Orquídea que estava com vinte e um anos de idade, dois anos mais velha que Helena, tão logo depois, também decidira ingressar na Congregação. Helena que outrora morou no Convento de Santo Antônio com as irmãs como interna, apresentou as novas obrigações para Orquídea, que antes de entrar no Postulantado decidiu passar alguns meses como interna, residindo com as irmãs. Acordava às cinco da manhã para fazer o café da manhã; que entre os trabalhos domésticos logo revezava os afazeres com Helena, a jovem Ir. Maria e a anciã Madre Superiora, Ir. Catarina, que era responsável pela a organização do convento e, dos afazeres das meninas, gostava de contar histórias no final do dia, por volta das dezoito horas, na hora do jantar, e, término do silêncio no convento das irmãs que no período diurno, como se sabe, ficavam em constante contemplação. A noite Ir. Catarina, enchia-lhe de histórias que ia desde a vida dos santos até contos de fadas. E quando Orquídea ouvia histórias românticas, algo secreto dentro dela a fazia suspirar, não com os lábios, mas somente com o coração.
Orquídea já havia notado que a vida de uma freira não era fácil... Haviam muitas regras, hora para acordar, para dormir, para levantar, para rezar, para as refeições... As irmãs em geral possuíam uma pontualidade britânica. Orquídea havia sido criada com muitas regras na sua família, no entanto, a vida de uma religiosa consagrada requeria muito mais regras e obediência. Além de uma vida intensa de oração e, muito trabalho braçal ou intelectual, dependendo dos dons da irmã. Como já dito, nessa época ofereciam algo que muitas meninas não possuíam no Brasil: Estudo. Um estudo básico suficiente para uma boa formação. Às vezes, Orquídea dormia na casa das irmãs, ela trabalhava ajudando meninas internas no roçado de banana e macaxeira; além do cultivo de alface, cebolinha e coentro. Acordava bem cedo para fazer o café da manhã junto com uma das irmãs e uma das internas e depois ia a missa, durante todos os dias. Orquídea sentia-se feliz.
Antes de Helena ingressar na congregação como postulante, o pai desta decidiu fazer um grande churrasco na sua fazenda para comemorar que teria uma filha freira e, também por conta do aniversário da mãe de Helena. Orquídea estava convidada, o que lhe gerou uma efusiva alegria, pois sentia falta de divertir-se um pouco. A família de Helena possuía uma fazenda no oeste do Pará; era certo que a maior parte dos primos de Helena estariam lá.
Olhar o rio para Orquídea era impressionante, tão diferente do Sertão Nordestino. É por isso que ela gostava de viajar de barco, que naquela época eram barcos de madeira, com o estilo propriamente amazônico de ser. Vez ou outra, por causa que as embarcações estavam cheias somando a um temporal, um barco afundava.
Quando chegaram num pequeno barco na distinta Fazenda de Belo Monte, depois de aportados em Santarém, que tão brevemente Orquídea pode conhecer. Num sol escaldante do meio do ano, chamado de verão pelos moradores; a jovem pode ver a sua amiga feliz em rever a família. Nos braços dos seus irmãos, Orquídea nunca havia visto pai mais carinhoso do que aquele, mãe mais amável e irmãos tão amigos. Helena possuía quatro irmãos. A família de Orquídea tinha posses por assim dizer, não era rica, mas nem de longe era pobre. Ela e os quatro irmãos possuíam uma vida confortável, descendentes de holandeses e, assim, como Orquídea, os seus antepassados tinham vindo do Rio Grande do Norte; alguns possuíam os olhos verdes, ou até bem azuis como os de Helena. Orquídea chegou até ter uma certa cobiça de ser como Helena, pois Orquídea já havia passado fome quando criança... Que por momentos tal sentimento a sufocou, mas logo passou, quando notou o tamanho cuidado que a família estava tendo por ela.
