Joguei mais uma pedra na pequena fonte e a pedra logo afundou na primeira tentativa. Eu nunca conseguia fazer como Aria, que jogava e quicava várias vezes sob a superfície da água antes de afundar. Bem, jogava. Agora nunca mais ela faria mais nada. Nem jogar, nem respirar, nem viver.
Senti as lágrimas inundando meus olhos e a familiar dor invadir meu peito. Como minha irmã que havia prometido tanto me amar para sempre tinha me abandonado? Tinha se deixado morrer por aquele crápula? Balancei a cabeça com as lágrimas escorrendo. Não. Não era justo com Aria. E eu sabia disso, por que a vida dela fora roubada quando ela mais queria viver. Quando ela finalmente tinha encontrado a felicidade eterna ao lado de alguém que amava. Harrison tinha tirado tudo dela ao matá-la. Agora ela nunca mais iria vir para Irlanda. Talvez ter filhos. E ficar com Loren. Por que afinal, ele também não estava mais vivo. O que ninguém entendia era como em uma tarde, todos são“Ainda que eu vivesse mil vezes, te amaria em cada reencarnação”. Lucilio de Lima SantanaCapitulo Um- Atira. – sussurrei.Eu ouvi o rugido da bala sob meus tímpanos.Pom.Pom.Pom.Pom.A cena se repetia sem parar.A pólvora saindo da arma.A bala entrando em meu peito.Minha respiração parando.Então eu gritei e acordei sob a escuridão de meu quarto.Me sentei na cama e as lágrimas transbordaram de meu rosto, caindo de forma pesada e apertando meu peito.Eu não aguentava mais ter aquele pesadelo toda noite.- Aria? Meu amor? – ou
Senti meu mundo oscilar de um jeito estranho e minha mente apagar em apenas alguns segundos. Desmaiei direto para o chão e se não fosse o próprio Loren pular do palco e me pegar, eu tinha batido minha cabeça em um dos pés dos assentos de metal.Minha mente viajou durante pequenos segundos.No sonho o jeito com que eu o abraçava... Era como se eu tivesse entregando toda a minha vida naquele abraço e não querendo mais nada, como se o meu amor por ele, fosse a única coisa que mais me importava. E que sem ele, eu não pudesse viver, por isso eu pedia para morrer.Durante todo o dia algo faltava em minha mente, algo me escapava, eu não sabia explicar como, mas eu sentia isso na pele, na minha alma de forma gritante. Antes eu havia comparado como se fosse uma falta de uma das peças de meu vestuário, mas foi mais como se faltasse um dedo, um olho ou até mesmo uma parte mais vital ainda como o coração. E algo quando vi Loren se encaixou, como dois quebra cabeças de duas
Nós seguimos alguns quarteirões para frente e demos de cara com um prédio de poucos andares, mas que parecia ser de apartamentos caros e Loren me puxou ainda pela mão para dentro. Fomos direto para os elevadores e ele pressionou o botão da cobertura.Enquanto o elevador seguia para cima, comecei a contar as batidas de meu salto no chão.Eu estava nervosa, e meu coração palpitava sem parar, sem falar da respiração que eu tentava acalmar, com pouco sucesso. Mas, de que outra forma poderia ser? Eu tinha sonhado a minha vida inteira com aquele homem sem jamais conhece-lo, apenas sabendo que ele tinha sido o amor de minha vida em algum outro lugar ou vida. E agora, ele estava diante de meus olhos com suas mãos nas minhas e olhos parecendo prata fundido em sorrisos e ternura.Eu sabia que deveria ter ligado para Harry ou ao menos para a empregada, para perguntar de Edward, mas eu não conseguia fazer mais nada a não ser segui-lo. Era a única coisa que eu queria.<
Envolvi mais uma vez meus joelhos com os braços e encostei a cabeça na poltrona bege. Meus olhos ardiam de tanto que eu havia chorado e não conseguia parar.Tudo aquilo era minha culpa e eu sabia disso.Jamais deveria ter passado a noite fora. Traído meu noivo. Ter me entregado daquela forma.Loren poderia ser o homem dos meus sonhos, literalmente. Poderia ser lindo de morrer e carinhoso como um anjo. Mas, nada disso justificava as coisas que fiz e da forma que fiz. A culpa e o remorso me matavam e ver que meu irmão já estava há três horas na UTI sem nenhum indício de que iria melhorar ou piorar só me machucava ainda mais.Eu havia ligado para Desirre e Harry, mas ambos não deram notícias.Tudo parecia ter desabado em cima de mim nas últimas vinte e quatro horas e eu não conseguia lidar com nada.Eu jamais havia ficado com outro homem além de Harry como fiquei com Loren. Jamais havia tocado outro corpo da forma como tinha tocado ele. E
