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Capítulo 1 - Parte 2

Uma coisa bem interessante que eu notei foi que, quando abri as portas, as mulheres começaram a chegar, e, quando eu digo mulheres, incluo idosas e adolescentes. Talvez meu charme as tivesse atraído.

— Andrew? — O que eu temia aconteceu, fui reconhecido.

Virei-me e encontrei Jessy me olhando curiosa. Quando me reconheceu, deu um gritinho estridente e me apertou com seus braços fofinhos.

— Jessy, tem gente olhando — falei entredentes e ainda com a cabeça baixa, passar vergonha não era legal.

— Deixe que olhem, eu não ligo. — Apertou minha mandíbula de modo que meus lábios formassem um biquinho e me roubou um selinho. 

Jessy não era muito alta e nem muito baixa, ela era maior que minha mãe e pouca coisa menor que eu. Enquanto eu tinha 1,78 metros de altura, ela tinha 1,71. Mas era fofa, isso eu não posso negar. Ela tinha o cabelo preto e muitas curvas, às vezes desconfiava de que ela tivesse mais do que 21 anos.

— Eu ligo, não quero receber tanta atenção assim — falei tirando seus braços da minha cintura e voltando a seguir caminho até meu armário.

— Lembra que você prometeu para mim que, quando voltasse a trabalhar, iria me levar para o cinema? — Ela me cutucou as costas, me fazendo dar uma leve e curta risada, eu sentia cócegas ali.

— Não me lembro disso não. — Coloquei alguns livros na estante e me encostei nela.

— Eu lembro, e a gente vai. — Deu de ombros e se afastou, provavelmente indo até algum corredor.

Voltei aos meus afazeres na biblioteca, tentei a todo custo distrair a mente, mas sempre acabava pensando no acidente e no que podia ter acontecido para que eu acabasse desse jeito. Minha vida parecia um filme de suspense com um final trágico que aborrece os telespectadores.

— Dou dez dólares para saber o que está pensando. — Jessy balançou a nota na minha frente, e acabei tomando um susto por estar distraído.

— Onde estava? — perguntei.

— Lendo. — Ela abraçou meu braço e me puxou para um corredor mais distante. 

Ela observava tudo que eu estava fazendo calada e com uma cara de tédio que dava até dó.

— O que quer fazer? — perguntei depois de colocar alguns livros na prateleira e me sentar ao seu lado.

— Dar uns amassos? — sugeriu. Arqueei a sobrancelha, o que a fez ficar de bico e cruzar os braços emburrada. — Até parece que depois do acidente você virou virgem de novo

— Jessy, entenda que, se eu não lembro, eu não fiz. — Dei de ombros.

Ela descruzou os braços e se sentou em meu colo. Arregalei os olhos e tentei tirá-la dali, mas ela enroscou os braços no meu pescoço.

— Vamos criar uma nova lembrança então. — Beijou minha bochecha e foi descendo para meu pescoço.

— Não podemos, este é meu local de trabalho. — Tentei afastá-la, mas seus beijos em meu pescoço estavam me dando nojo.

Eu tentei me deixei levar por suas mãos em meu cabelo e seu corpo em meu colo fazendo sutis movimentos que demonstravam o que realmente ela queria, aquilo não estava bom, e algo dentro de mim gritava para empurrá-la, dar um fim nisso, mas eu não conseguia. Era como se eu não estivesse no controle da situação, e isso estava me enlouquecendo.

Vá embora. — Ouvi alguém dizer baixo, tão baixo que jurei ter sido Jessy.

— Disse algo? — perguntei a ela, que se afastou um pouco do meu pescoço para negar com a cabeça.

Não deixe ela te tocar. — Ouvi outra vez.

— O.k., isso não vai dar certo. — Finalmente afastei Jessy do meu corpo. — Você está tentando me assustar? — perguntei, e ela negou, tentando voltar ao que fazia.

— Eu não disse nada, é você quem está me assustando. — Ela se levantou do meu colo de uma vez e voltou a sentar ao meu lado.

— Tem alguém aqui — falei e me levantei.

Uma pilha de livros que eu tinha acabado de colocar no lugar caiu no chão, não só me assustando como também Jessy, que deu um de seus gritinhos estridentes.

