Uma dor aguda em seu peito fez com que ela olhasse na tela do celular, para ter certeza de que aquele número para o qual ligou pertencia mesmo ao de Théo.— Alô, tem alguém aí. — A voz feminina continuou.Então, já tomada pela dor, Maia resolveu continuar seu martírio.— Esse é mesmo o telefone do Théo? — Perguntou como idiota, talvez pensando estar alucinando.— Sim, eu conheço a sua voz. — A mulher falava animada. — Seu nome é Maia, não é mesmo?— Sim, mas você só deduziu isso, porque é o que está salvo no celular dele, não é mesmo?— Não, claro que não, você não se lembra de mim? Eu me chamo Andreza, nos conhecemos pessoalmente, você veio um dia em minha casa buscar o Théo.— Ah, me lembro. — Respondeu com um nó na garganta.Ela sabia, desde o início, de quem se tratava a pessoa que havia atendido ao telefone, só estava se negando a acreditar. Então, continuou a falar:— Por que atendeu o celular dele, por acaso ele não está aí?— Nem te conto, menina, parece até um déjà-vu, que est
Deixando de lado toda a ideia de esperá-lo chegar, ou tentar achar que tudo não passava de um engano, Maia arrumou suas poucas coisas que tinha, numa mala, e foi para o quarto da filha. Chegando lá, viu a pequena criança dormindo feito um anjinho e não deixou de sentir um aperto no peito. Era injusto o que faria, já que a pequena estava vivendo dias de paz e tranquilidade, enquanto se recuperava. Lis também não cansava de dizer que gostava daquela casa e do seu novo quarto.— Vou preparar um quarto lindo para você, quando encontrarmos uma nova casa. — Sussurrou. Maia abriu o armário da menina, colocando todos os seus pertences. Não queria carregar muita coisa, já que ainda nem sabia para onde iria, e com uma criança no colo, também ficava muito ruim para se locomover.Vendo que tudo estava arrumado, pegou os papéis que Joaquim havia lhe dado e foi até o quarto do homem, batendo na porta.— O que faz aqui uma hora dessas? — Joaquim perguntou, fazendo cara de desentendido.— Não finja q
Uma claridade bateu nos olhos do homem, que estava deitado, se sentindo ainda muito sonolento. Bem devagar, ainda assimilando onde estava, Théo abriu os olhos e notou que não estava no quarto de sua casa.— Que merda é essa? — Sussurrou.Se levantando de vez, ele percebeu que ainda estava no apartamento de Andreza. Sua cabeça estava a mil. Sentindo tanta dor, que nem percebeu estar nu. Quando se levantou com muito esforço, foi que pôde ver seu reflexo no espelho.— O que aconteceu? — Sussurrou confuso. Olhando ao redor do quarto, percebeu estar sozinho, então começou a andar e chamar por Andreza.— Andreza, Andreza! — Gritava nervoso, mas não havia encontrado a mulher em nenhum lugar da casa.Voltando para o quarto, pegou suas roupas e começou a se vestir, então procurou seu celular e viu que se passavam das onze da manhã. Ele pensou haver demorado muito, já que havia prometido para Maia que voltaria logo. Porém, o fato de ter dormido e acordado daquele jeito o fez duvidar do que hav
Théo não conseguia compreender o que estava ocorrendo, parecia que o mundo estava se desintegrando de uma vez. Nada fazia sentido naquele instante. Sua cabeça ainda estava confusa, por não saber o que aconteceu na casa de Andreza e o pior é que ele ligava para ela e só dava fora da área de cobertura. Pensava que aquilo poderia ser por ela estar viajando.Seu telefone começou a vibrar e, depressa, ele pegou para atender, era Fábio, seu advogado.— Théo, ainda bem que me atendeu, pensei haver acontecido alguma coisa.— Eu não vi as suas ligações, meu celular deve estar com problemas, porque eu nunca o coloquei em modo silencioso.— Fiquei confuso com os papéis que recebi do seu avô, a Maia assinou tudo e ele propôs pagar a dívida dela, na verdade, ele já depositou todo o dinheiro na conta.— Fábio, você não tem ideia do que aconteceu, em apenas um dia, minha vida se tornou um caos.— Você está em sua casa? — O advogado perguntou.— Sim, acabei de chegar e não encontrei a Maia aqui.— Est
