Os cavalos ficaram prontos as duas da tarde e caminhei lá para fora assim que Desirree me chamou. Ela estava empolgada com alguma coisa e fiquei feliz de saber que ela estava bem, quase imitando meu humor que também estava alegre. Eu tinha colocado um vestido branco mais confortável e sem tanta pompa para cavalgar e sapatos baixos. Loren estava lá fora já nos estábulos, me esperando.
Meus pés roçaram a grama verde e uma brisa fresca soprava. O dia realmente estava lindo e com um clima agradável. Abri a porta pesada de madeira e o cheiro de feno me preencheu. Loren estava acariciando Agamenon, um dos cavalos de porte grande e marrom. O cavalo comia enquanto Loren o escovava e aquele lado de amante de animais me surpreendeu. Eu também adorava cavalgar, mas era meio estranho com dois capangas na sua cola ou simplesmente ir sozinha por que seu marido odiava passeios ao ar livre.Loren ergueu os olhos para mim e percebi que ele também tinha vestido roupas confortáveiOlhei para Loren e minha única reação foi beijá-lo.Envolvi meus braços ao redor dele e abri seus lábios com os meus reagindo de forma apaixonada. Como em apenas alguns dias ele havia me deixado desse jeito? Tão perdidamente apaixonada?Ele segurou a raiz de meu cabelo e me puxou para perto, moldando seu corpo ao meu enquanto nos beijávamos.Então iriamos mesmo embora dali?Eu teria que tomar algumas providências e talvez juntar algum dinheiro. Mesmo que Loren fosse rico, eu não estava indo por seu dinheiro nem por que ele era de fato, lindo parecendo um anjo que caiu do Céu, mas sim por que amava o que ele era. Tão gentil e amável. E também por que como eu era perto dele. Ninguém jamais tinha conseguido de fato me tirar um sorriso sincero, ou me fazer tocar piano novamente, ou desabafar tudo que eu tinha dentro de mim, me oferecendo apoio incondicional.Me embalei nele e encostei a cabeça em seu peito.Ele estava me salvando.Não apenas
Olhei para Harrison e quase quis gritar. Vi as mãos de Loren se levantando como se fosse me abraçar, mas então ele simplesmente deixou as mãos caindo ao seu lado. Engoli em seco e Harrison se aproximou de nós dois.- Vocês estão muito bem. Não vão me responder?Loren se postou sutilmente na minha frente.- Sim. Nós fomos jantar na casa de Françoise. Ele queria saber como estava indo os negócios, e como a minoria, não gosto de fazer minhas transações de negócios no bordel da cidade. – Loren disse friamente.Harrison olhou para ele e só então notei como ele era baixo perto de Loren, que era meia cabeça mais alto.- Bom saber que meus negócios estavam sendo bem cuidados. Deveria dizer que minha esposa também? – ele apontou o queixo para mim. Ele estava visivelmente bêbado.- Do que está falando, Harrison? – olhei para ele.Harrison se aproximou e tomou meus lábios num beijo. Quase quis cuspir em sua cara. O gosto de rum se aprofu
Nas semanas que se seguiram Loren não olhou mais para mim.Se ele entrava por uma porta, eu saía por outra. Atarefado o dia inteiro com Harrison, raramente o via nas horas do almoço e do jantar, geralmente ele preferia o fazer sozinho. Eu não sabia bem como ele conseguia ficar tanto tempo isolado, e de fato, por que não ia embora se não gostava de ficar aqui. Mas, no fundo, ficava aliviada por ele ainda estar aqui. Não que eu fosse falar com ele, mas sim por causa de Harrison.Ele, meu inestimado marido, não havia mais tocado num fio de cabelo sequer meu. A não ser para fazer carinho e o mais impressionante era que quase todos os dias, ele me levava à algum lugar para visitar, para conhecer ou simplesmente por sair.Ele tinha levado a ferro e a fogo o que tinha me dito, e até mesmo nos dias que ficávamos em casa, ele me trazia flores e bombons caros da Suíça, que eram raros e que eu amava, então jantávamos há luz de velas e com um bom vinho da safra mais fina pa
