Farsa de amor com o marquês
Farsa de amor com o marquês
Por: ANNA SOUSA
Capítulo 1

Há seis meses a morte trágica e inesperada de sua irmã e cunhado foram os motivos da insônia de Sophie. Mal ela havia terminado o funeral quando descobriu de forma chocante a traição do homem que pensou ser o amor de sua vida. As horas se tornaram intermináveis e as semanas um abismo escuro insuportável. O único motivo que a mantinha viva eram seus sobrinhos. Coube a ela a função de criar e proteger duas criança... mesmo sem emprego fixo, desesperada e endividada. Ao tentar inutilmente se desfazer das coisas de Sabrina naquela manhã, achou uma caixa de madeira guardando o contato do irmão mais velho de Vicente e por cortesia Sophie resolveu comunicar a tragédia. Mas, de boas intenções, o inferno está cheio....

Era meia noite e quinze quando Sophie ouviu o celular tocar. Quem poderia ser? levantou-se cautelosamente da cama para não acordar os sobrinhos que insistiam em dormir com ela. Colocou a historinha "Advinha o quanto eu te amo de Sam McBratney" que leu há pouco na cômoda e foi até a sala.

— Alô? — Atendeu sonolenta.

— Busco a senhorita Rodrigues. — Bradou uma voz masculina, fria e autoritária, dona de um sotaque estrangeiro.

— Quem gostaria? — Perguntou Sophie ainda com olhos fechados.

— Albert Larsen, é a Sophie Rodrigues?

Por um momento ela parou de respirar, e logo despertou. De todas as pessoas do mundo que poderiam ligar ele por certo não passou em sua cabeça. Uma sensação desagradável dominou-a no estômago. O que aquele homem queria, para ligar tão tarde? Ela informou tudo no email há cerca de três dias!

— Sim — Respondeu cautelosa.

— Recebi sua notícia sobre a morte de Vicente, não foi possível entrar em contato antes, er.. você disse que ele teve um filho? — Perguntou sem rodeios. A voz do homem soava tão distante e vazia que ela sentiu um arrepio colossal na espinha. Ele só podia ter pedra de gelo no peito ao invés de coração, como conseguia falar assim sabendo que o irmão faleceu de forma tão trágica?

— Dois filhos na verdade, Eliza e Nicolas. — Será que ele pretendia ajudar financeiramente? O orgulho dela impedia de cogitar a ideia de aceitar qualquer dinheiro daquela família, no entanto, se for para o bem das crianças tentaria ser racional. Ele era tio, não poderia ser tão ruim aceitar uma mesada... Seria sim e ponto!

— Hmm.. Qual a idade deles? — Perguntou ainda em tom seco, distante.

— Seis anos, são crianças gêmeas.

— Quem está com eles no momento? Já que sua irmã morreu também. — Ser humano insensível! A respiração dela acelerou.

— Estão comigo permanentemente, por quê? — Retrucou alterada com o interrogatório.

— Com a senhorita? excelente, será mais fácil. — Respondeu apático sem alterar o tom firme.

— Desculpe, mas não entendi o que você quis dizer.

— Vou trazê-los para morar comigo. Que horário fica melhor para a senhorita colocá-los num voo para Copenhague amanhã? certamente arcarei com todas as despesas. — Sophie não respondeu de imediato, ficou furiosa ao mesmo tempo incrédula.

— Você é louco ou se faz de idiota? — Perguntou.

— P-perdão?

— Não. Meus sobrinhos não vão morar com um estranho problemático, muito menos viajar num avião e sozinhos! — Ela também sabia ser arrogante.

— Posso assegurar que estou muitíssimo bem para entender que não cabe a senhorita decidir, e não há motivos para irritar-se, tampouco para ofensas, afinal estou fazendo questão de a livrar deste fardo. Não deveria me agradecer? — Sophie respirou fundo para não xingar o homem de todos os nomes possíveis, pois sentia ser capaz. E ela jamais falava palavrões!

— Eles são meus sobrinhos não fardos! E se pensa que vai tirar eles de mim, está enganado!

— São meus sobrinhos também, não tem o direito de me afastar deles.

— Eles nem sabem de sua existência!

— A culpa não é minha, Vicente foi embora com sua irmã e nunca mais deu notícias, eu nem ao menos sabia sobre eles.

— Ah, nossa! que inocentes são os Larsen, vocês ameaçaram de internar ele num hospício e dar um fim na minha irmã se eles continuassem juntos além de deserdá-lo! E acha que ele agiu errado em desaparecer? — Se arrependimento matasse ela já estaria sepultada a 7 palmos da terra, quem dera tivesse o poder de voltar no tempo e jamais entrar em contato com Albert, nome tão metido quando o dono.

— Como ousa... — Ele calou-se ao ouvir a voz de Eliza.

— Tia Sosô? — Chamou a menininha esfregando os olhos com as mãos. — O que aconteceu? — Bocejou — tá brigando com quem? — Abafando o telefone com a mão e sorrindo, Sophie disse:

— Com ninguém princesa, a tia não percebeu que falava alto, volte para cama só vou dar um fim nessa pessoa, digo, na conversa e já me deitarei também.

— Hum, eu queria tomar leite morno com nesquik

— A tia já leva para você meu Bem, agora vá deitar — A menininha assentiu em concordância e voltou ao quarto.

— Era a Eliza aí?

— Sim.

— Isso são horas de uma criança estar acordada?

— E isso são horas de ligar para perturbar os outros? — Um silêncio se fez do lado oposto da linha, mas ela pode ouvir aquela respiração forte, ameaçadora.

— Seu comportamento rude é mais uma prova de que não está apta a criar um Larsen que dirá dois!

— Oh, não me diga! Os Larsen criam os filhos tão bem que Vicente cortou relações com todos há anos! Sabe de uma coisa Albert, esqueça este assunto, esqueça que nos falamos e esqueça que tem sobrinhos pois eles nunca, jamais irão para a Dinamarca com você.

Não esperando resposta, Sophie desligou o celular com força. Notou várias chamadas perdidas com DDD estrangeiro e também de Henrique, seu ex-namorado traidor. Preparou o leite de Eliza e foi dormir pensando no descaramento do sujeito. Que homem sem noção! Não conseguia acreditar na coragem daquele ser humano horrendo de ligar com tamanha arrogância e exigir que ela colocasse os sobrinhos para viajarem sozinhos num avião até a Dinamarca! Somente se fosse irresponsável. Ela os protegeria, mesmo de um tio rico esnobe, certamente os protegeria! Procurou acalmar-se pois em algumas horas ele não passaria de uma lembrança desagradável.

Dois dias depois, porém, estava tranquila, o sujeito não deu sinal de vida para sua alegria e sossego. Fátima a ex-professora da universidade de arquitetura na qual Sophie precisou trancar um mês após a tragédia, ligou pedindo que Sophie refizesse todos os móveis da cozinha dela e fosse ainda naquela segunda-feira fazer um orçamento. Confiante, arrumou as crianças para irem juntos.

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