O policial parou a gente e fez que esperássemos seu outro colega policial chegar, o que logo aconteceu. Ele apareceu acompanhado por Mattias.
– É que a denuncia surgiu de lá. — Disse nosso policial.
Droga, droga, droga. É óbvio que tinha sido minha mãe, ela com certeza tinha percebido que não estávamos no quarto, ouviu o som de música alta, sacou onde estávamos e pra nos lascar de vez chamou a polícia.
– Entrem no carro, anda — disse ele.
Nos apertamos no banco passageiro e Emma falou:
– Tá vendo, tudo culpa sua, Mattias, se você não tivesse obrigado a Samira a vir…
– Ela veio porque quis — retrucou Mattias, dando de ombros.
Na verdade, eu mal prestava atenção. Eu ainda sentia o gosto da boca do Will na minha.
Will soprava a franja compulsivamente, mania que aparecia sempre que estava nervoso.
O policial deu partida e logo chegamos a nossa casa, que estava toda acesa. Ele abriu a porta para que descêssemos e em seguida já estávamos parado na porta enquanto ele tocava a campainha.
Ouvi passos, minha mãe abriu a porta e percebi que provavelmente eu seria punida por toda minha vida.
– Ah, oi, Claudemir — disse ela, forçando um sorriso —, vejo que achou minha filha e companhia.
– É, e esse aqui está bêbedo — disse ele, apontando pro Josh, que chorava baixinho.
– Muito bem — disse ela. — Pode solta-los, daqui pra frente eu cuido deles.
Claudemir, o policial, abriu as nossas algemas e quase que imediatamente saí correndo pro meu quarto, com
Emma, Mattias, Will e Josh no meu encalço.
Fomos todos pro meu quarto, fechamos a porta e nos jogamos na cama, ofegantes.
– Uau! Hoje a noite foi foda! — disse Mattias, com um sorriso no rosto.
– Foda? Foi terrível isso sim! — falei — agora eu to lascada, castigo eterno! E a culpa é tua.
– Ah, para, Samatha, eu sei que você gostou. Não foi tão ruim assim. Pena que o policial entrou no quarto na melhor parte. Droga.
– FOI PÉSSIMO, e agora, o que ela vai fazer com a gente? — temi.
– Vocês viram a Brianna? Não vi mais ela, será que ela conseguiu fugir? — falou Josh, antes de recomeçar a chorar.
– Bêbada do jeito que tava… — disse Mattias.
– Shhh — fez Will —, escutem.
Os passos estavam cada vez mais próximos. O som da minha mãe chegando ao patamar fez-se ouvir, e em seguida a porta foi aberta:
– Muito bem, o que eu faço com vocês? — disse ela, com a pior cara possível — Deixar vocês sem sair do quarto seria pouco. Tô pensando em fazer a gente retornar para a cidade, o que acham? Adeus praia… adeus mar…
Dei de ombros. Ela achava mesmo que eu me importava? Era só ela falar e eu iria fazer minhas malinhas prontamente.
— Mas ao invés disso… Carly e eu andamos revistamos a casa, e, bem, descobrimos o porão e digamos que ele precisa de uma limpeza. De uma limpeza urgente. Mattias e Samira, tenho certeza que vocês dois são os candidatos perfeitos para esse trabalhinho.
— Ah, p**a que pariu! — exclamei me levantando. — Podemos ir embora! Não faz diferença para mim.
Mattias bufou. Ele estava abraçado aos joelhos, encostado na cabeceira da cama.
— Ah, qual é. Não somos mais crianças, dona…
— É criança, sim, Mattias! Se não fosse, não teriam saído no meio da noite em uma festa cheia de drogas. Justo na primeira noite nossa aqui nessa praia!
— É, mas…
— Mas, nada, Mattias! Você vai limpar o porão. Samira também vai.
— Tudo bem. Só que tem que ser com ele…?
