Duas semanas após voltar para a casa de Théo, Maia e Lis se preparavam para um passeio no jardim, pela manhã, coisa que elas gostavam de fazer todos os dias. Théo havia saído cedo, para resolver algumas coisas pendentes e havia prometido voltar logo. — Com licença, senhora. — Uma empregada da casa se aproximou de Maia.— Sim. — Ela respondeu.— Tem um homem na porta, que insiste em querer falar com a senhora.— Ele, por acaso, disse quem era?— Sim, se chama Tiago e disse ser o pai da pequena Lis.Ao ouvir o nome do ex, Maia sentiu seus nervos se alterarem, não imaginava o que aquele ser estava fazendo ali.— Tudo bem, você pode deixá-lo entrar, irei recebê-lo aqui mesmo no jardim.A empregada saiu dali e Maia pediu que Júlia levasse a filha para dentro da casa, não queria que os dois se vissem. Essa decisão não era porque Tiago não deveria ver a filha e sim porque ele não se importava com ela. O único pensamento de Maia, naquele momento, era resguardar a filha, que poderia se sentir
Quando saiu de casa pela manhã, Théo foi direto para a empresa. Já que o avô havia decidido que o tiraria da presidência, havia marcado uma reunião com todos os acionistas. Mesmo que não quisesse ir até lá, ele deveria estar, já que era um dos acionistas.Ele não estava mais preocupado se continuaria sendo o CEO ou não, as ações e investimentos que possuía, poderiam lhe proporcionar para o resto da vida, uma boa qualidade de vida. Quando adentrou seu escritório, deu de cara com seu avô. Joaquim Campos já o esperava há muito tempo dentro daquela sala.— Achei que não viria. — Disse ao neto.— Eu estava ocupado. — Théo explicou.— Como quer continuar na direção de uma empresa, se não honra com seus compromissos? — Ele perguntou.— E quem disse se quero ou não? — O interrompeu. — Por oito anos, honrei esse compromisso, chegando antes que todos e saindo daqui às vezes até de madruga, tirando os dias que já cheguei a dormir neste escritório, sério mesmo que vai medir minha capacidade de faz
Quando entrou no avião, Maia parecia uma criança de tão eufórica que estava, nem Lis parecia tão animada quanto ela.— Eu nem acredito que iremos viajar, eu e a Lis nunca passeamos fora da cidade, estou tão empolgada.— Garanto que você irá amar o lugar, lá é muito tranquilo e não há muitas pessoas por perto, serão alguns dias apenas de paz e sossego.— Eu nem tenho palavras para expressar o quão animada estou.Théo abraçou a esposa, ela também não imaginava o quanto ele estava animado. Seria a primeira vez que sairiam como um casal de verdade. Chegaram à noite na casa de campo e tudo já estava preparado para a estadia deles por ali. Lis e Júlia dormiriam em um quarto, enquanto Théo e Maia ficariam numa das suítes da casa, que tinha vista para um rio que passava há alguns metros ao fundo do terreno.— Aqui de dia se parece com o paraíso. — Ele disse, enquanto preparava para se deitar.— Eu não vejo a hora de explorar todo esse lugar.— Não se preocupe com isso, terá muito tempo para co
Oito meses após se casarem, Maia decidiu colocar Lis numa escolinha, onde a filha se socializaria com outras crianças. Então, começou a se sentir solitária em casa, querendo fazer alguma coisa para tomar seu tempo, já que trabalhar fora de casa estava fora de questão no momento, ainda mais quando descobriu a nova gravidez.— Já te disse que não quero que se esforce muito, não há necessidade para isso, não se esqueça de que você está grávida.— Mas gravidez nunca foi doença e o médico disse que a minha gestação não é de nenhum risco.— Não me importa, eu quero que você descanse e fique saudável.— Mas não aguento mais ficar dentro desta casa o dia todo.— Olha, eu não posso aceitar a ideia de você trabalhar fora.— Mas não quero me aproveitar de você. — Disse ela, com medo dele achar que estava se aproveitando de sua situação financeira. — E desde quando você se aproveita de mim? Eu te dei um cartão para você fazer o que quiser e, quando a fatura chega, parece que você não o usa.O cas
