Capítulo 5

Sophie não podia deixar de pensar que foi um milagre ter conseguido arrumar as bagagens em tão pouco tempo. Eliza e Nicolas, no entanto, não foram difíceis de convencer viajar, é certo que ela não explicou os verdadeiros termos. Quando Albert chegou com motorista particular e o carrão, as crianças pareciam intimidadas. Já Sophie não podia deixar de sentir raiva ao olhar o rosto do homem, ele provavelmente dormiu bem

a julgar pelo ar de vencedor.

— Fico contente que tenha feito a escolha sensata, senhorita Rodrigues. — Sussurrou no ouvido dela assim que chegaram ao aeroporto. Sophie quis morrer! Nunca se sentiu tão vulnerável, tola e impotente. Estava mesmo sendo dominada pelo pavor, não podia deixar que seus sobrinhos fossem deportados, não mesmo! Jamais deixaria de os proteger e nunca os entregaria para aquele homem. Ela, porém, tinha um plano.... Albert se cansaria mais cedo ou mais tarde e com toda certeza não haveria espaço nos coraçõezinhos deles, Sophie tinha o amor ao seu lado.

— Creio que eu não tenha tido escolha alguma, senhor Larsen. — Revidou com desprezo irônico. Ele apenas sorriu pomposo, o que foi frustrante.

— Só isso de bagagem? — O olhar assassino de Sophie fez com que Albert não procedesse no assunto, pergunta mais estúpida! De algum modo no aeroporto, Larsen providenciou o passaporte para ela que tirou uma foto e assinou alguns papéis. Ela tinha também o visto de trabalho?

— Como você conseguiu?

— Disse que daria um jeito, não disse? Además, sou influente.

Sophie fez um bico de birra, por que tudo é sempre mais fácil para gente rica? Pensou.

— Como assim visto de trabalho?

— Te trouxe como minha.... uma nova funcionária da minha empresa.

Na medida em que passavam as horas, Sophie se sentiu confiante, por mais tentativas de Albert, Eliza e Nicolas rejeitava todas as maneiras de aproximação, desde segurar a mão a conversas.

No avião, estavam na primeira classe! "Tudo do bom supremo" para os Larsen. Ela nunca tinha viajado num avião daqueles, muito menos para fora do Brasil.

As poltronas pareciam sofás, ela e as crianças se sentaram, era chique e confortável. Eliza ficou na janela, Sophie no meio e Nicolas a contragosto na ponta já que o menininho queria também ficar no assento da janela. Albert ao lado oposto sugeriu a ele que se sentasse do seu lado para assim poder olhar o céu mais de perto. Agarrando um dos braços de Sophie o menino negou e assegurou que estava bem ali.

— Tia? Abre a janela para mim. — Pediu Eliza.

— Já está aberta, querida.

— Falo desse vidro, como eu vou tocar as nuvens com isso impedindo?

— Ah! Infelizmente o vidro não abre, minha flor.

— O que? Mas eu pensei que finalmente fosse descobrir se as nuvens têm o mesmo gosto de algodão doce — Eliza parecia decepcionada, Sophie deu o seu melhor para confortar a sobrinha que não se convenceu e permaneceu emburrada. Ela queria mesmo comer um pedaço da nuvem! Socorro, senhor.... A comissária de bordo a cumprimentou.

— Bom dia senhora Larsen, gostaria de algo para comer? — Sophie demorou um pouco para entender a situação.... senhora Larsen? Oh céus! A mulher pensava que ela e Albert eram casados?

— Senhora Larsen? — Perguntou Nicolas sem entender.

— Ela não é nenhuma senhora Larsen, é a nossa tia Sosô. — Afirmou Eliza seriamente.

— E não é casada com aquele homem — O menino apontou para Albert finalmente entendendo a conversa — Ele diz que é nosso tio, mas eu, Eliza e tia Sophie...

— Ahahaha — Interferiu a tia sem graça. — Nicolas, meu bem, por que não lê o gibi que trouxemos? ... obrigada moça, mas no momento não vamos querer nada.

A comissária, uma mulher bonita, loura de olhos verdes, se direcionou a Albert que também não quis nada. Cinco horas depois, Sophie estava exausta, Eliza dormia de tanto falar, mas Nicolas ainda estava acordado e ela tinha sempre de inventar algo para melhorar o tédio dele.

— Sophie? — Chamou Albert no lado oposto do corredor, assustando-a — Por que não trocamos de lugar um pouco? Está com uma feição horripilante.