O Sol da tarde iluminava meu corpo e o de Loren enquanto nos aquecia. A relva se agitava com a brisa fresca. Loren passava a mão em meu cabelo e fechei os olhos.Se existia algo mais perfeito que isso, eu nunca havia conhecido e nem iria conhecer. Por que estar com Loren era a única coisa que eu desejava em minha vida. Eu queria o ar que ele respirava. Queria seu toque em mim para sempre.Queria seu amor eterno.Fui chacoalhada e abri os olhos, irritada.Não por ter sido acordada. Mas, por mais uma vez ter sonhado com Loren.Não tinha se quer uma noite, desde que ficamos juntos que eu não sonhava com ele. Todo santo dia eu sonhava com momentos que eu sabia que vivemos em outro século, em outra vida. Nossos trajes demonstravam isso e nossos rostos também. A felicidade do amor estavam estampados em nossas faces de um jeito intenso.Parecia que era um lembrete de tudo que eu ainda não tinha ido atrás para descobrir, e eu nem iria
Estacionei meu carro na frente da casa simples e parecendo confortável em uma pequena viela, no interior de Paris.Eu tinha que fazer isso.Tive que vim na casa de Neena, que sempre fora minha governanta e que também cuidou de mim desde que nasci, fazendo a mesma coisa com meu irmão. E o que eu ainda não entendia era que além de deixar meu irmão sozinho quando sabia que ele necessitava de sempre companhia, não havia mais aparecido para trabalhar sem qualquer justificava.Eu sempre achara que ela era como uma segunda mãe para mim, sendo um apoio fundamental quando meus pais morreram. Tanto para mim quanto para Edward. Além de ser bem paga por seus serviços. Claro que não era pelo o dinheiro que eu estava ali. Mas, para perguntar como ela pode fazer aquilo.Desci do carro e abri a porta do banco de trás, desafivelando a cadeira de meu pequeno irmão e puxando-o para meu colo. Como eu não tinha com quem deixa-lo, eu tive que trazê-lo. E não confiava também
Beijei a boca de Loren e parece que tudo ao meu redor desapareceu. Era apenas eu e ele e mais ninguém.- Ah, anjo... – ele suspirou entre meus lábios.Loren passou uma de suas mãos por meu cabelo na parte de cima e os envolveu em seus dedos delicadamente, puxando minha cabeça para trás e então deixou meus lábios, para morder e beijar meu pescoço. Um arrepio desceu por minha coluna e gemi, incoerente. Sua outra mão deslizou por minha clavícula, acompanhando meus traços e desceu para a borda de meu vestido.Ele mordiscou meu lóbulo da orelha e algo dentro de mim se apertou.- Desde o dia que coloquei os olhos em você não consigo pensar em mais nada... A não ser beijar esses lábios cheios e lindos... Ou tocar essa pele pálida e macia... Preencher você em cada espaço de seu corpo e sua alma. – ele sussurrou em meu ouvido.Seria possível morrer e ainda continuar respirando?Eu já estava delirando quando ele se afastou ligeiramente e agora s
Observei os créditos finais do filme de Charles Chaplin e ainda estava sorrindo, como no filme inteiro. Olhei para meu lado esquerdo e meu irmão ainda ria segurando a minha mão e nada conseguia me emocionar tanto como o sorriso naquele rosto angelical. Do lado direito ainda me olhando, Loren parecia só ter olhos para mim o filme inteiro. Mesmo que tivesse rido em alguns momentos.O filme por fim chegou ao final e as luzes do velho cinema se acenderam e nós nos levantamos. Loren segurou minha mão firme como se ansiasse por um toque meu, o que de fato, era o primeiro desde que tínhamos chegado no cinema antigo ao qual ele havia trazido eu e Edward.Eu tinha amado sua atitude de me trazer aqui e eu havia amado o filme. Por várias vezes ele havia brincado com meu irmão por mais que ele só assentisse ou negasse, mas o sorriso que estava estampado no seu rosto ainda era indício da boa índole de Loren.Paramos na calçada da frente e caminhamos para o carro.