John me deu um tempo para pensar sobre sua proposta, mas eu não tinha muitas opções. Ao menos se aceitasse, George estaria livre para voltar e eu não correria mais risco de vida. No entanto, estaria presa à alguém durante 365 longos dias e isso era o que mais me alarmava.Respirei fundo enquanto sentia minha cabeça entrar numa enorme bola de neve, se tornando uma bagunça ainda maior do que já era, durante meus pensamentos.O dia estava chegando ao fim. Pude ver a tarde alaranjada no céu através da claraboia, e meus olhos pesavam pelo longo tempo que pensei. No entanto, não queria dormir ainda. Queria ter uma saída melhor daquela situação. Mesmo que nada viesse à minha mente, eu não parava de pensar.A porta foi aberta durante meus devaneios, e o rapaz de cabelos vermelho fogo surgiu com uma bandeja em mãos. O mesmo deixou o objeto metálico na mesa próxima à porta e sorriu para mim. Seus olhos escuros fixaram-se aos meus e eu não soube se ele era amigo ou inimigo.Ele deveria saber sob
Acordei com a mesma dor terrível na cabeça e em todo meu corpo. O calor me acariciava enquanto a claridade me acordava gradualmente. Eu abri meus olhos, me deparando com a claraboia trincada e lacrada com algo cobrindo-a do lado de fora.Não havia a menor dúvida de onde eu estava.Meu joelho esquerdo havia sido colocado em cima de um travesseiro e estava totalmente envolvido em ataduras. Havia curativos em meus arranhões dos tornozelos, braços e pescoço. Alguns machucados pequenos em meu rosto pulsavam, como se ele estivesse em chamas. E a faixa grande ainda se enrolava em minha cabeça como uma fita de cabelo. Ela latejava ao ponto de me sentir em meio a uma fanfarra.Jonathan estava sentado na poltrona do espelho com aquele olhar de culpa direcionado ao chão, sem conseguir chegar até mim. Torci o nariz com sua presença e o fuzilei com toda minha raiva. Já que era tudo o que eu poderia fazer.— Me desculpe. Não era para machucá-la. — Ele sussurrou tão baixo que eu só pude entender ao
— Você está bem? — Disse a voz suave de Tomás invadindo meu quarto. O ruivo deixou a bandeja na mesa e fechou a porta.Olhei para ele de canto, depois voltei meus olhos à janela. Tinha árvores altas como paisagem e poderia jurar que era possível ver um lago, bem distante. Deduzi, que a casa ficava nas pequenas montanhas litorâneas. Significava que não tinha vizinhos curiosos.— Não fique com raiva de mim. — O rapaz disse tentando puxar minha atenção. — Se eu fosse rico te ajudaria.— Você é uma graça.— Sabe London, Jonathan não é o tipo de pessoa que se pode desafiar. Aliás, ele não é o tipo de pessoa que se brinca. Um movimento desses homens é uma montanha que ele moveria para destruí-los.Tomás parecia querer me dizer algo que não podia. Tudo o que captei em sua explicação foi que Jonathan, era poderoso o bastante para prejudicar alguém e isso era óbvio. Afinal, eu estava sendo prejudicada.— Você não sente nada por ele? — Me perguntou por fim fazendo-me franzir o cenho. — É uma pe
— Ele parece melhor — falei para o doutor ao meu lado, enquanto andava pelos corredores do hospital. Eu tinha acabado de sair do quarto, onde meu tio havia sido colocado depois de um surto terrível. Tivemos uma longa conversa sobre momentos aleatórios de meu dia a dia e de seu futuro retorno para nossa casa. Ele estava diferente do que me acostumei.Nos últimos anos, deparei-me com um Morgan paranóico, obcecado por coisas aleatórias e que gritava absurdos repentinamente. Quando quase feriu gravemente a auxiliar de enfermagem, não tivemos outra opção. Foi preciso interná-lo às pressas.— Caio apresentou uma melhora significativa, mas sabemos que não é nada concreto — o médico iniciou. Sua mão direita pousou em meu ombro em forma de solidariedade enquanto o homem não tentava me transmitir nada em seu olhar. — Então, sejamos pacientes para que você não tenha dias difíceis futuramente.— Mas ele vai poder ir para casa? — Perguntei direto e o homem deixou sua mão cair para me livrar do con
