Subi e me sentei na janela do sótão, era ali meu quarto. Elevei meu olhar ao céu, abraçando meus joelhos e debruçando minha cabeça nele.
Desde pequena eu adorava olhar as estrelas. Gostava de procurar constelações e gerar histórias. Gostava de imaginar que há centena de anos outras pessoas viam as mesmas estrelas que eu.
Os fones em meus ouvidos tocavam Wonderwall em volume máximo, apesar de eu não estar prestando muita atenção a música, e sim na vista à minha frente.
Logo minha vista começou a embaçar e tentei reprimir um soluço. Enxuguei meu rosto molhado pelas lágrimas, e mais uma vez pedi aos pontos brilhantes no negrume escuro do céu que tudo ficasse bem.
(…)
Aos 15 anos de idade, eu tinha cabelos loiros e irritantes, olhos grandes e claros. Agora, falando em moda, look e essas babaquices, era uma coisa que eu não conhecia. Futilidade. Padrão. Odiava isso.
Basicamente eu usava jeans surrados, camisetas de banda ou algo mais puxado para o preto. Nos pés, All Star, forever.
Em passos lentos, caminhei até a escola com os olhos pesados. Eu mal tinha dormido direito a noite e acordar todo santo dia às 5:30 da manhã não era mole.
Ao chegar, os portões estavam para fechar e mais uma vez entrei atrasada na sala de aula. Me dirigi rapidamente para o fundo da sala, onde ouvi risadinhas do idiota do Mattias e seus amigos babacas. Patético.
Sentei ao lado de minha melhor amiga, Emma.
– Atrasada de novo — falou ela, fazendo barulho enquanto mascava chiclete —, vai chegar uma hora em que não vão te deixar entrar.
– Acredite, esse é o meu sonho — falei, pegando meu celular, encaixando os fones e os enfiando nos ouvidos.
Aula de matemática, ninguém merecia. Eu odiava matemática.
Me debrucei na carteira e dormi a aula inteira.
(…)
– Ei, Samira… Acorda, bela adormecida —- escutei de um lugar que com certeza não era dali. De outra dimensão, talvez.
Ergui a cabeça rapidamente, e meus olhos arderam por causa da luz forte. Mattias me encarava com um sorriso de deboche. Suas covinhas apareciam e seu cabelo parecia ainda mais loiro e macio na luz do sol que entrava pela janela.
Eu ainda iria tocar naquele cabelo sedoso.
Ai meu Deus, o que eu estava pensando?
– O que foi? — perguntei estupidamente – Nada, ué. Mas quer realmente passar o intervalo na sala? – perguntou.
Olhei para a frente e vi Emma saindo da sala com um sorriso zombeteiro no rosto, desejei que um raio caísse na cabeça dela naquele momento, mas espera… nem chuva tinha e a escola tinha para-raios… ah esquece.
– É melhor do que ficar perto de você — falei e me levantei.
– Eu sei o quanto você me quer, e querendo ou não vai ficar perto de mim – falou
– Ah! Pago pra ver — falei sorrindo com ironia.
– Tudo bem, então pague e veja — falou ele.
Eu já ia saindo da sala, mas ele segurou meu braço.
Que droga, por que ele não podia ficar um segundo longe de mim? É muito difícil?
– O que você quer? — perguntei enraivecida, virando-me para ele.
– Queria saber por que você me despreza tanto.
– Impressão sua, amor — falei, dando de ombros.
Ele me segurou de novo, e eu me virei, suspirando.
– O que é? — falei, tentando conter o nervosismo.
– Sua mãe não te contou? — disse ele, com um sorriso impresso nos lábios.
– Contou o quê? — perguntei com impaciência.
– Dã… Semana que vem. Férias. — falou — Digamos que você vai ter que me aguentar.
– Ah, é? — falei, contendo uma gargalhada — Me obrigue.
– Eu não vou te obrigar, mas sua mãe vai. O porquê? Você vai ter que perguntar pra ela.
E ele saiu, mordendo o lábio inferior e arqueando uma das sobrancelhas. Sua marca registrada para fazer meus pensamentos broxarem. E o de dezenas de outras garotas.
Por uns instantes eu fiquei ali, incrédula, então acelerei o passo, e fui atrás dele.