— É, Samira! Tem! Porque andei observando vocês dois e cheguei a conclusão que vocês não são tão amigos quanto você é do Will e da Emma. Aliás, Emma, você e Josh irão cuidar da limpeza da casa. Louça, chão, banheiros.
Emma bufou; Josh roncou.
Minha mãe olhou para a cama atentamente. Seus olhos cravaram-se em Will.
— Will… Will… Will… O que eu faço com você? Tsc, tsc, tsc…
Ela claramente estava sem opções.
— Não precisa fazer nada comigo, dona Carbone. Prometo ser um bom menino. — Falou docemente Minha mãe arqueou a sobrancelha.
— Não nasci ontem, William. Você pode se juntar a Mattias e a Samira no porão, mas sem gracinhas.
Por poucos instantes, nossos olhos se cruzaram. Será que teríamos oportunidades para conversar sobre o beijo?
Como seria dali para frente? Aquele havia sido somente o primeiro dia dos dois meses na praia. Muita coisa ainda poderia acontecer. Baixei os olhos para meus pés, de repente achando-os muito interessantes.
— Mattias, pode ir para seu quarto. Leve o Josh.
É. Muitas coisas ainda poderiam acontecer. Coisas ruins ou nem tanto. Mas, por hora, era pegar os esfregões e limpar o porão.
(…)
A luz quente do sol se infiltrou pela enorme janela do quarto. Aos poucos, abri meus olhos. Minha cabeça doía e levei minha mão a ela. Fiz uma careta. Pulei da cama e meus pés se engancharam em um corpo duro abaixo de mim.
Gritei enquanto ia de encontro com o chão.
— Aah, porra! O que é isso?! — choraminguei baixinho. Ai, minha bunda doía.
— ai.. caramba? O que é… — resmungou Will.
Eu tinha esquecido completamente na onde eu estava. Tropecei no Will, dormindo em um colchão no chão.
Também, por que é que ele tinha que ir dormir tão perto da minha cama?
Ele olhou pra mim e revirou os olhos.
E isso me fez lembrar do ocorrido na noite passada.
Abri a boca e fechei novamente, sem conseguir encontrar as palavras. Fiz um coque frouxo em meus cabelos.
Continuei encarando-o. M*****a timidez fora de hora.
Depois que minha mãe saiu do quarto, acabamos indo dormir. Sem falar nada. Mas agora era óbvio que não daria pra ignorar aquilo para sempre.
Ai, me ajude.
Ele coçou os olhos e deu um sorriso fraco. Ele parecia tentar olhar para tudo, menos para mim.
— Não esquenta. Só tava te testando mesmo.
— Hã? — murmurei.
— Ontem a noite. O beijo não significou nada. Eu só queria te test…
WHAT?
Atirei meu travesseiro nele.
— Filho da mãe! Como assim me testando? Tá achando que eu sou o quê? — exclamei. Eu estava em cima dele, estapeando-o.
— Ai… ai… ai… calma, garota — gemeu ele.
— Eu não sou seu brinquedinho, William.
Saí de cima dele e me tranquei no banheiro.
Deslizei para o chão, encostada na porta. Abracei meus joelhos e fechei os olhos. Eu me sentia uma bagunça, confusa e perdida.
Será que… que o beijo tinha significado alguma coisa para mim? Eu me sentia machucada por Will ter dito que o beijo não significou nada para ele. E eu tinha certeza que o beijo havia sido bom, disso eu tinha certeza. Eu tinha gostado do beijo. Será que isso significava que eu também gostava do cara que me beijou?
Não, definitivamente não. Will era meu melhor amigo, e só. Um amigo muito idiota, com certeza.
Provavelmente… talvez… não sei.
Ai, me ajude.
Me levantei. Abri a porta e saí do banheiro. Emma ainda dormia no colchão. Will estava sentado na minha cama, encarando os pés. Ele levantou os olhos quando apareci. Seus olhos verdes acharam os meus, finalmente me fitando profundamente.