— Foi o vento — falei.

— Está tudo fechado — Jessy falou.

Mande-a embora. — Ouvi o sussurro outra vez.

— Ouviu isso? — perguntei.

— Quer saber, te ligo mais tarde. Se você sobreviver, a gente continua depois. — Jessy me deu um selinho e saiu às pressas da biblioteca;

Bom garoto. — Ouvi o sussurro de novo. Olhei ao meu redor e não vi ninguém.

Era pavor de primeiro dia de trabalho, normal.

E, como eu imaginei, o resto do meu dia foi tranquilo, nada de coisas sobrenaturais ou sussurros do além. Eu quase ajoelhei no chão quando deu quatro horas da tarde, liberdade.

(…)

Entrei em casa e deixei as chaves na mesinha ao lado da porta, minha mãe ainda não havia chegado, pelo visto, e isso queria dizer que eu tinha a casa toda para mim. 

Subi para meu quarto, enfiei a mão embaixo do travesseiro e peguei um bilhete. Eu encontrei essa carta no bolso da jaqueta que eu estava usando no dia do acidente. 

“Nesse verão, quero acampar na praia, vamos fazer muitos bebês. Somos eu e você contra o mundo, não importa o que aconteça.”

Todos os dias eu lia esse bilhete, ele tinha um perfume maravilhoso, uma caligrafia impecável e era endereçado a meu nome. Em janeiro, quando eu acordei do coma após o acidente, uma das enfermeiras me entregou esse bilhete dizendo que estava no bolso da minha jaqueta e simplesmente saiu do meu quarto. Pelas palavras na carta, eu fui importante para alguém. Mas para quem?

Eu me levantei da cama e saí jogando minhas roupas pelo chão do quarto, corri para o banheiro, tomei meu banho tranquilamente e bem quente para relaxar a tensão em meus ombros.

Vai acabar com a água do mundo desse jeito. — Ouvi uma voz feminina ecoando pelo banheiro. 

— Quem está aí? — questionei, mas não obtive resposta.

O.k. Definitivamente eu estava ficando louco.

Comecei a cantarolar uma música aleatória que me veio à mente e demorei mais um pouco no banho.

Você só conhece essa música? — Novamente a voz feminina soou, interrompendo minha cantoria.

— Quem está aí? — Abri o boxe, pegando minha toalha e enrolando-a na cintura. Silêncio. Banheiro vazio. — Olá, tem alguém aí? — questionei outra vez. Nada.

Fui até o quarto, e não tinha ninguém ali. Estranho. Tirei a toalha do corpo e coloquei a cueca boxer que peguei no guarda-roupa. Eu me joguei na cama, ajustei o ar-condicionado e apaguei as luzes.

Senti a cama ao meu lado afundar e rapidamente acendi a luz.

— Oi — disse uma garota deitada comigo.

— Droga! — praguejei ao tomar um susto e cair da cama.

— Sou tão feia assim? — Ela se apoiou na beirada e ficou me olhando caído no chão.

Deveria ir ao médico me consultar, creio que enlouqueci.

Esfreguei meu rosto diversas vezes para ter certeza de que eu não estava ficando louco, pisquei os olhos, suspirei aliviado quando não a encontrei novamente. Acho que o cansaço estava mexendo com a minha cabeça.

Voltei a deitar na cama e me ajeitei melhor. Estiquei o braço para apagar a luz do abajur, mas, antes que eu fizesse isso, ela se apagou e uma luz no meio do quarto apareceu, focando uma barra de pole dance que apareceu ali misteriosamente.

— Que tal uma história para dormir? — ela perguntou, mostrando apenas sua silhueta nas sombras.

— Quem é você e como conseguiu entrar aqui? — Eu me levantei.

— Depois da história talvez você descubra quem sou eu. — Ela saiu da parte escura do quarto, e senti um arrepio estranho em todo meu corpo quando vi sua lingerie azul-claro. Seu sutiã azul de renda destacava os seios volumosos e a calcinha fina ressaltava suas curvas. Algo que nem Jessy despertou acordou dentro de mim: tesão.

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