Senti o toque quente minha testa enquanto meu corpo tremia como se fosse inundado pelo frio. No entanto, eu estava queimando por dentro feito carvão em brasa. Conseguia sentir o suor frio em cada canto de mim, ensopando minhas roupas.Abri os olhos e minha visão estava borrada, eu via manchas que tentavam se formar em frente a mim. Mas, infelizmente, sabia onde ainda estava. Sabia que era na enorme casa.Entendi que, o que me tocava era a mão de John, ele analisava a temperatura de minha testa e eu não entendia porque sua mão estava pelando.— Ela não está nada bem — disse sua voz preocupada. — Vou levá-la ao hospital!— Mas senhor eles vão vê-la e conseguimos despistá-los ainda. — Eu não conhecia a dona da voz e era difícil identificar um rosto com minha visão turva. Minha cabeça ardia demais, enquanto sentia os tremores e calafrios.— Ela está doente, não posso continuar… Vou matá-la sem querer isso. Não era nem para ela estar aqui… Meu Deus onde eu estava com a cabeça? Deveria ter
— Como se sente? — A voz de Tomás entrou em minha mente e abri os olhos para poder olhar suas esmeraldas. Havia um brilho ali, um ar de preocupação. Então ele ainda estava na casa… Aquilo me aliviou.— Melhor — sussurrei com um sorriso no rosto.— Que bom! Sabe London… — ele começou e tomou uma de minhas mãos nas suas. — Estou correndo perigo.Franzi as sobrancelhas ao ouvir sua frase, realmente ele estava com uma certa preocupação em seu rosto. Era difícil saber o motivo.— Porque acha isso? — Sentei-me na cama para poder ficar face a face com o ruivo. Ele deu de ombros, tentando encontrar uma frase dentro de si.— Estou me apegando a alguém…Ri de suas palavras, pensando em qual momento a paixão se tornou motivo para se temer algo.— Isso não é perigoso, a menos que queira comprá-la.Fiz a referência ao seu chefe insano e ele deu um sorriso tão sem graça que eu me achei péssima em piadas.— Acontece que já fizeram isso com ela.O silêncio me tomou por completo quando percebi quem er
O cheiro conhecido me invadiu, café e loção pós barba exalava pelo ambiente onde eu estava. Não era o quarto no porão ou o outro onde John havia me colocado. Era um salão com paredes espelhadas, o piso preto de mármore também me refletia, além de refletir o grande lustre sobre minha cabeça e os desenhos florais no teto.Uma valsa tocava ao fundo, quase Imperceptível. Me olhei na direção da parede de vidro analisando minha face para tentar encontrar vestígios de uma gripe, mas eu não parecia estar nem um pouco doente como no dia anterior.Pelo contrário, eu estava maquiada. Com uma sombra, marrom em meus olhos realçando o âmbar, o delineador desenhando o contorno deles se estendendo dos lados, as bochechas rosadas indicavam que havia um pouco de blush naquela área e por fim o batom avermelhado mostrava meus lábios finos, com claridade.Minhas roupas pareciam próprias para um grande baile, um longo vestido amarelo com um corte no meio deixando o branco aparecer na parte da frente como s
As palavras de London martelavam em minha cabeça o tempo todo, assim como o seu rosto de porcelana. Mal consegui dormir à noite pensando em quão diferente ela era de Alina. Por um lado o rosto podia lembrar bastante, mas Melissa estava certa, o caráter das duas era o oposto.Cheguei cedo na livraria, tive vontade de levantar e ir até lá só para vê-la. Talvez eu estivesse ficando louco ou ela estava conseguindo me domar.— John? — Falou Melissa ao entrar no Morgan's e encontrar tudo já aberto. Eu organizava os livros que ela havia deixado dentro da caixa na noite anterior. — Querido você está bem?— Estou ótimo — disse para morena, enquanto percebia um sorriso de canto surgir em seus lábios. — Acordei muito cedo… Estou fazendo certo?A garota deixou o seu sorriso ainda maior quando lhe mostrei a organização por ordem alfabética, que havia feito com seus livros para levá-los até às estantes. Ela não me respondeu, apenas meneou a cabeça em afirmação e veio em minha direção me ajudar a te
