Capítulo 3

Albert Larsen tocou o que parecia uma espécie pré-histórica de campainha várias vezes seguidas, a criatura petulante que o aguardasse. Levaria seus sobrinhos de um jeito ou de outro.

O portão surrado de ferro foi aberto num rompante barulhento, para sua surpresa por uma mulher que mais se parecia uma... sereia. Se esforçou para não demonstrar que ficou afetado por aquela visão.

— Senhorita... Ro..drigues? — Pela expressão assombrada certamente era ela, Albert não imaginou que a mulher pudesse ser... bendito fosse o Criador! ela era apetitosa demais!

— O-o que e-está fazendo aqui? — Perguntou visivelmente assustada. O que lhe trouxe uma tremenda satisfação, certamente não era tão corajosa quanto pareceu na ligação.

— Depois da conversa que não finalizamos e ter se tornado incomunicável nos últimos dois dias, pensou mesmo que eu ficaria quieto? — Perguntou erguendo uma sobrancelha.

— Para ser franca, pensei que você seria de fato uma pessoa incoveniente e muito.... muito irritante, apenas não imaginei que você viajaria metade do planeta apenas para perturbar a paz alheia. — Respondeu num nível extremo de ironia, ela era muito mais petulante do Albert havia imaginado. Ele quase ficou sem palavras, o que era absurdo! quando uma mulher o tratou assim? nunca!

Algo queimou dentro dele, fúria talvez? não importava, ele não perderia a compostura, não mesmo. Um lorde jamais permite que suas emoções o dominem.

Em contrapartida, intensificou a arrogância estampada em seu rosto, esperava que ela entendesse o recado.... certamente não sabia com quem falava.

— Não tenho a menor intenção de perturbar sua paz, senhorita Rodrigues, apenas vim buscar os meus sobrinhos. — Ele deu um passo para frente, e para o sofrimento de Albert ela cruzou os braços deixando o busto mais evidente ao responder:

— Isso está fora de questão! você não vai tirar eles de mim, pode chamar o papa, presidente da República, a rainha da Dinamarca e até mesmo o rei supremo de Nárnia, mas, eu não os entrego para você! — Ela falava em tom furioso, e para Albert, era uma tarefa árdua manter os olhos no rosto da jovem....

— A senhorita deveria saber, quando eu quero algo, o possuo — Respondeu em seu tom calmo e ameaçadoramente gélido, embora sua mente começava a vagar outras ideias sobre possuir e todas envolviam aquele busto no formato de coração.

— Oh, sério? É uma pena que seu status de conquistador das galáxias tenha recebido um nocaute hoje! — O nível de ironia dela realmente o deixou sem palavras, e para sua infelicidade seu olhos vagaram por todo o corpo dela desenhado pelo tecido encharcado. Definitivamente uma sereia.

Não esperando sua resposta, assim como na chamada, ela tentou fechar o portão, mas Albert lutava para conseguir entrar, era uma disputa acirrada de um lado Sophie alegava que ele só entraria por cima do cadáver dela e do outro Albert afirmava que derrubaria o portão se fosse preciso, pela primeira vem em 30 anos o lorde se sentiu feito uma criança! Aquilo estava cada vez mais ridículo..... a batalha foi interrompida por gritos de choro. Sophie soltou o portão e correu escada acima, permitindo a ele uma bela visão daquele traseiro arrebitado.... Foco, Albert, foco! disse para si mesmo, ela não é uma opção lasciva e sim a pedra no meio do caminho, sua rival.

Ele subiu a escada de cimento grosso e constatou que não era segura para seus sobrinhos, a porta da casa na lateral da construção estava aberta e quando ele entrou ficou assustado aquilo era tão.... total.... nunca viu zona parecida.... horripilante! uma bagunça assombrosa! Sua atenção, porém, voltou da casa para aquela cena familia....

.....

Sophie correu o mais rápido possível para alcançar Eliza. Reconheceu o grito dela, desde o acidente, sempre que se via sozinha a menina chorava desesperada. Nicolas, ainda tinha pesadelos quase toda noite, esse foi o motivo pelo qual ela precisou trancar a universidade e sair do estágio que conseguiu numa multinacional após ser destaque num seminário era evidente que seria efetivada após concluir o curso, mas, sua família vinha em primeiro lugar.

Nicolas enrolado na toalha, tentava acalmar a irmã enquanto chorava junto.

— Meus amores, o que aconteceu? — Ela perguntou preocupada.

— P-P-pensei q-que V-você t-também sumiu, igual a m-mamãe — A menina chorou mais e Sophie a abraçou apertado.

— Calma minha princesa, a tia está aqui.

— Não vai nos deixar igual aos nossos pais, tia Sosô, vai? — Nicolas perguntou contendo as lágrimas nos olhos.

— Mas é claro que não, eu jamais deixaria vocês, estamos grudados agora.... lembra? — Ela disse abraçando também o menininho. Logo o drama cessou.

— Quem é esse cara aí, tia Sosô? — Perguntou Eliza, agora, tranquila. Nicolas ao ver o estranho saiu correndo para o quarto, afinal estava apenas de toalha.

Uma ira alucinando envolveu Sophie ao ver aquele ser prostrado na entrada de sua casa.

— Você tem os olhos iguais aos de seu pai — Disse o intruso avaliando a menina, para sua surpresa, Sophie pode perceber o que parecia ser um sorriso nos olhos daquele homem.

