Ele estacionou na frente de uma boate, Sweet Ilusion era o nome do lugar. Logo no estacionamento era possível ouvir a música, os vidros do carro estremeciam com as batidas, e eu sentia meu coração bater no mesmo ritmo. A fila estava enorme, e eu não fazia ideia de como ele ia fazer com que a gente entrasse lá.— Como vamos entrar lá? — perguntei ao descer do carro.— Deixa comigo — Ryan piscou pra mim e ajeitou o cabelo no espelho do carro.Atravessamos a rua e seguimos em direção ao segurança na porta, Ryan trocou algumas palavras com ele e isso bastou para colocar a gente lá dentro. Parecia um formigueiro, as pessoas dançavam no ritmo da música, sozinhos ou acompanhados, uns bebiam e outros apenas ficavam sentados curtindo a música. Ryan me puxou para perto de um balcão que parecia ser o bar, me sentei em um dos banquinhos e fiquei olhando as pessoas dançando na pista.— Quero duas tequilas — pediu ele.— Eu não vou beber — falei. — Eu tomo remédio para memória, esqueceu? Se eu bebe
Era dia 19 de outubro de 2011, um dia comum como hoje. Aquele dia foi importante para mim, mas também foi o início de um inferno.Eu era uma simples garçonete em um dia comum de trabalho, recebendo ordens de um patrão irritante, que, por sinal, era meu pai, cuidando de um bebê que não era meu, mas tinha meu sangue, quando um grupo de jovens animados entrou na lanchonete. E, para o meu azar, eram todos do mesmo colégio que eu.— Quem foi que marcou no último minuto e levou o time à vitória? — Um deles gritou, apontando para o capitão, que não parecia à vontade ali.— Foi o capitão — gritaram todos juntos.Meu olhar não desgrudou do capitão até o momento em que ele me procurou com o olhar. Assim que nossos olhares se encontraram, uma expressão de alívio tomou conta do seu rosto e ele sorriu. Um sorriso perfeito com jeito de malandro e pinta de galanteador. A luz do sol bateu em seus cabelos negros, lhe dando um tom meio azulado que me fez suspirar com tamanha perfeição.— Ei, está viva?
Eu olhava várias vezes para o retrovisor para saber se o carro ainda me perseguia, virava em ruas aleatórias que eu mal sabia onde iam parar, minha respiração estava acelerada, e eu temia por minha vida. — Mais rápido, ele está quase nos alcançando! — Uma voz desconhecida por mim disse, parecia distante, mas tão próxima. Seu timbre ecoou em minha cabeça e foi ficando cada vez mais distante, porém eu ainda conseguia ouvir nitidamente e repetidas vezes a mesma frase: — Eu não quero morrer.Com um sobressalto. eu despertei. Coração acelerado e todo suado, foi assim que eu acordei. Estranho, tive esse sonho tantas vezes, mas desta vez ele estava diferente, ninguém nunca tinha falado comigo, e nesta noite parecia ter alguém comigo no carro.Será que foi por que eu bebi na noite passada? Podia ser que meus remédios estivessem fazendo efeito, porém isso não passava de suposição.Cocei minha cabeça e olhei ao redor à procura de Maree, tomei um grande susto ao encontrar Jessy sentada na cama,
Ontem, eu não havia reparado muito nela, mas seus traços me lembravam de alguém, só não sabia quem. Ela era negra de cabelos cacheados, baixinha e usava óculos. Era bastante fofa na minha opinião.— Eu preciso muito de outro livro — ela disse e deixou o livro no balcão. — Tem mais nesse estilo? — perguntou.— Acho que naquela prateleira tem vários deles. — Apontei para a prateleira onde ela pegou o livro ontem. — Pode levar quantos quiser — falei, e seu sorriso aqueceu meu coração, saber que uma jovem da idade dela tinha o hábito de ler era fabuloso.— Vou levar uns cinco, posso? — pediu, e eu assenti, fazendo-a sair correndo em direção à prateleira.— Como foi que você leu tão rápido? — Desliguei a máquina de café.— Minha irmã me deixou vários livros, e eu acabei pegando o hábito de ler. Com o tempo, eu nem percebi que era uma devoradora de livros. — Riu, e eu a acompanhei. — E como eu não tenho muito o que fazer em casa, posso ler o dia todo — completou.— Você deve estudar bastant
