A princípio, um tremor percorreu meu corpo e me fez quase desistir da ideia. Era como se eu nunca tivesse me deitado com Jonathan antes, mesmo que sempre estivéssemos caindo em tentações. Contudo, meu cérebro queria continuar com aquilo e meu corpo o desejou intensamente.Eu queria ter a total certeza do que estava acontecendo comigo, tudo o que me cercava em meio aquela história estava mexendo com a minha cabeça e me empurrando para aquilo. Aquele ato mais real.Mesmo com toda a situação conturbada Jonathan havia me mostrado partes dele que eu jamais descobriria se não fossem os ocorridos.Eu não me sentia obrigada a fazer aquilo, por ele ter feito coisas que ninguém faria. Na verdade, eu me sentia amada, me sentia parte de alguém e queria que ele sentisse o mesmo.Claro que demoraria para dizer um "eu te amo", mas creio eu que nesse caso apenas o sentir, seria suficiente.John me deitou na cama e caminhou até a porta. Pensei por um instante que ele iria embora, que iria me deixar pe
Acordei ao sentir os beijos em meu pescoço e a mão quente acariciar minha barriga me proporcionando uma sensação deliciosa que acalmava meu coração e me causava cócegas ao mesmo tempo.Resmunguei com o sol batendo em meu rosto enquanto sentia os lábios em minha pele sorrir levemente.— Bom dia, gatinha — sussurrou a voz rouca ao pé de meu ouvido.— Que gostoso — a mordida leve em meu pescoço me fez encolher ligeiramente e me virei para poder ver os olhos de Jonathan. — Bom dia.Acariciei seu rosto, meus dedos analisaram a cicatriz pequena em sua bochecha. Ele deu outro meio sorriso, um tão lindo que fazia meu peito acelerar.Sua mão deslizou do meu ombro até meus dedos e os levou para seu coração.— Está sentindo ele? — Assenti, o pulsar de seu peito estava calmo ao ponto de relaxar meu corpo também. — Você dá vida para ele. Um sentido para continuar batendo.Mantive nosso olhar preso um ao outro. Eu absorvia suas palavras e pensava em nossa situação, pensava em tudo o que nos levou a
No final das escadas senti um vento abafado soprar meus cabelos para cima. As janelas da sala estavam escancaradas para mim e o sol conseguia entrar na casa misturado com o cheiro de natureza. Foi impressionante ver que finalmente tudo estava aberto depois de tanto tempo.John admirou minha face enquanto eu com um bobo sorriso, me divertia sentindo cheiro de terra e grama verde entrando em meus pulmões.— Você vem? — Eu não sabia o que ele estava tramando e sua frase, me deixou curiosa o suficiente para querer avançar no tempo. Ele sorria com a mão estendida em minha direção e mesmo receosa, eu a segurei.O moreno me puxou para um abraço forte parecendo que não me soltaria mais. Contudo, depois de um tempo saímos daquele contato quando ele se colocou atrás de mim e suas mãos cobriram meus olhos. Nos movemos pela sala bem calmos para não cair pelo trajeto.— Devagar — balbuciou, se divertindo com tudo aquilo.Eu estava em uma total escuridão e meu guia naquele momento parecia dançar co
Eu poderia implorar para ser levada daquela vida depois de tanto me machucar. Até mesmo quando já havia parado de fugir alguém fazia questão de tirar um pedaço de mim e estava começando a ficar chato.O clarão entrou em meus olhos sem dó quando despertei, pressionei-os para expulsar o incômodo enquanto uma dor horrenda percorria todo meu corpo até se concentrar em meu peito. Esperei um pouco antes de ver o ambiente em minha volta e quando já estava acostumada com a claridade, abri os olhos para ver onde eu estava.Em minha mente eu imaginei que talvez já estivesse no céu pronta para encontrar minha mãe e finalmente poder ver seus olhos de perto ou estivesse na porta do inferno por conta incrível dor que me percorria e pelo calor que aquecia minhas entranhas. Contudo, eu encontrei um teto iluminado pelos raios de sol.A mão quente e macia envolveu a minha fazendo-me olhar para a jovem ao meu lado que sorriu. Não era o céu, nem o inferno.Eu me encontrei no quarto branco com janelas gra