— Desculpe — sussurrou. — Não queria te magoar. O beijo significou alguma coisa para você? Eu sinto muito. Eeu pensei que não tinha significado, então… eu menti.
Oi? Mentiu? Como assim, produção?
— Eu gostei de ter te b-beijando… mas achei que você não. Porque você gosta do Mattias — continuou.
Me sentei no pé da cama, ao lado dele.
— Não sinto nada pelo Mattias.
Ele curvou levemente a cabeça.
— Só raiva mesmo — desviei os olhos dos dele.
— Certeza?
— Sim — respondi.
Olhei-o nos olhos e vi que eles brilhavam. Abriu um largo sorriso.
— Sam, então… quer ter uma amizade colorida comigo? — perguntou passando a língua nos lábios lentamente.
E que língua. E que lábios.
— Amizade colorida? Como é isso? — indaguei.
— Quer que eu te mostre? — ele arqueou as sobrancelhas.
Sua cabeça estava cada vez mais próxima da minha.
— Por que não? — dei de ombros.
— É assim — sussurrou, seus olhos fitavam meus lábios.
Perdi o fôlego quando sua boca pressionou a minha.
— Ei, ei, ei! Que putaria é essa aqui no quarto?Will descolou os lábios dos meus. Viramos a cabeça e encaramos Emma em pé. Ela piscava rapidamente por causa da luz, estava de braços cruzados e nos olhava de cara feia.É mesmo, que putaria era aquela no quarto que por acaso eu estava participando?Olhei para Will, atordoada.— Isso é amizade colorida? — perguntei ignorando Emma. — Putaria entre amigos?— Sem compromissos — respondeu Will, meneando a cabeça. — E aí?— Sei lá — franzi a testa.— Aceita ou não? — teimou.Sem compromissos? Sem encanação?— Mas a nossa amizade continua a mesma?— Aham, mas com bônus.Sorri. Por que não?— Beleza — murmurei aproximando nossos rostos.— Tá, t&aacu
— O que você quer? — falou ele, ríspido.— Tá tudo bem? — perguntei. Não, né, sua sonsa, não tava vendo que ele estava chorando? Só eu mesmo pra perguntar isso.— Está — murmurou ele.— Não ligue para seu pai, ele não sabe o que f…— Tanto faz, Samira. Pode me dar licença?Era a primeira vez que ele era grosseiro comigo. Ele podia ser irônico, chato, arrogante, safado, mas nunca usou a grosseria comigo. Até aquele momento.— Mattias…— Não preciso de mais ninguém me julgando. E se você contar pra alguém que me viu chorando, eu te mato.— Não vou te julgar, droga. E daí que você t&aac
Povs EmmaPor que eu havia ficado com raiva de ver Samira e Will se comendo? Porque sim.O.k: Amigos não devem se pegar. Isso é cilada. Eu já havia feito a burrada de ter um amigo colorido, e hoje em dia, se estivermos na mesma calçada, eu mudo de lado.O que eu queria dizer é que não gostaria de perder Will e Sam, não queria que nos separássemos, nem brincando. Eu amava aqueles dois mais do que muitas coisas por aí.Enquanto eu lavava a louça, Josh enxugava. Eu mal conhecia esse garoto, mas ele parecia bem diferente do seu amigo, Mattias. Nenhuma vez ele tentou dar em cima de mim. Aliás, ele parecia até um pouquinho tímido quando não estava bêbado.— Não é nada contra a Caroline, mas aquele cabelo dela é muito brega — fofoquei.— É. Eu também achei — murmurou ele.