— Conheceu papai? — Eliza perguntou erguendo uma sobrancelha descrente, aquilo foi bizarro... Só então Sophie notou que a menina fazia exatamente a mesma expressão do tio quando ficava contrariada, surpresa ou não acreditava no que alguém falava e também .... quando queria desafiar.

— Sim, sou irmão dele, seu tio. — A expressão deu lugar para uma surpresa genuína fazendo a garotinha ficar boquiaberta. Sophie o fuzilou com o olhar e Nicolas entrou vestido com seu pijama do Homem-Aranha.

— Nico, esse homem disse que é nosso tio! — Falou Eliza.

— Vai se casar com nossa tia Sosô? — O menino perguntou com os olhos arregalados.

— Não! claro que não. — Respondeu Sophie. ao mesmo tempo que Albert enfatizou

— Nem se minha vida dependesse disso.

— Ufa! — Respondeu o menino aliviado colocando as mãos no peito — acho que não tô preparado pra compartilhar a tia Sosô de novo.

— Sou o irmão de seu pai, e você pequenino, se parece bastante com ele, exceto os olhos.

— É.. eu sei, mamãe, tia Sosô e eu temos os olhos parecidos e.. ei! eu não sou pequeno, sou grande!

— Você é mais baixo que eu Nico — Provocou Eliza com um sorriso maroto, o menino a fuzilou com o olhar.

— Tia Sosô, esse moço é mesmo irmão do Papai? — Perguntou o menino ignorando a irmã.

— Dizendo ele...— Respondeu Sophie revirando nitidamente os olhos.

— Sabe muito bem que é verdade — Retrucou Albert ríspido.

— Fala direito com minha tia Sosô! — Repreendeu Nicolas — E... e... tia eu tô com fome, podemos jantar agora?

Bingo! Sophie conteve uma gargalhada, ainda que ele tentasse roubar sua crianças ela tinha algo poderoso ao seu lado "O amor" Eliza concordou que estava com fome, então Sophie disse ao invasor.

— Se nós der licença, senhor Larsen, nós vamos jantar agora e temos a conta certa, sugiro que retorne outra hora.

— Não precisa se preocupar, senhorita, não estou com fome... esperarei aqui mesmo.

Sophie levou os sobrinhos até a cozinha americana. E na mesa de jantar deu para eles o hambúrguer e refrigerante. Deus! estava tudo uma bagunça, péssima hora para ele aparecer.

— Esse é o jantar deles? — Perguntou crítico.

— Eu acho que é bastante óbvio que sim. — Ela respondeu.

— Crianças precisam ter uma alimentação saudável, senhorita Rodrigues, não vejo a menor estrutura....

— Agora! — Ela o interrompeu — não é o momento conveniente para essa conversa Albert. — Graças ao bom Deus ele se calou, mas ela podia ver com muito incômodo ele analisar toda a sua casa. Que constrangedor!

— Não gostei dele — Falou Nicolas, entre dentes, Eliza riu baixinho.

— Também não — Sussurrou a tia. Eliza concordou devorando seu lanche. Sophie contava os segundos para que terminassem de comer, e assim ela pudesse escovar os dentes das crianças e as colocar para dormir.

— Mas tia Sosô, e o sorvete? — Perguntou Eliza após beber o último gole do seu refrigerante . Sophie torcia para que tivessem esquecido... podia sentir o olhar julgador mortal de Albert repousado nela.

— Já está tarde, amanhã a gente toma o sorvete.

— Mas, tia Sosô! — O menino protestou.

— Tudo bem, tenho de manter a minha palavra, mas será só um pouquinho. — As crianças vibraram de alegria.

Após tomarem o sorvete semi derretido no microondas, Sophie escovou e passou fio dental nos dentes deles.

— Tem certeza de que não prefere ir embora, Albert? eu vou colocar eles para dormir... ler uma historinha e isso vai demorar.

— Não se incomode, eu não tenho a menor pressa. — Respondeu esticando as pernas no sofá que parecia pequeno demais para ele. Mas, verdade seja dita a pilha de roupas contribuía para tal.

Leu duas vezes consecutivas a história "Mais que bicho largatixo - da autora Sylvia Orthof" e algumas fábulas de Esopo adaptadas para crianças, ele espere sentado. Antes de sair do quarto trocou de roupas, embora queria mesmo tomar um belo e demorado banho. Ao voltar para sala, Albert repousava a cabeça para trás no encosto do sofá com os olhos fechados, só faltava ele estar dormindo... Que injustiça! o homem conseguia ser muito mais bonito que o cunhado. Sem se dar conta, Sophie o avaliava minuciosamente, enquanto Vicente era louro dos olhos azuis típico modelo viking, Albert era mais alto, forte não exageradamente, mas, num estilo elegante, tinha os olhos verdes, cabelos cheios castanho escuro na altura da nuca, lábios rosados marcantes, queixo quadrado.... parecia ter saído de uma livro de romance, Sophie se pegou suspirando, oh! pelo amor de Deus, por que esse insuportável tinha de ser tão bonito?

— Eu sei que sou lindo, senhorita Rodrigues, pode tirar uma foto se quiser admirar mais... — Ele falou ainda com os olhos fechados, parecendo ter lido os pensamentos dela.

Que grosseiro convencido!

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