Coloquei a mão na cintura de Loren, impedindo que ele se mexesse. Ele entendeu na mesma hora e se colocou na minha frente. Em posição, como se esperasse qualquer ataque, Loren ficou tenso.
- Olha, se não são o casalzinho feliz. – Harrison nos olhou, mas não moveu um centímetro a arma em meu irmão, que chorava nos olhando. A raiva queimou por dentro e trinquei os dentes. Se fosse em qualquer momento antes no passado, eu teria temido e ficado apavorada. Aliás, mesmo em contextos diferentes, a mesma cena de minha antiga vida havia voltado para me assombrar, agora em escalas muito piores. Minha mãe adotiva estava morta e meu irmão estava sendo seu refém. E eu tinha ficado apavorada e com medo naquela vida. Em resumo, eu tinha morrido. Dessa vez seria diferente. E eu sabia disso desde que começara a treinar. Por que mesmo com a proteção policial, que nessa hora eu não tinha ideia de onde estavam, o confronto seria entre mim e ele. Por que quando eu morrera naquela biLorenEla deslizou pelo tapete vermelho e aquele momento ficaria registrado para sempre em minha mente.A brisa marítima estava fresca e ela tinha escolhido um dia perfeito para nos casarmos, é claro. O verão havia chegado no Sul da França e em Marselha a temperatura era razoável. Olhei preocupado para meus gêmeos, meus filhos de sete meses de idade. Dakotta estava bocejando e se agitou no colo de Desirée quando ela quis puxar o cabelo da madrinha e ela não deixou. Christian dormia no colo de minha mãe e parecia nem saber onde estava, aos pés deles, Debussy também dormia. Ambos tinham os cabelos escuros e olhos tão claros quanto os meus. Embora os traços e a cor pálida fossem de Aria
“Dois amantes felizes não têm fim nem morte, nascem e morrem tanta vez enquanto vivem, são eternos como é a natureza’’.Pablo NerudaCapitulo UmOlhei para o espelho em minha frente e tentei controlar as lágrimas mais uma vez.Não se existe sentimento. Você têm que ser forte e dura como uma rocha. A voz de minha mãe soou em minha mente. Eu escutava isso desde que eu tinha dez anos e meu pai morreu de uma doença infecciosa. Ela tinha dito isso para “amenizar” a minha dor.
Loren ainda me olhava, esperando que eu respondesse a sua pergunta. Mas, ainda o encarava como uma idiota.- Anh... Certamente. – sorri.Seu sorriso de resposta foi intenso. E lindo. Seus olhos cinzentos reluziram e me vi presa neles, como se um nevoeiro gélido e intenso me percorresse.- Eu já a conheço? – ele me perguntou confuso.Reconheci a mesma confusão em meu semblante.- Creio que não. Nunca nos vimos talvez em algum baile ou festa? – sugeri.