— E de quem é a culpa? As pessoas geralmente têm uma semana ou mais para organizar as bagagens de uma viagem, eu tive menos de dez horas.

— Lamento, então porque não trocamos de lugar um pouco para você dormir.

Antes que ela pudesse responder, Nicolas segurou um dos seus braços e disse em alto som:

— Não! Tia Sosô vai ficar comigo e com Eliza.

— Nicolas, sua tia está cansada, não dormiu ontem.

— Ela pode dormir ao meu lado.

Quando Albert fez menção de falar novamente, Sophie fez um sinal para ele nada dizer, por mais que não gostasse da ideia ela realmente precisava dormir nem que fosse por meia hora.

— Meu amor, olhe para mim. A tia vai ficar ali para descansar um pouco e seu tio ficará aqui com você. Não seja malcriado com ele logo, logo eu volto.

— Mas, tia Sosô...

— Nicolas.

O menino cedeu emburrado, e assim que ela saiu ele se sentou no meio onde estava a tia ao lado da irmã e segurou a mão dela como que para a proteger, Albert, então ficou na ponta.

— Sua poltrona abaixa mais do que isso. — Falou para ela quando Sophie buscava se acomodar. — Deixe-me lhe ajudar.

Ele se aproximou, e abaixou tanto a poltrona que dava a impressão de estarem numa cama com ele deitado por cima, foi desconfortável e inconvenientemente lembrou-se do que ele disse “Eu possuo” seu coração disparou se fosse branca certamente pareceria um tomate agora. Larsen pegou um cobertor que estava sabe Deus onde e a cobriu. Mesmo depois de ele ter voltado, ela ainda sentia a colônia máscula que ele usava e ouvia o bater ritmado do próprio coração.... Adormeceu.

...

Graças a Monique a comissária que estava acostumada com crianças inquietas ele conseguiu entreter Nicolas com alguns brinquedos de montar e desmontar, também tinha um papel com desenho do Sonic para colorir e lápis de cor. Eliza, contudo, ainda dormia feito um anjo. Albert estava fascinado com os sobrinhos, eles eram idênticos, mas, de cores e sexos diferentes: Mesmo formato de rosto, lábios, nariz, formato de olhos, mãos. Tudo o que ele podia ver, enquanto Nicolas era loiro de pele amarelada, olhos cor de mel esverdeado e um ou dois dedos mais baixo, Eliza era morena um tom mais claro do que a tia. Os cabelos da menina eram castanhos como os dele e os olhos azuis como do pai... Eram duas belas obras de arte, uma emoção queimou no peito dele, podia ver seu irmão nos detalhes.

— Senhor Larsen? — Chamou-lhe Monique o despertando do pensamento. — Posso lhe servir algo para beber?

— Um cappuccino seria perfeito, quer alguma coisa Nicolas?

O menino fez que não com a cabeça sem tirar a atenção da montagem que fazia.

— Vou acompanhá-la. Você me salvou de uma situação complicada e preciso esticar um pouco as pernas.

— Imagina, milorde, apenas estou fazendo o meu trabalho. — Disse com um sorriso afável.

Em meio a conversa, Monique descobriu que Larsen é solteiro, tio das crianças e sua relação com a senhorita Rodrigues. Era visível que a mulher estava interessada nele. Ela devia ter entre vinte e nove e trinta e cinco anos, bonita, exuberante, peituda, o tipo que ele se envolvia por momentos.

— Em minha opinião, claro, se me permite a ousadia, o senhor precisa mesmo é de uma esposa.

— Monique, minha cara, não acha que minha vida já é problemática o suficiente? — Perguntou zombeteiro. E ela mordeu o lábio inferior, o que lhe causou um chique na virilha.

— O senhor apenas não encontrou a mulher certa. — Retrucou sensual, provocador. Ela estava se insinuando. Desde que recebeu a notícia sobre a tragédia não se deitava com uma mulher toda essa situação de Vicente e das crianças consumiram seu tempo e estado de espírito... Monique, no entanto, estava mais do que convidativa. Mas, algo o barrava.

....

Três horas mais tarde, Sophie acordou atordoada. Olhando para o lado oposto, o coração ferveu de raiva ao ver Eliza que ainda dormia e Nicolas que pintava alguma coisa sozinhos. Começou a procurar Albert e o avistou aos papos nada discretos com a comissária e depois ela quem era irresponsável! Levantou-se observando os dois, a belíssima comissária só faltava devorar ele com os olhos. Albert olhou para a direção dela e o sorriso murchou ao notar a expressão indignada. Andou na direção de Sophie com o cinismo estampado no rosto.

