geralmente ele preferia o fazer sozinho. Eu não sabia bem como ele conseguia ficar tanto tempo isolado, e de fato, por que não ia embora se não gostava de ficar aqui. Mas, no fundo, ficava aliviada por ele ainda estar aqui. Não que eu fosse falar com ele, mas sim por causa de Harrison.Ele, meu inestimado marido, não havia mais tocado num fio de cabelo sequer meu. A não ser para fazer carinho e o mais impressionante era que quase todos os dias, ele me levava à algum lugar para visitar, para conhecer ou simplesmente por sair.Ele tinha levado a ferro e a fogo o que tinha me dito, e até mesmo nos dias que ficávamos em casa, ele me trazia flores e bombons caros da Suíça, que eram raros e que eu amava, então jantávamos há luz de velas e com um bom vinho da safra mais fina pa
Abri os olhos e sabia que não estava mais na sala de estar.Me sentei sentindo o corpete me apertar, quase me impedindo de respirar. Harrison estava sentado na minha frente e ele parecia preocupado, me avaliando atentamente. Eu estava em meu quarto e a porta estava fechada.Então Loren estava noivo? Daquela menina sem sal na sala de estar?Bem, eu de fato tinha notado que ele passava tempo sozinho demais e quase sempre fora de casa, mas eu jamais colocaria uma noiva na equação. Será que ele já tinha uma noiva quando dormiu comigo e nunca me contou? Será que isso tudo ainda fazia parte do seu plano de me usar?Meu estômago se revirou de modo inquieto.- Você está verde, querida. Acho melhor chamar um médico. – ele se levantou.- Não! – gritei.Harrison voltou a se sentar e me olhou.- O que foi? Algo não te fez bem?Olhei para ele, e assenti.- Só... Fica aqui comigo. – soltei as últimas palavras que achei que falaria no mun
A mão de Loren tocou delicadamente meu rosto e seus lábios tocaram os meus de forma leve.Tudo que eu senti por ele nas últimas semanas foram dizimadas e apenas deixei nosso sentimento fluir. Passei as mãos em seu cabelo e enrolei meus dedos nele e então Loren gemeu abrindo meus lábios com sua língua deliciosa. Ele segurou a raiz de meu cabelo, movendo seu corpo de encontro com o meu.Nos encaixamos como duas peças feitas sob medida uma para outra e beijei ele com mais vigor, deslizando minhas mãos por sua nuca, todo o contorno das costas e então para sua barriga e peitoral apertando e arranhando de leve, provocando arrepios na pele dele. Loren soltou-me apenas para deslizar a boca por meu pescoço, puxando minha cabeça para trás, dando-lhe livre acesso para explorá-lo. De joelhos um de frente para o outro, nos agarramos com paixão.E ah... Ah! Como eu havia sentido saudade dos seus beijos, dos seus carinhos, dos seus gemidos.Com a mão livre ele puxou a
- Eu não posso ir sem você! Por favor, não me obrigue a fazer isso! – Evelyn choramingou quando empurrei ela para dentro da carruagem na frente de casa.Meus olhos já haviam se enchido de lágrimas e eu queria desesperadamente segurá-la e não deixar que ela fosse. Mas, seria mais seguro para ela, se eu e Loren fossemos depois e sem ela. Traria muito menos suspeitas, e caso, embora eu não quisesse pensar nisso, Loren e eu não conseguíssemos, ela conseguiria e estaria feliz em outro lugar, protegida.Ao pensar nessa pequena chance de tudo dar errado, as lágrimas desabaram.- Por favor, vá. Estarei a menos de um dia de você de viagem. – murmurei baixinho, mas aquilo não convenceu ela nem a mim.Ela passou os braços ao meu redor bem forte, vendo que não tinha jeito e chorou durante alguns instantes. Abracei-a e algo dentro de mim se quebrou e estilhaçou. Segurei o soluço e me soltei dela.- Você sabe que eu sempre vou amar você. Mas, fique tranquila. Aman