— O que você quer? — falou ele, ríspido.
— Tá tudo bem? — perguntei. Não, né, sua sonsa, não tava vendo que ele estava chorando? Só eu mesmo pra perguntar isso.
— Está — murmurou ele.
— Não ligue para seu pai, ele não sabe o que f…
— Tanto faz, Samira. Pode me dar licença?
Era a primeira vez que ele era grosseiro comigo. Ele podia ser irônico, chato, arrogante, safado, mas nunca usou a grosseria comigo. Até aquele momento.
— Mattias…
— Não preciso de mais ninguém me julgando. E se você contar pra alguém que me viu chorando, eu te mato.
— Não vou te julgar, droga. E daí que você t&aac
Povs EmmaPor que eu havia ficado com raiva de ver Samira e Will se comendo? Porque sim.O.k: Amigos não devem se pegar. Isso é cilada. Eu já havia feito a burrada de ter um amigo colorido, e hoje em dia, se estivermos na mesma calçada, eu mudo de lado.O que eu queria dizer é que não gostaria de perder Will e Sam, não queria que nos separássemos, nem brincando. Eu amava aqueles dois mais do que muitas coisas por aí.Enquanto eu lavava a louça, Josh enxugava. Eu mal conhecia esse garoto, mas ele parecia bem diferente do seu amigo, Mattias. Nenhuma vez ele tentou dar em cima de mim. Aliás, ele parecia até um pouquinho tímido quando não estava bêbado.— Não é nada contra a Caroline, mas aquele cabelo dela é muito brega — fofoquei.— É. Eu também achei — murmurou ele.
Peguei a concha com muito cuidado, aproximando-a do meu ouvido direito. Eu nunca havia pegado em uma concha tão bonita e grande antes como aquela. Dizem por aí que se você coloca-la no ouvido, pode ouvir o mar. E agora eu posso garantir que pode.Quando descolei a concha do ouvido, meus olhos cruzaram com o de Mattias e ele sorriu.— É legal, né? — disse ele, cruzando as pernas. — Meu avô fazia coleção. Ele morava na praia. Era um sujeitinho legal.— Bem, conchas são legais. A única pessoa que eu conheci que fazia coleção de alguma coisa, fazia coleção de figurinhas de chiclete — falei torcendo o nariz.Mattias riu:— O que vale é a intenção, poxa— É, acho que sim — de
Pegamos uma estrada que ficava atrás da casa de praia. A cidade não era longe, dava para ver as suas luzes de onde estávamos, realmente visíveis. A cada passo nosso, dava pra enxergar cada vez melhor os prédios, ruas e avenidas pavimentadas. Mattias e eu ficamos o tempo todo trocando ironias. Era incrível a capacidade daquele garoto ser irritante.Depois de mais ou menos quinze minutos, chegamos à cidade. Estávamos parados em uma praça, com um chafariz no centro, gramas e arbustos enfeitados, postes de iluminação multicoloridos e duas rampas de skate. Ah, e havia vários garotos bonitos, bem, na realidade, bonito era apelido. Digamos que eles deixavam Mattias no chinelo.Percebi que aquele garoto que deu a festa na noite anterior também estava lá. No momento ele usava uma blusa cavada que dava pra ver que ele tinha várias
Pov’s MattiasA mulher do caixa definitivamente era uma coitada. Loira platinada e 5 kg de maquiagem. O que será que ela havia passado nas bochechas para ficarem tão avermelhadas? Massa de tomate? Era possível. Os olhos dela eram bem claros, com uma maquiagem escura que estava derretendo, criando um efeito pavoroso, e da maneira que ela me olhava, eu pensava seriamente que talvez ela fosse uma possessão demoníaca. Ai, até me arrepiei. Mas ela me causava menos medo do que a outra loira que estava do meu lado. Só que essa loira é bonita, ao menos.O rosto de Samira estava fechado em uma carranca de raiva. Ela pegava os refrigerantes com violência, e se ela fizesse só mais um pouquinho de força, era bem provável que ele estourasse e fizesse um buraco no teto. Ai ele cairia na nossa cabeça e todo mundo morria. Fim.Tudo bem, eu meio que exagerei, eu sei.
Eu estava sentada à beira mar; era tão cedo que o sol ainda estava começando a despontar no céu. Eu andava fazendo muito isso, acordando cedo para respirar ar puro, ficar em frente ao mar, só olhando… e também ficava de noite, por horas e horas, olhando o céu, as estrelas e a lua. Geralmente quando eu acordava cedo, eu voltava a dormir depois. Eu fazia isso porque havia parado de sair depois da pequena treta no mercado. Só saía quando Mattias não estava por perto, ou seja, quando eu deveria estar dormindo.Não me leve a mal, eu não estava com raiva dele, mas eu precisava evitar vê-lo pra não ficar.E eu também me sentia estranha. Aquele era um daqueles dias em que eu não sabia o que sentia. Não sabia o que fazer da vida. Me sentia um mistério, uma incógnita, incapaz de me desvendar ou ser
A piscina era funda, tipo, pra porra.– Tá com medo, é? – Will perguntou em tom de desafio.– É claro que não. – Arqueei a sobrancelha – Você vai me ensinar, não é? Por que eu devo ter medo? Se você tentar alguma gracinha, como me segurar embaixo d'água, eu volto como espírito e acabo com você.Ele riu com diversão.– Relaxa aí, marrenta. Só queria ouvir o que você falaria.Ficamos o restante da manha na água. Will tinha paciência comigo, e logo eu fui percebendo que nadar não era nem um pouco difícil, realmente era só relaxar. A água estava gostosa e estávamos nos divertindo bastante, então quando Emma entrou lá pra nos avisar que Carly estava nos chamando para o
Tanto fazia. Do que adiantaria eu ficar de cara feia virada pro Mattias? Exatamente, nada. Afinal de contas, nos falando ou não, nunca passaríamos de colegas. Então tanto fazia eu aceitar as desculpas. Só que, na real, não estava nos meus planos ser abraçada e jogada na areia.— Awwwn, que bom que voltamos a nossa linda amizade — disse Mattias. Ele só podia ter dito isso na ironia, né?— Ai… — gemi de dor. — Tá, tá, sai de cima de mim!Ele se jogou pro lado e se sentou na areia. Me sentei também.— Eu aceitei suas desculpas, mas isso não quer dizer que eu queira você me abraçando, o.k? — falei cruzando os braços.Mattias olhou pra mim com um sorriso divertido estampado no rosto.— Você não precisa dizer. Os melhores abraços vêm quando menos se esperam.
Eu deveria ser a garota mais azarada do mundo. Provavelmente eu era.Não fechei a porta quando voltei para o quarto, digo, quando fui para o quarto com as bebidas. Tomei a primeira garrafa, o.k. Liguei a televisão, uma série passava. Minha cabeça girava. O problema de beber é que você nunca sabe até onde aguenta. Tomei a segunda garrafa, o.k. Eu estava péssima, meu mundo girava e eu sentia que faria alguma coisa idiota dali alguns segundos. Se bem que eu já estava fazendo uma coisa bem idiota. Aí eu tomei a terceira, e isso foi a coisa mais idiota que eu fiz. Já não tinha noção de mais nada. Tudo girava, tudo me fazia rir, eu mal conseguir andar sem tropeçar, se bem que mesmo quando eu estava sóbria eu não conseguia, pois é.Decidi sair do quarto, pra fazer mais burrice ainda. No momento que eu abri a porta, senti uma sensação ruim