John trouxe meu café em todas as manhãs que se seguiram, três haviam se passado sem que o moreno me dirigisse a palavra e muito menos o olhar.Me senti mal por não ver Tomás, pois John com toda certeza havia se livrado dele assim que o mesmo dera indícios de uma paixonite..Jonathan ignorou todas as minhas perguntas durante os dias. Ainda estava bravo comigo talvez pelas minhas palavras naquele jantar, mas eu não poderia fazer nada se meu coração não conseguisse ver algo bom nele.George saberia o que me dizer nessas horas, se ainda estivesse comigo. Na verdade, eu jamais teria me mudado e jamais teria ido parar naquele lugar.Suspirei com meu desapontamento com o passado e passei a observar o moreno sentado na poltrona como em todos os dias, bem ao lado da janela ampla. Ele abria seu jornal e lia, esperando que eu terminasse o café para levar a bandeja embora.O silêncio estava me matando, já era difícil ter que ficar trancada dentro daquela casa. Estava sendo ainda pior não poder di
— Antes de tudo… Como está seu irmão? Soube do… Acidente…Os olhos de Mel passaram de curiosos para triste. Vi a dor percorrer seu corpo e me deixou trêmula. Senti um arrepio na espinha, então ela respirou fundo e fixou novamente seus olhos azuis nos meus.— Aconteceu algo grave — levei a mão ao peito quando ela pausou, pensando na possibilidade de Jonathan ter mentido para mim. — Ele sofreu um acidente e por sorte, John o achou na estrada. O carro perdeu o controle e saiu da pista indo de encontro a uma árvore. — Ela secou a lágrima dos olhos para conseguir manter a postura. — Jonathan viu os rastros de derrapagem na estrada e correu para o lugar. Victor estava desmaiado London. A cabeça dele não parava de sangrar quando chegou ao hospital. Imagine meu desespero.— Quando foi isso?— Quando você “supostamente” foi embora, ele decidiu procurar algo que o levasse até o paradeiro do seu pai. Carter parecia estar gostando de você, queria muito te ajudar e Thiago estava muito estranho.Ti
Do sofá de seis lugares de couro preto era possível ver o escritório de Jonathan com as portas francesas abertas para que ele tentasse vigiar o ambiente, enquanto trabalhava em sua papelada. Ela usava seus óculos gigantes que me faziam rir.A portas de madeira maciça na cor caramelo pareciam me convidar a explorar seu habitat, pois estavam viradas para fora como se estendesse seus braços em minha direção. Ele estava tão absorto em seus afazeres na mesa do local, que não me viu descer as escadas e sentar em sua frente no sofá da sala.Creio que a distância não ajudava muito na percepção das pessoas por ali. Mas por estarmos a sós e a madeira da casa ranger a cada passo meu, achei que iria incomodá-lo de alguma forma. Mesmo que não fosse minha intenção.Por mais que ele parecesse ocupado, eu havia percebido que aquele não era um dia qualquer e que as pessoas da casa estavam dispensadas dos afazeres para passar um tempo com a família.Mesmo que esse não fosse nosso caso e eu não fosse de
— London — a voz penetrou meus ouvidos puxando-me dos sonhos para a realidade. — Querida, acorde.Meus olhos se abriram encontrando um ambiente totalmente escuro. A figura grande estava inclinada sobre mim parecendo um tanto inquieta.— Não se assuste e me desculpe por invadir seu quarto.Reconheci sua voz, mesmo que meus sentidos ainda estivesse tentando acordar.Apoiei o peso do corpo nos cotovelos, para poder vê-lo melhor a meia luz da lua que invadia o quarto pela janela.— Jonathan? O que..— Tem alguém na casa — ele disse e meu coração despertou completamente. Um arrepio gélido percorreu todo meu interior com a sensação de insegurança e o moreno percebeu no mesmo instante. — Não se preocupe, os rapazes estão checando. Mas me pediram para ficar perto de você, caso precisemos ir.— E seus empregados?— Em suas respectivas casas, suponho — o homem deu um suspiro cansado e endireitou o corpo para começar a caminhar pelo quarto. — Embora eu creia que um deles tenha envolvimento nessa