Sentados de volta e observando o senhor Joaquim, o casal decidiu que ouviriam o que o homem tinha a dizer.— Desde a última vez que tivemos nossa conversa, achei que deveríamos ter chegado num acordo, antes de voltar para cá. — Joaquim começou. — Durante todo esse tempo que estive aqui, considerei voltar e procurar vocês outra vez, mas a verdade é que fiquei com muita vergonha de tudo que aconteceu.— Claro que era para ter vergonha! — Théo exclamou.Maia viu que o marido estava se alterando, então tocou a mão dele gentilmente, pedindo com o olhar para que escutasse o avô, antes de qualquer coisa.— Eu não sei o que deu em mim para chegar a tal ponto, fiquei tão cego que não pensei mais em nada, nem na sua vida ou nos seus sentimentos, queria apenas que você fizesse o que te ordenei, achando que você seria uma marionete em minhas mãos. Sinto muito, Théo, sinto muito mesmo, e quero que saiba que se eu pudesse voltar no tempo, eu jamais teria interferido em sua vida como fiz.— Se realme
Théo olhou para a esposa sem entender o porquê de ela ter feito aquele convite. Não era porque havia perdoado o avô, que significava que o queria por perto novamente.Às vezes, o perdão significava aquilo, ficar em paz conosco, deixando de carregar uma mágoa, que só nos prejudica. Contudo, deixando bem claro que manteria uma distância, impedindo que a pessoa tivesse a oportunidade de magoar novamente.— Vamos pensar nisso com mais calma, depois. Acabamos de chegar e você precisa descansar, é melhor irmos para o hotel agora mesmo. — Falou, tentando não parecer rude.— Tudo bem, depois podemos falar sobre isso. — Ela disse.Percebendo que o marido não havia gostado muito da conversa, ela acabou sentindo-se um pouco precipitada, em fazer um convite, antes de consultá-lo primeiro.— Vou pedir que preparem o quarto de vocês, enquanto alguém irá buscar suas malas. — Joaquim disse.— Não precisa. — Théo o interrompeu. — Essa noite iremos passar no hotel, se amanhã o dia for mais tranquilo, vi
Saindo dali, caminharam para comer em outro lugar. Enquanto caminhavam, Maia questionou ao marido.— Por acaso, você vai contar ao seu avô sobre o que aconteceu ali agora?— Claro, ele com certeza irá querer fazer uma visitinha à velha amiga dele.— Para com isso, Théo, seu avô já parece ter problemas de mais, o deixe em paz. Pelo jeito que Lilian estava, parece estar sofrendo por tudo que fez. Acha que é fácil trabalhar com um patrão que fica em cima de você a todo instante, esperando apenas uma falha, só para querer te mandar para o olho da rua?— Sei que não é fácil e não estou menosprezando isso. — Replicou.— Vamos deixar isso de lado, por favor? — Pediu, lhe abraçando e dando um beijo.— Você faz isso, porque sabe que eu não resisto ao jeito que pede as coisas. — Riu. — Tudo bem, eu não vou falar nada, mas preciso te ensinar algumas coisas sobre o mundo. Em certas ocasiões, é necessário se vingar de outras pessoas quando há a chance.— Obrigada pela lição, mas acredito que gente
A chuva intensa que caía do céu, não impedia que uma mulher andasse pela rua de bicicleta. Mesmo toda encharcada, Maia, pedalava rapidamente. Sabia que estava atrasada para o trabalho e que isso seria um mau sinal, uma vez, que trabalhava numa casa de família, onde a patroa era extremamente exigente e descontava cada centavo por seu atraso. Além de falar uma série de besteiras, sem ter noção do que ela passava todos os dias. Maia, era uma mulher de 22 anos, que enfrentava um término de relacionamento. Seu marido, que no início fingia amá-la muito, lhe abandonou, um ano após sua filha, Lis, nascer. Ele vivia dizendo que, depois que a bebê nasceu, Maia começou a se descuidar e que não tinha mais tempo para ele. Também reclamava que a casa vivia bagunçada e que a bebê não parava de chorar.Seu marido foi embora de casa repentinamente, e Maia teve que se virar para ganhar dinheiro, pois se manter com uma criança não era nada fácil. Por não conseguir ajuda de alguém para cuidar da bebê, el