Os primos de Helena iam chegando, mas foi Afonso quem mais lhe cativou. Montado em um cavalo branco, ele era alto com cerca de um metro e oitenta e sete de altura, usando uma roupa bem vistosa, pois era típico dos homens dessa época usarem ternos. Orquídea estava sentada em cima de uma toalha de mesa, mais Helena, sua irmã e mais uma prima. Elas faziam piquenique. Orquídea que era pequena, possuía o jeito delicado, usava um vestido branco abaixo dos joelhos, rodado, tornou-se rubra quando pela primeira vez ouviu a voz daquele homem. Era um dos homens mais bonitos, altos e charmosos que ela já havia conhecido. E mesmo que não tivesse muita experiência em namoro, assim, como as suas amigas tinham, ela sabia que ele olhava para ela enquanto conversa com todas as jovens presentes de cima do cavalo.
─ Orquídea? Que nome bonito!
Disse Afonso quando lhe dirigiu a palavra pela primeira vez. Todas as moças olharam para Orquídea, como se ela fosse o centro das atenções.
No dia do aniversário, que se iniciou a tarde e, foi até a noite, Orquídea vestiu-se do modo mais deslumbrante como nunca havia se vestido na vida. Usava um vestido róseo, rodado, uma sapatilha, usava batom vermelho, muito blush e pó. Ela amava arrumar-se, pois era uma moça vaidosa. No entanto, nesse dia queria impressionar um único rapaz. Eles conversavam em frente a fogueira como um casal de amigos e, como sempre, Orquídea tornava-se rubra, de tanta vergonha que sentia por estar ao lado do homem mais desejado da festa. Ela se sentia privilegiada. Contudo, quando foi a noite, quando se vestia para dormir, Helena virou-se para ela e disse:
─ Cuidado, Orquídea!
─ Com o que? ─ Orquídea espantou-se com a advertência da amiga.
─ Com o Afonso. Tu não o conheces, ele é charmoso eu sei, mas é mulherengo. ─ Disse Helena torcendo o rosto de asco.
─ Oh, mas não é nada disso que você está pensando. Eu quero ser freira, lembra?
─ Sim. Espero que lembre disso também.
Orquídea mal conseguiu dormir pensando sobre o que Helena havia dito, no entanto, logo pela manhã quando viu o sorriso de Afonso direcionado para ela, esqueceu tudo e, na sua ingenuidade e sonhos românticos quis viver o mais intenso amor.
Orquídea logo foi partilhar com Dora sobre o que havia conversado com Helena, para averiguar se Afonso era realemnte um homem mulherengo, mesmo tendo em mente que ela não era a mais confiável para esses assuntos, afinal... E como uma mulher livre que era disse para Orquídea sem muita preocupação:
─ Divirta-se, Orquídea, precisa viver mais... Não se importa com o que a mana fala, ela vive me dizendo que irei me arrepender um dia das minhas atitudes, mas eu não me importo com nada com o que ela diz, pois eu só quero ser feliz.
Isso sossegou o coração de Orquídea, ainda mais ao cruzar depois com aquele lindo sorriso... Afonso sorria como um ator de cinema de Hollywood.
E foi numa tarde em meio a um campo de pequenas flores rosadas, sozinhos, que Afonso pediu para ela deitar-se sobre o capim. Orquídea, devido a paixão súbita deixou de lado todo o sonho que tinha pela vida religiosa... Afonso abaixou as calças e, levantou a saia azul da jovem e, como diziam nessa época, a deflorou.
As marcas de uma paixão inconsequente, deixam às vezes cicatrizes para a vida inteira.
Não houveram cartas apaixonadas. Nada! E Orquídea que acreditou nas promessas de amor, chorou sozinha, na cela, no convento. E diante da dor que estava no seu coração, a jovem professora, certo dia enquanto dava aula de matemática na escola, sentiu-se enjoada.
Ir. Miguelina, olhou entristecida para Orquídea:
─ O que tu fizestes, menina?