Escorreguei o corpo na banheira até que meu rosto estivesse completamente coberto pela água, o que eu fiz para merecer isso? Por que, entre tantas pessoas no mundo, justo eu tive que ir fazer sei lá o que em Washington e sofrer um acidente de carro? Queria me lembrar das coisas.Queria saber quem eu era e o que eu gostava de fazer, lembrar meu primeiro beijo e a sensação de estar apaixonado, queria lembrar como era ter o calor do corpo de alguém junto ao meu em uma noite de inverno e saber como era ser amado e amar. Para uns eram coisas simples, mas, para mim, não, esquecer os momentos mais importantes da minha vida era sufocante.Ergui meu corpo para a superfície em busca de oxigênio, passei a mão no rosto para tirar o excesso de água e meus olhos focaram a mulher à minha frente. Com o cabelo preso em um coque e completamente nua, Maree estava dentro da banheira comigo, sentada igual a mim, porém do outro lado. Estava tão absorto em meus pensamentos que não notei que já passava da m
Desci para tomar café, não teria tempo para ir na lanchonete hoje, mesmo levantando cedo. Encontrei meu pai, apreciando seu bom café, enquanto dava mamadeira para o Austin, que a cada dia ficava mais belo.— Bom dia — eu os saudei, o que os fez voltarem as atenções para mim.— Vejo que já se sente melhor. — Assenti. — Aquele seu amigo fez um café gostoso, viu? — Brincou meu pai enquanto pegava mais café na pequena panelinha.— Nem parece que trabalha fazendo café — murmurei baixinho, mas ele ouviu.— Deve ter aprendido em algum lugar. — Deu de ombros. — Ele pediu pra trabalhar na lanchonete com a gente.Estranhei. O capitão era filho de um grande empresário, era bem de vida. Não precisava trabalhar antes da faculdade e tinha certeza de que depois também não iria precisar, tinha grana o suficiente para viver tranquilo até os setenta anos.— Por que ele quer trabalhar se é rico? — questionei confusa, e ele novamente deu de ombros. — O senhor deixou?— Sim, precisamos de alguém pra ficar
O capitão me encarava com as sobrancelhas franzidas em sinal de confusão, apenas sorri e lhe dei um beijo na bochecha.— Não se preocupe, não é nada com que você precise se preocupar. — Ele ficou sério e segurou minhas mãos.— Quero que você saiba que, se precisar de algo, pode contar comigo. Não importa o que seja, eu vou estar aqui para você. — Deu um beijo em cada uma delas. — Nunca se esqueça disso.Eu não contei a ele meus problemas, apenas deixei toda mágoa presa dentro de mim se transformar em lágrimas e chorei, chorei por tudo que estava acontecendo na minha vida e pelas coisas que já aconteceram. E ele estava lá, me abraçando calado e me acolhendo em seus braços.Meus gemidos ficaram mais altos quando ela aumentou o ritmo da mão no meu pau, ela também estava se masturbando e, mais uma vez naquela noite, chegamos ao nosso ápice. Movido pelo momento, não me detive e roubei um selinho dela, ela se assustou, mas sorriu e não se afastou. Ela olhou em meus olhos enquanto fazia cari
Minha mãe não estava em casa, então decidi subir para meu quarto, tirei o casaco e o larguei em cima da cama, peguei meu celular em meu bolso e analisei a foto novamente. Procurei por memórias em minha mente, mas nada, tudo que consegui fazendo isso foi uma forte dor de cabeça. Pensei que era apenas uma dor passageira, mas ela se intensificou, tentei pegar o remédio em minha gaveta, mas esqueci que o joguei fora pela manhã.Flashes inundaram minha mente me fazendo devanear entre eles. Por que uma simples memória me causava tanta dor?Bati a porta do armário e, com a toalha que eu tinha em mãos, sequei meu cabelo, um suspiro frustrado foi ouvido por mim e me virei para a pessoa ao meu lado.— Estou preocupado com ela — disse ele. — Por quê? — perguntei, me sentando no banco à sua frente.— Ela tem agido estranho ultimamente — falou o loiro após puxar alguns fios de cabelo, frustrado.— Talvez seja impressão sua. — Deixei a toalha de lado e me levantei.Fiz com que o rapaz alto e robus