– Ei! Mattias, espere! — falei, o alcancei fazendo o se virar para mim com um puxão no ombro.Ele me olhou com um risinho. Senti algo no meu estômago afundar quando meus olhos cruzaram com aquelas covinhas. Tentei fixar os olhos em um ponto na minha frente: o refeitório, e não os olhos dele.– Você não acha que eles vão pirar de novo, que nem ano passado e carregar a gente pra mais algum lugar maluco, acha? — Perguntei com a voz fraca.– Eu tenho certeza — disse ele —, mas esse ano vai ser diferente, você querendo ou não — disse ele, me olhando de esguelha.Os amigos idiotas dele apareceram e eu decidi me afastar Cruzei os braços. Mesmo quando eu já estava de costas, senti seus olhos ainda pregados em mim.Fui até o refeitório, onde Emma lanchava ao lado de Will, meu viado amor da minha vida.– Oi, Wil
Entrei no carro batendo a porta na cara dele, logo em seguida Emma e Will entraram e se sentaram ao meu lado.Dei mais um berro pedindo para que meus pais viessem logo, mas aparentemente eles haviam simplesmente parado para conversar com a Carly e com o marido dela.Deitei a cabeça no ombro de Will, resmungando baixinho. Sabe-se a hora em que eles parariam de conversar.– Acalma-se, Sammy, acalma-se — disse ele, em um sussurro.– Calma? Impossível ter em um momentos desses… — falei.Emma suspirou, como se estivesse irritada, falou:– Você é muito… idiota, Samira! O que esse moleque te fez, afinal? Nada! E você fica simplesmente esnobando ele. Sinceramente, eu acho que você deseja o corpo nu dele, você o ama, mas para se convencer que isso não &
– Não. — falei virando-me de volta e indo para a barraca.Um cara que deveria ter seus trinta anos, sarado e bronzeado do sol sorriu. Previ que fosse o dono do estabelecimento. Se bem que tava meio óbvio.– Ei, posso ajudar? — perguntou ele com um forte sotaque sulista.– Quanto tá o aluguel da prancha de surf? — eu disse.Ele disse o preço e eu escolhi uma, paguei e saí levando ela.Dois minutos depois Mattias foi lá e saiu com uma prancha na mão também.– Tem certeza que não quer que eu te ajude? — falou ele.– É claro que não — falei.– Tem certeza? — tentou ele de novo.Bufei.– TENHO.Ajeitei a prancha no mar e como já havia visto em filmes, me joguei sobre ela, procurando manter o equilíbrio enquanto me distanciava cada vez mais. Quand
POV's JoshBrianna Collier. Essa garota é o exato oposto do que eu estava imaginando. Doce, meiga, fofa e educada. SÓ QUE NÃO.Fomos caminhar na praia, e conversávamos animadamente, até que houve uns minutos de silêncio na qual ela parecia agitada e tensa.– O que foi? — perguntei.– Nada — disse ela que parou na areia e seus olhos correram em toda a sua volta antes de se virarem para mim. — Pensando melhor, vamos lá na Missy, na casa dela?– Por quê?– O irmão dela tá dando uma festa na casa deles e eu quero ir! Mas só vou se você for também — disse ela. Era quase como se ela dissesse “você não tem escolha, garoto”.– Ah bem, não tenho nada a perder. — falei coçando o cocuruto.POV’S Josh OFF
Caminhei devagar; Mattias e Josh entraram na frente. Aliás, só acho que Josh não deveria nem estar ali, ele tava quase que caindo de bêbado. Sei que é errado desejar o mal ao próximo, mas, eu estava torcendo pra que ele tivesse uma resseca do caralho amanha, pra ver se aprende.Dei de ombros, Will e Emma me puxaram até a pista de dança, onde começaram a fazer chuva de balão de tinta e em dois segundos eu estava toda imunda, mas animada.POV’S MattiasJosh subiu em cima de uma mesa e começou a dançar. Otário.Tirei ele de lá e comecei a chacolha-lo.– Sai dessa Josh, seu gay — falei.— Vou te levar pra casa…Mas aí Missy apareceu. Porra.
O policial parou a gente e fez que esperássemos seu outro colega policial chegar, o que logo aconteceu. Ele apareceu acompanhado por Mattias.– É que a denuncia surgiu de lá. — Disse nosso policial.Droga, droga, droga. É óbvio que tinha sido minha mãe, ela com certeza tinha percebido que não estávamos no quarto, ouviu o som de música alta, sacou onde estávamos e pra nos lascar de vez chamou a polícia.– Entrem no carro, anda — disse ele.Nos apertamos no banco passageiro e Emma falou:– Tá vendo, tudo culpa sua, Mattias, se você não tivesse obrigado a Samira a vir…– Ela veio porque quis — retrucou Mattias, dando de ombros.Na verdade, eu mal prestava atenção. Eu ainda sentia o gosto da boca do Will na minha.Will soprava a franja compulsivamente, mania que aparecia sem
— Ei, ei, ei! Que putaria é essa aqui no quarto?Will descolou os lábios dos meus. Viramos a cabeça e encaramos Emma em pé. Ela piscava rapidamente por causa da luz, estava de braços cruzados e nos olhava de cara feia.É mesmo, que putaria era aquela no quarto que por acaso eu estava participando?Olhei para Will, atordoada.— Isso é amizade colorida? — perguntei ignorando Emma. — Putaria entre amigos?— Sem compromissos — respondeu Will, meneando a cabeça. — E aí?— Sei lá — franzi a testa.— Aceita ou não? — teimou.Sem compromissos? Sem encanação?— Mas a nossa amizade continua a mesma?— Aham, mas com bônus.Sorri. Por que não?— Beleza — murmurei aproximando nossos rostos.— Tá, t&aacu
— O que você quer? — falou ele, ríspido.— Tá tudo bem? — perguntei. Não, né, sua sonsa, não tava vendo que ele estava chorando? Só eu mesmo pra perguntar isso.— Está — murmurou ele.— Não ligue para seu pai, ele não sabe o que f…— Tanto faz, Samira. Pode me dar licença?Era a primeira vez que ele era grosseiro comigo. Ele podia ser irônico, chato, arrogante, safado, mas nunca usou a grosseria comigo. Até aquele momento.— Mattias…— Não preciso de mais ninguém me julgando. E se você contar pra alguém que me viu chorando, eu te mato.— Não vou te julgar, droga. E daí que você t&aac