Albert Larsen estava em seu escritório particular numa reunião com seu assistente pessoal Dagfinn. Um homem de 54 anos, cuidava dele desde antes do seu nascimento, alguém em quem confiava com olhos vendados. — Mas o senhor precisará da assinatura dela, já que é guardiã legal das crianças.— Como poderei convencer essa mulher, Diga-me Dagfinn?A porta se abriu num rompante brusco. — Explique isso Albert! — Berrou Sophie ao entrar jogando nele o que identificou sendo um passaporte. — Abra! — Ordenou.Mas o que? Ele ficou com raiva de si mesmo por um momento, então ela havia descoberto por seu próprio descuido. Estava resolvendo os trâmites da nacionalidade dupla das crianças.— Você mentiu para mim! Sabe Albert, você é mesmo um mentiroso desprezível.— A culpa não é minha se você possui conhecimentos limitados ou a incapacidade de checar as informações antes de tomar decisões. — Ah, claro que a culpa é toda minha por amar demais as minhas crianças e pensar que ao menos você fosse um
Sophie Rodrigues teve de sentar-se para não entrar em pânico ao ver a quantidade de contas que precisaria pagar, Aos vinte e três anos nunca pensou que seria mãe. Às vezes até perguntava-se como deveria ser a sensação de gerar e criar um filho. Ela só não imaginava que era tão caro! E precisava admitir: Ser mãe solo é todo dia um grande desafio, principalmente quando as crianças são gêmeas. Ainda que fosse difícil e mesmo tendo de trancar a faculdade de arquitetura, ela não se frustrou ou se arrependeu. Seus sobrinhos precisavam dela e certamente os criaria com todo amor e dedicação como sabia que sua querida irmã Sabrina o faria. Não pode evitar as lágrimas ao recordar-se da tragédia ocorrida seis meses atrás. Acidente infeliz que levou consigo a vida de sua amada irmã e Vicente, seu cunhado. Sabrina foi muito mais do que irmã, melhor amiga para todas as horas e fazia bem o papel de mãe. No qual ambas perderam para o câncer, Sophi
Já era noite quando retornaram para casa. Albert sorria enquanto a água do chuveiro descia sobre o seu corpo lembrando das imagens preciosas daquele dia, quanto mais tempo passava com aquelas crianças mais os queria para si. Quando lancharam, Nicolas disse algo que o tocou no peito. ALGUMAS HORAS ATRÁS... — Papai me chamava assim. — Falou o menino — Assim como? — Perguntou Sophie. — Campeão, gosto quando me chama assim tio Albert é como se... — O menino se calou receoso. — Como se, o que? — Insistiu Albert. O menino olhou para a tia com certa preocupação, desviou o olhar os dizer: — Como se meu pai estivesse falando comigo... Eu sinto...sinto...sinto muita falta dele. — Nicolas começou a chorar e Eliza o acompanhou abraçando a tia, que parecia estar desolada e muita aflita, os olhos inundados de lágrimas. Albert segurou a mão de Nicolas, eram tão pequeninas nas mãos dele. — O meu pai também — O menino olhou para ele contendo os soluços, Albert prosseguiu —
— Meu lorde! — Chamou Dagfinn impaciente ao entrar nos aposentos de Albert — Meu lorde, desperte! — Abriu as janelas. — O que foi? — Perguntou sonolento ainda deitado. — Acorde Larsen! — Puxou as cobertas — Temos um problema, um grande problema! — Mas que velho chato — Murmurou sentando-se. Dagfinn o acertou na cabeça com a revista " Dá Corte" — Aí! doeu. — Pare de ser mole e leia isso. Na capa havia uma foto dele sorrindo para Sophie e uma foto das crianças de costas, Nicolas no colo dele. A manchete lhe chamou atenção: "CONDE LARSEN ASSUME PUBLICAMENTE UMA NOVA CONDESSA" O honorável e cobiçado conde Albert Høgh Larsen foi flagrado nesta quarta-feira (28) em um passeio familiar no parque de diversões Tivoli Friheden com sua suposta mulher e duas crianças. Uma fonte anônima afirma serem filhos dele, que até então escondeu sua família... — Mas que baboseira é essa? — Perguntou ao sair da cama, sem camisa — Quem escreveu isso? — Meu lorde, olhe o nome em negrito no fim d