Abri os olhos e sabia que não estava mais na sala de estar.Me sentei sentindo o corpete me apertar, quase me impedindo de respirar. Harrison estava sentado na minha frente e ele parecia preocupado, me avaliando atentamente. Eu estava em meu quarto e a porta estava fechada.Então Loren estava noivo? Daquela menina sem sal na sala de estar?Bem, eu de fato tinha notado que ele passava tempo sozinho demais e quase sempre fora de casa, mas eu jamais colocaria uma noiva na equação. Será que ele já tinha uma noiva quando dormiu comigo e nunca me contou? Será que isso tudo ainda fazia parte do seu plano de me usar?Meu estômago se revirou de modo inquieto.- Você está verde, querida. Acho melhor chamar um médico. – ele se levantou.- Não! – gritei.Harrison voltou a se sentar e me olhou.- O que foi? Algo não te fez bem?Olhei para ele, e assenti.- Só... Fica aqui comigo. – soltei as últimas palavras que achei que falaria no mun
A mão de Loren tocou delicadamente meu rosto e seus lábios tocaram os meus de forma leve.Tudo que eu senti por ele nas últimas semanas foram dizimadas e apenas deixei nosso sentimento fluir. Passei as mãos em seu cabelo e enrolei meus dedos nele e então Loren gemeu abrindo meus lábios com sua língua deliciosa. Ele segurou a raiz de meu cabelo, movendo seu corpo de encontro com o meu.Nos encaixamos como duas peças feitas sob medida uma para outra e beijei ele com mais vigor, deslizando minhas mãos por sua nuca, todo o contorno das costas e então para sua barriga e peitoral apertando e arranhando de leve, provocando arrepios na pele dele. Loren soltou-me apenas para deslizar a boca por meu pescoço, puxando minha cabeça para trás, dando-lhe livre acesso para explorá-lo. De joelhos um de frente para o outro, nos agarramos com paixão.E ah... Ah! Como eu havia sentido saudade dos seus beijos, dos seus carinhos, dos seus gemidos.Com a mão livre ele puxou a
- Eu não posso ir sem você! Por favor, não me obrigue a fazer isso! – Evelyn choramingou quando empurrei ela para dentro da carruagem na frente de casa.Meus olhos já haviam se enchido de lágrimas e eu queria desesperadamente segurá-la e não deixar que ela fosse. Mas, seria mais seguro para ela, se eu e Loren fossemos depois e sem ela. Traria muito menos suspeitas, e caso, embora eu não quisesse pensar nisso, Loren e eu não conseguíssemos, ela conseguiria e estaria feliz em outro lugar, protegida.Ao pensar nessa pequena chance de tudo dar errado, as lágrimas desabaram.- Por favor, vá. Estarei a menos de um dia de você de viagem. – murmurei baixinho, mas aquilo não convenceu ela nem a mim.Ela passou os braços ao meu redor bem forte, vendo que não tinha jeito e chorou durante alguns instantes. Abracei-a e algo dentro de mim se quebrou e estilhaçou. Segurei o soluço e me soltei dela.- Você sabe que eu sempre vou amar você. Mas, fique tranquila. Aman
Joguei mais uma pedra na pequena fonte e a pedra logo afundou na primeira tentativa. Eu nunca conseguia fazer como Aria, que jogava e quicava várias vezes sob a superfície da água antes de afundar. Bem, jogava. Agora nunca mais ela faria mais nada. Nem jogar, nem respirar, nem viver.Senti as lágrimas inundando meus olhos e a familiar dor invadir meu peito.Como minha irmã que havia prometido tanto me amar para sempre tinha me abandonado? Tinha se deixado morrer por aquele crápula?Balancei a cabeça com as lágrimas escorrendo. Não. Não era justo com Aria. E eu sabia disso, por que a vida dela fora roubada quando ela mais queria viver. Quando ela finalmente tinha encontrado a felicidade eterna ao lado de alguém que amava. Harrison tinha tirado tudo dela ao matá-la. Agora ela nunca mais iria vir para Irlanda. Talvez ter filhos. E ficar com Loren. Por que afinal, ele também não estava mais vivo.O que ninguém entendia era como em uma tarde, todos são
“Ainda que eu vivesse mil vezes, te amaria em cada reencarnação”. Lucilio de Lima SantanaCapitulo Um- Atira. – sussurrei.Eu ouvi o rugido da bala sob meus tímpanos.Pom.Pom.Pom.Pom.A cena se repetia sem parar.A pólvora saindo da arma.A bala entrando em meu peito.Minha respiração parando.Então eu gritei e acordei sob a escuridão de meu quarto.Me sentei na cama e as lágrimas transbordaram de meu rosto, caindo de forma pesada e apertando meu peito.Eu não aguentava mais ter aquele pesadelo toda noite.- Aria? Meu amor? – ou