Senti o perfume do jovem Tomás e abri os olhos levemente para encontrar o seu olhar penetrante e acolhedor. Fiquei feliz por vê-lo ali.— Preciso trocar seus curativos — ele disse calmo, me estendendo a mão. Dei-lhe um leve sorriso sentando na cama e deixei que fizesse seu trabalho retirando os curativos sujos, espalhados por minha pele.Calmamente ele limpou meus ferimentos com um pouco de água boricada e algodão. Seu toque me fez relaxar. Não era rústico, era paciente e me dava calmaria. No entanto, eu não tinha muitas pessoas para conversar ali e uma delas, era isolante demais. Então resolvi tentar mudar a situação com quem talvez pudesse ter uma boa dinâmica.— Trabalha aqui à muito tempo? — Perguntei fazendo-o sorrir. Seus cabelos ruivos pareciam como fogo quando tocados pelo sol e seu sorriso deixava o rosto claro, angelical.— Tem dois anos. Sou praticamente o imediato de Jonathan. — Franzi o cenho e Tomás bufou em tom irônico. — Sou auxiliar de enfermagem, London. Comecei a tr
— Soube que tiveram uma conversa legal ontem. — disse Tomás, ao entrar em meu quarto pela manhã.Olhei em sua direção e o vi todo de branco, como um enfermeiro de verdade. Sua blusa regata se colava ao peito, calças jeans com um bom caimento que se encaixava bem ao corpo do rapaz, já os cabelos ruivos estavam penteados para trás com um certo charme próprio e usava os sapatos sociais pretos para diferenciar o estilo “hospitalar”.— Isso é ótimo!Acrescentou enquanto colocava a comida trazida na bandeja de prata sobre a cama. O cheiro de café invadiu meu interior, mesclado ao odor de bolo de chocolate com creme Chantilly. Respirei aquilo para apreciar a comida, antes de prová-la e sorri fraca ao jovem parado próximo ao sofá.— Acho que finalmente estou entendendo algumas coisas. — Falei sentando na cama. Ele pensou melhor no local onde colocou a comida e levou a bandeja para a mesa-de-cabeceira, em seguida me entregou a xícara de café.— Sabe… eu acho você bem corajosa — disse com natur
Senti o toque quente minha testa enquanto meu corpo tremia como se fosse inundado pelo frio. No entanto, eu estava queimando por dentro feito carvão em brasa. Conseguia sentir o suor frio em cada canto de mim, ensopando minhas roupas.Abri os olhos e minha visão estava borrada, eu via manchas que tentavam se formar em frente a mim. Mas, infelizmente, sabia onde ainda estava. Sabia que era na enorme casa.Entendi que, o que me tocava era a mão de John, ele analisava a temperatura de minha testa e eu não entendia porque sua mão estava pelando.— Ela não está nada bem — disse sua voz preocupada. — Vou levá-la ao hospital!— Mas senhor eles vão vê-la e conseguimos despistá-los ainda. — Eu não conhecia a dona da voz e era difícil identificar um rosto com minha visão turva. Minha cabeça ardia demais, enquanto sentia os tremores e calafrios.— Ela está doente, não posso continuar… Vou matá-la sem querer isso. Não era nem para ela estar aqui… Meu Deus onde eu estava com a cabeça? Deveria ter
— Como se sente? — A voz de Tomás entrou em minha mente e abri os olhos para poder olhar suas esmeraldas. Havia um brilho ali, um ar de preocupação. Então ele ainda estava na casa… Aquilo me aliviou.— Melhor — sussurrei com um sorriso no rosto.— Que bom! Sabe London… — ele começou e tomou uma de minhas mãos nas suas. — Estou correndo perigo.Franzi as sobrancelhas ao ouvir sua frase, realmente ele estava com uma certa preocupação em seu rosto. Era difícil saber o motivo.— Porque acha isso? — Sentei-me na cama para poder ficar face a face com o ruivo. Ele deu de ombros, tentando encontrar uma frase dentro de si.— Estou me apegando a alguém…Ri de suas palavras, pensando em qual momento a paixão se tornou motivo para se temer algo.— Isso não é perigoso, a menos que queira comprá-la.Fiz a referência ao seu chefe insano e ele deu um sorriso tão sem graça que eu me achei péssima em piadas.— Acontece que já fizeram isso com ela.O silêncio me tomou por completo quando percebi quem er