A irmã precisou consolar a jovem enquanto chorava nos seus braços. Orquídea diante dos enjoos havia confessado tudo para a irmã, que mesmo sendo freira, acompanhava a gravidez das irmãs de sangue, antes de tornar-se uma religiosa.
─ Eu não compreendia muito bem o que iríamos fazer. Minha mãe nunca me explicou sobre tais coisas.
Ela ouvia conversinhas das amigas que deixavam os namorados passarem dos limites, porém, nunca compreendeu o que de fato isso significava. Pois nessa época era assim no Brasil. Quando Afonso tocou nela pela primeira vez, ela sentiu algo diferente, como se seu corpo estivesse em chamas, e ela gostou. Mas, ah, a inocência...
E fez-se a lenda entre os parentes de Orquídea, que quando o pai da jovem soube do ocorrido, e que o responsável pelo defloramento da filha não queria cumprir com as suas obrigações de homem e casar-se com a sua filha, ele saiu do Rio Grande do Norte e, foi até a cidade onde Afonso vivia com a família, no oeste do Pará, com um facão empunhado na cintura, ou melhor, um terçado, foi disposto a matar se assim ele não casasse com Orquídea.
─ Tu casa com a minha filha ou morre. O que escolhe? ─ Ele perguntou para Afonso, enquanto o segurava pela gola da camisa engomada, e o terçado segurava com a outra mão.
Naquela época, em algumas cidades do Brasil, uma jovem que se casasse grávida era discriminada. Mas a verdade é que Orquídea mais do que tudo era inocente, e a dor de casar-se grávida foi a mais dilacerante. E principalmente ela que foi vítima de sedução. Só se deu conta disso quando Afonso a fitava com desprezo no dia do casamento quando disseram sim um para o outro. Não pode mais continuar como professora, porque nessa época ou uma mulher trabalhava ou era mãe de família. Só em último caso, se fazia os dois. A família de Afonso era também descendente de holandeses, como dona Ana e, seu Damásio, que era padrasto desse, posto sua mãe era viúva. O pai de Afonso era um caboclo filho de índio com branco português. Afonso possuía cinco irmãos. Todos casados, com exceção da caçula, Lúcia, com a qual viria a ter como aliada, diante as traições do marido. Lúcia sempre lhe contava quando o flag
A História de Ametista Ametista desde muito pequena começou a odiar o seu nome. Sofria bulling na escola, na rua, com os irmãos e, com os primos. Jurou para si mesma que não iria dar um nome esquisito para nenhum dos filhos que viesse a ter. Quando foi morar em Corumbá, talvez a adaptação tenha sido mais fácil para ela e para os irmãos, do que para Orquídea. Foi uma nova vida, de uma cidade que ela gostava, mas que sentiu que tão longe poderia realizar os seus sonhos. Tão cedo começou a cuidar dos irmãos, com apenas nove anos de idade, acordava quatro e meia da manhã para cuidar de algum irmão mais novo, além de depois ir fazer o café no fogão a lenha, o que dava muito trabalho acender o fogo. Já existia fogão a gás há muito tempo, mas como e
Ir. Rita da Imaculada Conceição, foi assim, que Helena passou a ser chamada, depois que recebeu o sacramento para a vida consagrada como freira, pois que nessa época as religiosas consagradas mudavam de nome simbolicamente, com o sentido de abandono da vida velha, para uma vida nova. Situação que foi modificava com o Concílio do Vaticano II, passando, portanto, a não ser mais obrigatório. Ametista via a mãe chamando a amiga freira ainda pelo nome Helena, no início quando não conhecia a amizade entre as duas, achava estranho. Com o transcorrer do tempo, a estranheza deu lugar ao hábito, pois que entendeu que fora assim que Orquídea a havia conhecido quando jovem. Para as crianças Ir. Rita era chamava de tia Branca, pois que usava um imenso hábito branco. Ela, desde que passara a habita
Elas discutiram. Mas não havia nada que fizesse Ametista deixar de ir embora. Fazia cerca de um ano que Ametista trabalhava em uma loja de eletrodomésticos. Depois de juntar dinheiro percebeu que possuía o suficiente para ir morar em Manaus, assim, como a sua mãe o fez certa vez quando era mais jovem, então, ela não entendia porque Orquídea estava implicando tanto com a sua decisão. ─ Como vai morar sozinha? ─ Vou morar com mais duas amigas. ─ E por que tão longe? Você poderia ir para Campo Grande? ─ Porque eu conheço pessoas lá. ─ Meu Deus, presta atenção no que está dizendo... Teu pai não vai deixar. 