Há seis meses a morte trágica e inesperada de sua irmã e cunhado foram os motivos da insônia de Sophie. Mal ela havia terminado o funeral quando descobriu de forma chocante a traição do homem que pensou ser o amor de sua vida. As horas se tornaram intermináveis e as semanas um abismo escuro insuportável. O único motivo que a mantinha viva eram seus sobrinhos. Coube a ela a função de criar e proteger duas criança... mesmo sem emprego fixo, desesperada e endividada. Ao tentar inutilmente se desfazer das coisas de Sabrina naquela manhã, achou uma caixa de madeira guardando o contato do irmão mais velho de Vicente e por cortesia Sophie resolveu comunicar a tragédia. Mas, de boas intenções, o inferno está cheio.... Era meia noite e quinze quando Sophie ouviu o celular tocar. Quem poderia ser? levantou-se cautelosamente da cama para não acordar os sobrinhos que insistiam em dormir com ela. Colocou a historinha "Advinha o quanto eu te amo de Sam McBratney" que leu há pouco na cômoda e foi
— Ah tia Sophie, eu não quero ir, vai ser muito chato. — Queixou-se Nicolas emburrado. — Para de ser malcriado, Nico! — Retrucou Eliza. — Eliza, não questione os mais velhos — Revidou o menino erguendo o corpo numa postura exagerada. — Você só é quatro minutos mais velho do que eu nico! e ainda assim eu sou cinco centímetros mais alta do que vocês!. — Quatro e meio! e não por muito tempo... você vai ver só eu ficarei gigante e você será uma tampinha. — Chega. — Falou Sophie firme antes que uma discussão acirrada iniciasse — Façamos o seguinte, assim que a gente sair da casa de Fátima nós compraremos um lanche, pode ser? — Vamos beber refrigerante? — Perguntou o menino — E tomar sorvete? — Perguntou Eliza — Sim! — Respondeu a tia sorrindo. As crianças abraçaram Sophie comemorando felizes.. Como ficaram mais tempo do que planejado e almoçaram na casa de Fátima. Sophie decidiu que o lanche, sorvete e refrigerante seriam a janta após as crianças tomarem banho. Estava
Albert Larsen tocou o que parecia uma espécie pré-histórica de campainha várias vezes seguidas, a criatura petulante que o aguardasse. Levaria seus sobrinhos de um jeito ou de outro. O portão surrado de ferro foi aberto num rompante barulhento, para sua surpresa por uma mulher que mais se parecia uma... sereia. Se esforçou para não demonstrar que ficou afetado por aquela visão. — Senhorita... Ro..drigues? — Pela expressão assombrada certamente era ela, Albert não imaginou que a mulher pudesse ser... bendito fosse o Criador! ela era apetitosa demais! — O-o que e-está fazendo aqui? — Perguntou visivelmente assustada. O que lhe trouxe uma tremenda satisfação, certamente não era tão corajosa quanto pareceu na ligação. — Depois da conversa que não finalizamos e ter se tornado incomunicável nos últimos dois dias, pensou mesmo que eu ficaria quieto? — Perguntou erguendo uma sobrancelha. — Para ser franca, pensei que você seria de fato uma pessoa incoveniente e muito.... muito ir
— Eu não sou a pessoa mais apropriada para desiludir um iludido — Retrucou, ele se colocou de pé bruscamente e olhou o ambiente com uma análise nada discreta como se dissesse que ela é a única iludida, desconfortável Sophie começou a falar. — Hoje o dia foi corrido, não tive tempo de arrumar a casa. — Acredite, percebi. — Respondeu com desdém. — Não darei nenhuma explicação a você. — Creio que também não tenha pedido, a questão é senhorita Rodrigues, está evidente que este lugar precário não tem a menor estrutura para criar uma criança, principalmente os meus sobrinhos. E a senhorita não tem as exigências necessárias para o papel de mãe. — Falou no mesmo tom frio e distante da ligação. — Você consegue ser ainda pior do que pareceu no telefone. Vem a minha casa sem ser convidado e desmerece a mim e minha vida, não tem o direito de fazer isso, você não me conhece, não sabe nada sobre mim e essa casa que não tem a menor estrutura como disse foi onde cresci com minha família. Você