Théo saiu dali, com a frase de Vanessa ecoando em seus pensamentos. Enquanto dirigia, pensava em Maia e no que ela poderia estar passando naquele exato momento. Quão tamanha era a sua dor e o que pensava sobre ele, acreditando que estava lhe iludindo.Sem perceber, uma lágrima solitária rolou de seus olhos. Não podia acreditar que a vida que estava planejando viver ao lado dela havia chegado ao fim, antes mesmo de ter começado.— Droga! — Bateu no volante, enquanto esperava o sinal de trânsito ficar verde.Não compreendia a perspectiva de um homem que se julgava tão esperto, tendo caído em um plano tão insano. Nunca se sentiu tão perdido na vida quanto agora, não tinha noção por onde começar ou de quem se vingaria primeiro. Totalmente transtornado, parou num acostamento para tentar se acalmar, antes que causasse um acidente. Em mais uma tentativa, pegou seu número novo que havia acabado de registrar e ligou para Maia mais uma vez, na esperança de que ela pudesse lhe atender, por não sa
Na mansão, Joaquim conversava ao telefone com um de seus homens.— Como assim ela não estava mais lá? — Perguntou alterado.— Senhor, eu a avisei que um motorista iria buscá-la de manhã, mas quando ele chegou lá, avisaram que ela havia saído de madrugada. — Um homem do outro lado da linha respondeu.— Para onde aquela mulher foi? A procurem, seus imprestáveis, eu preciso saber de seu paradeiro.— Nós já procuramos por passagens de avião e até mesmo nas rodoviárias, mas pelo que vimos, ela não saiu da cidade.— Será que aquela mulher continua na cidade? — Questionou.Sua intenção, desde o início, era mandar Maia para um lugar onde ele pudesse ficar de olho nela, só para que Théo não a encontrasse, porém, havia percebido que ela foi mais esperta que ele dessa vez.— Estamos procurando, senhor, se ela estiver na cidade, iremos encontrá-la.— O quão burros vocês foram ao deixar aquela mulher fugir? — Colocou a culpa nos homens, mas sabia que era ele quem havia falhado.— Sinto muito, senho
Era assim que as coisas seriam levadas adiante. Se Joaquim estava sendo extremo, ele também seria. Tiraram dele a única pessoa com quem estava se importando no momento.— Espero que saiba o que está fazendo. — Joaquim saiu dali, desnorteado.Se o velho soubesse onde Maia estava, acabaria com ela com as próprias mãos.Théo entrou em casa e arrumou algumas peças de roupa numa mala, já que faria uma pequena viagem pela manhã. Ele estava correndo contra o tempo. Queria estar ao lado de Maia o mais rápido possível, devia honrar a promessa que a fez. Iria desmascarar todo o plano que fizeram para os separarem. O fato de terem conversado um pouco já o deixou em paz por um momento.Lembrando-se da última conversa que teve com Fábio, descobriu onde poderia encontrar Andreza.— Théo, isso não seria muito óbvio? Por que ela se esconderia na casa dos pais? — Fábio perguntou.— Por esse motivo mesmo, ela deve achar que eu pensaria da mesma forma que você, e achar que a casa dos pais seria o último
Andreza estava morrendo de vergonha, não imaginava que veria Théo novamente, ainda mais depois do que fez. Sentada de frente a ele, com a cabeça baixa, queria tentar sair daquela situação.— Em primeiro lugar, eu queria dizer que sinto muito, Théo, sinto muito mesmo. — Disse, mas continuava com a cabeça baixa.— Para de enrolação, Andreza, você só está arrependida porque foi descoberta. — Ele disse, sem um resquício sequer de paciência.— Eu não pensei direito, fui pelo calor da emoção.— Chega de desculpas e me conta logo tudo que aconteceu, e é melhor você ser bem sincera dessa vez, ou vou acabar com você aqui mesmo.Ela estava assustada, sabia que Théo, em relação à traição, era uma pessoa sombria.— O seu avô me procurou. — Começou.— Como ele conseguiu encontrar você?— Ele disse que tem o controle financeiro das coisas que você gasta, e viu que você havia me enviado uma boa quantia de dinheiro, então ele me ligou para saber quem eu era e descobriu a minha profissão. — Ela pausou,