Peguei a concha com muito cuidado, aproximando-a do meu ouvido direito. Eu nunca havia pegado em uma concha tão bonita e grande antes como aquela. Dizem por aí que se você coloca-la no ouvido, pode ouvir o mar. E agora eu posso garantir que pode.Quando descolei a concha do ouvido, meus olhos cruzaram com o de Mattias e ele sorriu.— É legal, né? — disse ele, cruzando as pernas. — Meu avô fazia coleção. Ele morava na praia. Era um sujeitinho legal.— Bem, conchas são legais. A única pessoa que eu conheci que fazia coleção de alguma coisa, fazia coleção de figurinhas de chiclete — falei torcendo o nariz.Mattias riu:— O que vale é a intenção, poxa— É, acho que sim — de
Pegamos uma estrada que ficava atrás da casa de praia. A cidade não era longe, dava para ver as suas luzes de onde estávamos, realmente visíveis. A cada passo nosso, dava pra enxergar cada vez melhor os prédios, ruas e avenidas pavimentadas. Mattias e eu ficamos o tempo todo trocando ironias. Era incrível a capacidade daquele garoto ser irritante.Depois de mais ou menos quinze minutos, chegamos à cidade. Estávamos parados em uma praça, com um chafariz no centro, gramas e arbustos enfeitados, postes de iluminação multicoloridos e duas rampas de skate. Ah, e havia vários garotos bonitos, bem, na realidade, bonito era apelido. Digamos que eles deixavam Mattias no chinelo.Percebi que aquele garoto que deu a festa na noite anterior também estava lá. No momento ele usava uma blusa cavada que dava pra ver que ele tinha várias
Pov’s MattiasA mulher do caixa definitivamente era uma coitada. Loira platinada e 5 kg de maquiagem. O que será que ela havia passado nas bochechas para ficarem tão avermelhadas? Massa de tomate? Era possível. Os olhos dela eram bem claros, com uma maquiagem escura que estava derretendo, criando um efeito pavoroso, e da maneira que ela me olhava, eu pensava seriamente que talvez ela fosse uma possessão demoníaca. Ai, até me arrepiei. Mas ela me causava menos medo do que a outra loira que estava do meu lado. Só que essa loira é bonita, ao menos.O rosto de Samira estava fechado em uma carranca de raiva. Ela pegava os refrigerantes com violência, e se ela fizesse só mais um pouquinho de força, era bem provável que ele estourasse e fizesse um buraco no teto. Ai ele cairia na nossa cabeça e todo mundo morria. Fim.Tudo bem, eu meio que exagerei, eu sei.
Eu estava sentada à beira mar; era tão cedo que o sol ainda estava começando a despontar no céu. Eu andava fazendo muito isso, acordando cedo para respirar ar puro, ficar em frente ao mar, só olhando… e também ficava de noite, por horas e horas, olhando o céu, as estrelas e a lua. Geralmente quando eu acordava cedo, eu voltava a dormir depois. Eu fazia isso porque havia parado de sair depois da pequena treta no mercado. Só saía quando Mattias não estava por perto, ou seja, quando eu deveria estar dormindo.Não me leve a mal, eu não estava com raiva dele, mas eu precisava evitar vê-lo pra não ficar.E eu também me sentia estranha. Aquele era um daqueles dias em que eu não sabia o que sentia. Não sabia o que fazer da vida. Me sentia um mistério, uma incógnita, incapaz de me desvendar ou ser
A piscina era funda, tipo, pra porra.– Tá com medo, é? – Will perguntou em tom de desafio.– É claro que não. – Arqueei a sobrancelha – Você vai me ensinar, não é? Por que eu devo ter medo? Se você tentar alguma gracinha, como me segurar embaixo d'água, eu volto como espírito e acabo com você.Ele riu com diversão.– Relaxa aí, marrenta. Só queria ouvir o que você falaria.Ficamos o restante da manha na água. Will tinha paciência comigo, e logo eu fui percebendo que nadar não era nem um pouco difícil, realmente era só relaxar. A água estava gostosa e estávamos nos divertindo bastante, então quando Emma entrou lá pra nos avisar que Carly estava nos chamando para o