Já fazia um tempo que Ametista estava morando sozinha. Estava com dezoito anos de idade e, sentia que ainda algo faltava na sua vida. Queria fazer faculdade e tornar-se Juíza. Para isso precisava voltar a estudar, pois ainda precisava terminar o último ano do ginásio. Assim, precisava reestruturar a sua vida, pois não era fácil trabalhar em uma loja, ainda mais se tivesse que esticar o seu horário para os estudos, mas assim, ela faria se fosse necessário. Era somente um cômodo, num edifício que parecia abandonado, localizado no centro da cidade. Contudo, uma pequena alegria brotava de dentro do seu peito, ela tinha o seu lar, que podia deixar organizado assim como deixou quando saiu antes de ir trabalhar. E foi ali que aprendeu muitas coisas na cama com Bruno. Certa vez, sentiu-se enjoada no trabalho, Beth que era mãe de uma menina logo compreendeu.
Haviam dias que ela sentia vontade de morrer, porque não conseguia dar a coisa mais preciosa que Pedro desejava: ter um filho. Estavam casados há cinco anos e, nada. Entre tantas tentativas fracassadas, Pedro começou a jogar na cara de Ametista porque ela havia feito um aborto, pois toda dificuldade para engravidar, segundo Dr. Santos adivinha disso. Além de quase morrer naquele período, ela ainda por cima tinha que ouvir isso do homem que amava. Chegou a sugerir uma adoção ao marido, porém, ele não queria de modo algum. Ametista não compreendia como ele poderia ter ser tão mal ao recusar uma adoção. − Você sabe como eu me sinto um fracassado que não tem nenhum filho... E o que os meus parentes vão dizer. − Não interessa o que eles vão dizer.
Com dois anos de idade, Estrela foi morar no bairro Santo Antônio, próximo à avenida Júlio de Castilho, com a sua família. A casa era pequena com dois quartos, possuía uma pequena árvore na entrada, mas que cobria a casa com uma sombra, onde era possível às vezes colocar uma cadeira de praia na frente e ficar sentada conversando com a vizinha ao lado, a única que de fato conheciam. Estrela poucas vezes saia, ia para escola, para natação, para igreja ou para jogar vídeo game com Lilian, a filha da vizinha. Estrela quase sempre perdia para Lilian. Lilian não gostava de brincar de boneca, então, Estrela brincava de boneca sozinha. Estrela possuía sonhos incomuns, na infância queria conhecer a Inglaterra, o País de Gales ou a Escócia. E quem sabe, a rainha! &nbs
Estrela permaneceu muda por alguns dias. Quem olhava na sua face via um semblante triste e pesado e, principalmente que queria se esconder. Não quis falar com ninguém, nem com Amestista. Ainda se lembrava daquelas palavras, ele a humilhou, a machucou. E como o seu pai era policial militar foi tão fácil de resolver.Mas tudo antecedeu... “Como ela foi burra!”, remoía nos pensamentos.Victor: oi, linda!Estrela: oi, Victor! Como vc está?Victor: Estou bem! Quero uma foto da minha linda!Estrela: eu não gosto de tirar fotos. Rsrs&