Capítulo 2

— Ah tia Sophie, eu não quero ir, vai ser muito chato. — Queixou-se Nicolas emburrado.

— Para de ser malcriado, Nico! — Retrucou Eliza.

— Eliza, não questione os mais velhos — Revidou o menino erguendo o corpo numa postura exagerada.

— Você só é quatro minutos mais velho do que eu nico! e ainda assim eu sou cinco centímetros mais alta do que vocês!.

— Quatro e meio! e não por muito tempo... você vai ver só eu ficarei gigante e você será uma tampinha.

— Chega. — Falou Sophie firme antes que uma discussão acirrada iniciasse — Façamos o seguinte, assim que a gente sair da casa de Fátima nós compraremos um lanche, pode ser?

— Vamos beber refrigerante? — Perguntou o menino

— E tomar sorvete? — Perguntou Eliza

— Sim! — Respondeu a tia sorrindo. As crianças abraçaram Sophie comemorando felizes..

Como ficaram mais tempo do que planejado e almoçaram na casa de Fátima. Sophie decidiu que o lanche, sorvete e refrigerante seriam a janta após as crianças tomarem banho. Estava contente, iria faturar uma renda excelente com os móveis planejados. Ao entrar em sua casa assustou-se, estava mais bagunçada do que se recordava, uma pilha de roupas em cima do sofá, prato para lavar e brinquedos espalhados pelo chão. Quem dera tivesse alguém para ajudar, ou a força de sua irmã.

Como Sabrina conseguia criar os filhos, trabalhar e deixar a casa tão impecável? Ela aprenderia. Tirou o sutiã, trocou de roupa e deu banho em Eliza no chuveiro acabou ficando toda molhada. Nicolas, porém, preferia tomar banho sozinho, pois dizia já ser um "Homem" e não bebê. Mas, quase sempre Sophie o ajudava Após vestir a sobrinha, a deixou assistindo desenho no quarto, Nicolas fazia um show no banheiro, cantando a música do Fernandinho "Eu vou dançar na chuvaaaa..." e dançando.

— Ei, bonitão! não esquece de lavar o bumbum e atrás das orelhas.

— Tia Sosô! Me dá privacidade, um homem nunca esquece essas coisas. — Repreendeu ofendido, cobrindo suas partes com as mãos. Ela riu bastante sem que o menino percebesse . Sophie começou a organizar a sala quando a campainha tocou descontroladamente, quem poderia ser? Desceu as escadinhas que levava até o portão e ao abrir deparou-se com uma visão magnífica: Um homem alto, belíssimo, vestido num terno cinza da melhor qualidade.

— Senhorita....Ro...drigues? — O coração gelou ao reconhecer a voz, os olhos se abriram e ela sequer notou que estava com um short curto, sem sutiã e molhada.

........

Albert Larsen não estava acostumado a ser tratado com tamanha petulância. Especialmente por uma mulher e para piorar estrangeira! Quando soube da morte de Vicente ficou sem ar, pensou que o coração explodiria de tanta dor.

Precisou averiguar a informação por três longos e agonizantes dias antes de aceitar o fato que nunca mais poderia ver o rosto sereno de seu irmão caçula. Trancou-se no escritório por várias horas a fim de viver seu luto, conteve as lágrimas, e logo mascarou o rosto para voltar ao normal. Não podia permitir que percebessem sua vulnerabilidade. Ligou o computador, Seu olhos fixaram pela milésima vez no email que falava.... "Apesar da péssima gramática em inglês, francamente, como era possível escrever com tamanhos erros?" não era de se admirar que pensou ser um trote... quem dera o fosse, mas a informação sobre a morte de seu irmão era verídica e ao que pode entender Filho! Vicente teve um filho, uma parte viva de seu irmão. Prometeu a si mesmo que seria diferente com o sobrinho, não cometeria os mesmos erros de outrora. Jamais deixaria a criança desamparada, precisava o conhecer imediatamente. Ficou ainda mais contente ao saber que eram gêmeas, melhor que uma criança, duas!

Albert sempre desejou ser pai, mas, não conseguia visualizar mulher alguma para o papel de mãe dos seus herdeiros.... Fúteis e egoístas, eram todas elas. Serviam meramente para o satisfazer e só.

Criando os sobrinhos, seria uma preocupação a menos, porém, como nem tudo são flores, havia a pedra no meio do caminho: Sophie Rodrigues. Ele estava disposto a chutar para o mais longe possível. A mulher ousou desligar o telefone antes dele! quanto atrevimento... evidentemente não passava de uma desequilibrada, ele socorreria seus sobrinhos das garras dela. Perdeu seu irmão para uma Rodrigues, não perderia as crianças de seu sangue também.

Dois dias depois ele providenciou com muita impaciência enquanto recolhia informações sobre sua oponente, seu vôo para o Brasil. De todos os países, Vicente, teve de escolher justo o Brasil! apenas quinze horas de voo, aguentaria esse sufoco.

Ao pisar no aeroporto de Guarulhos, seu contato enviou a localização correta da casa da petulante Rodrigues e havia um motorista lhe aguardando, olhou para o carro se é que dava para classificar aquela velharia como automóvel. O homem o saudou e abriu a porta para que ele entrasse, deveria ter trazido Dagfinn, seu assistente pessoal. Colocou dois dedos na fonte direita de seu rosto e respirou fundo para se acalmar, havia tanto a se resolver, mas, certamente aquele velho daria conta. Era noite quando o motorista estacionou, ele torceu muito para que fosse um engano pois o lugar sequer parecia habitável, era impossível crer que pessoas morassem ali, sobretudo um Larsen.

EPÍLOGO DO CAPÍTULO:

Albert andava de um lado para o outro em seu escritório tentando lidar com o turbilhão de suas emoções... dois dias! tinha de suportar mais dois dias para voar até o outro continente. Atendeu o celular:

— Acabei de enviar um e-mail com as informações que você me pediu — Respondeu seu contato.

— Graças a Deus! — Respondeu impaciente e desligou a chamada. Correu até seu computador, encontrou o que queria e abriu o arquivo:

Sophie dos Santos Rodrigues

Brasileira, 23 anos, solteira.

Número de CPF xxx.xxx.xxx-xx

Número do RG xx.xxx.xxx-xx

Descrição famíliar:

Mãe: Maria José dos Santos Rodrigues.

status: Falecida.

Profissão: Costureira

Pai: Fernando João Rodrigues Santos

status: Falecido.

Profissão: Marceneiro.

Irmãos: 1 - Sabrina Rodrigues Larsen

status: Falecida.

Profissão: Professora/aspirante a estilista.

.......

Escolaridade: Ensino superior em arquitetura.

Status: incompleto / trancado um mês após o falecimento da irmã.

Profissão: Atualmente sem emprego fixo / Trabalha como marceneira autônoma na garagem da própria casa.

Sem ficha criminal.

Dinheiro na conta: 250,00 reais, um total de 37,67 EUR

Endereço: Jardim são Francisco, número XXX cidade São Paulo, estado São Paulo - Brasil.

A mulher nem mesmo tinha uma renda estável! como uma pobretona com míseros 37 euros tinha a audácia de o enfrentar?

Precisava e iria urgentemente tomar a frente dessa situação.

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