— Está melhor? — Perguntou.

— Não depois de ver Eliza e Nicolas sozinhos.

A face dele se tornou sombria ante a acusação.

— Não os deixei sozinhos, apenas me levantei por um momento para tomar um Cappuccino. Alva e eu conseguimos distrair Nicolas o suficiente e Eliza como pode ver ainda continua dormindo. — O olhar dele estava gélido e a expressão fria, Sophie continuava com desdém — Podemos conversar a sós um instante?

— Que seja! — Concordou relutante. Após pedir que "Monique" olhasse as crianças, Albert puxou-a pelo braço até o banheiro e trancou a porta.

— Não se preocupe, jamais irei te atacar. — Falou ele em seu tom habitual.

— Não sou eu quem deveria se preocupar. — Ela alegou séria e Albert esboçou um sorriso com os olhos — não posso acreditar que os deixou sozinhos para paquerar enquanto eu dormia e depois ainda vem falar de responsabilidade — Sophie atacou

— For guds skyld!! Não há ninguém além de nós nessa cabine caso não tenha percebido eu reservei todos os acentos e não se atreva a me chama de irresponsável tenho consciência de meus atos eu não deixei a atenção deles.

— Não importa! Nada disso importa, você os deixou sozinhos para flertar descaradamente com aquela mulher quem sabe em qual buraco teriam se enfiado? Sempre haverá mulheres e mulheres como prioridade na sua vida e não meus sobrinhos, você não me engana! — Ela dizia apontando para ele furiosamente, não só apontando, mas tocando com o dedo indicador no peito dele. Albert segurou firme a mão dela e a puxou para si, Sophie seria hipócrita se dissesse que não sentiu medo.

— Não me importo com sua opinião ao meu respeito, acredite! Pense e fale de mim o que quiser. Apenas não quero que isto fique visível para Nicolas e Eliza. Não é anormal que eles pensem que eu sou o monstro do lago Ness já que a sua atitude me denuncia tal coisa! E eu jamais colocarei mulher alguma acima deles.

— Não venha me culpar, nunca leu nos livros que as crianças são boas em julgar caráter? — O rosto dele endureceu mais ainda ante a ironia dela. — Solte-me. — Ordenou no mesmo tom ameaçador dele. Albert largou-a com força.

— Nesse caso eles se adaptarão a mim nem que seja a força! — Ela sentiu muito mais medo, porém não deixaria isto perceptível, ela sempre foi durona o bastante para mascarar sua emoção, experimenta trabalhar como operadora de caixa ou telemarketing melhores campos a desenvolver essa postura.

— Acredito que talvez não seja necessário, você pode até estar nos levando para a Dinamarca, mas não está escrito nas estrelas que meus sobrinhos ficarão morando com você, fique sabendo que isso não vai durar. — Ele diminuiu o espaço entre ambos a puxou pelos ombros e disse em seu ouvido:

— Não ouse me desafiar senhorita Rodrigues, sempre consigo o que quero independente do preço que me custe. — Sophie o empurrou bruscamente e Albert teve a sorte de estar próximo da porta se não conseguisse apoio teria caído no chão:

— SE ACOSTUME COM O FATO DE SER UM PERDEDOR! — Berrou — QUEM É VOCÊ para se achar a última COCA-COLA DO DESERTO? — Ele estava completamente chocado, o que era justificável a mulher não só tivera o descabimento de o empurrar, o enfrentar agora gritava com ele! com certeza o mauricinho não estava acostumado! Pois, Sophie faria questão de dar a ele um toque de realidade. Foram interrompidos por uma batida na porta de alguém que queria usar a toalete, uma senhora asiática baixinha que olhava de um para o outro repleta de insinuações e murmurou algumas palavras em mandarim. Que nojo! Por mais charme que ele tivesse jamais! não se envolveria com Albert Larsen, nem se ele fosse o último homem de todo o planeta.

— E você disse que havia reservado todos os acentos. Patético. — Disse por fim o deixando só frente o banheiro. Embora tentasse permanecer firme e segura, Sophie sentia-se apavorada, um arrepio lhe tocou na espinha quando ele a ameaçou. Estava evidente que esse homem sem coração não media esforços para destruir o que quer que fique em seu caminho sem compaixão ou um pingo de remorso. Que Deus a ajudasse, pois ela não podia ceder, não mesmo

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