Durante dois segundos relaxei nos braços de Loren e acreditei no que ele falava, mas eu sabia que era bom demais para ser verdade. Eu já havia acreditado na minha realidade por mais triste que fosse e agora esse lindo homem falava que me salvaria do crápula que era meu marido era meio difícil de acreditar, por mais que ele tivesse descoberto o que estava acontecendo e tivesse pena de mim.Soltei ele e Loren enxugou uma lágrima que escapou de meu rosto.- Me deixe. Estou bem. – falei.Loren me olhou como se eu tivesse dado um tapa em seu rosto e se afastou. Enxuguei minhas lágrimas, saindo de perto dele e então da biblioteca. Caminhei pela escada em direção ao meu quarto e tranquei a porta quando entrei. Deslizei para a poltrona no canto e encostei a cabeça, respirando profundamente.Eu não entendia por que ele era tão gentil se nem me conhecia.Eu não era de chorar à toa. Não era de ficar remoendo a minha vida. Eu já havia aceitado que minha vida não tin
Por um momento senti meu coração parar.Que tipo de homem se apaixonava por alguém em menos de vinte e quatro horas? Isso não era uma coisa que levava tempo... Convivência talvez? Por que ele estava dizendo tudo aquilo para mim daquele jeito? Me olhando de uma forma como se eu fosse alguém importante?Não poderia dizer que também não estava encantada com sua personalidade, com seu jeito e sua aparência. Ele mais parecia uma... Como ele havia dito para mim agora de pouco? Obra de Arte. Seus traços delicados e ao mesmo tempo masculinos, poderia fazer qualquer pintor se descabelar para pintar. Ele era lindo e cavaleiro. Talvez houvesse se comovido com minha vida e agora estava interessado em mudá-la, mas por nenhum motivo ele veria algo apaixonante em mim. Eu não tinha nada de especial, nem bonito. Aliás, não poderia ter nada mais comum. Ou menos que isso, insignificante.Olhei no fundo dos olhos dele e suspirei.- Senhor TripleHorn... Eu agradeço por tudo
Coloquei minha taça de vinho sobre a mesa de centro e me recostei na poltrona.- Pois, então aí papai não aguentou aquela crise. Acho que foi o ultimato dele para vida. – Harrison comentou já meio alto.Já tínhamos jantado e estávamos conversando na sala fazia algum tempo. Na verdade, Loren e Harrison conversavam enquanto eu fazia um bordado e bebericava um vinho de vez quando. A conversa deles se baseava apenas nos negócios e eu não entendia como eles conseguiam falar tanto disso. Minha cabeça já estava latejando, embora também fosse por meu tornozelo, que a pomada já começava a passar o efeito.Suspirei e tomei mais um pouco.- Bem, mas logo, logo, Aria vai estar dormindo com nossa conversa. – Harrison sorriu com o mesmo carinho da noite toda. Aquilo ainda me causava medo. – Você nunca mais deu notícias. Acreditei que você tivesse ido para as Américas tentar algo novo. Mas, qual não foi a surpresa quando recebi sua carta? Você nem comentou comigo... V
- Você já esteve apaixonada, Desirree? – perguntei para minha acompanhante.Ele parou de pentear meu cabelo e suspirou.Sentada de frente para minha penteadeira, conseguia ver o rosto jovem dela refletido. Desirree era bonita, deveria ter a minha idade e eu havia a conhecido quando me mudei para casa de Harrison. Ela era muito simpática e nos demos bem logo de cara.Ela sorriu.- Bem, acho que estou. Mas, por que a pergunta?Olhei para ela com vergonha.- Como sabemos que estamos amando alguém? Quer dizer esse sentimento pode surgir assim tão instantâneo? – perguntei.Ela abriu um sorriso ainda maior.- Bem, comigo foi instantâneo. Como num passe de mágica. Acredito que quando é amor verdadeiro ele surge na hora e no momento em que deve acontecer. Independentemente de qualquer coisa. – ela explicou.Assenti e ela voltou a escovar meu cabelo.Ela tinha dado muito para mim pensar e eu acreditava na mesma opi
Voltamos as duas da manhã.Era tarde eu havia bebido um pouco e Loren também. A festa seguiu ainda noite à dentro, mas Loren e eu não queríamos dar margem para os empregados especularem que ficamos a noite fora. Então, decidimos voltar antes que amanhecesse.Dançamos e rimos muito, até mesmo parecendo um casal jovem e que se amava.Ele abriu a porta da carruagem quando chegamos em casa e durante todo o caminho ele havia estado em silêncio. Não havíamos mais tocado no assunto de quando ele fosse embora. E isso no fundo me afligia.Ele estaria falando certo?Iria me querer por perto mesmo? Que eu fosse embora... Mas, e minha família? E se ele queria que eu fosse, quer dizer que ele me amava? Havia tantas perguntas... E no fundo, eu queria saber, mas não tive coragem de perguntar nada.Aceitei a mão dele e caminhamos em silêncio para dentro. O cocheiro saiu com a carruagem e tirando ele, a casa estava em silêncio e escura. Algumas luzes e