A semana se passou rapidamente e finalmente, recebi alta depois de dias no hospital em observação.— Consegue andar? — disse Tomás enquanto eu descia da cama hospitalar.Assenti dando um sorriso para o mesmo, mas ainda sim ele me segurou pela cintura apoiando um de meus braços em seu ombro, ajudando-me a caminhar até o elevador.Melissa havia me arrumado, me levou uma simples calça jeans da cor azul que se encaixou perfeitamente em meu corpo, uma blusa branca com um enorme símbolo da paz desenhado em várias cores no centro com rasgos propositais nas costas e tênis.Antes de entrar no elevador, fui colocada em uma cadeira de rodas dada pela enfermeira de cabelos ondulados, a mesma que cuidou de mim o tempo todo.Percebi que Melissa fez uma carranca para Tomás quando o rapaz sorriu para a mulher e eu não pude deixar de dar risada da cena. Ambos conversaram bastante naqueles dias que me visitaram no hospital e já começavam algo mais sério mesmo com o tonto do investigador não notando o c
Meu pai desapareceu e nem o próprio Espírito Santo saberia me dizer o que havia ocorrido para ele tomar uma decisão tão irresponsável.Eu não poderia esperar muito de uma criatura tão irracional como ele, pois fazia anos que eu era a pessoa responsável por nós dois. Porém eu também não conseguiria viver com a preocupação me perturbando todas as noites enquanto ele se escondia de seja lá o que, e esse pensamento carregou-me até nossa casa de veraneio no Brasil. O único local onde eu tinha certeza que o encontraria quando seu momento de surto acabasse.O problema era que procurar por um homem com amor pelo desconhecido, seria como tentar algo quase impossível e, até então, tudo o que eu tinha era uma casa velha e mofada onde passamos nossas férias…Acreditei que levaria uma eternidade até ele tomar a decisão de ir para à casa, no entanto, não custava tentar.À casa estava escondida em uma região urbana na Grande São Paulo. Uma área muito tranquila, regada de pessoas educadas com pouco t
Deixei-o entrar na casa, me sentindo estranha com aquele olhar cravado em mim. Ele aproximou-se para respirar o meu perfume e os seus olhos se fecharam, dando liberdade a sua imaginação. Parecia que estava degustando um bom vinho enquanto sua mão boba deslizava pela minha cintura.— Thiago, não o chamei aqui para isso.Pelo desejo estampado no rosto do rapaz, senti que as minhas palavras apenas o atiçaram mais.— Colocou esse vestido lindo para quê, então?O seu dedo indicador segurou o meu queixo, sustentando o nosso olhar.— Porque estamos numa época quente.— Óbvio que foi isso — ele sorriu, claramente não acreditando nas minhas palavras.Não demorou muito para que me beijasse com toda a saudade possível. Aquele jogo durava tanto tempo que nós mesmos não deveríamos recordar do momento em que começou, mas realmente não era o que eu queria naquela noite. Claro que não recusaria seu beijo ousado, no entanto meu intuito não era acabarmos na cama.— Eu preciso do seu serviço. — Disse an
Pintei um lindo dogue alemão cinza. O pelo do animal brilhava com o verniz, deixando a pincelada mais realista. Estava perfeito. Eu podia jurar que havia ficado tão real a ponto de ser possível sentir a maciez do seu pelo curto se o tocasse. Por instinto acabei lhe acariciando e percebi que estava certa ao acreditar na vida da tela.A criatura me olhou profundamente após retirar a enorme cabeça do quadro. Ele rosnou feroz e latiu mostrando os dentes afiados em seguida.Dei alguns passos para trás não acreditando naquilo, e deixei um grande medo percorrer o meu corpo. Quando o cachorro percebeu a sensação que fluiu de mim, saltou da tela em disparada.Corri por minha vida, então percebi que o quarto ao meu redor se tornou uma imensa sala azul sem saída. O local se estendia por diversos quilômetros sem sequer uma janela. Ainda que eu corresse com toda a vontade, a cada segundo ouvia as patas baterem rápidas e fortes em minhas costas. Tão perto que me arrancava lágrimas de desespero.Min